My Dear Secret Admirer escrita por KAT


Capítulo 6
Onde estavam vocês por todo esse tempo?




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Só sai dos meus devaneios voltando ao momento atual, quando minha mãe entrou no quarto.

— tem dois jovens te chamando lá embaixo, maria luiza – ela falou, fingindo não ter visto Noah deitado ao meu lado – adiei minha viajem para depois do seu aniversário, ok?
PUTA. QUE. PARIU
— quanta consideração – Noah respondeu por mim, com cinismo.
Tinha esquecido que meu aniversário é amanhã. Que tipo de pessoa esquece o próprio aniversário?
— O que você tem haver com isso garoto? – minha mãe retrucou, encarando Noah.
— CALEM A BOCA – implorei, pulando da cama – faço dezoito anos amanhã – Noah começou a rir.
— Não sei como isso aconteceu – minha mãe disse, também rindo.
— Pois é, ela não tem nem tamanho – Noah continuou.
— Definitivamente não tem – minha mãe reafirmou, então eles gargalharam um paro outro.
— Qual é, a única vez que vocês conversam sem brigar é pra falar mal de mim? – revirei os olhos.
— É uma boa causa – Noah deu de ombros.
— Quer saber, tenho tamanho o suficiente pra isso – joguei o travesseiro que estava em minha cama na cara do idiota, fazendo-o rir ainda mais.
— Vocês são crianças – minha mãe implicou, cruzando os braços.
— O que você disse? Pode repetir?  – Noah começou a dizer, fazendo minha mãe franzir o cenho – não consigo te ouvir com isso na cara – completou, jogando o travesseiro nela, dessa vez.
Tapei a boca para não gritar de tanto rir, a cara que ela fez foi impagável, parecia que ia explodir de raiva.
— Você vai se arrepender – dessa vez foi ela quem jogou o travesseiro nele, porém o mesmo desviou, o que a irritou ainda mais. 
Me joguei em minha cama enquanto minha barriga doía de tanto rir, eu amo esses momentos que simplesmente as coisas se encaixam, e suas pessoas preferidas estão jogando travesseiro uma na outra.
— Olá? – era Redd, que de repente apareceu em frente a minha porta.
— Estávamos esperando vocês a um bom tempo – harry colocou o rosto na porta também.
— Eram esses garotos que estavam te chamando – minha mãe soltou, arrumando o cabelo que estava pro alto após a "guerra de travesseiros".
— Meu maior pesadelo está se realizando – Noah gritou – ver Harry Campball dois dias seguidos e ter que falar com ele – se jogou no chão de forma dramática.
E todos nós rimos, exceto Harry.
— Isso é ser engraçado no seu mundo, Noah?
— Ai meu deus, Harry campball falou meu nome – noah voltou a gritar – alguém me salve dessa obra radioativa.
— Como você é amiga desse cara, Malu? - Harry questionou.
— É o que sempre pergunto pra ela – minha mãe manifestou-se.
— O que vocês fazem aqui? – perguntei.
— Não tínhamos o que fazer em casa, então forcei o Harry a me trazer – Redd falou.
— Querem saber a novidade? Amanhã é meu aniversário – voltei a gritar sobre a data comemorativa, iria contar para o máximo de pessoas possíveis.
— Como só me contou isso agora? Mal dá tempo de comprar um presente – Harry reclamou.
— Seu gosto deve ser horrível, a Malu não faz questão do seu presente – Noah voltou a implicar.
— Ai meu Deus, você precisa parar Noah – falei, jogando meu travesseiro na cara dele novamente.
— Eu tenho uma ideia – Redd gritou, subindo em minha cama desnecessariamente – Vamos fazer compras com a Malu.
— não mesmo – neguei, eu odeio sair pra comprar coisas.
— qual é? você claramente precisa de roupas melhores – julgou-me, me analisando da cabeça aos pés.
— ah, obrigada – fui sarcástica.
— eu amo você Malu, mas ela está certa. Você se veste como uma senhora de noventa anos – Noah intrometeu-se.
— Você se veste como um marginal e quer me julgar? Quer dizer, levante essa bermuda Noah, ninguém quer ver sua cueca dos simpsons – falei, e o dito cujo jogou-se no chão outra vez, fingindo ter levado um tiro, enquanto Redd e Harry gritavam como se eu tivesse o destruído. 
— Não se preocupe, eu posso te ajudar com isso – Redd voltou a dizer – quando o assunto é moda, eu entendo. – completou, e aquilo era verdade. Redd se vestia extremamente bem. — E Harry e Noah vão dividir a conta de tudo que você comprar – impôs, fazendo os garotos vaiarem.
— De repente eu amei a ideia – soltei, rindo.
— Você poderia ir com a gente, Marina – harry falou, para minha mãe que imediatamente balançou a cabeça em negação – seria ótimo ter você lá!
— Acho que vou vomitar – Noah soltou, aparentemente ele iria implicar com tudo que Harry falasse – não acredite nesse falso puxa-saquismo, Marina, ele só quer levar a Malu pra cama – completou, fazendo-me arregalar os olhos.
— Você é tão nojento, Adams – Empurrei Noah para longe.
— Eu não posso ir, tenho que arrumar algumas coisas pra minha viajem – respondeu, lembrando-me que logo ela estaria a quilômetros de distância – mas vão vocês, crianças, e divirtam-se!
E por fim, decidimos ir mesmo, Redd foi com Harry no carro e eu com Noah na moto, era inacreditável que havia pessoas desperdiçando seu sábado para ir fazer compras comigo. Parecia que pela primeira vez eu tinha alguém além de Noah, era uma sensação acolhedora. Chegamos ao shopping em cerca de vinte minutos.
— Vamos começar pela loja da Tiffany, compro tudo meu lá – Redd começou a dizer.
— Não sei o que isso quer dizer, mas vamos – dei de ombros.
Então Harry esticou a mão pra mim, e seria um momento extremamente fofo se Noah não estivesse ali.
— Vocês são adoráveis, devo tirar uma foto? – ironizou.
— Isso soa como ciúmes, Noah, incomoda a você que a Malu ande de mãos dadas com outro por aí? – Redd comentou, deixando-me sem graça.
— Ha-ha, hilária – noah soltou, nada parecia intimidá-lo – Meu ciúmes verdadeiro é do Harry, olha o rostinho de bebê dele e sendo corrompido por essa garota – ri exageradamente ao ouvir suas palavras.
— Ah, sendo assim, venha cá – Harry soltou minha mão, e esticou a sua para Noah que aceitou-a prontamente.
— Vocês são ridículos demais – falei, ainda gargalhando.
— Fica tranquila, Malu. Eu sou melhor que eles – Redd soltou, e dessa vez dei a mão pra ela.
E saímos assim pelo shopping, Harry e Noah de mãos dadas e Redd e eu também, não sei como isso aconteceu ao certo, mas cá estamos, recebendo olhares estranhos de várias pessoas e já outras nos olhavam com aquele olhar piedoso de "tudo bem vocês serem gays/bissexuais/seilá-mais-oque"
— Esse é o momento mais gay da minha vida – harry sussurrou, quando um casal específico de velhos passaram nos encarando, sem sequer disfarçar.
Me perguntei como as pessoas ainda eram tão ultrapassadas, e senti raiva de viver num mundo assim.
— O problema é a sua masculinidade frágil, Harry – Noah soltou, tranquilamente.
— Ok, vou me afastar pro seu veneno não escorrer em mim – Harry retrucou, soltando a mão do maior.
— Eu fiz Harry Campball contar uma piada, vocês viram garotas? – Noah comemorou, como uma criança que havia acabado de receber um brinquedo do papai noel. 
— Ai meu deus, parem de se implicar – pedi – estão parecendo namoradinhos.

Depois de uns minutos chegamos a loja que Redd havia escolhido, era extremamente agradável, haviam espelhos gigantes em todas as paredes, sofás aconchegantes, e roupas estilosas demais para mim. Estava me sentindo em um daqueles filmes clichês que alguém faz a nerd-desajeitada se tornar uma patricinha-estilosa.
— Experimenta essas, Malu – Redd soltou, pegando todas as roupas que conseguiu, pelo  visto passaríamos grande parte do dia ali.
Estava tocando This Is What You Came For da Rihana(lê-se deusa) em alto e bom som na loja, enquanto eu experimentava roupas que nunca imaginei vestir. Me sentia literalmente uma musa toda vez que saia com alguma das  roupas que Redd havia escolhido, desfilando de modo exagerado enquanto os três idiotas gritavam feito uma torcida de futebol.
— Eu amei essa calça – Noah soltou, jogado no sofá e com um pacote de pipoca na mão, não sei onde ele havia arrumado aquilo – Deixou sua bunda incrível.
— Meu Deus, Noah – exclamamos em coro.
— O que foi? Disse o que vocês não tiveram coragem – o loiro deu de ombros, enfiando na boca mais pipoca do que era possível.
— Acho que vou experimentar ela também, sendo assim – Redd falou, pulando do sofá.
— É preciso ter alguma bunda pra dar o efeito, irmã – harry soltou, pelo visto passar tempo com Noah estava o transformando em algo tão cruel quanto, Redd mostrou o dedo do meio pra o moreno. 
— Eu quero experimentar roupas também – Noah levantou-se, pegando um cachecol rosa e jogando em seu pescoço – prazer senhoritas, sou a madame Adams  – todos nós rimos com a interpretação do garoto.
— Sempre soube que você era uma mulherzinha – Harry soltou.
— Cara, a única coisa que eu teria contra ser mulher é a chance de você se atrair por mim – Redd e eu não parávamos de rir enquanto acompanhávamos a patética discussão.
— Nem fodendo – Harry negou, com cara de nojo.
— Qual é? Eu ia ser uma mulher gostosa pra caralho – Noah reclamou, tirando o cachecol do pescoço.
Foi então que o som que invadiu o local foi we are young, minha música preferida.
— Ai meu Deus –  berrei.
— Fodeu, é a música preferida dela –  Noah disse para os outros, já sabendo o que eu ia fazer.
Peguei um dos cabides da loja o fazendo de microfone e comecei a cantar e dançar feito uma idiota, subindo em cima do sofá, eu simplesmente não tinha controle quando se tratava desse hino. E para minha surpresa, ao invés de me acharem uma doente mental, Noah, Redd e Harry começaram a cantar junto comigo.
— Essa devia ser nossa música tema –  Noah soltou no meio da música aleatoriamente, totalmente sem ar devido ao show que estávamos fazendo.
—  Meu deus –  os irmãos berraram, incrédulos. 
—  Alguém cancela o Noah e essa coisa de música tema – implorei, fazendo-os rir.
Tem algum momento na sua vida, um momento que você para de se sentir sozinha e encontra um grupo de pessoas que combinam perfeitamente com você, esse era um desses momentos. Passei a vida sozinha por aí, e de repente tenho pessoas que acham normal cantar músicas antigas comigo no meio do shopping, enquanto as pessoas nos olham com cara feia. E tudo que eu conseguia pensar era: Onde estavam vocês por todo esse tempo?
Assim que a música tocou suas últimas notas o celular de Noah vibrou, ainda ríamos quando ele atendeu.
—  Devíamos fazer isso mais vezes – Redd soltou, rindo.
—  Eu já estou indo –  Noah falou para a pessoa do outro lado da linha, chamando minha atenção.
—   O que houve? –   indaguei. 
—  Meu pai brigou com alguém no trabalho e está no hospital agora – começou a dizer, pegando as chaves de sua moto –  Tudo bem você voltar com o Harry, não é? Eu tenho que ir.
— Você está louco se pensa que não vou com você – retruquei.
— Você não vai – afirmou. 
— Vou sim! – insisti.
— Ele foi demitido por brigar, deve estar puto, além de bêbado, e muito provavelmente vai ser preso por beber no trabalho. Você não vai passar por isso por minha culpa, entendeu? – falou com o tom elevado, andando até a saída da loja.
— Eu levo você pra casa, Malu – Harry sugeriu.
— Não se mete nisso, Harry – gritei sem pensar indo atrás de Noah – Por favor, eu não vou ficar bem aqui sem saber o que aconteceu com você.
— Escuta – ele parou de andar, aproximando-se de mim, então segurou meu rosto com as duas mãos – eu vou ficar bem, mas preciso muito que você não esteja lá.
— Por que você não quer que eu vá?  afastei-me bruscamente O que vai fazer?  pressionei, na defensiva. 
— O que está insinuando? 
— Não faça nada que vai se arrepender, Noah pedi, cruzando os braços.
— Está achando que ter uma recaída e voltar a me drogar só por que meu pai é um babaca?
— É você quem está dizendo – soltei, encarando-o.
— Quer saber – ele respirou fundo, claramente irritado comigo – eu já vou.
— Se não me levar com você, vou mesmo assim – berrei.
Boa sorte em descobrir o hospital que ele está – gritou de volta, andando para longe de mim.
Então fiquei lá, parada, no meio daquele shopping enorme, me sentindo totalmente impotente.
— Tá tudo bem, Malu? – era a voz de Redd.
— Vamos embora logo – pedi, limpando algumas lágrimas que escorriam por meu rosto.
Andamos até o carro de Harry em completo silêncio, em outra circunstância eu me daria o trabalho de tentar puxar assunto para que aquilo se tornasse menos estranho, menos agora. Eu não consigo fazer nada que não seja pensar em Noah. Estou com tanto ódio dele, e ao mesmo tempo tão preocupada, é horrível se sentir assim com alguém, queria não enlouquecer com a hipótese dele ter uma recaída, ou brigar com o pai e ficar triste, mas não sei como não me importar com esse idiota.
— Obrigada por me trazer aqui – falei quando Harry parou em frente há minha casa.
— Quer saber, eu vou ficar aqui contigo – Redd soltou, como se fôssemos grandes amigas.
— Em qualquer outro dia eu acharia incrível, mas hoje eu não acho uma boa ideia – contestei. 
— Não pode passar a virada do seu aniversário triste e sem ninguém, prometo deixar você chorar no meu colo vendo filme triste – a morena falou, entrando em minha casa em seguida. Eu não poderia mesmo convencê-la do contrário.
— Eu amo sua irmã – falei dando um selinho em Harry, que sorriu.
Então entrei atrás de Redd, que já estava em meu quarto, jogada em minha cama. Era impressionante como ela parece não se intimidar com nada, eu morria de vergonha com a hipótese de dormir na casa de alguém, quem dirá fingir ter tanta intimidade assim com alguém.
— O pai do Noah está no hospital por que? – perguntou.
— Parece ter brigado com alguém – falei, jogando o tênis que estava usando longe.
— Eu meio que ouvi sua conversa com ele – falou, mordendo o lábio inferior,  como se estivesse sem graça – É verdade que ele tem problemas com drogas?
— Ele tinha. – respondi, torcendo pra que ainda fosse no verbo do passado. 
— Noah Adams é só um ser humano, afinal – soltou, como se estivesse impressionada – pensei que a vida dele fosse perfeita. 
— eu não quero falar sobre isso, por favor – pedi.
— tudo bem – concordou – você precisa de uma noite das garotas – ela sugeriu.
— Não tô com ânimo pra fazer nada além de ver filme triste – joguei-me em minha cama.
— Vamos ver um filme e depois arrumo seu cabelo para o seu grande dia amanhã — falou.
— Você não tem que fazer isso.
— Tá brincando? Eu amo arrumar as pessoas, e é pro seu aniversário.
— Eu escolho o filme — falei. 
Depois de quase uma hora decidindo, assistimos "a cinco passos de você", no final não sabia se chorava mais por Noah ou por Will e Stella.
— É um péssimo filme — Redd soltou enquanto eu ainda soluçava, abraçada em meu urso — É obviamente um filme feito pra deixar as pessoas tristes.
— O nome disso é drama — ironizei.
— Deviam tê-lo matado como fazem em todos filmes de drama, ele ir embora não é um bom final. — continuou falando como se fosse uma crítica profissional de cinema, fazendo-me arregalar os olhos.
— Me lembre de não assistir mais filmes com você — falei, fazendo-a gargalhar.
— Talvez eu tivesse achado o filme bom se você não tivesse chorado do início ao fim — provocou-me, fazendo-me jogar pipoca em sua cara.
Acabou sendo uma boa noite, afinal, ter Redd ali definitivamente me fez bem. Ela arrumou meu cabelo como havíamos combinado, e então fomos dormir ás dez e meia da noite, a garota dormiu em poucos minutos, já eu fiquei acordada até dar meia noite, encarando meu telefone. Torcendo pra que Noah mandasse mensagem como sempre. 
"Feliz aniversário,
eu amo você"
era uma mensagem dele, meia noite em ponto. Se ele não tinha esquecido significa que as coisas não estavam tão ruins assim por lá. Sorri ao reler a mensagem e só então consegui dormir.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Comentários são sempre bem-vindos ♥



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