Falso amor escrita por EllaRuffo


Capítulo 66
Capítulo 66


Notas iniciais do capítulo

Olá amores. Não sei se vocês estão preparadas para esse capítulo e os seguintes, mas aqui estou postando e saindo correndo em seguida sim, beijos...



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Maria estava zonza. Sentia que suava frio enquanto estava cômoda em um banco traseiro de um carro grande e de luxo.

Claro que seria assim. O carro no qual o senador Manolo se locomovia. Não poderia ser diferente.

—Maria: Está me sequestrando?

Maria falou baixo enquanto pegava da mão do senador, um lenço branco e macio que ele lhe oferecia.

Manolo estava do lado dela, sentado tão corretamente e com um ar tão poderoso que parecia um magnata vestindo um terno alinhado, gravata e usando óculos de grau. Enquanto na frente no carro em qual estavam, tinha um motorista concentrado no trânsito e outro homem ao seu lado que parecia mal respirar em sua postura reta e profissional, como uma segurança particular deveria ser.

Assim, depois que ouviu Maria, ele a respondeu enquanto a via limpar a boca que ele poderia muito bem lembrar como ele havia entrado de sapatos sujos no carro.

—Manolo: Claro que não, minha cara. Se está aqui, é que devido a nossa primeira experiência como essa, sei que não aceitaria um convite cordial para termos outra conversa.

Maria assim se agitou. Tocou a porta do carro enquanto estava recobrando suas forças e sua razão. Portanto tinha certeza que se havia sido fácil maleável até estar dentro daquele carro, foi devido ao seu mal-estar diante da cena que havia visto.

Ver um cadáver com direito a partes do seu corpo fora dele, não deveria ser uma cena que qualquer pessoa pudesse ver. Muito menos uma grávida que minutos antes estava cega de aflição e desespero quando contemplou tal horrenda cena.

Que assim, ela disse ao Senador certa que não desejava seguir ali.

—Maria: Não temos nada para conversar Senador, Manolo. A conversa pendente que deve ter é com a lei para esclarecer o que fez com sua falecida esposa. Não comigo! Portanto mande parar esse carro! Eu quero descer agora mesmo!

Ela mexeu nervosa na porta, inutilmente. Manolo revirou os olhos. Tirou os óculos deles e a respondeu firme, porém paciente demais.

—Manolo: Essa conversa sobre aquela inútil de novo, Maria? Não é para isso que está aqui. E só vamos dar um passeio, depois a libero como fiz da outra vez.

Ele riu de lado e Maria só sentiu seu coração bater rápido enquanto a adrenalina tomava seu corpo.

—Maria: Eu já disse que quero descer! Senão o fizer, pagará caro! Eu não sou sozinha. Vão sentir logo minha falta, Manolo!

Ela torceu os lábios depois de falar, desistindo da porta e o mirando com raiva.

Manolo por sua vez quando a ouviu, lembrou de como e do porquê estava ali diante de Maria outra vez. E de novo tendo ela como uma pedra em seu sapato, ele tinha que admitir, que apesar de tê-la mais uma vez pronta para arruinar seus novos negócios, daquela vez ela era uma pedra que seria mais útil viva. Mas para sua infelicidade é claro.

Já havia imaginado inúmeras maneiras de como se vingaria dela. Afinal, se estava vendo seus aliados na política abandoná-lo e sua carreira na mesma se resumir apenas em escândalos, não era culpa dele e sim dela e de sua falecida e infeliz esposa.

Só que ali pensava consciente e cheio de planos e ambições que havia descoberto quase que uma mina de ouro e não queria perder. E como havia descoberto? Era sobre tal tema que tinha ele mesmo ocasionado tal encontro com ela. Não apenas ele. Alba tinha colaborado muito para que ele estivesse diante de Maria naquela manhã mesmo.

Assim, como que não quisesse nada, ele a respondeu.

—Manolo: Claro sei que tem uma família, Maria e que sentiriam sua falta. Principalmente Estevão San Roman, não é? Voltou para seu ex-marido.

Maria abriu a boca mas nada falou. Meditou diante das palavras dele e mais uma vez notava que o homem em sua frente sabia coisas demais sobre sua vida pessoal. Que então lembrando das últimas palavras que haviam trocado antes de estarem ali e de ter sentido sua ameaça, ela disse.

—Maria: Me recordo que quando nos vimos em frente daquela maldita delegacia, falou dos meus filhos e agora fala do pai deles. O que sabe mais de mim? Por que sabe? O que ganha com essas informações pessoais sobre minha vida, Manolo?

Ela ofegou depois de falar não sendo incapaz de não se questionar naquele momento, que o que Manolo desejava era uma vingança. Fazendo assim, ela também lembrar de Estevão e seu alarde quando soube que ela estava em um caso que iria contra um político como ele.

Manolo com carro seguindo em movimento, observou a rua por um tempo. O silêncio entre eles só fazia ele ouvir a respiração agitada que Maria tinha ao seu lado. E ele sorriu. Gostava de causar aquele efeito nas mulheres. De tirar o folego delas, mas quando estavam em pavor. Naquele mesmo estado que Maria se encontrava.

Que assim virando para olhá-la outra vez, ele disse colocando seus óculos de novo.

—Manolo: Muita coisa, Maria. Por exemplo estou em um novo negócio milionário porque resolvi vasculhar sua vida. A vida da advogada que Cecília procurou para me infernizar e que Estevão San Roman, que nunca tivemos problemas ainda que também nenhuma aliança, me ameaçou. Ele me ameaçou por você!

Maria levantou a cabeça. Olhou o homem fixamente querendo entender aquele final das palavras dele. Querendo entender o que Estevão fazia no meio da questão que envolveu um de seus primeiros trabalhos com seu regresso ao país em qual estava.

Que cheia de confusão e dúvidas, ela o questionou.

—Maria: Por que ele te ameaçaria? Como disse, nada os envolvem! Estevão vive no meio dos negócios e você na política. Está mentindo! Diga logo a verdade do porquê me quer aqui, Manolo! Não seja covarde!

Ela puxou com força o ar e passou também a mão em um lado de seus cabelos que lhe caíram nos olhos. Enquanto Manolo a olhou atento. Ele era homem e tinha notado a beleza de Maria desde que se viram. Também quando tentou compra-la imaginou que poderiam ser uma boa equipe. Até mesmo marido e mulher. Um caso de amor com a advogada e que alegariam que estava sendo manipulada por sua desequilibrada ex-esposa, daria a eles um bom enredo e a ele próprio uma imagem melhor da qual ele agora tinha.

Mas Maria não recuou com sua verdade e desejo de lutar a favor de Cecilia, ofuscando assim quaisquer planos que ele pudesse ter com ela. Que com raiva com tudo que se passou em sua mente, ele disse.

—Manolo: O que você tem de linda tem de irritante e tola, Maria. Deixe chegarmos aonde vamos e então conversamos.

Maria piscou nada convencida, nada em paz com as palavras dele. Se viria sim em paz se como da primeira vez que ele havia posto ela em seu carro, a soltasse em um ponto próximo. Que como não via tal intenção nele, ela só conseguia temer que aquele final seria diferente.

Que então assim, ela disse lutando contra um choro que queria toma-la.

—Maria: Você vai me matar. Vai me matar por vingança. Homens como você fazem isso. Vai me matar como fez com sua esposa!

Ela tocou de leve seu lábio com uma mão. Tremia ela toda mas sustentava suas lágrimas e por orgulho sim. Não queria chorar na frente daquele homem, ainda que começava a temer por sua vida e não só a dela.

E com aquela conversa que seguia com ela acreditando em seu triste final, Manolo apenas a respondeu antes de olhar seu motorista.

—Manolo: Não seja tola, Maria, eu preciso de você viva.

Manolo depois alisou a testa enquanto Maria levava agora a mão no ventre. Se se arrependia de algo, era de ter deixado a mansão San Roman como fez e em sua condição.

Nas empresas San Roman.

Nada estava bem. Haviam federais circulando toda a empresa. Uns ouviam depoimentos de funcionários e outros acompanhavam a equipe da perícia na sala que o diretor financeiro tinha pulado metros abaixo.

Uma mulher de luvas descartáveis nas mãos, pegou um copo sobre a mesa e o analisava. O distintivo dela pendurado em um cordão, balançava de um lado para o outro em seu movimento quando andou.

Ela então parou tentando ver a olho nu pela claridade da janela aberta, se naquele copo teria alguma marca. Um batom feminino? Talvez substâncias suspeitas na borda?

O que seria aquela cena que via? Um ato desesperado de um suicida ou um crime?

Estavam dentro de uma empresa famosa na capital, renomada, líder de vendas e compras e que nos últimos anos lucraram quantias absurdas em dinheiro. E como ela sabia disso?

Há 8 meses já estavam em um processo silencioso de investigações...

Assim aquele acontecimento botando um terror visível a todos, até no presidente da empresa e que ela tinha testemunhado, havia caído com uma luva para finalmente entrarem dentro da empresa sem revelarem suas reais intenções.

Assim o pensamento da profissional, julgava que aquilo que via tinha mais chances de ser uma grande merda que envolvia muito dinheiro do que um óbito por uma depressão mau tratada da vítima que tinha virado pedaços ao chão. Uma vítima que poderiam ressaltar, que lidava com as questões financeiras daquela famosa empresa.

Mas ela estava ali para apontar as provas. Atenta, precisa e perspicaz e não supor.

Assim, enquanto fotos eram tiradas e objetos como aquele copo recolhido dentro daquela sala, na sala da presidência.

Estevão estava aflito por um obvio motivo e muito mais importante que aquele. Ainda que pensava que não poderia estar tão frio diante de tal triste situação que o fazia seguir preso na empresa. Mas estava, se sentia egoísta e até desumano como qualquer patrão era e que tinham seu próprio mantra de visão de funcionário bom, que era o eficiente que dava lucros, do resto e longe de suas empresas tal funcionário só era mais um.

Que mesmo assim contrário de sua vontade, Estevão seguia ali na companhia de Demétrio que apareceu primeiro tomando seu posto de advogado e um delegado que representava sua equipe de federais.

O que deixava Estevão ciente e alerta que não estavam ali com tamanho desempenho só por conta de um aparente suicídio.

Ele sabia que como abelhas eram atraídos por mel, assim eram aqueles homens em sua empresa. Em especial o que ele via. E Estevão sabia mais ainda que ali havia tanto mel que até ele temia desvendar de onde vinha sua fonte.

Assim, o homem de preto e de meia idade, usando barba de tons acinzentados como seu cabelo curto, mediu Estevão mais uma vez de cima abaixo. Que então, Alonzo Aguiar (Saul Lizaso) disse vendo a inquietude do homem de negócios em sua frente.

—Alonzo: Parece nervoso, senhor San Roman. Creio que como eu, deve acreditar que o que tivemos lá embaixo não passou de uma queima de arquivo no lugar e no momento errado.

Estevão batia os dedos na madeira de sua mesa. Já tinha respondido o suficiente para se manter ali. Afinal estava certo que suicídio ou não, ele tinha nada a ver com o que tinha acontecido com seu diretor financeiro. Nem próximo ao homem ele era e só seguia importando isso a ele.

E por que seria? Simplesmente era dono de uma empresa que em cada ano que passava mais mãos de obra necessitavam e nem por isso tinha contato direto com cada funcionário que seu RH admitia. Que na verdade, o andar que ficava destinado a ele e aos sócios, não via muito a classe operária de sua empresa. E que tinha que admitir que mal via sua própria secretária ultimamente.

Que assim já cheio de tudo aquilo, ele pegou na gravata vermelho sangue que usava e se levantou impaciente, dizendo.

—Estevão: Já chega, senhor delegado! Não irá me intimidar mais como segue fazendo! Se existe algumas suspeitas sobre mim, me leve à sua delegacia, mas não sem um mandato porque sem ele não irei a lugar algum! Então já pode ir!

O delegado nada feliz se levantou ao mesmo tempo que Estevão e respondeu firme e em tom frio.

—Alonzo: Cuidado como fala, Senhor San Roman que eu posso conseguir ainda hoje o que deseja!

Estevão o olhou de corpo rígido e rosto vermelho. E naquele momento os dois homens na mesma altura estavam quase de peitos colados junto com suas cabeças erguidas que sustentavam seus olhares.

Demétrio que sentou ao lado da cadeira que o delegado Alonzo ocupou, disse se levantando e indo até o meio dos homens.

—Demétrio: Meu cliente já disse tudo o que queria saber sobre nosso diretor financeiro, delegado. Assim de fato, se quiser saber mais, faça como disse e volte em outro momento.

Alonzo sorriu de lado todo certo que sim voltaria. Afinal tudo que acontecia ali, para ele era como a cereja do bolo que faltava. Assim, depois de encarar Demétrio ele voltou a olhar Estevão, que para ele era uma classe de homem que ele muito detestava e disse.

—Alonzo: Essa sua empresa e você, Estevão, estão na nossa mira. Aguarde nossa outra visita que ele não tardará. Estou certo disso.

Estevão apertou as mãos ao lado do corpo e ficou olhando Demétrio abrir a porta para o delegado ir. E quando a porta se fechou com os dois homens saindo para ele só importou uma coisa, ir ao telefone de sua mesa e discar com rapidez alguns números.

Heitor deixando a mansão San Roman atendeu a ligação do pai depois que com pressa tirou o celular do bolso.

—Estevão: E então diga que sua mãe já está em casa e segura, Heitor!

A voz afobada e ofegante que ouviu de Estevão, deixou claro a Heitor que o pai dele não estava diferente de seu estado de nervos. Assim mesmo sabendo que o que tinha para falar, não melhoraria nada as coisas, ele disse de uma vez.

—Heitor: Ela não está papai. Mas também minha tia Alba não está. Entrei no quarto dela e notei que está faltando coisas. Ela foi embora.

Estevão passou uma de suas mãos no rosto quando ouviu o filho falar. Respirou fundo e então o respondeu.

—Estevão: Ela fugiu, filho. Ela fugiu.

Heitor já ia até seu carro, que assim o respondeu.

—Heitor: Não podemos esperar mais papai, temos que denunciar a desaparecimento da minha mãe!

Estevão bufou sabendo que desde que Luciano deu a notícia a ele que Maria não estava na casa deles como ele pensava, e depois o infeliz advogado saiu para bancar o herói para procura-la, era tudo que queria fazer. Ir onde fosse para saber em qual lugar ela estaria.

Que assim certo ele disse.

—Estevão: É o que vou fazer e pretendia se eu não tivesse sendo segurado por um maldito, Delegado insolente.

Heitor franziu a testa abrindo a porta do carro.

—Heitor: As coisas estão tão feias, aí? Temos que focar em achar minha mãe.

Estevão concordou mentalmente e o respondeu.

—Estevão: O que tiver que acontecer aqui acontecerá, filho. Enquanto sua mãe. Vou agora mesmo na delegacia e levarei Demétrio comigo.

E assim já se acomodando no carro, Heitor disse cheio de coragem e convicção.

—Heitor: Ótimo. Qual vai? Irei encontra-los.

Quando Estevão o ouviu, lembrou de um pequeno detalhe ou o maior deles depois de Maria, que também teriam que lidar. Que por isso ele disse.

—Estevão: Filho no momento terá que fazer outra coisa. E será como irmão mais velho enquanto prometo que te manterei atualizado sobre qualquer coisa e faça o mesmo comigo!

Maria estava ainda convencida que iria morrer. Que seu triste final seria ser assassinada em uma horrenda morte e ainda grávida.

Todo o longo trajeto que o carro fez, ela meditou. Meditou sobre o dom da vida, sobre sua própria vida e tudo passou correndo como um filme em sua mente.

Assim era como uma pessoa se sentia quando sabia que estava ao fim da vida, não? Se arrependiam de tudo, lamentavam, desejavam mais tempo. E tudo era o que ela sentia e queria.

Sentia que deveria ter amado mais, perdoado mais, aproveitado mais, vivido mais. Maria estava certa que tudo que fosse mais, seria bom naquele momento.

—Manolo: Vamos, Maria.

A voz de Manolo tirou Maria de seus devaneios. Ele estava fora do carro, já tinham parado e a porta do lado do carro que ela estava, estava aberta com o homem a esperando de mão estendida para ela.

Maria olhou a palma da mão dele e suspirou. Não sabia onde estavam mas observou pelas janelas do carro, como tinham se afastado do centro da cidade para estarem ali em uma zona rural, ou talvez em um bairro pobre demais, por ela ter visto também pessoas e casas humildes em suas ruas pobres.

E que lugar estavam? Ela não sabia. Não circulava nunca para os lados que a tinham levado.

Então ela puxou o ar do peito, bateu na mão de Manolo a colocando longe de sua direção, tomou coragem e botou um pé de salto finos e pontudos para fora primeiro, depois o outro e assim saiu do carro.

Ela então sentiu o vento soprar em seus cabelos e olhou todo seu redor, talvez procurando um buraco no chão que seria sua cova. Mas não e o que seus olhos viram a deixou surpresa, confusa.

Havia terra onde ela pisava, verde também, porém não muito deles, os cantos que via eram mais secos e o que a chamou mais atenção era um galpão gigante e um ônibus velho de frente para ele.

Ela mirou Manolo que olhava o lugar assim como ela e perguntou.

—Manolo: Onde estamos? Que lugar é esse, Manolo?

Manolo deu um sorriso antes de responde-la.

—Manolo: Eu também quando conheci esse lugar fiquei exatamente assim. Mas venha, entenderá tudo ao entrar.

Ele pegou no braço dela. Mas Maria puxou ele ficando no mesmo no lugar e disse.

—Maria: Eu não vou entrar em um lugar que não sei qual é. Não dou mais nenhum passo contigo e se quiser me matar terá que ser aqui mesmo, Manolo!

Ela ofegou depois de falar. Não queria surpresas, não mais delas. Olhou então um dos homens alto e que estiveram com eles no carro e que ela podia ver que em sua cintura tinha uma arma. Ela calculou então assim suas chances de alcança-la. E claro que entendeu que eram mínimas. Eram 3 homens contra ela e aparentemente todos armados.

Manolo respirou fundo. De verdade não tinha a intenção de matar Maria. Era conveniente para os negócios que Maria seguisse viva. E ele sabia o trabalho que teve para convencer a todos desse fato. Até Bruno que acreditava no contrário. Maria morta significaria uma verdade da que a empresa escondia, sendo escancarada, Estevão não descansaria sem saber o que houve com ela. E ele, Estevão San Roman era uma peça importante para eles, sempre havia sido para que aquele esquema que entrou seguisse livre e lucrando tanto.

Ele era o presidente da empresa que mantinha ela abaixo de 0 suspeitas das autoridades. Sem escândalos de corrupções, sem processos, sem nada que atraíssem os olhos da lei. E Maria sendo assassinada tiraria Estevão de seu trono, ele mesmo levantaria suspeitos e então tudo iria ruir como um grande castelo de areia e seria muito dinheiro jogado fora por uma simples morte.

Assim Maria viva significava todos cômodos como estavam. Mas viva não significaria ela ainda presente entre todos e essa parte, Manolo se doou para ser o mensageiro das ordens a ela. Afinal tocar o terror naquela pobre mulher e mãe, seria uma doce e leve vingança.

—Manolo: Já disse que não vou te matar, Maria. Você de nada serve morta. Isso só atrapalharia nosso esquema, na verdade.

Maria abriu a boca levemente e então voltou a olhar o barracão e disse baixo.

—Maria: Então me trouxe aqui para provar o que eu já sabia? Que nas empresas San Roman há um grande esquema de corrupção e lavagem de dinheiro?

Manolo a tocou na costa dela certo que faria daquele dia inesquecível para todos.

—Manolo: Exatamente querida. Mas só vou fazer que entenda que não pode com isso. Que depois que souber, terá que sumir para sempre da vida de seu querido Estevão e das empresas San Roman. Esse será nosso trato.

Maria piscou mais de uma vez nervosa com o que ele dizia, e o questionou.

—Maria: O que está querendo dizer com isso?

Manolo a fez andar com a mão nela.

—Manolo: Vamos entrar.

Com a mão nas costas dela ele fez com que ela andasse ao lado dele.

Maria ao todo tempo enquanto seguiam para frente de um grande portão, olhava dos lados. Olhava tudo e olhou o carro desejando sua bolsa que estava nele junto do celular.

Bastaria apenas uma ligação e ali se enxeria de autoridades que lidariam com tudo que ela acreditava que encontrariam dentro daquele espaço.

Mas não poderia fazer isso. Sozinha não. E parecia tão premeditado sua chegada sozinha naquele lugar que a fazia questionar.

Teria sido Alba que a tinha usado naquela carona para ter sido pega e levada ali? Ou Luciano que a induziu em meio a um cego desespero ao sair de casa para ter sido pega?

Ela suspirou e levou a mão discretamente na barriga. Sabia que tinha errado e se arrependia. Se arrependia por toda forma ter se deixado ser usada e agora se via em perigo e não só ela.

Se Manolo lhe dizia alguma verdade de que não a mataria, ainda sim ela temia. Temia pelo bebê que esperava e o que tinha por trás daquela porta seria capaz de fazer com ela.

E um portão de correr se abriu por dentro. Maria viu de cara um novo homem armado atendê-los. Ela então olhou rápido para cima e viu uma pequena câmera e julgou que haviam visto a chegada deles.

Houve cumprimentos entre todos, e ela se viu obrigada a entrar mais no espaço quando sentiu a mão de Manolo firme no seu braço.

Então logo seus olhos contemplaram uma fábrica. Uma fábrica que fabricava dinheiro falso e sua mão de obras eram pobres mulheres. Muitas delas.

Mulheres faziam parte da fabricação de todo dinheiro ali. Usando máquinas e suas mãos como ferramenta de trabalhos.

Maria levou a mão na boca e sentiu seus olhos molharem. Tinha mesas com barras de dinheiros. Barras como se fossem de drogas que se viam em jornais, mas eram de puro dinheiro. Dinheiro falso.

O barulho de poucas conversas e das máquinas, imprimindo e contando os dinheiros, junto das que também os selavam, soava no fundo dos pensamentos que ela tinha e de seus medos.

Maria sentiu as pernas travarem. O que via parecia mais uma cena de um filme ou uma série de ação. Estava no meio de onde acontecia a obra prima daquele esquema.

Tudo ali era a prova maior do que se passava na empresa San Roman e a prova do tamanho do crime cometido por longos 15 anos dentro dela. Era tudo o que ela passou desejar ter.

Entre o local, junto das mulheres que nem ousavam desviar os olhos para o lado e apenas moviam as mãos no automático fazendo seu trabalho, andavam homens armados para todo canto. Era como que se não estivessem ali para apenas guardar e assegurar que aquele dinheiro todo saísse dali para seu destino certo, mas que também mantivesse as mulheres fazendo seu trabalho claramente forçado.

Assim cansada de constatar o que via calada, deixando em fim suas lágrimas caírem em sua face, Maria disse, quase sem voz e ainda em choque com tudo que comtemplou seus olhos.

—Maria: Como conseguiram manter tudo isso escondido aqui? Como fazem para que essas mulheres façam isso?

Ela levou as mãos unidas diante dos lábios. Pensava que aquelas pobres mulheres de uma visível origem humilde, haviam sido seduzidas para estarem ali. Só poderia ser aquilo. Haviam sido enganadas com uma boa oferta de trabalho e depois surpreendidas com tudo aquilo.

Manolo que havia descoberto aquela Disney que era para ele há pouco tempo, respondeu Maria.

—Manolo: Não é mágico, Maria? Isso já tem quase 16 anos sem ser descoberto. São uns gênios.

Maria enxugou as lágrimas que desciam dos olhos. Sentiu então depois daquela tristeza toda, uma grande revolta. Revolta em ver como gente como ela poderia ser desumanos com gente como aquelas que ela via com olhares temorosos e movimentos contidos diante das máquinas.

Que então assim, furiosa, ela olhou o senador não só assassino e o gritou trazendo atenção de boa parte das pessoas que ali estavam.

—Maria: São? Quem são eles? Libertem essas mulheres! Está claro que elas não querem estar aqui e vocês as forçam!

Maria em histeria atacou Manolo.

Ela chorava e tremia que nem notava, até que o senador a empurrou e quando ela viu estava no chão sentindo dores por todo o corpo. E ele então ser avermelhou e a gritou, com ele no alto ainda de pé e ela ao chão.

—Manolo: Não seja idiota, Maria! Já está claro que aqui você não pode nada! E que está mais óbvio ainda, que tudo isso não veio apenas da mente estúpida de Bruno e de todo o resto da gentinha que está naquela empresa!

Ele sem folego, parou ajeitando a roupa e olhou tudo, enquanto Maria seguia ao chão. E depois ele seguiu.

—Manolo: Não são os latinos que mandam aqui, Maria. E também aqui não é o único local que fazem isso. As empresas San Roman só é mais uma parceria de um esquema como esse. Para você que é uma advogada, deveria saber disso, querida.

Ele se abaixou para mira-la melhor. Maria estava com a mão na barriga, deitada de bruços, mas com parte de seu tronco erguido se preparando para se levantar.

Que assim Manolo concluiu falando mais baixo.

—Manolo: Acho muito melhor um esquema de lavagem de dinheiro, do que posse droga e armas. Você não acha o mesmo, Maria?

Depois de falar, sem aviso ele pegou nos braços dela e a puxou para cima.

Maria gemeu com o movimento e disse já de pé, demonstrando um rosto banhado em lágrimas.

—Maria: Você é um desgraçado, sem alma. E eu preciso sair daqui. Estou grávida e você covardemente me jogou no chão. Preciso ir ao médico, Manolo!

O homem fez um gesto negativo com a cabeça, dizendo.

—Manolo: Ainda não, Maria. Ainda não.

Maria assim, de relance olhou caixas sendo guiadas por carrinhos e homens como os que ela havia visto na empresa San Roman e entendeu que eles saíam de onde estavam com aquele dinheiro para abastecer a empresa.

E tudo tão abaixo do nariz de todos, tão abaixo do nariz de Estevão. E como ele havia sido capaz de não ver tudo que acontecia? Ou via e nunca deu valor aos sinais?

De repente tudo para ela ficou embaixo volume novamente, mas daquela vez as luzes também se apagaram. Maria havia desmaiado.

Estevão em uma delegacia tendo a infeliz sorte de ser a mesma que o delegado Alonzo comandava, fazia ele estar diante dele outra vez.

Enquanto ele estava dando justificativas do porquê temia onde a mãe dos filhos dele estava para pedir que a procurassem em apenas 3 horas de seu sumiço, Luciano estava no escritório de advogados de Geraldo Salgado.

Ele havia deixado Geraldo aflito e o levado a crer que encontrariam respostas de onde Maria estava, em seu computador de trabalho.

Assim ambos entravam na sala vazia dela. E como Luciano esperava, havia ali não só um notebook dela, mas dois.

—Geraldo: Ela pode ter deixado os computadores dela aqui, mas não tenho as senhas, Luciano.

Luciano se apressou, sentando na mesa e já abrindo um para liga-lo, dizendo.

—Luciano: Não se preocupe, Geraldo, eu conheço a senha deles.

Geraldo de pé analisou as palavras de Luciano cheio de certezas. Ele sabia por Maria o restante de sua história, portanto sabia melhor também o que Luciano significava para ela. Assim, apesar de incomum esperou ver se ela confiava tanto nele para ele saber suas senhas.

E foi um sinal do Windows de um dos notebooks dela ligando que ele teve certeza do que pensava.

Luciano enquanto o aparelho carregava todos seus dados, com pressa tateava a mesa em busca de alguma droga de um pen drive e achou um dentro de um porta-canetas, de Maria.

Ele estava certo que se algo acontecesse a ela, ele vingaria e para isso ele teria que entregar todo os esquemas que conhecia e assim, necessitando de provas do que ele falava era verdade. Que sim ele tinha parte deles em documentos em seu próprio computador que ela de início compartilhava com ele, mas ali não tinha eles mas tinha os dela que por sabedoria, muitas vezes a viu digitar suas senhas ainda em Londres, e Maria pelo que ele via não era de ficar trocando de senhas. Por sorte a dele.

Passou assim 5 minutos quando ele tirou tudo que precisava apenas de um computador e se levantou e quando já ia, Geraldo disse.

—Geraldo: Espera, Luciano. O que posso fazer? Quero fazer algo mais para ajudar.

Luciano tocou no ombro dele, e disse.

—Luciano: Você já fez muito Geraldo. Agora deixe comigo.

Geraldo respirou fundo e quis saber.

—Geraldo: E Estevão? Sei que eles estão juntos e que vão se casar novamente. O que ele está fazendo para ajudá-la?

Luciano abaixou o braço e olhou o pen drive e disse.

—Luciano: Ele terá que lidar com muitas coisas a partir de agora para fazer algo.

Geraldo que desconfiava que coisas eram graças sua última conversa com Maria, disse.

—Geraldo: Me chame se precisar de meus serviços e meu escritório. Me chame também para me dar notícias sobre ela, Luciano.

Luciano assentiu rápido e certo, ele disse.

—Luciano: Se ela tivesse te escolhido, não estaria onde está agora.

Geraldo se afastou enfiando as mãos nos bolsos da calça e o respondeu.

—Geraldo: Então sabe aonde ela está?

—Luciano: Tenho uma leve suspeita e isso pode ajudar acha-la também.

Ele olhou o pen drive novamente.

Heitor estava nervoso, havia buscado Estrela da escola sem ainda as aulas dela terminarem. Havia também procurado por Vivian que estava aquele momento com ele.

E assim no carro que dirigia, ela pegou em uma das mãos dele e se falaram com os olhos enquanto Estrela estava atrás no carro os olhando desconfiada.

—Estrela: O que está acontecendo? Por que me tiraram cedo da aula e estão os dois com cara de velórios?

A voz da adolescente foi firme e ela se encostou mais à frente deles querendo respostas.

Vivian e Heitor se olharam, sabendo que as últimas notícias que tinha era que não sabia ainda aonde Maria estava e que Estevão estava na delegacia denunciando seu súbito desaparecimento.

20 minutos depois chegavam na mansão San Roman. Estrela tinha o rosto todo vermelho e manchado de lágrimas depois de ter a verdade. Durantes o trajeto os 3 entraram em um acordo que iriam tentar ajudar de alguma maneira a achar pistas de onde Maria poderia estar.

Assim, Estrela foi ao quarto onde estavam os pertences da mãe. Começou a vasculhar tudo, Heitor olhava as câmeras de segurança da casa, por pensar que alguém que pudesse ter a levado poderia ter seguido ela e Alba assim que saíram da casa, enquanto Vivian pediu para olhar mais uma vez o quarto de Alba que claramente havia fugido.

Ela vasculhou tudo até que olhou a cama e viu por cima dos travesseiros um papel que antes Heitor não viu. Ela leu então nele um pedido de perdão direcionado a Estevão San Roman e um endereço.

Descendo então novamente para o andar debaixo da casa e aos berros, Vivian alertou a Heitor e Estrela que vieram de diferentes lugares da casa.

Assim Estrela na ponta do alto da escada, Vivian no final dela e Heitor que viam do escritório do pai, a viram com um papel na mão e ela dizer.

—Vivian: Acho que já sei aonde Maria está!!!

Maria acordava em uma sala. Era como um escritório improvisado como tudo parecia ser naquele buraco que fizeram em uma fábrica clandestina e criminosa.

Tinha pouca luz, pouca ventilação e ela estava arramada em uma cadeira, que quando tornou achou que cairia mantendo-se apenas presa por cordas que envolviam seu corpo e a cadeira.

Que tornando aos poucos em seus sentidos percebia que tinha mais dores pelo corpo que antes. E gemeu então ao sentir melhor onde elas se concentravam com mais força.

Assim aflita, Maria quis mover as mãos a frente de seu ventre. Seu movimento fez arrastar o pé no chão o que a fez senti-lo descalço e assim molhando as pontas dos dedos de seu pé com algo.

Ela então moveu a cabeça para o lado para tentar ver o que era e viu parte do chão vermelho. Sangue. Havia uma pequena poça e uma linha que saia da cadeira e ia para algum canto da sala que ela estava e que a fonte dele era ela.

Ela então chorou agora sentido que o seu choro era abafado por um pano que estava envolvido na sua boca.

Pensava que estava perdida. Vivendo um pesadelo, enquanto se sentia fraca e certa que com a dor que sentia da sua cintura para baixo e o tanto de sangue que viu, algo acontecia ao seu bebê. Que diferente de qualquer outro sangramento que teve, aquele era mais intenso e dolorido e dizia a ela apenas uma coisa. Que o perdia. 

 


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