Meu coração em suas mãos escrita por Eduardo Marais


Capítulo 13
Capítulo Doze




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O dia amanhece e traz toda a animação dos habitantes da cidade, para a festa do Dia do Mineiro. Logo cedo, as barracas já estavam sendo enfeitadas e a movimentação já mostrava que haveria diversidade de ofertas.

A campainha toca e quem vai atender a porta é Cora. Estava sozinha em casa e sem o menor desejo em participar daquilo que chamavam de festa.

— Bom dia, Cora.

— Rumple? O que quer? – ela não se mostra entusiasmada com a visita.

— Sou um homem prático e não gosto de rodeios, então vou direto ao ponto. Eu senti a presença de magia poderosa em nossa cidade há dias. Coincidiu com a chegada do seu hóspede, mas Belle me fez refletir sobre uma possibilidade.

— E agora devo perguntar qual é a possibilidade. Certo! Qual é a possibilidade?

— Você também retornou a pouco e não sabemos onde esteve durante seu autoexílio. Viajei e encontrei-me com pessoas com muito conhecimento e sensibilidade para saber o que ocorre no mundo além da cortina que bloqueia nossa visão.

— Uau! Está inspirado, hein? Mundo além da cortina que bloqueia nossa visão. – ela abaixa os cantos dos lábios.

— Seja objetiva: você agora é uma Dark One?

Cora começa a rir.

— Desculpe-me. Rumple! Mas a idade e a magia estão afetando sua cabeça! Que tal uma terapia com o Dr. Archie?

Calado e indignado com a reação de Cora, Gold apenas a encara como se estivesse vendo outra cabeça nascer sobre o ombro da mulher.

— Você esteve sendo treinada para ser uma Sombria?

O rosto de Cora se desbarranca e ela assume uma carranca nada amistosa.

— Você foi o meu mentor e é muito mais poderoso do que eu. O que há? Não consegue sentir a quantidade de magia que há em meu corpo? Será que não sabe que quando recebi de volta meu coração, perdi boa parte da magia que havia em mim? Está querendo me irritar? É isso?

Gold nega com a cabeça. Não havia tido um contato tão próximo com Cora, desde a volta da mulher à cidade e à família. De fato, Cora emanava uma aura tão fraca quanto à aura de sua neta Robin. Era como se tivesse retornado à condição de aprendiz.

— Eu lhe perguntei se está querendo zombar de mim ou me irritar? – ela grita e rouba o devaneio de Gold. – Caso queira me deixar humilhada, já conseguiu! O que deseja mais? Que eu comece a chorar pela perda de meus poderes?

O advogado abaixa a cabeça e apressa-se em sair daquele lugar. Havia sido deselegante com a mulher a quem havia amado em um passado distante, mas não esquecido.

Enquanto isso, nas docas...

— Sei que você entende muito de navegação, por isso pensei que poderia trabalhar comigo. – Killian sorri e aponta para os barcos atracados. – Tenho gente suficiente, mas será sempre bom ter um amigo por perto.

— Não sei quanto tempo ficarei na cidade e é desagradável viver às custas de Regina. Ela já precisa sustentar a família...fico constrangido demais.

— Então, está decidido! Você é meu contratado e depois falaremos nos honorários. – o pirata sorri e estende a mão.

William sorri com todos os dentes e fecha o acordo com um aperto de mão. Mas os sorrisos logo se desfazem, quando uma nuvem de fumaça escura surge junto aos dois e se materializa na figura elegante do Sr. Gold.

A aparição provoca um sobressalto nos dois homens, quase derrubando-os.

— Pro inferno, Crocodilo! Por que não é mais educado quando quer conversar? – Killian grita e controla sua raiva para não acertar um soco no advogado.

— Precisamos conversar, os três. – Gold gesticula e uma nuvem de fumaça envolve os três, levando-os para outro ponto da cidade.

Segundos depois, no meio da sala de estar de uma casa abandonada nas colinas da cidade, o trio se materializa quando a nuvem de fumaça se dissipa.

Antes que Killian pudesse entender, Gold enfia a mão em seu peito e arranca seu coração. Expõe sobre a palma da mão, para que William conhecesse seu poderio de guerra.

— Sei o quanto esse pirata sujo é importante para você, William de Velac. Então, por que não começa a contar o que eu quero saber?

— O que você quer, Crocodilo maldito? – Killian espalma a mão sobre o peito, temendo que o inimigo esprema seu coração e produza dor. Já havia sentido a dor e não queria sentir de novo.

William permanece impassível, apenas encarando Gold. Suavemente, ele gesticula na direção de uma parede e algo semelhante a um espelho surge ali.

Empertigando-se, Gold se interessa com o que veria.

Aos poucos, a linda imagem de Belle trabalhando na biblioteca surge e o advogado rosna, mas não espreme o coração do pirata.

— O que significa isso?

— Eu sei quem é você, Sr. Gold. Descobri quando estive em sua loja noutra noite. E também sei o quanto ama essa linda garota de rosto angelical, perdida na ilusão das histórias dos livros que cuida.

— O que é isso, maldito? – ele rosna com os dentes travados.

— É! O que está fazendo, William? – Killian se desespera. – Não faça mal algum a Belle ou seremos inimigos!

O som de uma risada gutural é a primeira resposta do príncipe. Ele gesticula suavemente e faz surgir um coração rosado e pulsante na palma de sua mão.

— Acredita mesmo que minha visita à biblioteca de sua doce Belle, foi interesse pela sua literatura fantástica? – ele exerce uma pressão no coração em sua mão e a imagem no falso espelho mostra Belle derrubando seus livros e apertando o peito.

— O que fez a ela? Vai se arrepender! – Gold dá um passo adiante, mas para ao ver a expressão de desafio surgida no rosto de William.

— Pare com isso! – grita Killian. – Deixe Belle fora dessa loucura! O que está havendo aqui?

— Devolva o coração de meu amigo ao peito dele, ou vou ceifar a vida da sua doce esposa. – William aperta um pouco mais o coração em sua mão e Belle se ajoelha na imagem.

Gold grita e rosna furioso. Diz com os dentes tortos travados:

— A presença de magia forte nas ruas e na fachada de minha loja foi deixada por você! Acusei você e depois pensei que fosse Cora Mills! Mas agora você me dá razão! O que quer aqui, maldito infeliz?

— Devolva o coração de meu amigo ao peito dele, ou vou ceifar a vida da sua doce esposa.

Agressivo e desesperado com a possibilidade de perder o amor de sua vida, Gold enfia o coração no peito de Killian e faz o pirata cair sentado pela dor produzida. Some da mesma forma como chegou.

— O..o que e-está havendo aqui?

A imagem da parede desaparece e o coração que estava na mão de William, também. Ele se senta no chão ao lado do amigo.

— Nada do que viu é real, Capitão. É que um dia, eu aprendi a jogar e a blefar contra meus adversários. Um Capitão pirata me ensinou como fazer isso.

Killian começa a rir. Depois sua risada se transforma em gargalhada.

— Não tirou o coração de Belle?

— Por que eu faria tamanha maldade com a moça? Eu apenas me informei sobre o Sr. Gold quando descobri quem realmente era ele. Eu tinha de saber como lidar, caso ele percebesse que tenho poderes.

— Espere um pouco! Você é um feiticeiro? Seus pais conseguiram transformar você num feiticeiro? Que merda!

William encolhe os ombros e faz uma careta de conformismo.

— Eles conseguiram. Os dois magos conseguiram destruir sua alma.

— Mas não sou poderoso como o Sr. Gold afirma. Deixei um rastro de magia por puro descuido. Não sou um Sombrio se é isso que pensa, Capitão.

Killian levanta uma das sobrancelhas e sorri, decepcionado.

— Que pena que não é. Não sabe como lamento ouvir isso.

Naquela noite...

Quando Regina chega à sala principal de sua casa, orgulha-se da visão de sua família. Lindas e elegantes mulheres, altivas e aristocráticas, cada qual com sua beleza singular. Era de fato, pertencente a uma casta diferente e conseguiam aflorar isso em cada item de sua vestimenta e nas maneiras de sua postura.

— Storybrooke sabe fazer os melhores bailes. E nossa família, sabe como se apresentar e abrilhantes esses bailes... – ela se cala repentinamente ao ver William se aproximar do grupo, de forma tímida.

Todos os olhares se voltam para ele e precisam reconhecer, mesmo a contragosto, que o homem tinha classe. Todo em preto e com os cabelos cuidadosamente presos num rabo de cavalo, confirmava a realeza presente em sua personalidade.

— Uau! – é tudo o que Cora consegue dizer.

Regina sente seu corpo ferver. Segura o sorriso para não demonstrar que estava totalmente dominada e conquistada por aquele forasteiro atrevido. Afinal, ela era a eterna Rainha e deveria se portar como tal, embora tudo o que desejava era fazer amor com ele, ali mesmo. Ela ri de seus pensamentos safados.

O homem abre a porta e dá passagem para que as mulheres saiam da casa. É atendido por todas, exceto por Robin que se mostra receosa em passar por perto de seu algoz.

— Quer um convite especial, menina Robin?

Ela pisca várias vezes e praticamente sai correndo de dentro de casa. Iria permanecer com a família até certo momento, quando encontraria um espaço para procurar Emma e pedir-lhe ajuda com seu problema e seu segredo.

E a festa estava de fato muito colorida e barulhenta. Luzes piscando, músicas diversas e barracas oferecendo as mais diversas e perfumadas comidas ou as mais divertidas brincadeiras.

De fato, havia muita gente participando, indiferente à baixa temperatura da noite. Crianças corriam, riam e apresentavam seu comportamento típico.

— As pessoas não pouparam criatividade ou animação. – comenta Cora mantendo-se de braço dado com Zelena e Robin.

— Isso me deixa orgulhosa. – Regina olha em volta e encanta-se com tantos sorrisos.

— Vou procurar uns amigos. – Robin se desvencilha e desaparece no meio da multidão, deixando Zelena apreensiva.

— Ela ainda não se recuperou do desmaio. Vou atrás dela...

Cora a impede. Leva a atenção da filha para um belo homem que se aproximava do pequeno grupo. Era August, filho de Gepetto, que vinha sorridente e certo que poderia sair dali em companhia de Zelena.

— Boa noite! – ele diz sorrindo. – Posso tirar Zelena da companhia de vocês?

Não! Não permitam! A ruiva pede socorro para a mãe, que a ignora e a empurra delicadamente para os braços do homem. O casal se afasta, mas Zelena ainda dá uma olhada de viés por cima do ombro. Terá vingança!

Gentil, William oferece o outro braço para Cora, sendo rapidamente atendido, óbvio. Os três continuam caminhando em meio à multidão, tecendo comentários sobre o que viam.

Mais adiante, o trio se encontra com Mary, David, Belle e Gold, parados junto a uma barraca de bebidas quentes. Pareciam animados.

— Fico feliz que tenha vindo à festa, Cora. – Mary tenta ser simpática.

— Eu precisava de um pouco de animação. – ela não sorri e não faz questão de corresponder.

— Olá, William! – Belle estende a mão e cumprimenta o príncipe. – É bom ir se acostumando, porque as pessoas desta cidade adoram bailes e festas!

— Sim. Gosto de festas, mas prefiro jogos.

— Gosta de jogos, não é? – Gold falsifica um sorriso. – E quando os perde? Gosta também?

— Adoro! Porque o momento da revanche é mais saboroso.

— Concordo em grau, número e gênero. – responde o advogado.

Cora não se sente na obrigação de continuar naquela companhia. Liberta o braço de William e se afasta dali. Iria caminhar um pouco e depois retornaria para sua casa, onde estaria se divertindo muito mais

Noutro ponto da festa, Robin consegue encontrar Emma e atrai sua atenção para uma rápida conversa.

— O que a preocupa?

— Srta. Swan...Sra. Jones...Emma, preciso de ajuda porque fui enfeitiçada. – a menina se mostra apavorada. – Caso eu releve tudo o que está havendo comigo, vou ser punida e sentirei dores horríveis, porque estou vigiada.

— E quem a enfeitiçou? – Emma sente um arrepio tomar seu corpo todo.

— A sua suspeita está correta. Minha tia corre risco. A cidade corre risco.

— Pode ser mais específica, Robin?

A menina nega com a cabeça.

— Quem fez isso? – a xerife próxima ao rosto da garota.

— Tudo é exatamente como você suspeitou desde o começo. Por favor, encontre um jeito de libertar minha família e quebrar esse feitiço que foi colocado em meu seio e que me irá torturar. Tente dizer à minha mãe, mas a dor produzida é lacerante! Não consegui tirar com minha magia.

— Quero que me procure amanhã em minha casa e prometo que terei um modo de descobrir o que você quer me contar.


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