A Última Chance escrita por Caroline Oliveira


Capítulo 18
Arrependimento, compaixão, lealdade


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Não lembro quando postei o último capítulo, mas se foi em 2019 ainda, quero desejar um feliz ano novo pra todo mundo!
Quero agradecer às leitoras que tem enviado comentários me dando força pra continuar a escrever, tem sido muito importante para mim. Acho que aos poucos to conseguindo encontrar o rumo certo para a narrativa. Espero que gostem do capítulo!

OBS: só a título de esclarecimento para evitar dúvidas, a parte em itálico no ponto de vista da Susana é um flashback, não significando que tudo o que há nele foi contado por ela ao Caspian.



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Pedro Pevensie

Edmundo e eu tomávamos café da manhã juntos na enfermaria do castelo. Lúcia preferiu não vir, ainda estava chateada com toda aquela situação com Rilian. Eu não entendia por que ela o defendia tanto, mas não queria entrar em atrito com ela outra vez para descobrir.

— Ed – Chamei – Pode ir comigo aos aposentos do general Tácito, da Arquelândia? – Indaguei e ele franziu o cenho, sem entender.

— O que vai fazer lá? – Falou depois de tomar o gole de suco na taça.

— Ele me mandou um recado – Expliquei – Antes de sairmos para levar Liliandil ao Grande Rio, um guarda disse que Neriah e Tácito queriam falar comigo, algo relativamente urgente. Não tive como ir naquele momento e logo depois, você sabe – referi-me ao infeliz encontro com a figura de Jadis no paredão de gelo e a feiticeira misteriosa do deserto me jogando para fora da tenda de brinde.

— Vamos lá, então – Engoliu o último pedaço de pão que comia e eu ri de sua gula.

 

Susana Pevensie

Caspian me ouvia com atenção, seus olhos alternando entre os meus olhos e meus lábios, a tensão expressa em seu rosto. Ele parecia não se sentir confortável ao me ouvir falar de Rabadash e era compreensível, afinal meu envolvimento infeliz com o príncipe calormano era conhecido e eu nunca tive intenção de negar isso.

— A desconfiança de Lúcia me intrigava – Continuei – Me fez pensar que ninguém poderia ser tão perfeito realmente. Ao mesmo tempo, sequer conseguia enxergar Rabadash como um mau caráter.

— Ele devia atuar bastante bem, pelo visto – Observou com desdém.

— Bem, a comitiva de Calormânia logo voltou a Tashbaan, deixando claro o convite para que nós fôssemos visitar o país assim que possível. – Dei de ombros – Não sei quanto tempo se passou, mas foi o bastante para que Rabadash e eu trocássemos um par de cartas. Suas palavras envaideceram os meus ouvidos e sua lábia me convenceu de que ele seria o marido perfeito.

Caspian não disfarçou a surpresa ao me ouvir, afinal meu desprezo e receio contra aquela história e contra os calormanos era tão expresso que eu duvidava que alguém pensasse que um dia eu cogitei a possibilidade de me unir àquela nação.

Continuei.

— Quando decidi ir à Calormânia, Lúcia achou uma péssima ideia – Lembrei as sucessivas vezes que Lúcia tentou argumentar e eu não lhe dei ouvidos – Edmundo deixou claro que compartilhava de sua opinião, mas se ofereceu a ir comigo para tranquilizar Lúcia e mesmo que implicitamente fazer a minha guarda – Caspian sorriu de canto – Assim que chegamos, no entanto, a venda que eu coloquei nos olhos começou a cair – Uma pausa – A cultura escravista e aristocrática ao estremo da Calormânia me incomodaram de início, sobretudo com aquela lei de trânsito ridícula. Ao chegarmos ao palácio de Tashbaan, fomos recebidos com muita festa e cortesia e afastei as más impressões por alguns momentos, até que Rabadash se apresentou a nós. Não era nem de longe a mesma pessoa.

— A mudança foi tão brusca assim? – Caspian indagou calmamente.

— Apesar de fazer questão de me apresentar aos principais conselheiros, tarcaãs e amigos, não conservava nem um pouco da atenção e gentileza dirigida a mim em Cair Paravel. Não me sentia a futura noiva conhecendo os homens de confiança de seu futuro marido: sentia-me um troféu sendo exibido após a vitória em um torneio.

— E foi assim que percebeu que ele não prestava – Concluiu – Foi nesse momento que decidiu voltar a Nárnia.

— Quem dera tivesse sido – Lamentei, sentindo o peso das memórias tomarem minha mente e minha alma. Era uma história que eu evitava revisitar, que guardei no fundo do baú com vergonha e dor. – Rabadash tinha um meio-irmão mais novo, filho de uma das outras esposas do Tisroc ou de alguma concubina, não lembro bem. Seu nome era Adalias.

Caspian franziu o cenho com a menção repentina, mas não protestou em ouvir.

— Apesar de se assemelhar a Rabadash na aparência e na soberba por ser filho do Tisroc, conseguia ser mais agradável com as pessoas em volta, especialmente com as mulheres. Enquanto Rabadash tinha se dedicado a tentar demonstrar algum valor de guerra a seu pai, Adalias desenvolveu o talento e o título de conquistador do palácio. Ele sabia como fazer uma mulher se sentir especial ao ponto de entregar-se a ele. As tarcaínas e até as escravas suspiravam ao vê-lo passar. – Sorri de canto ao lembrar – Conversamos algumas vezes e apesar de me proteger mentalmente de suas investidas, ele me fazia rir. Não demorou muito para que Rabadash se sentisse traído e viesse a explodir.

Pedro Pevensie

Lembrava-me vagamente do corredor em que Caspian mandou o doutor Cornelius acomodar as comitivas das cortes. O duque de Galma passeava em uma das alas com a esposa e a filha mais nova e nos lançou um olhar tristonho e até ressentido, provavelmente pensando no sobrinho Rilian. Caspian iria precisar recebê-lo cedo ou tarde, querendo ou não, antes que isso lhe custasse um aliado político.

Logo chegamos aos aposentos de Tácito e o guarda bateu à porta para mim. Edmundo se colocou ao meu lado para esperar.

— Grande Rei Pedro, rei Edmundo – Tácito nos recebeu com uma reverência – Soube do ocorrido pela madrugada, espero que esteja recuperado.

— Na medida do possível sim, obrigado pela preocupação – Agradeci e Tácito nos deu passagem.

Neriah e duas criadas rodeavam a cama do general, velando alguém que não consegui reconhecer de imediato.

— O que aconteceu de tão grave? – Edmundo indagou, tentando identificar a pessoa também.

— Na madrugada que antecedeu a partida da comitiva de Calormânia – Explicou Tácito, nos guiando até a cama – Encontrei essa jovem escondida no guarda-roupas do aposento.

A jovem em questão estava de bruços no leito, as costas recobertas por chagas cruéis envolvidas por unguentos que diminuíam as inflamações. O cabelo, a cor da pele e as vestes rasgadas nas costas denunciavam o povo ao qual pertencia.

— Princesa Neriah – Cumprimentou Edmundo.

— Majestades – Ela e as servas nos reverenciaram.

— Ela nos implorou que não a entregássemos a Ahadash ou qualquer outro calormano – Continuou Tácito – Estava assustada, fervendo de febre por causa das infecções, porém algo em seu pedido me fez crer que não era um delírio.

Comprimi os lábios ao me posicionar na lateral da cama e fitar o rosto de Hiandra, que apesar de adormecido, conservava o sofrimento pelos dentes trincados e pelo unir das sobrancelhas. Ela desapareceu porque foi chicoteada e aterrorizada até chegar ao ponto de implorar para não voltar à terra natal junto às pessoas que as machucaram.

— Ela chamou por você – Neriah comentou – Disse que foi gentil com ela e que poderia querer ajudá-la.

Foi como um balde de água fria caído sobre minha cabeça. Procurei-a por todos os lugares e julguei que tivesse ido embora com Ahadash, mas ela estava ali, incapaz de sair do leito depois de tanta violência.

Meu coração se comoveu de forma impressionante com aquela visão. Eu recordei seu sorriso, sua voz alegre entoando aquela canção, mas naquele momento me questionei se toda aquela performance harmônica e feliz não estaria escondendo abusos e sofrimentos.

 

Susana Pevensie

O perfume que recebi era suave, levemente adocicado, uma fragrância romântica e sensual. Eu sabia o que Adalias pretendia com aquele presente, mas apesar de não corresponder às suas expectativas – o que deixei bem claro – não quis ser indelicada em não receber o mimo.

— Abram esta porta agora! – A voz de Rabadash esbravejou no corredor do castelo e eu franzi as sobrancelhas com estranheza, apesar de não ser tão incomum que ele falasse assim com guardas e escravos.

Meus olhos se arregalaram quando a porta da qual ele falava era a minha.

— Então é verdade? – Quis saber – Aceitou o maldito presente do traidor do meu irmão?

— Rainhas recebem presentes o tempo todo, Rabadash – Retruquei calmamente – Além disso, não vi problema em aceitar; deixei claro que não tenho interesse em estabelecer relacionamento algum com seu irmão que não seja amizade. Não tem razão para se preocupar.

— Que bela forma de deixar claro, aceitando os presentes dele – Ironizou – Eu não sei que tipo de educação você recebeu de onde quer que tenha vindo, mas em Calormânia uma mulher de respeito jamais se comportaria dessa forma.

Nós não nos conhecíamos há tanto tempo assim e ele já se comportava como dono da minha vida. Eu simplesmente não cria no que havia acabado de me dizer.

—  O que quer dizer com isso?

— Que você deveria se dar o respeito! – Gritou – O que eu devo esperar? Que receba joias, vestidos? Que se deite com ele e tenha a pachorra de me dizer que só quer sua amizade?

Meu sangue ferveu e a raiva subiu à cabeça tão rápido que quando dei por mim já tinha esbofeteado seu rosto com uma tapa sonora com as costas da mão.

— Olha como fala comigo! Eu sou uma rainha e exijo que me respeite!

— Rainha? – Sorriu ele. E de repente, agarrou meu braço com força.

— Ai!

— Você é a monarca mais inútil que já conheci! – Falou entredentes, apertando cada vez mais a mão em volta do meu braço e olhando fundo nos meus olhos.

— Me largue, está me machucando! – Eu tentava fugir de sua mão, mas ele me segurou pelos dois braços, forçando-me a olhar para ele.

— Seu irmão Pedro é o verdadeiro governante de Nárnia! De certo, Edmundo é um grande guerreiro e a fama de corajosa e boa conselheira de sua irmã precede seu nome, mas e você? O que é além de um rostinho bonito que todo príncipe quer ao lado para exibir a seus inimigos?

Lágrimas de ódio caíram dos meus olhos. As suspeitas que tentei afastar durante toda a estadia em Tashbaan se confirmaram através da própria boca de Rabadash.

— Você aprenderá a me respeitar, terá tempo para isso até o dia de nosso casamento – Falou em um tom mais brando, porém ainda leviano e arrogante.

— Não me recordo de ter aceitado isso! – Cuspi as palavras.

— Pois trate de se recordar – Ele me levou mais para perto dele, voltando a falar entredentes – Disse “sim” quando pisou em Tashbaan e assim será! Acostume-se com a ideia por bem ou por mal, pois não sairá de Calormânia até que seja minha adorável esposa – E me beijou à força.

Tentei me livrar de suas mãos, virei o rosto para longe de seu beijo nojento e ele passou a beijar meu pescoço com voracidade, chegando a rasgar o ombro do vestido que eu usava, até que se cansou de me atormentar e me jogou no chão.

Ele me lançou um sorriso cruel e deu as costas, deixando os aposentos sem sequer olhar para trás.

 

As lembranças me atingiram em cheio e não evitei que uma ou duas lágrimas caíssem. Omiti detalhes do ataque de Rabadash a Caspian, mas contei de nossa discussão, da forma que me humilhou e cheguei a citar que me beijou a força. Nada além disso.

Não havia chegado a me violentar, mas aquela atitude me mostrou do que ele seria capaz de fazer até o dia em que eu cedesse à sua proposta de casamento, o que me fez desejar com todas as forças voltar a Cair Paravel o mais depressa possível.

— Não posso acreditar que isso tenha acontecido – Caspian comentou indignado – E Ahadash ainda tentou me fazer acreditar que fora você quem o tinha abandonado, iludido. Ciúme nenhum no mundo justifica humilhá-la desta forma.

— Ninguém sabe do ocorrido – Confessei e Caspian franziu o cenho. – Por Edmundo, nós sequer teríamos saído de Cair Paravel, então convencê-lo a fugir por causa do comportamento arrogante e explosivo de Rabadash não foi difícil.

— E por que não contou? – Indagou Caspian – Edmundo teria dado uma bela lição naquele crápula, mostrado como um homem de verdade se porta com uma mulher!

— Ele teve o castigo dele, Caspian! – Tentei tranquilizá-lo – Perdeu a batalha, foi condenado a viver perto do templo de Tash até o dia de sua morte para não ser transformado em burro, ridículo assim como ele se portou.

Alguns momentos se passaram. Caspian ficou em silêncio, as mãos cruzadas e os olhos as fitando, ponderando sobre o que lhe contei, sobre as coisas que aconteceram.

— Eu fui um idiota com você – Passou a mão no rosto, sequer tendo coragem de me olhar nos olhos – Eu não sei nem o que dizer, não sei nem como olhar para você agora.

Sorri de canto. Ergui seu queixo para mim e o encarei por fim.

— Eu não contei isso para que se sentisse culpado – Senti meus olhos marejarem – Contei porque eu precisava; eu não quero que esse infeliz episódio se torne uma sombra em nossa história. Que seja usada para nos separar, como Ahadash fez.

— Quem nos separou fui eu, Susana – Corrigiu em tom baixo – Sabe disso. Eu... peço que me perdoe, do fundo do meu coração. Você não merecia isso, não depois de tudo o que passou nas mãos daquele desgraçado, infeliz... – A voz de Caspian passou de triste e sincera para quase um ranger de dentes.

Sorri.

— Não posso evitar me sentir feliz por você se importar e querer me defender – Confessei – Mas eu detesto vê-lo com raiva. – Lembrei-me de seu descontrole ao socar Rilian na masmorra dias atrás.

— Eu tentarei ser mais sensato, principalmente com você – Prometeu – Eu não queria ter precisado ouvir essa história para entender o seu lado na intriga de Ahadash...

— Não digo que foi o melhor, mas foi necessário – Respondi, acariciando seu rosto – Eu quero ficar com você, Caspian, de verdade. Eu jamais imaginei que iria ter a chance de ver você de novo – Senti o coração acelerar, as lágrimas voltarem aos olhos – As vezes eu me pego perguntando se tudo isso não é sonho e eu não vou suportar se for...

— E não é – Assegurou, tocando a minha mão que segurava seu rosto.

— Então vamos fazer valer a pena – Pedi – Eu quero aproveitar cada segundo ao seu lado, ao lado do homem que amo.

Caspian tomou meus lábios num beijo urgente, que me fez arrepiar ao passo que aliviou as tensões e os receios que eu tinha de voltarmos a nos separar, apesar de compartilharmos o mesmo mundo outra vez.

 

Edmundo Pevensie

Neriah e eu nos sentamos na espécie de antessala do aposento destinado ao general da Arquelândia – Tácito – enquanto Pedro se acomodou numa poltrona colocada ao lado da cama. Pedro ainda estava um pouco tonto pela pancada na cabeça e sentia-se mal quando passava muito tempo de pé. Ele conversava com o general, ambos tentando extrair detalhes dos dias mais recentes de Hiandra no castelo para descobrir quem a havia ferido.

— O rei Pedro foi a primeira pessoa pela qual a moça calormana chamou – Comentou Neriah ao observar meu irmão e seu noivo dialogarem – Se me permite perguntar, os dois se conheciam antes?

Neriah era sem dúvida a princesa mais desinibida que eu conhecera. Ela arrastou Susana para o baile, convenceu-a a enfrentar a situação com Caspian e envolveu-se no problema de Hiandra com os calormanos. Outra pessoa em seu lugar a teria entregado a seus senhores, mas ela vetou qualquer intenção de Tácito de fazer isso. Era realmente uma princesa fora do comum.

— Pedro a conheceu aqui mesmo quando a comitiva chegou – Expliquei – Percebi que se encantou por ela desde o primeiro momento, mas não creio que tiveram muitas oportunidades de conversar. Ele ficou curioso a respeito da canção que ela cantou no baile e a procurou pelo castelo, mas não a encontrou e isso despertou suspeitas.

Uma batida na porta quase me interrompeu ao final da frase. Tácito resmungou um “entre” e um guarda anão se apresentou.

— Com licença, vossas excelências – Cumprimentou com uma reverência – O rei Caspian solicita a presença de todos para uma pequena reunião com o vosso pai, Rei Naim – Dirigiu-se a Neriah – Ele os aguarda na sala do trono.

— Assim de repente? – Neriah franziu o cenho.

— Creio que já sei do que se trata – Levantei-me do assento – É bastante urgente, aliás. – Lembrei-me do que havia combinado com Caspian sobre ir a cidade – Pedro – Chamei e ele se virou para mim – Você vem?

— Claro – Levantou-se de repente e Tácito o ajudou a se equilibrar.

— Deveria voltar para os aposentos, majestade – Sugeriu o general.

— Caspian vai precisar de mim – Trocou um olhar comigo – De todos nós.

[...]

A sala do trono foi organizada de uma maneira diferente. Além do trono principal, no qual Caspian estava assentado, foram colocados quatro assentos, dois a cada lado dele, para mim e meus irmãos.

Eu sentei-me à direita de Caspian, com Pedro entre mim e ele. Susana estava ao seu lado esquerdo com Lúcia na ponta. A maioria dos conselheiros já ocupada seu lugar.

Naim estava diante de Caspian e Neriah e Tácito se juntaram a ele.

— Podemos começar, então – Anunciou Caspian – Rei Naim, eu solicitei essa assembleia com o objetivo de negociar a nossa entrada em seu território.

— Com qual motivação? – Estranhou Naim, apesar de seu tom não demonstrar objeção.

— Receamos que a seca pela qual Nárnia tem passado não seja fruto do acaso – Explicou Caspian – Como sabe, a magia profunda rege a terra de Nárnia e recebemos uma profecia recentemente – Ele mostrou Coriakin com uma das mãos, que ocupava um lugar adjacente aos assentos dos conselheiros – A nossa terra foi amaldiçoada e temos razão para crer que a única forma de desfazer a maldição é derrotando sua conjuradora com a lança de água que lendas apontam estar na Arquelândia.

Naim ponderou por um breve momento.

— Mesmo se tal narrativa for verdade milorde, receio que não seria apropriado ceder um artefato tão lendário de meu reino para outra nação, por quaisquer razões que sejam – Falou por fim o rei. Não imaginei que ele fosse negar – Além do mais, o que pensarão os meus súditos ao ver um exército narniano entrando em suas terras tão de repente?

— Não pretendemos enviar um exército, Naim – Pedro corrigiu – Partiríamos em uma pequena comitiva apenas para resgatar o artefato. Assim que esse mal fosse sanado, o devolveremos a seu devido lugar e povo.

— Nárnia e Arquelândia sempre foram boas aliadas – Susana complementou – Quando governávamos, enviamos nossos exércitos em socorro a invasão calormana ao seu território.

— Não quero ser indelicado, majestade – Naim retrucou – Mas a questão do príncipe Rabadash foi obra de Nárnia. Nada mais correto de vossa parte enviar exércitos para combatê-los.

— A nossa obrigação é para com nossos súditos – Retruquei – Poderíamos tê-los deixado à mercê de Rabadash para defender apenas o que era nosso, mas não o fizemos em lealdade ao rei Luna e à sua nação. Minha irmã traz esse aspecto à memória apenas para demonstrar isso.

— Não queremos tomar seu território ou fazer mal ao seu povo – Lúcia assegurou – Almejamos apenas salvar nosso povo da fome; enquanto estamos aqui bem abrigados e fartos de alimentos, nosso povo sofre na vila; os animais morrem de fome na floresta, as árvores morrem por causa do solo seco e envenenado.

— Temos ciência de que isso não é seu problema – Caspian disse por fim – Mas estamos dispostos a entrarmos em acordo, seguindo suas condições, apenas para salvar Nárnia da ruína.

— Reconsidere, meu pai – Neriah pediu – Nada será feito fora de nossos termos. Podemos nós mesmos enviar soldados para garantir a segurança de nossos súditos. – Ela fez uma pausa – Nos tempos de Jadis, a cruel feiticeira branca, nada fizemos. Nos temos da invasão dos homens de Telmar, muito menos. Agora a vitória dos narnianos está em parte em nossas mãos. Vamos ajudá-los uma única vez.

Naim ponderou novamente e eu torci para que ele desse ouvidos à sensatez da princesa, que nos favorecia. Foi quando lembrei o relato de Pedro sobre o ocorrido na tenda.

— O nome Cietriz lhe diz alguma coisa? – Indaguei. Os olhos de Naim se atentaram, o nome despertando alguma memória.

— Esse é o nome da feiticeira? – Indagou o rei.

— O senhor a conhece, pai? – Neriah perguntou.

— Conheço sua história – Naim baixou o olhar, recordando-se – E creio que sei por onde podemos começar a procurar a lança.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?
Vou tentar postar o próximo mais rápido, mas tenham paciência comigo kkkkk
Beijos!



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