Uma das melhores coisas de ter uma turma empolgada e unida é que sempre que surge um feriado, todos parecem dispostos a programar algum passeio juntos.

Combinado isso ao inverno que chegara acompanhado de muita neve, não restava dúvidas entre a turma: eles precisavam ir patinar no gelo juntos!

É claro que, apesar de unidos, nem todos pareceram dispostos a princípio, mas bastou uma palavrinha de Kirishima aqui, outra pressão irritante de Kaminari ali, e até mesmo Bakugou cedeu à vontade da maioria.

Todoroki também não pareceu muito empolgado inicialmente, afinal que graça teria ir a uma patinação de gelo, sendo que ele fazia isso todas as vezes que usava sua peculiaridade? Mas, assim como Bakugou, ele acabou cedendo quando Midoriya, Iida e Yaoyorozu o chamaram, embora o garoto não tenha precisado sofrer tanta pressão e raiva quanto Katsuki.

O fato é que todos estavam numa enorme pista de patinação de gelo naquele dia. Tinham ido cedo, e mesmo querendo ficar patinando todos juntos, quando entraram na pista, foi cada um para um lado.

Foi assim que Yaoyorozu terminou sozinha, sem saber muito como suas amigas tinham desaparecido tão rápido e onde exatamente estavam. Não que ela pudesse reclamar, afinal, visto que somente ia atrasá-las ainda mais se as garotas resolvessem andar com ela, já que Momo realmente não sabia patinar.

Ela tinha calçado seus patins com lâminas e foi para a pista de gelo, completamente insegura. E sua insegurança tinha um motivo fundado, tendo em vista que foi só colocar os pés ali dentro que a garota quase caiu.

Momo, então, foi andando pelas laterais, segurando nos corrimões que haviam ali, ignorando as pessoas empolgadas que passavam deslizando pelo gelo em torno dela.

Ao longe, avistou Bakugou aparentemente tendo o mesmo problema ao pisar no gelo, com as pernas tremendo e quase caindo no chão. Ela podia ouvir as risadas escandalosas de Sero, Kaminari e Kirishima, bem como as ameaças de morte saindo da boca do loiro explosivo.

Yaoyorozu suspirou.

Ela precisava se concentrar para aprender, não queria incomodar ninguém pedindo ajuda ou muito menos passar vergonha.

Mas foi quando tentou novamente se afastar da lateral do local que sentiu seus pés começarem a fraquejar novamente.

— Yaoyorozu — Ela não precisou se virar para reconhecer a voz de Todoroki a chamando, mas logo o viu se aproximando dela, deslizando no gelo com maestria.

— Todoroki-san! — Ela o cumprimentou, quase caindo novamente, se segurando depressa no corrimão.

— Mantenha os pés firmes — Ele começou a guiá-la, erguendo a sua mão na direção dela — aqui, segure em mim, eu vou te ajudar.

— Ah, mas eu não quero incomodar…

— Não vai. — Ele a interrompeu, ainda com a mão erguida.

Se fosse qualquer outra pessoa, Momo provavelmente teria ficado hesitante, mas ao ver a mão estendida de Todoroki à sua frente, ela logo a segurou com a sua mão enluvada.

Ele segurava a sua mão com firmeza, erguendo a outra para ela também, puxando-a para andar com ele pelo gelo, tentando distanciá-la das laterais do lugar e fazê-la se acostumar com os patins em seus pés.

— É tudo sobre ter confiança em seus pés para conseguir se equilibrar da maneira certa.

Ela deu uma risada fraca com isso.

— Acho que eu não confio muito nos meus pés para isso agora, Todoroki-san.

— Mas você confia em mim, não é? — As palavras escaparam de seus lábios sem que ele nem pensasse, erguendo a cabeça, encarando-a quase com um sorriso no rosto.

Yaoyorozu olhava para ele também, sentindo o rosto ficar levemente enrubescido.

É claro que ela confiava. Não era preciso nem perguntar.

— Sim… Confio — Se limitou a responder então, ainda encabulada, o que fez com que dessa vez um pequeno sorriso realmente aparecesse no rosto do garoto a sua frente.

Ele não conseguia mais negar para si mesmo que gostava de ouvir aquilo vindo dela. Era como se seu coração se aquecesse ainda mais com a sua afirmação.

E, de forma inconsciente, ele deu um aperto leve nas mãos de Momo, pensando em como seria sentir o contato de sua pele contra a dela, como seria segurar as suas mãos sem aquelas luvas no caminho.

Então, ainda com o pensamento distante, mas muito consciente de sua mão contra a dela, Todoroki entrelaçou seus dedos devagar. Talvez aquilo fosse íntimo demais para os dois, visto que praticamente nunca se tocavam, seja sob o tecido ou não, mas o fato de Momo não falar nada e ainda permanecer com as mãos entrelaçadas com ele fez com que Todoroki não soltasse e nem emitisse um só comentário.

Distraído como estava, apenas um tempo depois ele ergueu seu olhar para o rosto dela novamente, ficando imediatamente preocupado.

— Yaoyorozu, você está vermelha demais, está passando mal?

Como ela explicaria para ele que nunca esteve melhor? Como explicaria que o seu rosto vermelho apenas refletia o seu coração que se encontrava incrivelmente agitado por estar passando aquele tempo ao lado dele daquela forma?

Momo não estava pronta para dizer o que aquilo significava em voz alta. Céus, ela não estava pronta para dizer aquilo nem para si mesma.

Ao menos... não por enquanto.