13 & Team 1: Sem Rumo e Sem Vida escrita por Cassiano Souza


Capítulo 9
Gênesis de Nova Gally - parte 3


Notas iniciais do capítulo

Tenha uma fantástica leitura!



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— Ai, minha cabeça... - a Doutora estava deitada no chão, porém, não seria ressaca de uma noite na Oktoberfest ou Nova Nova Vegas, era apenas devido a uma lembrança compartilhada do Deca. O Rani e a Lily estavam na sua frente, e Yaz ainda desacordada no tubo. – Te mandei ficar em casa, era pra proteção, mas tudo o que te dei foi uma maldição. - olhava para a humana.

— Não se preocupe, querida. - sorriu o Rani. - Outra descarga acorda a bela adormecida.

— Não ouse!

Outra descarga a humana sofre, e por seus instintos ou forças subconscientes, ela desperta-se atordoada, como se acordasse de um pesadelo terrível. Mas, percebeu estar em uma realidade mais terrível ainda.

— Não precisa agradecer. - debochou o Senhor do Tempo. 

— Yaz… Eu sinto tanto. - marejou a loira. - Me odeio muito mais agora. Que ódio!

— Não quero te ver assim! - protestou a humana. - O mundo está em perigo, salve o mundo. Não quero ver você choramingando, Doutora, quero agindo. Não se importe comigo, eu escolhi fazer parte, os inocentes não. 

A loira sorri grata: 

— Já disse que te amo hoje? 

— Vamos dar um jeito, esperança sempre, certo? - soou confiante. 

A Doutora não ousa responder, pois lembrou-se de sua outra versão, morrendo no meio da palavra esperança. O Rani estende a mão:

— Agora você entende, não é? entende tudo?

— Falou em salvar Gallifrey, mas vendem remédios na Terra. - levantou-se sem ajuda. - A conta não bate. 

— Sua amiga ainda respira porque possui artrom, Doutora. Onde acha que enfio o resto?

— Não queira me ver responder.

— São todos agora apenas massa homogênea desestabilizada e modificada, Doutora. - explica a Lily.

— Vão fazer uma vitamina de humanos? Vindo de vocês, toda e qualquer canalhice é possível.

— O meu marido encontrou Omsitab, e Omsitab encontrou ele. O trouxe luz, e o Rani me trouxe luz. E nós, traremos ela à Terra.

— Onde se conheceram? - entreolhou os dois. - De qual raça você é?

O Rani gargalha:

— Ela é o mesmo que você, Doutora. - deu um selinho na bochecha da esposa. - Vai ter que descer do salto, não pode mais sair por aí se achando a última.

— Vim do meu marido. - continua a Lily. - Usou um pouco do material genético de suas costelas para me clonar, e aqui estou eu.

— Que nojo. - reprime a loira. - Mas quem mais atrairia o Rani se não ele mesmo? Então… - ficou boquiaberta entendendo. - As pessoas são apenas matéria! Matéria, para clones seus! No entanto, não seriam compatíveis. Não faz sentido! A menos…  Que algum componente gerasse um elo entre Senhores do Tempo e humanos.

— E quem disse que não foi gerado? - sorriu largo o farmacêutico.

— Os remédios, Doutora! - berra Yaz. - Então meus pais, meus amigos…

— Sim, Yaz. - a Doutora fechou as sobrancelhas. - Você é cada vez pior, Rani. Tanta inteligência, tanta capacidade… Para o mal?! Na academia você era outro. 

O Rani revira os olhos e prossegue:

— A Lily possui toda a minha inteligência, ou até mais, Doutora. Mas uma mera clone entre meros clones? Acho que não.

— O que mais?

— Meu marido encontrou-se com a Bruxa Roxa. - continuou o assunto a Lily.

A Doutora fica pasma:

— A prostituta de Rassilon?!

— Prostituta? - estranhou Yaz.

— Amante. - corrigiu a Doutora

A Lily prossegue: 

— O gene da sensibilidade pã temporal foi injetado em minha criação, então além de uma das últimas Senhoras do Tempo, sou a última sacerdotisa dele também. Todos os outros a nascerem serão.

— Ah tá, sonhar ainda é grátis. 

— Duas Ranis, uma Doutora, quem chega mais longe? - continua o Rani. - Por Gallifrey ter partido, a Lily não tem a instrução correta para agir com uma oráculo. Mas tem seus dons, tem seus pressentimentos, seus sonhos, e todas as vozes berrando em sua mente. 

— Tortura. - enojou-se a loira.

— Ajude-nos, quase acertamos a fazenda, e o dia no Rego de Dunoab, não foi ao acaso. Pense nisso! Uma Gallifrey inteira de sensitivos, quão longe iríamos?!  - sua expressão de alegria era insana. - Faremos da Terra uma nova Gallifrey, construiremos nossa própria natureza.

— Não.

— Seremos deuses! Pense, faremos justiça, diferente dos Senhores do Tempo, e consertaremos cada erro da história.

— Não.

— Iremos até o começo dos Daleks, e faremos eles nunca nem terem nascido! Ou melhor, serão nossos servos. 

— Não. 

— E o que restar se humanos… Bem, podem ser nossos alfaiates, se os robôs deixarem cotas. 

— Nunca. 

— Então… Conheça a minha outra amiga. - apontou para um objeto coberto por um pano. O Rani puxa o pano, e revela algo como um canhão, porém meio high tech. A Doutora ergue as sobrancelhas:

— Um acelerador de tempo?

— Lily, amorzinho, pode trazer os pets?

— Claro, meu senhor amado. - correspondeu a Lily.

A Doutora fez careta. A Lily tecla alguns botões no console, e do chão várias caixas e tanques de vidro começam a aparecer, com um tipo de animal em cada um. A loira olhava para os lados atordoada, até lembrar-se de cada criatura. Yaz pergunta:

— Doutora, que bichos são esses?

— Gallifreyanos. - começou a ir de jaula em jaula, e os olhos marejando.

— São lindos.

— E impossíveis.

— Aí meu Deus, aquilo é o coelhinho da páscoa?! 

Havia um ser em cada uma das jaulas, ou melhor, caixas de vidro, todas pequenas por fora, mas maiores por dentro. Havia um grifo, um unicórnio, uma fada da floresta prateada, uma fênix, um dragão "chines", uma serpente alada, uma girafa de 3 cabeças, um leão de 3 cabeças, um cavalo com fogo ao invés da cabeça, uma pantera cor de rosa, e alguns tanques com muitos peixes, moluscos e insetos.

Parecia uma doce lembrança pelas savanas gallifreyanas, mas não era, era apenas a última fagulha. A Senhora do Tempo não conseguia deixar de olhar feliz e triste ao mesmo tempo, mas de repente, algo do chão chama a sua atenção. Ela apanhou ligeira e discreta. Era um pequeno pedaço de papel branco, escrito; "espere-nos até o momento certo". E junto ao papel, uma chave de fenda sônica antiga. A mulher pensou em usar a chave e libertar os animais, causando distração, mas poderiam machucar Yaz, ou podiam ser mortos pelo Rani, então desistiu, apenas enfiando a chave nos bolsos das calças. 

 O Rani pigarreia triste:

— Sei que são pouquíssimos. Mas é tudo o que consegui salvar antes da queda de Arcadia. Mas felizmente descobri que a maioria deles foi contrabandeado e aqui na Terra integrados ao folclore. 

 – Quer salvar um planeta. - começa a Doutora. - Isto devia ser nobre, se não fosse o fato de querer condenar outro.

— Se a Terra não acabar por minhas mãos, acabará pelas humanas. 

— Que seja pela deles! É deles. Não entende, somos como os dinossauros, nosso tempo já passou.

—  Nem se esforça para salvar o nosso povo!

— Já estão a salvo! Já disse, e bem longe. Porque ninguém nos aceita. Qual império vai tolerar os Senhores do Tempo outra vez? Dando ordens em tudo, brincando de fazer marionetes, de chefes… Ninguém.

— Nós quem organizamos está pocilga de universo, nos Tempos Negros! Se não fosse por nós… Ainda estaríamos no caos da criação.

— Foi uma escolha. E escolhas tem consequências.

— Patriotismo 0.

— Abaixo. 

A Lily sorri largo, e aponta para um monitor enorme:

— Veja, querido! - os números triplicaram em duas horas.

— Brilhante! - pulou o Rani.

— Que números? - não entendeu a loira.

— Nossos voluntários a massa de conversão. 

— O Vagante. - entendeu a utilidade. - E aliás, onde o encontraram?

— Omsitab era ele. Abandonado, ou… Aguardando alguém digno.

— Lhe manipulou.

— Até eu reprogramá-lo. 

— Ou o que imagina.

— Por enquanto ele sonda apenas Sheffield. Mas em breve, todo o mundo.

— Estou quase terminando a minha obra. - diz a Lily, indo até uma mesa. - Já fez um multi-dimensionador, Doutora?

— Um espalhador de ecos? Parem! - avançou, mas o Rani a segurou grosseiramente.

— Com cuidado, querido, vai amassá-la assim. 

O Rani fez sua típica face prepotente de quinta:

— Ela gosta.

— Aposto.

— Seus vermes! - berra a loira. 

— Em Sheffield há 584.028 habitantes. - diz Yaz. - No monitor há 83.666. São muitas pessoas. Parem com isso! Minha família… - teve um nó na garganta.

— Nada restará deles. - largou a Doutora o Rani, mas jogando-a contra o tubo. - Veja a sua amada, uma última vez. Inúteis?! - chamou.

Dois Tetraps vieram, e apontaram o acelerador de tempo, mas na direção errada, o que fez o Rani enraivar e a coleira deles os eletrocutar. Assim, apontaram em direção ao tubo da Yaz. A Doutora permaneceu na frente. O Rani pigarreia:

— Sabe o porquê de um acelerador, Doutora?

A Doutora nada responde, estava emburrada demais para se importar. O Rani prossegue, e a Lily vem com um vaso de plantas, com um arbusto longo em forma de coral, cheio de galhos contorcidos. A Doutora ergue as sobrancelhas:

— Uma Tardisieira?! 

— Uma o quê? - Yaz pergunta.

— Basicamente, é um pé de TARDIS.

— Hã?!

— As TARDISes não são construídas, Yaz, são cultivadas e colhidas. Seu fruto é deixado para crescer, editado e programado, em seguida, deixado por 100 anos para se desenvolver.

— Bem explicado. - bateu palmas o Rani. – Mas com um acelerador, para que esperar. Até para ver os pets morrerem não precisa esperar.

— Dispare! - ordena a Doutora. - Vou junto e tudo o que sei sobre a criança.

— Não mesmo.

Outros 2 Tetraps agarram a Doutora, segurando e puxando ela para longe, enquanto Yaz, fica só e encurralada, a encarar a morte. A Doutora esperneava, mas nada adiantaria. A Lily pigarreia:

— Tem certeza que isto é necessário, querido?

— É claro que é! - berrou o homem.

A Lily se acua, o Rani exige:

— Agora, Theta Sigma, fale. Onde está o Anticristo?

— Solte a Yaz primeiro! 

— Não, Doutora, está tudo bem! - conforta, Yaz. - Não quero que conte! Está proibida, entendeu? Não vou aceitar que uma criança sofra.

— Mas, Yaz…

— Nada se mas. 

— Não posso te perder.

— Esperança, Doutora! Sempre.

Os olhos das duas tinham tristeza, mas tinham muita coragem também, junto a vontade de enfrentar o mundo e salvar toda e qualquer vida que fosse. O Rani zomba:

— Veja que lindas, amor. - fez um coração. -  Tão fofinhas, nem parece que uma vai virar uma múmia. Eu disse "múmia"? Porque quis dizer fóssil, na verdade. 

— Engraçado. - corresponde a Lily cabisbaixa.

— Última chance, Theta! Onde está o Anticristo?! - o brilho da energia do acelerador aumentava cada vez mais, e iluminava a face cruel do Senhor do Tempo. – Onde?!

 

***

 

Graham, Ryan e Rose haviam chegado tarde demais para salvar a Doutora, mas tentando novamente junto a interface, e usando os rastros do teleporte do Rani, como caminho. O time TARDIS introduz as leituras do manipulador de vórtex na própria TARDIS, onde ela não seria detectada, e já que detectaram o Rani, estaria dentro de sua TARDIS, algum prédio das corporações da farsa. A cabine de polícia então consegue materializar-se dentro de sua irmã e rival, e graças aos conhecimentos da interface, nenhum alarme soou. Rose fica protegendo o bebê, e o velho e o jovem saem munidos de sprays de pimenta, para o lado de fora. 

— Uma garagem, ou…? - Graham tira uma lanterna do casaco.

— Uma dispensa de tranqueiras. - resume o neto. 

— Bem colocado.

Era escuro e cheio de objetos nunca vistos por humanos antes, velhos, empoeirados e até cheios de aranhas. Cruzaram a porta até o corredor, e mais trevas. Ryan comenta:

— Gostou da sua? - exibe sorridente a chave de fenda sônica que abria três pontas e se alongava dando uma luz verde.

— Sendo sincero? Isso é uma caneta de escritório. - era fina e prateada a dele. 

— O que faz?

— Apita. - revirou os olhos. 

Ryan suspira: 

— O senhor não acredita em fantasmas, acredita?

— Bem, conta vultos na paralisia do sono?

— Não, mas tô ouvindo uma voz bem longe.

— Voz?

De repente, um vulto passou bem rápido atrás da dupla. Eles se viraram apavorados:

— Cuidado, em. - Graham ia com a lanterna de um lado a outro. - Estamos armados, e bem armados..

— Vô, acho que demônios sejam espertos, muito espertos. 

— Colabore. - vociferou. 

Então, outro vulto, mas agora vindo dos ares, e pulando nas costas de Ryan. Ele berrou apavorado, e o avô imediatamente usou o seu spray. A besta cai rolando pelo chão, e esfregando os 4 olhos ardentes. Graham aponta a lanterna, mas franze a testa chocado com a aparência: 

— Eu avisei que estávamos armados.

— É um Tetrap. - marejou os olhos, lembrando-se da noite na fazenda, e relembrando o custo de ter escapado. - Os escravos do Rani, como me disse a Doutora. - Observou com dó. - É uma coleira? - aproximou-se, mas a fera se acua na parede. - Não quero te machucar!

— Então fala mais baixo. - aconselha Graham. 

Ryan revira os olhos:

— Isso te machuca? Eu posso tirar. - revelou a chave sônica.

O ser rosnou, mas continuou a encarar desconfiado o homem. Graham ilumina outro ponto:

— Esse é menor.

O Tetrap menor corre para o maior, abraçando-o. O maior rosna, devia ser sua mãe ou pai. Ryan aponta a chave de fenda sonica:

— Quero ajudar. Você entendeu?

Outro rosnado, junto aos grunhidos do mais novo. Graham sorri:

— Awnt. 

— Você vai estar livre, vai ter seu filho, mas… Precisa me ajudar. 

O ser apenas encarou frio, como se estivesse prestes a dar um bote, mas fez um gesto de confirmação com a cabeça. Ryan sorri vendo a escolha certa, e aponta a querida chave do Décimo Primeiro Doutor. A coleira pesada e metálica se abre, e o pescoço dolorido é aliviado. O Tetrap filhote começa a mamar a aparente mãe. Graham comenta:

— Tão fofinho.

— Diz isso agora. - avisa Ryan. - Igual um gato, lindos no começo, psicopatas no futuro. 

— Vai nos ajudar. - cutucou. – Vai, num vai?

A Tetrap rosna mansamente, e parte pelo corredor com o filhote nas costas, pela gesticulação parecia querer que a seguissem. Assim fazem, e no caminho deparam-se com várias e varias jaulas elétricas lotadas de Tetraps, amontoados, como as celas das prisões primitivas da Terra. Ódio e piedade correram pelos corações humanos, e talvez não se deixaria somente ali. Queriam achar a Doutora, então se armaram com o que acharam, e foram discretos em direção à sala do console. Dos corredores, ouviram as vozes de uma mulher, vindo da sala:

— Problemas, querido?

— A Doutora se achando esperta.

— Excitante?

— Estressante! 

— Vamos puni-la? 

— Com certeza. - era um tom de flerte. E Graham e Ryan apenas se entreolham sem jeito, pois Graham nunca havia explicado ao neto sobre reprodução. 

Houve um som de beijo. A voz feminina pergunta:

— O que fará? 

— Captei um sinal de manipulador de vórtex não autorizado e o Vagante registrou um grampo. Basta ir atrás do sinal.

— Bom trabalho. 

— Deixem a Doutora em paz! - berrou uma voz semelhante a de Yaz. 

— Calada. 

Um grito a voz da jovem deu, e uma descarga desceu. O homem desaparece em um flash de luz, e a dupla de humanos, esconde-se num armário enorme, enquanto a Tetrap, chama a mestra, para ver um suposto incidente na lavanderia das ceroulas do Rani. 

 

***

 

E 30 minutos após Ryan e Graham estarem no corredor, estavam agora o Rani, e a Lily em seu trabalho perverso, 6 de seus escravos, e Yasmin e a Doutora, todos na sala do console. Yaz presa em um tubo de torturar Tetraps, e a Doutora ao lado, sendo segurada por 2. O acelerador do tempo estava apontado para a humana, e bastava um puxão de alavanca do Rani. Pânico nos olhos da Doutora e da humana, frieza e prepotência nos olhos do Senhor do Tempo:

— Última chance. Onde, Doutora? 

— Jamais saberá! 

— Que seja. - cansou-se

O feixe de energia foi disparado, Yaz gritou, e antes que todos a vissem virar poeira… Ela desapareceu! Em um flash de luz, um clichê de sempre. O Rani ergue uma sobrancelha para a loira, e ela começa a gargalhar:

— Faz essa cara de novo.

— Detectei um teleporte de impulso, querido. - diz a Lily apontando um escâner. - Se alimentou da onda de energia.

— Onde está?! - berrou o homem enfurecido, vindo até a ex Deca. 

— Achou mesmo que era só um anel grampeador? - ficou séria a loira.

— E acha mesmo que esse sorriso dura? Quanto?

— Quanto for preciso. Yaz é importante para mim, meus amigos são. E tudo o que eu puder fazer para defendê-los, farei. 

— Te acharia bonita, se não fosse tão burra.

— Se eu fosse tão burra, deixaria você me achar bonita.

— Gracejos a parte. - sai a Lily de sua mesa. - Sei que tem um forte sentimento por seus assistentes, Doutora, mas eu sinto muito. Pode comemorar meu amor, multifacetador dimensional terminado. - sorriu largo, um sorriso cheio de luxúria e perdição. 

— Fabuloso! - pulou vibrante o homem. - Eu te amo! - correu até a Lily, para roubar um abraço. - Viu, Doutora, isso sim é assistente? "Multifacetador dimensional", que nome lindo. As trombetas tocam.

— Também tenho bons assistentes, meu caro. - parecia exibicionismo no tom da loira. - Pode pegar a minha chave de fenda sônica bem rapidinho aqui em meus bolsos? 

— Outra?

— Surpresa. 

O Rani vai bravo até a loira, revista as suas calças, e retira dos bolsos uma outra  chave de fenda sônica, uma que parecia ser da décima regeneração. Ele vê o bilhete, clica no botão, e da jaula do dócil leão de 3 cabeças, vários e mais vários Tetraps começam a se retirar, alguns armados, outros não, e dois seres de outra raça. Humanos? Pareciam. 

— Graham?! Ryan?! - a loira sorriu largo.

— Pensamos que nunca ia chamar. - resmungou Graham, esperavam apenas o momento certo, o momento em que a Doutora já estivesse presente e pronta para a reviravolta. 

— Mais fabuloso, não? - a Doutora provocou o Rani.

O Senhor do Tempo apenas fitou-a frio e calado. 

 

*** 

 

Então, se Yaz havia sido teleportada… Para onde? Ela olhava embasbacada o ambiente:

— TARDIS?! 

— Quem é você? - veio uma loira do console, sacudindo um bebê chorão. - Como entrou aqui?

— Mágica. - correu para o monitor. - Acredita? 

— Deixo os outros pensarem que sim. - soou ríspida.  

— Deve ser a Rose. Yazmin Khan. Graham e Ryan me avisaram que estaria aqui e sobre o bebê. - manuseava os mecanismos da máquina, apressada. - Mas não achei que eu seria teleportada, ninguém avisou! A Doutora iria chegar, e se eu saísse antes, o Rani saberia de intrusos. - puxou a alavanca.

— Espertos. O que está fazendo? 

— Precisamos pensar em algo bom para proteger o bebê. 

— A interface de saúde e bem estar.

— Estou pensando em algo que vi em um filme, e ela pode ajudar. Mas como acharam uma brecha no raciocínio dela?!

— Bebê, mais o mingau de repolho da Doutora.

— O quê?!

— Eu sei, Ryan é bonito mas meio idiota. 

Ambas riram, e logo chamaram a interface, após algumas marteladas. Lucio precisava ser protegido.

 

***

 

Cercado de Tetraps agradecidos por suas constantes torturas, o Rani e Lily olhavam embasbacados de um canto a outro, e dentes, garras e ódio também. Ryan aponta uma arma ao Rani:

— Agora você, senhor. Mãos pra cima. Sempre quis dizer isso!

O Rani revira os olhos, e a Doutora é solta pelos 2 Tetraps que a seguravam:

— Como chegaram aqui?! Amo vocês. 

— Agradeça a interface. - responde Ryan. - Graham elogiou o cabelo dela.

— Mas no fim, tudo foi sobre mingau. - resmunga Graham, também apontando. - Onde está a Yaz?

— Salva. - sorri contente a loira, ficando cara a cara com o Rani. - Não ouviu o meu amigo? Renda-se. 

O Rani suspira:

— Está se achando demais, Doutora. 

— Ninguém precisa se machucar, você e a Lily são pegos com dignidade e saem vivos com dignidade.

— Lembra do que falei sobre quanto duraria o seu sorriso?

A Senhora do Tempo desfaz o sorriso, teorizando. Ryan interrompe: 

— Calma aí, você é a mulher do cemitério? - olhava para a Lily.

Ela franze a testa:

— Cemitério?! O cheiro dos Tetraps deve ter afetado o seu cérebro. 

— Tenho quase certeza, só parece menos velha, com todo o respeito.

Graham cutuca Ryan repreendendo. O Rani pigarreia:

— Amor?! 

A Lily entende, aponta depressa o seu multifacetador dimensional ao marido, ele brilha, e como uma praga egípcia, dezenas e dezenas de ecos do Rani surgem na sala em um segundo. Sacam uma pistola a laser de seu sobretudo, e eliminam Tetrap por Tetrap, em menos de  1 segundo. Outros ecos cercavam Ryan e Graham, e estes… Puxaram o gatilho.

Os dois tombam no chão junto aos Tetraps, e a carnificina de corpos estava por quase todos os metros quadrados da sala. A Doutora berra um "piedade por favor" descrente, indignada ou perplexa, caindo de joelhos sobre os humanos, e banhando-os com as suas lágrimas infelizes. O Rani empina o nariz:

— Lembra dos seus hamsters que morreram misteriosamente na academia?

Nenhuma resposta, só choro. O homem suspira:

— Não foram misteriosamente. Eu já sabia de tudo, Doutora, gatos sempre brincam com as suas presas. Ouvi seus passos no corredor, a Lily, as vozes em sua mente gritando caixa , e tetrapeia os traiu.

— Ela os ajudou de início. - diz a Lily. - Mas confessou tudo pra mim em seguida, pobrezinha. Carbonizei ela e o seu filhote. 

— Vocês são os procurados número 2 da galáxia. - soluçou a Doutora. - Isto é um erro. 

— Vindo da senhora eu me emociono. - zomba o homem. - Agora, vamos pensar, se entraram tão facilmente sem alarme, significa que talvez usaram meus manipuladores de vórtex, mas como me achariam tão simplesmente? Seres tão imbecis! 

— Precisariam de um aparelho que copiasse o mesmo sinal de entrada. - continua a Lily.

— E que viaja no tempo. Mas se estão com a Doutora, protegem a criança, e se protegem a criança, não vão deixá-la em qualquer lugar.

— Se viajam com a Doutora, precisam de um lugar seguro.

— Muito seguro! E cheio de truques.

— Cheiro de TARDIS?

— Radar, agora!

A Lily vai até o console, e de lá, pelo radar, câmeras e sensores, encontra a preciosa caixa:

— Está no quartinho da tralha, querido.

— Sim, bem adequado. 

— Não podem fazer isso! - berra a Doutora, levantando indignada com uma das armas dos Tetraps.

Porém, o Rani era pior do que um pistoleiro do Velho Oeste, e disparou na arma da Doutora, estraçalhando-a em plenas mãos. Até assoprou o cano! A Doutora pôs as mãos para cima, e o Rani jogou a pistola para a Lily:

— Querida, não mate a Doutora até eu voltar, okay? Mas se ela tentar qualquer gracinha, não exite em explodir miolos, e em seguida, conte uma piada de loira burra.

Gargalhou malévolo após a alfinetada, vestiu o seu manipulador, e desapareceu da frente da face enraivada da loira. Já a Lily, bem contente, apontando a arma. A Doutora estava calada, olhos marejados, vermelhos, garganta apertada, e em sua mente, apenas caos. 

 

***

 

O Rani aparece bem em frente da TARDIS, e fazia séculos que não olhava enojado para a cabine, cara a cara, mas não pretendia perder tempo, apenas destrancou, deu um pontapé nas portas, que se abriram barulhentas. Ele entra, e no interior… Nada de interior, era apenas uma sala pequena e fazia, com paredes e chãos negros de marmore, um corredor fino, e no fim do corredor, a sala que parecia ser a do console. Ele achou estranho, mas ignorou, foi em direção do corredor, mas, acabou aparecendo no mesmo ponto. Tentou de novo, e outra vez, voltou para a porta.

— Um loop espacial?! - questionou-se com ódio. - Muito engraçado.

Assim o bebê estava a salvo, não? O loop faria o Rani voltar para trás infinitas vezes, como se andasse em círculos para sempre e sempre, e o manipulador de vórtex estava sem sintonia. O Senhor do Tempo respirou fundo, encarou furioso para o corredor, começou a gargalhar sem limites, e disse em voz alta e tom autoritário:

— Mesbraa paraotre! 

Então, como em um passe de mágica, o corredor se desfez, e o Rani estava na sala do console, feliz e para a infelicidade alheia.

— Parado aí! - exigiu Yaz, apontando a arma que River havia esquecido no encontro com a esposa. - Não é possível ter conseguido. 

— Gallifreyano antigo, meu bem, a língua das TARDISes. Todas obedecem, mas um pouco da minha energia vital já era.

— Pareceu um bruxo.

— E você parece uma pateta. Cuidado, para não perder uma perna.

— Talvez não seja eu. Para o chão! - Exigiu. - Não vale nada, mas ninguém precisa se machucar. 

— Concordo. - clicou em um botão do console.

Assim, Yaz foi materializada para fora da TARDIS:

— O quê?! Não! - correu de volta para a caixa, mas lá estava o loop e o corredor novamente. - Eu não sei falar aquele nome! 

Sentiu-se perdida, e realmente patética. Já o Rani, digitava assobiando contente no teclado, pesquisando por formas de vida humanas. Duas formas são detectadas nos aposentos de um dos assistentes, ele clica no manipulador, e some da sala.

Já no tal aposento, Rose sacudia e cantava baixo no ouvido do filho, tentando passar amor, tentando passar proteção, paz e todo o valor de seu significado. Porém, quatro batidas!

— O papai chegou. - a voz máscula anunciou, atrás da porta trancada, e cheia de móveis encostados. - Muitas saudades.

O choro aumenta, as sacudidas aumentam, e as músicas quase mudas. Quando então, um flash de luz acontece na sala, e dele surge um homem enorme:

— O dia do juízo chegou, senhorita.

— Vai embora! - berrou Rose, começando a chorar. - Eu não te conheço, mas sei que não quer bem o meu filho! 

— Não é seu filho.

— Desde que bati os meus olhos. 

— Lindo, se não fosse obra de Satãn. 

— Você é que é! 

— E sou ótimo nisso. 

— Por favor, por sua mãe, por seus filhos… Poupe a minha última família. 

— Famílias são tóxicas, agradeça. Matarei-o em sua frente, para que se arrependa dos seus erros, e a sua impureza queime. Salvou o destruidor de mundos, sua cumplicidade me enoja. 

Rose põe Lucio sobre a cama, apanha uma espada achada nas tralhas da Doutora, aponta-a trêmula, e o Rani some de vista, aparecendo então por de trás da loira! Imobiliza um dos braços, derruba a espada do outro, e encosta seu queixo barbudo no ouvido jovem:

— Não feche os olhos, ok?  

— Não!

Jogou Rose com toda a força contra a parede, onde bateu violentamente e caiu rolando, chorando no chão, estirada ao lado de uma beliche. Já o Rani, enfim virou-se para o seu grande inimigo, um simples filhote humano. Encarava frio para a pequena criatura, inquieta com braços e pernas, choro, lágrimas e soluços. Era apenas um bebê, não? Para o homem era a chance de tornar-se o salvador do universo, e de começar triunfalmente a sua jornada como novo pai fundador de Gallifrey. Era olhar para o sucesso, olhar para a pequena criatura e imaginá-la morta, mórbida e fria, sem choro, sem soluços, sem vida. 

Do chão, Rose ergueu a cabeça para a cena fatal, e de lá, via se o brutamontes aproximar friamente as suas mãos enormes, em direção ao pequeno. Mas o que poderia ela, Rose Smith de Wells fazer? Uma simples camponesa! Nem conseguia imaginar, apenas sentia-se fraca, falha e humilhada. Porém, como a sua mãe sempre dizia, "seja o que você for, Rose, sempre" .

Lágrimas desceram, e ela não queria ver a cena, assim, virou o rosto ao lado oposto, que era debaixo da beliche, e lá, estava nada mais e nada menos do que a velha espingarda de seu falecido pai, trazida por Ryan, após a noite na fazenda. O coração se acelerou mais do que já estava, mas não havia tempo, apenas escolhas. Nunca ousara usar a arma em nenhuma forma de vida, apenas em latas ou abóboras podres, já que sempre dissera ao pai que não tinha coragem. Contudo, Lucio ou Rani, quem a mãe queria vivo? A resposta foi rápida! Tinha de ser! Rose saca a arma, checa, aponta, fecha os olhos e… Puxa o gatilho…

As mãos do Rani já estavam bem próximas de Lucio, mas agora estavam longe, pois um estrondo estremeceu o ambiente, os miolos geniais foram para um lado, e o genial dono para o outro. Um brilho alaranjado começa sobre o cadáver, mas a humana dá mais disparos, até que aquela euforia ardente parou. Sangue espirra no pequenino chorão, e a mãe corre para ampará-lo, abraçando chorosa:

— Você é meu filho! Você é meu filho! 

A profecia da Bruxa Roxa, dada antes de sua morte, havia se cumprido. 

 

*** 

 

O claustro toca. A arma continuava apontada para a Doutora, e a respiração da Lily começou a ofegar junto as suas batidas cardíacas aceleradas. A Doutora deixou mais uma lágrima descer dos seus olhos vermelhos e a Lily comentou: 

— Alguma coisa aconteceu, nunca são tão altos. Qual o seu truque?

— Meu? Me sequestraram! Ou talvez… O aviso da mulher do cemitério tenha acontecido. Eu sinto muito.

— Calada! Não sente nada. Tudo o que eu e o meu marido queríamos era reconstruir o legado dos Senhores do Tempo. Como pode preferir a vida de primitivos fedorendos do que a de seres criadores do impossível e além?! 

— Os humanos me ensinaram a ser quem sou. 

— Um ultraje. 

— Acha que grandes mentes importam sem grandes corações? 

A Lily segurou mais firme a arma, a loira completa:

— Não importam. Sem isso, não passam de miolos podres, venenosos, e esquecíveis. Pode falar o que quiser dos humanos, mas eles são importantes para mim, e não vou desistir!

— Está detida! - riu. - Só não morreu porque o Rani achou que retornaria logo, apenas. 

— Me ajude.

— Nunca.

— Não precisa mais seguir isto! Está livre! Ser tão submissa a um homem tão horrível… Ninguém merece. Pode fazer o seu caminho agora, pode ver o mundo, a vida, por si mesma! 

— Espera que eu solte fogos? 

— Ele te deixava discordar?

A Lily esfrega a testa, começando a latejar:

— Pare! Sei de seus truques sentimentais, e aviso para economizar a sua saliva com coisas mais úteis. 

— Vou lha dar uma escolha.

— Não está em condição. - riu. 

— Você é uma cientista, faz experimentos retrocessedores com os Tetraps, mas nem todos sobrevivem. Possui nanon-genes para reciclagem, não é? Para mortes de fatalidade nivel 1 e 2.

— E?

— Me dê os nano-genes, e te deixarei em paz.

— Quanto atrevimento! Ridículo. E quem disse mesmo sobre respeitar o tempo de quem já se foi? Você. Se não podemos ter uma Nova Gallifrey, Doutora, por que pode ter seus amigos? 

Um bom argumento, não? A Doutora engole a seco, e a sua boa resposta foi:

— Apenas "sim" ou "não".

— Não. 

Escolheu, onde puxou o gatilho, e a Doutora jogou-se para o lado, agachou, e foi usando a longa mesa da Lily como escudo, em direção de uma das máquinas da sala. A Lily não parava os disparos, até que finalmente a loira chega no acelerador de tempo e aponta-o para a outra. A Lily se joga no chão, por trás da mesa. Mas a Doutora põe no máximo do máximo, e em segundos a mesa ia tornando-se poeira. Até, que finalmente se acabou em restos, e a Lily ficou na mira. Ela cobriu o rosto, mas nada adiantara, seu corpo estava envolto naquele brilho, e parecia transmiti-la uma agonia sem medidas, já que ela gritava tanto. 

A Doutora tinha ódio nos olhos e corações, faria a companhia do Rani sofrer, igual ele havia feito com as dela. Se aquilo continuasse, a Lily até morreria! Contudo, a loira desligou a máquina, e a Lily caiu sem forças no chão, o processo devia sugar você. Suas roupas de grife eram agora trapos, seus cabelos e unhas maiores, mas a pela não mudara tanto, devido a genética de Senhora do Tempo. A Doutora veste depressa o seu sobretudo apreendido, sobre outra mesa, apanha uma algema de dentro, e corre para a Lily. A Lily nem conseguia abrir os olhos direito, e sua voz soava feito a de uma bêbada. A loira toma a arma das mãos da outra, prende-a com as algemas, e aponta a pistola. A Lily sorri:

— Termine de mostrar quem você é. Mostre…

A Doutora nada disse, apenas encarava fria. A outra insiste:

— Mostre! Vamos lá… Quem é a Doutora? Me mate!

Quem era? Bem, sua resposta não foi em palavras, foi em ações, e o pedido foi negado. A Senhora do Tempo gesticulou um "não" debochadamente, e retirou de sua mira a outra. Deu dois disparos no multifacetador dimensional, onde acabou-se em faíscas e chamas, e em seguida, no acelerador de tempo, que também se detonou. A criadora berrou indignada, e até lágrimas rolaram, já que tinha as máquinas como filhas. 

Sem tempo a perder! A Doutora vai até a mesa de equipamentos da Lily e encontra o borrifador de nano-genes, um aparelho pequeno de luz dourada. Aponta para os humanos, e em menos de 10 segundos se despertaram, puxando um fôlego abrupto. 

— Comando de voz! - falou alto a Lily. - Deletação de intrusos, ativar!

os humanos levantam atordoados, Graham pergunta: 

— Não morremos?! 

— Maneiro! - comentou Ryan.

— Sem tempo para explicação! - berra a Doutora, correndo para o console do Rani. - A deletação foi ativada, toda e qualquer vida menos os pilotos, serão eliminadas! Corram para onde deixaram a TARDIS! - manuseava apressada os mecanismos.

— Mas e os animais? E os Tetraps que juramos? - soou decepcionado, Ryan, olhando para os inúmeros cadáveres. A tristeza e piedade em seus olhos era lacerante. 

— Sem tempo, sinto muito. - puxou uma alavanca. - Eu sei como é. Vamos!

— O que você fez? - questionou a Lily.

— Justiça. 

O rotor do tempo começou a subir e descer, e a Doutora a se mexer, partindo correndo junto aos amigos, enquanto a Lily, ainda algemada no chão. O que a Doutora fez foi por as coordenadas de Tetrapyrus, o planeta dos Tetraps, onde a Rani já havia dominado e escravizado, em seguida, sido detida e escravizada, até fugir e se vingar. Quem sabe agora tudo não se repetiria?

O trio corria por suas vidas, os sinos do claustro tocavam, e luzes vermelhas piscavam no teto dos corredores. A TARDIS estava um pouco longe, mas talvez desse tempo. De repente, uma porta fechou-se de cima para baixo, quase esmagando a Doutora, que por sorte foi puxada por Graham. Outra porta fecha-se, mas esta atrás do trio, estavam presos! Porém, a Doutora ativa sua chave de fenda sônica, e a da frente se abre, mas alguns metros a frente, outra porta vem do teto ao chão.

— Isso não tem graça! - resmunga a loira, apontando a chave sônica. 

Contudo, desta vez não estava dando certo, a porta estava absolutamente relutante, tento tentado em todas as frequências. Talvez a imunidade daquela TARDIS já estivesse apta contra chaves de fendas sônicas agora. O desespero abateu o rosto da gallifreyana: 

— Não está funcionando! 

— Tem o manipulador! ! - lembra Ryan.

— O Rani o sabotou. - lacrimejou. 

Os humanos nem sabiam mais o que pensar ou falar, ainda mais que as paredes começaram a se mover contra o trio, como se morrer esmagados fosse a viagem final do time. A Doutora suspira derrotada:

— Sinto muito, amigos, nunca devia os ter convidado.

— Tá brincando?! - zangou-se Graham. - Nunca me arrependi, nenhum minuto.

— Foi a melhor coisa. - reforçou Ryan. 

A Doutora aceita as palavras, sorrindo grata, onde os 3 se abraçaram, conformados com o destino. Porém, como um milagre, bom presságio, ou toque divino, um som familiar começou a rugir. As paredes estavam próximas, mas a imagem delas foi ficando borrada, até desaparecer por completo. O trio abre os olhos após o barulho, e um susto é garantido, a Doutora sorri animada, e Ryan comenta:

— A TARDIS?! Salvos! - pulou.

— É, porque morrer duas vezes no mesmo dia é um pedido pra continuar morto. - resmunga o avô.

— Yaz?! Rose?! - a Doutora observou o console, sendo operado por elas. 

— Eu sei, legal né? - brincou Yaz. - 

— E rumo a Sheffield. - puxou duas alavancas, Rose cabisbaixa. Graham e Ryan vão abraçá-la.

— Te ensinei muito pouco, Yasmin. - se aproximou.

— É, mas sua interface de escosses grisalho explicou direitinho como rastrear e materializar para dentro. - Yaz aperta um botão. 

— Apertou o botão do vaso sanitário.

— O quê?!

— Brincadeira.

Se abraçaram forte. A gallifreyana admite:

— Eu tinha o plano do anel, mas ainda tive medo.

— Está tudo bem agora.

A Doutora desfaz o abraço, lembrando-se do Senhor do Tempo:

— Onde está o Rani?

— Sinto muito. - consolou Yaz.

A Doutora não entendeu, Rose explica:

— Foi em legítima defesa, do meu filho. - porém, não parecia feliz. 

— Está bem. - morreu o brilho dos olhos, agora entendendo. - Então acho que voltei a ser a última. - forçou um sorriso, voltando-se para o console. 

— Seu corpo foi desmaterializado em sua própria nave.

— Muito bom. - suspirou, mas em seguida sorriu. – Time, vocês foram! Não! Vocês são, incríveis! Foram geniais! Brilhantes! 

— Aprendemos com a melhor. - bajulou Yaz. 

A Senhora do Tempo abre os braços, e os 4 se aconchegam neles. A coragem daqueles humanos instigava a alien, e a apaixonava cada minuto mais, mesmo sabendo da irresponsabilidade de carregar mortais para perigos fatais como se fosse lindo. A Doutora desfaz o abraço, e sai apressada rumo ao corredor do restante da nave. Ryan estranha:

— Não parou nenhum segundo hoje, Doutora. Já bebeu água? 

— E quando paro? Sem tempo agora. Segundo o Rani, estou com o arco camaleão do Anticristo. Preciso saber onde.

— Anticristo?! - Rose não entende, Yaz havia lhe poupado. - O estranho também  citou. 

— Depois iremos conversar sobre o Lucio, Rose. - Parou séria a Doutora.

— O que tem?

— Depois.

Partiu rumo a caçada ao arco, por seus aposentos de bugigangas. Porém, se a Doutora buscava um arco camaleão, um objeto semelhante a um relógio de bolso cheio de escrituras gallifreyanas… O que teria sido aquele estranho relógio de bolso cheio de escrituras, cujo Sonya encontrara no quarto de Yaz? 

 


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Notas finais do capítulo

A história do Rani não termina aqui.
Gostou do capítulo? Muita informação né? Mas foi a crise de centro antes do clímax. Restam 4 capítulos. Um escrito, 2 anotados, e um só pra concluir e fechar, ainda a ser feito, mas pressa pra nenhum. Já me sinto meio cansado pelo excesso de coisas da rotina, e não quero escrever de qualquer jeito e bem me obrigar a escrever, pois será horrível. Então, aviso de demora.

Sim as TARDISes nascem, e segundo as fontes que vi, de corais. Aqui resolvi dizer que eram árvores ou arbustos, semelhantes a corais. Já a parte de esperar 100 anos eu que inventei.
E Mesbraa paraotre na verdade é apenas o anagrama de "abra para o mestre", e não realmente gallifreyano antigo, já que não sabemos nada de gallifreyano antigo já que a série ignora a própria riqueza. Pensei em ser a lingua das TARDIS por conta de GOT, o Valiriano antigo ser a língua dos dragões. A Doutora não usou também porque já estava na deletação.
E a Rani é realmente a procurada número 2 da galáxia, ficando atrás do Mestre apenas. Porém, na cara que é o Doutor o 0 que nunca tem paz.
Os animais de Gallifrey aqui foi tudo invenção, liberdade criativa, por falta de informações, aí vou lá e crio as informações kkkk
E o loop espacial que a Yaz fez foi referência ao minisodio do décimo primeiro doutor chamado time. Brilhante e maravilhoso, onde a TARDIS está presa em si mesma.
Enfim, muito obrigado pela leitura e comentário, e NEXT TIME… A Era da Besta.



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