— Não me decepcionem — Aizawa bronqueou. – Deem seu melhor nessa missão. Entendido?

— Sim! — Responderam em uníssono.

O local era claro e arejado. Havia alguns adesivos nas paredes que contrastavam com o branco quase cintilante do chão. Havia o cheiro incômodo de éter, mas fora isso não era de todo ruim.

A ala infantil do hospital Yato Gami era especializada em tratamento de câncer. Shouto e Katsuki estavam ali para interagirem com as crianças, na intenção de trabalharem como agir em situações de risco que envolvessem menores. Aizawa tinha lá suas dúvidas em como isso iria terminar, visto que um aluno era explosivo e o outro tinha a sensibilidade de uma porta.

Shouto entrou em um quarto e olhou ao redor. Havia duas macas de cada lado, alguns equipamentos médicos as ladeavam. Uma pequena TV ficava ao seu lado direito, tendo um tapete emborrachado e colorido lago abaixo. Não era o quarto ideal para uma criança, mas ao menos passava algum conforto.

— Ei, você não é aquele estudante da UA? — O menino usava uma camisola de hospital e uma touca azul.

— Sim. Meu nome é Shouto Todoroki. Esse é-

Shouto foi interrompido com gritos de Katsuki. Bem, ele não estava de fato gritado, era apenas seu tom habitual.

— Olha! É aquele que ‘tava preso no festival de esportes. – A garotinha de touca amarela riu – Parecia um cachorro com... com... qual é o nome daquilo que coloca na boca do cachorro para ele não morder?

— Eu não sei – o menino de azul falou.

— Focinheira – Shouto atiçava a ira de Katsuki sem fazer nenhum esforço.

— Vai se ferrar, maldito Meio a Meio!

— Ei tio, não pode xingar!

— É isso mesmo!

— A tia Hiyori vai querer lavar sua boca com sabão!

— COMO É QUE É?! — O motivo de Katsuki sentir-se desafiado com qualquer coisa, era algo que intrigava Shouto.

— Não acho que usar sabão será o apropriado — tombou a cabeça de lado pensando melhor. — Talvez enxaguante bucal seja o melhor.

— Cale-se!

Eles passaram a tarde fazendo companhia para as crianças. Katsuki notou que eram franzinas demais para a idade que diziam ter. Ele percebeu que o que seu pai havia lhe dito quando era criança fazia total sentido agora.

Deve-se agradecer o hoje, mesmo que talvez ele não seja o ideal. Aqueles pequenos lutavam todos os dias só para saírem da cama. Se alegravam com tão pouco e riam extasiados por estarem próximos a dois aspirantes a heróis famosos.

Shouto entendeu o que All Might disse na manhã anterior. Ele deveria estar lá para quem precisasse dele, em qualquer situação que fosse. Não pode evitar o pequeno sorriso que escapou de seus lábios.