Deep End escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 50
Depression


Notas iniciais do capítulo

https://youtu.be/dVpjqIWL-tg-Hope triste.



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P.O.V. Hope.

Eu pensei que soubesse o que é a dor da perda, mas cada perda dói mais do que a anterior. A minha mãe morreu, não só morreu no campo de batalha, ela foi assassinada por bruxas traidoras. Fiquei um ano dentro do poço, fui esquecida e apagada, as criaturas continuam, vindo os vampiros atrás de vingança. E agora tive que deixar o Kelly.

—Papai, dói. Eu quero morrer. Eu quero morrer.

—Não. Não diga isso. Não diga isso. Nunca mais diga isso querida.

P.O.V. Alec.

Eu perdi parte de mim naquela batalha. Um pedaço do meu coração, a luz da minha vida. Não, nós não tivemos um bom começo. Não, não criamos a nossa filha juntos como uma família feliz e perfeita. Na verdade, para quem caiu de paraquedas aqui eu se quer sabia da existência de Hope até ela acidentalmente aparecer na minha porta quando já tinha dezesseis anos.

Minha esposa, minha parceira, luz da minha vida foi traída e assassinada durante uma batalha. Mas, ela deixou um pedaço dela para trás. Hope Cullen Volturi.

Não, Renesmee Cullen não foi a minha primeira esposa, o que tivemos não foi amor á primeira vista de novela. Quando a conheci pela primeira vez ela tinha três dias de idade, era uma criança, minhas ordens eram para matá-la. E eu teria matado se Carslile Cullen não fosse tão fodidamente brilhante, se o Clã dele não fosse tão poderoso. Ás vezes, acho que o bom Doutor é mais diabólico do que Aro jamais foi.

O que eu tive com Renesmee á princípio foi uma coisa de uma noite só. Ela estava bêbada, mas não bêbada o suficiente para não saber o que e com quem estava fazendo. Ainda posso sentir as suas mãos sob mim, o seu cheiro de flores. Mel de camomila, madressilva. Coisas antigas que pensei que havia esquecido.

Agora tenho que ouvir minha filhinha chorar, desesperada. Posso sentir suas lágrimas molhando o meu ombro, ouvir o seu ofegar, seus gemidos de dor.

—Pai, pai porque dói tanto?

—Porque somos vampiros. Mas, você está aqui, está a salvo e nada vai ferir minha garotinha. Nada vai se quer chegar perto. Nunca.

As horas, viram dias, os dias viram semanas, as semanas viram meses. Não sei o que mais me dói. Se é saber que nunca verei o rosto da minha esposa outra vez, que nunca mais vou ouvir sua voz, sentir o seu beijo. O seu abraço.

Tinham dias em que o otimismo dela me fazia querer matá-la. Sempre cantando, sempre dançando, batendo palmas. Mesmo quando o mundo parecia estar caindo em nossas cabeças. Mesmo no dia mais escuro ela conseguia ver a luz no fim do túnel. Haviam dias em que o fato dela estar cantando me irritava, mas agora... eu daria tudo só para ouvi-la cantando outra vez.

Não, ela não tinha voz de sereia, não era a melhor cantora do mundo. Ás vezes ela desafinava, errava as letras das músicas, trocava um verso pelo outro. Mas, ainda assim, era uma parte do charme dela.

Hope quis voltar para Nova Orleans a cidade em que nasceu. Eu comprei a casa onde ela cresceu. Era uma bela duma casa. Não passou toda a sua infância aqui, mas grande parte. Infelizmente ela não passa mais muito tempo em casa e se quer posso culpá-la. Ela vai ao pântano onde os lobisomens membros do meu antigo clã, meus últimos parentes consanguíneos fora Jane e minha filha construíram um acampamento.

Não sei se me dói mais saber que minha esposa morreu ou saber que minha filha está sofrendo tanto quanto eu.

P.O.V. Kelly.

Eu não vou desistir tão fácil. Não vou ficar aqui sentado, chorando me remoendo. Eu fiquei, por um tempo, mas já fazem seis meses e nem a Hope e nem ninguém tem o direito de tomar decisões por mim. Então, eu me enchi daquela erva, Verbena e sai procurando por ela. 

Fui primeiro para Forks, no Estado de Washington e apesar de ter encontrado a excêntrica família Cullen, eu não encontrei quem eu procurava, mas eles me deram pistas. E segui-as até Magic Falls, na Virgínea. Fui para a Escola Volturi, perguntei por ela, procurei, mas ela não estava. Me sentei e começava a perder minhas esperanças quando uma garota loira sentou ao meu lado.

—Oi.

—Oi.

—Você é o Kelly, o Grimm?

—Sou. Porque? Quem é você?

—Eu sou a Lizzie Saltzman. Se está procurando a Hope, você tem que ir para Nova Orleans. É a melhor chance que você tem e se não a encontrar lá, então vá para a Itália. Cidade de Volterra.

—Obrigado.

—De nada, e boa sorte.

Segui esta outra pista e já em Nova Orleans eu entrei num bar que parecia bastante movimentado. Rousseu's.

—Posso ajudar?

—Talvez. Estou procurando uma pessoa.

—Essa pessoa tem um nome?

Pensei e se a Hope soubesse que estou atrás dela poderia muito bem fugir e sumir de vez.

—Pessoas. Estou procurando a família Volturi.

A cara da bartender mudou na hora. E ela perguntou muito seriamente:

—Porque?

—Porque preciso falar com eles.

—Você quer morrer.

—Não. Eu não quero morrer.

—Sim. Quer sim. Todos que vão atrás dos Volturi querem morrer, duma forma ou de outra. É o que eles são, meu filho. Eles são A Morte. Belos, elegantes, mágicos, poderosos, apavorantes e ainda assim sedutores. Eternos, porém letais. Todos eles.

Disse me servindo uma cerveja. Que eu havia pedido.

—Você sabe onde eles estão?

—Eles vivem na Mansão, na Main Street. Aquela lá.

Falou apontando para a enorme mansão estilo colonial, com colunas, balcões, as paredes esculpidas.

—Obrigado.

—Que Deus te ajude. Aqui, leve isso.

Ela me estendeu um colar com algo de madeira esculpido.

—O que é isso?

—Proteção. Vai precisar.

Era um pedaço de madeira clara, quadrado pequenino, esculpido parecia até um mini totem.

—Que madeira é essa?

—Japor Branco. É o último pedaço desta madeira que existe no mundo.

Estava pendurado num cordão preto.

—E porque está dando pra mim?

—Porque você é o Caçador. A criança nascida dos inimigos declarados. O mundo precisa de você, tanto quanto precisa dela.

Ela estava se referindo á Hope, imagino. 

—Agora vai menino. E não perca o colar, não tire, nunca. Ele não vai estragar. Está aqui á muito mais tempo do que nós dois.

—Obrigado.

—Disponha.

Coloquei o colar no pescoço e escondi dentro da blusa. Então, parti para a enorme Mansão. A fachada era intimidante. Como provavelmente deveria ser. Vi vários vampiros de olhos vermelhos, usando capas negras, estavam montando guarda. O lugar era uma fortaleza, parecia tudo tão calmo e inocente, como qualquer outra casa do quarteirão, mas se chegasse perto o suficiente você podia ver os guardas.

Respirei fundo e cheguei mais perto. Imediatamente recebi uma recepção não muito calorosa. Mas, antes que os guardas pudessem me desmembrar, o maior deles caiu no chão se contorcendo.

—Fique longe do menino. 

Disse a menina loira, ela era baixinha, mirradinha, magrinha, mas dava pra ver os olhos amarelos brilhantes. Era uma hibrida.

—Obrigado.

—Não me agradeça ainda. Vamos ver a reação do meu irmão. Ai conversamos. Siga-me.

Eu não discuti, eu obedeci. Então, eu percebi.

—Você é a tia da Hope. Jane.

—Correto.

Ela me levou pelos enormes corredores cheios de vasos de porcelana chinesa, antiguidades, livros velhos que provavelmente eram grimórios. E fui recebido por mais vampiros. Tipo, os olhos deles eram vermelhos como fogo, como o diabo. Então, olhei para ela de novo e os olhos dela estavam vermelhos.

—Como faz isso? Como os seus olhos mudam de cor?

—Eu sou uma híbrida.

—Irmã. Mandei você trazer o jantar e você trás só isso?

—Ele não é o jantar, irmão.

—Não. Ele não é. Ele é Kelly Schade Burkhard, filho de Adalind Schade, uma Hexenbiest e Nicholas Burkhart, o Grimm. Meio-irmão de Diana Schade Renard. Caçador de Wesen. Sei tudo que há para se saber sobre você.

—E você é o pai da Hope. Alexander Jonah Boubier Volturi. Filho biológico de Genevieve Levesque e Percival Boubier. Irmão gêmeo de Jane Boubier Volturi. Sua mãe era uma bruxa, seu pai era lobisomem e você e sua irmã foram transformados em vampiros por um cara chamado Aro Volturi.

Ele levantou do que parecia ser um Trono. E sorriu, um sorriso meio... ácido, sarcástico. Como se sentisse dor. Dor emocional.

—Eu gosto dele. Ele me lembra você, irmão.

—Assim como os garotos gostam de mulheres que duma forma lhes lembram de suas mães, aparentemente, as garotas gostam de homens que lhes lembram dos seus pais. Eu tinha olhos azuis quando era humano, Hope pegou os olhos azuis de mim. Fora isso, ela é o clone da mãe dela.

Disse nostálgico.

—É impressionante a semelhança, não apenas física. Os cabelos naquele tom de ruivo estranho, porém belo. Cor de cobre. Os cachos que caem como uma cascata. O jeito dela caminhar, falar, se expressar, as roupas que veste. Hope é imagem cuspida da minha esposa. 

—Ahm, odeio te interromper, mas sabe onde ela está?

—Sei. Ela está passando Houma, bem fundo no pântano, há um acampamento de lobisomens lá. Ela sempre leva suprimentos, bandagens, medicamentos, praticamente mora lá.

—Não vai me impedir de ir atrás dela?

—Não. Mas, não por você. Por ela. Eu por acaso, sei uma coisa ou duas sobre amores negados. 

—Está falando da mãe da Hope, certo?

—Sim. Eu continuo revivendo o momento quando ela saiu pela porta do quarto do hotel á vinte e três anos. Perdi tantos anos com ela, perdi a oportunidade de criar minha filha, saber de sua existência. Por tantas vezes, eu pensei em ir atrás dela, largar tudo e ir. Mas, sempre fui covarde. Sempre permiti que Aro tomasse minhas decisões por mim. Minha gratidão por ele ter salvado nossas vidas, minha e a de minha irmã, me cegava. Me amarrava.

—Sinto muito.

—Antes de você ir, permita-me compartilhar um pouco de sabedoria com você. Quando encontra uma mulher com um sorriso radiante que pode começar ou acabar com uma guerra, um coração tão grande quanto o mundo... você ter que ser um tolo para deixá-la partir.

—Obrigado.

Eu estava saindo quando ouvi-o dizer:

—E se partir o coração da minha filha... eu vou arrancar o seu.

—Eu suspeitava disso. Mas, obrigado.

—O prazer foi meu.

A tia da Hope veio comigo.

—Porque vir comigo?

—Isso é território de lobisomem e é um pântano. Cheio de crocodilos, repteis e coisas que querem te devorar tanto quanto eu quero. Além do mais, se algo acontecer com você, vai levar minha sobrinha e consequentemente meu irmão para o túmulo com você.

Acho que lá no fundo ela tem um coração.


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