Deep End escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 7
Dois irmãos e uma garota




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P.O.V. Henry.

Eu sei que vampiros existem de verdade. Eu sobrevivi ao ataque de um.

Minha tia me escondeu no Closet, pensando que era um ladrão. Mas, não era. Era uma vampira. Os olhos vermelhos escarlate. Ela assassinou a minha tia, alimentou-se dela até ela cair morta. 

Ela me viu, mas por alguma razão me deixou viver.

A polícia me interrogou e eu disse o que eu tinha visto, pensaram que eu tinha algum tipo de trauma. Eu estive na terapia, tomando remédios a vida toda, mas eu não sou maluco. Eu sei o que eu vi.

—Ei, calma. Calma Henry, foi só um pesadelo. Isso vai parar algum dia?

—Não. Provavelmente não.

Meu pai casou de novo depois que minha mãe morreu e esta mulher tinha um filho. Angus. Ele tinha a mesma idade que eu e Julia me criou como se fosse minha mãe.

—De novo esses pesadelos, meu filho?

Angus MacGyver e eu Henry Fitzroy. Um americano e um britânico.

O pai do Angus largou ele e a mãe quando ele era criança e ela o criou sozinha, a única figura paterna que ele já teve foi o avô. É estranho porque Julia é estudante de ocultismo enquanto que o Angus é totalmente racional, tanto quanto o meu pai.

—Está tudo bem filho, foi só um pesadelo. Você está seguro. Nada de ruim vai acontecer com você.

Meu pai é professor de Física na Universidade de Cambridge. E o Angus é um gênio. Eles falam a mesma língua.

—Não mãe. Eles não precisam de convite, isso é mito.

—E se um vampiro entrar nesta casa, eu jogo alho na cara dele. Nada nunca vai ferir os meus filhos.

Minha mãe biológica era Eleonore MacCarty, mas ela morreu em um acidente de carro quando eu tinha cinco e quando eu tinha sete minha tia foi assassinada por um vampiro. Minha mãe Julia é brasileira com cidadania britânica e americana.

—Eu vou buscar um copinho d'água com açúcar pra você. Respira fundo filho.

Me levou um bom tempo para voltar a ficar calmo, para parar de tremer.

—Talvez devesse voltar a tomar os calmantes, Henry. Pelo menos para dormir. Se você não dorme direito ai não aprende. Não tem energia para ir á faculdade.

Consegui dormir mais um pouco antes do dia nascer e termos que ir para a faculdade. Mas, eu lembrava da garota. Ela acredita. Como eu.

Tivemos aula sobre artefatos e ingredientes que supostamente eram mágicos.

—Este é um punhal de prata de mais de cem anos de idade.

—Isso não é prata.

—O que?

—Isso ai não é prata.

Ela pegou o punhal na mão e os símbolos na lâmina brilharam.

—Nem vem. Isso é aço, mas este metal não existe mais. Você faz alguma ideia do que é isso?

—É um punhal.

—Sim. Mas, isso, é aço Asheroniano. Um punhal feito para matar o pior inimigo das Asherionianas. Os mortos.

—É. Vampiros.

—Exatamente. Veja, o que você não sabe é que há cerca dez milênios atrás em certas partes do mundo, haviam monstros. E nenhum deles era mais assustador do que dragões. Este punhal foi feito com aço comum, mas o que o torna tão especial é que ele foi lapidado, forjado no fogo dum dragão. As bruxas de Asheron eram mães de dragões, cavaleiras de dragões. Com as criaturas ao seu lado, nenhuma das facções era paio para elas, mas tudo tem uma fraqueza. E o Império Negro de Asheron forçou uma aliança entre os inimigos naturais. Uma bruxa Asheroniana que estava cansada da matança, de ser usada. Um vampiro e um lobisomem. Eles formaram a primeira Tríade e destronaram o Rei. Usando magia negra para livrarem-se dos dragões. Eles criaram o Engolidor da Escuridão.

—É um belo conto.

Ela deu o punhal na mão do professor e ele parou de brilhar.

—O que? Porque... porque ele não brilha?

—Porque você não sou eu. Mas, como o senhor disse, é apenas um belo conto.

Logo ela tapou os ouvidos e o sinal tocou.

—Se importa se nos sentarmos?

—Não.

Ela respirou fundo.

—Apenas pergunte.

—Como você sabe tudo aquilo?

—Porque eu cresci ouvindo essas histórias. É claro que naquela época eram apenas histórias, contos. Mas, quando eu fiz dezoito as coisas mudaram. Tudo o que eu achava que sabia sobre o mundo, sobre as pessoas estava errado. Afinal, nós não somos crédulos. Nem podem ser. Certo? As pessoas nascem, envelhecem e ai elas morrem. Este é o mundo em que vivemos. Não existe magia, nem misticismo e muito menos imortalidade. Nada que desafie o pensamento racional. Não existem essas coisas de vampiros ou bruxas ou lobisomens ou dragões. As pessoas deveriam ser quem dizem que são, mas no final do dia nós todos temos segredos.

Ela estava falando como que por experiência própria.

—É impossível existir alguém que nunca envelhece, que nunca se machuca e que muda fisicamente duma maneira que não pode ser explicada. São apenas mitos.

Então eu percebi. Ela não era uma sobrevivente de um ataque, como eu. Ela era um deles.

—Você é uma deles. Não é?

—Uma deles. Não. Não sou um deles, exatamente. Nunca existiu alguém como eu antes. Eu sinto muito pela sua tia.

—Como você sabe sobre a minha tia?

—Eu sei muitas coisas. Foi descuidado da parte da vampira deixar você vivo. Ela deveria ter te matado. Mas, aposto que como eu ela deveria ter algum tipo de regra contra matar crianças.

É. Ela era uma deles.

—Tome. Aceite.

—O que é isso?

—É um talismã. Eu enfeiticei para criar uma barreira ao redor da sua casa. Para que nenhum vampiro consiga entrar. E esse aqui é para te proteger quando não estiver em casa.

Ela era uma bruxa.

—Qual é Henry, não pode acreditar nisso?

—Acreditando ou não, eu prometo que funciona. Ninguém merece viver com medo.

Ela se levantou e saiu andando. E cantando.

—And you're sitting in the front rode, wanna be first in line... but his love is still in me... like a broken arrow.

—Espera. Qual é o seu nome?

—É Hope.

Hope. Que irônico.

—Qual é Henry, não me diga que acreditou.

—Eu acreditei.

P.O.V. Angus.

O meu irmão tá surtando. Ele tá ficando louco.

A garota entrou num carro. Um Ford Mustang GT 2006.

Maluca.

—Espera, a nossa casa fica para o outro lado. 

—Eu sei. Estamos indo atrás dela.


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