Conectando-se escrita por Dri Viana


Capítulo 7
Capítulo 7 - Ajuda


Notas iniciais do capítulo

Bom dia!

Perdão pela demora, mas tive alguns contra tempos que me impediram de atualizar a fic. Mas cá estou com um capítulo novinho em folha.

Não posso deixar de agradecer a cada comentário que venho recebendo. O carinho de vocês é sempre um estímulo a mais para escrever. Obrigada do fundo do ❤

Boa leitura.



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Las Vegas, Nevada

Já fazia quase uns quinze minutos que ela tinha vindo a passos de tartaruga do quarto e se acomodado ao sofá; seu olhar estava preso à tela do celular, mais exatamente ao contato de Arthur no aplicativo de mensagens, enquanto a dúvida sobre mandar ao amigo um "bom dia" com algo mais ou quem sabe, apenas a saudação mesmo e sem acréscimos, a corroía. Não queria parecer pegajosa ou quem sabe, até ser inconveniente. Longe disso!

Acabou levando a mão a boca e sorrindo com aquela situação toda. Estava até parecendo uma daquelas adolescentes inseguras, que hesitam em enviar mensagem ao paquera de quem conseguiram o número através de uma amiga em comum. Só que ela não era mais uma adolescente faz anos e tampouco, Arthur era um paquera. Ele era apenas um amigo a quem ela havia se afeiçoado e criado uma rápida intimidade em tão pouco tempo de conversas trocadas. Sara tinha que tirar o chapéu à Arthur e seu humor agradabilíssimo. 'Falar' com ele era sempre garantia de ótimas e divertidas conversas, e isso ela achava fascinante. Além do fato de terem gostos bem parecidos, que contribuía mais para se entenderem muito melhor.

Mais dois minutos naquele dilema sobre mandar ou não uma mensagem e Sara acabou por enviar um "bom dia" e nada mais. Aí, ficou no aguardo de uma resposta.

Passou-se um minuto... Dois... Três... E nada dele visualizar a mensagem, tampouco responder.

— Vai ver que ele ainda está dormindo.

Não eram nem oito da manhã e levando em consideração que era sábado, e ontem a noite ele teve a festa de confraternização na universidade, Sara imaginou que seu amigo ainda estivesse dormindo devido a comemoração ter terminado tarde.

— Bom... Quando ele vê a mensagem vai enviar uma resposta.

Um barulho de chave em sua porta e vozes conhecidas chamaram sua atenção. Ela guardou o celular no bolso do short moletom e olhou para a porta, ciente de quem veria aparecer por ela.

— Bom dia, Sarinha! - Greg e Nick cantarolaram em total desarmonia causando risadas em Sara.

— Bom dia! - ainda rindo ela os cumprimentou quase dez segundos depois. - Acho melhor da próxima vez ensaiarem mais pra conseguirem ter sincronismo na hora de cantarem.

Eles riram e entraram no apê dela empunhando cada um, uma sacola parda de papel.

— Quando vão me devolver a cópia da chave daqui de casa?... Estou farta já dessa invasão. - ela brincou.

— Só devolveremos quando a senhorita estiver recuperada. - Nick foi quem explicou antes de beijar Sara no rosto após se sentar no braço do sofá onde ela estava acomodada. Greg o imitou logo em seguida no gesto de beijá-la.

— Trouxemos algumas guloseimas para tomar café. - foi a vez de Greg se pronunciar com um sorriso largo que era imitado por Nick enquanto ambos mostravam as sacolas da padaria que Sara adorava.

— Vocês estão querendo me engordar trazendo essas guloseimas para eu comer todos os dias no café, não é? Confessem!

Eles assentiram e caíram na risada juntos.

***

Tuscaloosa, Alabama

Encostado ao seu Jeep prata, Arthur olhava para a notificação da mensagem de Sara, que chegou minutos atrás enquanto ainda dirigia. Com pesar não abriria a mensagem e tampouco, pretendia respondê-la também. Mas torcia para outro alguém fazer isso, caso topasse embarcar na ideia que teve. O ruim seria se esse outro alguém não quisesse isso, mas tinha fé em seu amigo apesar da cabeça dura do mesmo.

Arthur não conseguia entender como Grissom amando tanto Sara como confidenciou a ele entre um copo e outro de cerveja, se privava de viver aquele amor.

Tudo bem que seu amigo até deu lá suas razões para tal, mas para Arthur o que o renomado entomologista disse dias atrás, estavam mais para "desculpas tolas", que razões aceitáveis. 

Devolvendo o celular ao bolso, o reitor cruzou os braços e aguardou pela vinda de seu amigo cabeça dura, que por sinal já estava atrasado. Ele estava ansioso para partilhar com Grissom a boa ideia que teve. Já tinha tudo esquematizado na mente e mais perfeito que aquilo impossível. Seu amigo supervisor só tinha que 'dançar conforme a música' e tudo daria certo.

Mais alguns minutos de espera e Arthur avistou seu amigo cruzando as portas do Hotel Hampton, empunhando uma pequena bagagem na mão esquerda. A cara abatida e as olheiras aparentes em Grissom, deixaram claro para Arthur que a noite do velho amigo havia sido péssima.

E tinha sido mesmo!

A pior possível!

O máximo que Grissom conseguiu, foi tirar alguns leves cochilos, que quase sempre eram interrompidos poucos instantes depois por pesadelos envolvendo Sara e Barth como um casal feliz.

— Minha nossa, você tá com uma cara péssima. - Arthur comentou em tom brincalhão, se abstendo de antes cumprimentar Grissom.

— Bom dia pra você também, Arthur. E vamos, que já estamos atrasados para o aeroporto. - Grissom abriu a porta do veículo sem dar brecha ao amigo de dizer algo mais. Ele não estava com humor para as gracinhas de Arthur.

— Ok, amigo! - resmungou o reitor colocando seus óculos de sol.

Momentos depois, ambos estavam calados dentro do carro de Arthur rumo ao aeroporto. O reitor que antes de sair de casa ensaiou diversas vezes a forma de abordar seu amigo sobre a ideia que teve, agora que estava ali com ele, sequer sabia como começar a falar sobre o assunto. Foi então que se lembrou da mensagem de ainda pouco de Sara e achou de iniciar a conversa por ali. Por algum assunto tinham que começar, então que fosse por aquele.

— Gilbert... Sara me mandou uma mensagem ainda pouco, mas não respondi. - a revelação atraiu de imediato a atenção de Grissom, que até então admirava a paisagem da cidade passando rápido pela janela do carro enquanto sua mente estava em Sara.

— Pois devia ter respondido. Falei que não precisa deixar de falar com ela por minha causa. - emburrado ele se pronunciou quase meio minuto depois. E após a fala o supervisor voltou a atenção para a paisagem lá fora. Se pudesse esquecer que a mulher que ama está de papo com seu melhor amigo, Grissom esqueceria.

Barth lançou um olhar ao supervisor e balançou a cabeça sem que o outro homem visse. Conhecia seu velho amigo e sabia o quão teimoso ele podia ser mais que seu 'habitual', quando o assunto envolvia as coisas do coração e, principalmente, mulheres. Diante disto, Arthur resolveu usar uma tática diferente, algo como um duro "choque de realidade", para ver se dava uma sacolejada em Grissom e seus sentimentos.

— Tá bom. Mas... e se depois de um tempo conversando com ela... Eu me apaixonar pela Sara?... Vai ficar tudo bem pra você? As coisas entre nós seguirão iguais da sua parte?

A julgar pela cara de pânico e desespero com a qual o supervisor prontamente olhou para Arthur e, este percebeu de canto de olho isso, o reitor nem precisava de resposta verbal.

Era óbvio que nada seguiria igual entre eles! Mas Grissom não teria coragem de admitir aquilo ali.

— Você ontem disse que...

Grissom não teve oportunidade de concluir seu hesitante questionamento, pois Arthur o interrompeu.

— Eu não te contei, mas Sara me disse que já desistiu de você. Então talvez eu tenha chances com ela.

Aquela revelação doeu de ouvir. Foi como um punhal sendo enterrado no peito do supervisor. E trouxe à tona a dura e dolorosa lembrança das palavras proferidas por Sara ano passado sobre ser tarde demais quando ele se der conta do que fazer em relação a eles dois. E ao que parece este momento estava na iminência de acontecer. Só que apesar do choque e do medo disso, Grissom tentou não deixar transparecer ao amigo o quão lhe afetou a revelação feita por ele. 

— É o melhor que ela fez por ela e por você. Sejam felizes juntos!

Seria um duro golpe para ele vê-los juntos! Imaginar a dona de seu coração tendo uma vida com outro, possivelmente, até com Barth, era doloroso para o supervisor. Ele lembrava bem do quão perdido ficou quando soube meio sem querer, que Sara estava de namoro com Hank, um paramédico. Mas ainda assim, coragem para fazer algo que evitasse isso de acontecer pela segunda vez, faltava a ele.

— Ah, qual é, Gilbert?! Por que você é tão cabeça dura hein?

Seu velho amigo não era a primeira pessoa a lhe indagar aquilo. Catherine... Jim... Heather e mais outras poucas pessoas que eram próximas o bastante a ele, já haviam lhe feito aquela mesma pergunta.

— Olha eu quero te ajudar com a Sara. - Arthur resolveu ir direto a sua ideia, porque o caminho até o aeroporto já se fazia curto para perder com discussão e introdução ao assunto.

— Não lembro de ter pedido ajuda alguma a você sobre isso, Arthur.

Arthur respirou bem fundo diante da resposta atravessada que recebeu. A vontade era de dar uns bons cascudos em Grissom por ser tão teimoso e cabeça dura, mas segurou a onda.

— Vamos lá, Gilbert! Deixa de ser assim. Você está se martirizando com a possibilidade de eu me envolver com ela que eu sei. E precisava ver sua cara, quando mencionei que Sara desistiu de você.

— O que você quer que eu faça? O laboratório tem regras que...

— Dane-se as regras, Gilbert!

— Não é bem assim, Arthur.

— Me diz com sinceridade... Está valendo a pena pra você se privar de ser feliz com uma mulher bacana como a Sara, só para não quebrar essas regras estúpidas que tem no seu trabalho?

Um sonoro "não" ecoou dentro de sua cabeça e cinco segundos depois, saiu de sua boca com certa tristeza.

— Não!

Diante dessa resposta sincera do supervisor, Arthur se animou um pouco em prosseguir a fala. Quem sabe não seria mais fácil do que ele pensava, convencer seu velho amigo.

— Então, Gilbert, deixa eu te ajudar. Você merece ser feliz com alguém especial como a Sara e ela com alguém bacana como você, amigo. - Arthur falava revezando sua atenção entre a pista e Grissom acomodado no banco do carona.

— Eu não sou pra ela será que você não entende.

— E será que você não entende que é ELA quem decide isso e não você?

— Nós já conversamos ontem sobre isso. Não quero repetir esse assunto, então vamos parar por aqui.

— Não, mesmo. Vou insistir, porque sou seu amigo e quero o seu bem. Você precisa parar de ter medo de ser feliz, Gilbert. Não vê que essa sua covardia só está fazendo você e Sara sofrer?

— Arthur pelo amor de Deus!

— Sabe que está tendo muita sorte por Sara ainda não ter arranjado uma pessoa pra ela, não sabe?

Grissom apenas assentiu em concordância e revelou após um breve silêncio, sobre o namorado que Sara arrumou depois de ele lhe aconselhar a ter uma vida.

— E vai deixar que isso se repita? - Arthur quis saber ao lançar um olhar a Grissom antes de pegar o elevado para a Radial. - Você pode correr o risco de perdê-la para sempre desta vez, caso ela se apaixone de verdade.

— Eu te contei que aceitei tirar essas férias por precisava me afastar dela?

— Mas parece que o destino está conspirando contra essa sua decisão, velho amigo.

— Eu não sei o que fazer, Arthur. Queria que tudo fosse mais fácil. - lamentou após um longo suspiro.

— E é, Gilbert. Mas você quem está complicando. Não deixa uma mulher como ela escapar. Ou mais lá na frente você vai se arrepender amargamente.

Ele se recordou de Heather ter dito algo quase parecido. Parece que seus dois amigos tinham discursos bem parecidos.

— Eu já a magoei tanto, Arthur, que nem sei mais se devo tentar algo. Além do mais, você disse que ela decidiu me esquecer então.

— Mas um amor não se esquece assim tão fácil. Deixa eu te ajudar com ela. Eu tenho uma idéia bacana pra isso.

Grissom respirou fundo. Ele era um homem da ciência e apesar de seu amigo ter mencionado ainda pouco sobre destino que conspira, o supervisor não acreditava muito nessas coisas. Mas, talvez desta vez, não tenha sido por acaso aquela coincidência toda e sim, obra do destino mesmo o fato de Sara bater papo justo com seu melhor amigo. De uma forma meio torta, a dona do coração do supervisor acabou vindo de encontro a ele por intermédio de Arthur. E agora este mesmo Arthur oferecia ajuda a Grissom de tentar algo com Sara.

— Vamos lá, Gilbert! - insistiu Arthur diante do silêncio do amigo.

O que Grissom tinha de teimoso, Arthur tinha de insistente e o reitor estava disposto a ficar insistindo e remoendo aquele assunto até seu amigo aceitar. Pretendia ser de uma insistência que...

— Qual a sua ideia?

Esse súbito questionamento de Grissom interrompeu as divagações de Arthur.

— Você então aceita a minha ajuda?

Sim... Não...

Ele sabia que tanto uma afirmativa quanto uma negativa sua, acarretariam em um passo que provavelmente não teria volta. E, que independentemente, da escolha que fizer, terá de lidar com as consequências dela.

Dentre ambas a que lhe traria a pior consequência seria a negativa sem dúvida. Portanto, que se dane o laboratório e todos os outros medos. Eles eram tão pequenos perto do medo maior de todos: o de perder Sara para sempre e para outro cara.

— Sim!

A resposta de Grissom arrancou de Arthur um sorriso aliviado e empolgado. Custou, mas conseguiu convencer seu amigo.

— É isso aí. - O reitor comemorou batendo de leve com uma das mãos no volante.

— Me conta agora a sua idéia!

— Então é o seguinte...

***

Las Vegas, Nevada...

Mais uma vez, ela dava uma checada em seu celular para saber se não havia chego alguma mensagem que fosse. Só que para a sua frustração não havia nada outra vez.

Já tinha anoitecido e o "silêncio" de Arthur ao longo daquele dia todo deixou Sara incomodada e também despertou uma ligeira preocupação na perita. E para piorar ainda tinha o fato de seu amigo sequer ter visualizado a mensagem que ela lhe mandou, muito menos ter entrado no aplicativo de mensagens instantâneas. A última visualização dele tinha sido às 21:40 da noite de ontem.

"Será que aconteceu algo?", pensou Sara ao bloquear pela décima vez a tela do aparelho celular, que ela tinha desbloqueado dois segundos atrás.

Mais cedo ela até tinha cogitado em enviar outra mensagem a Arthur. Agora se via cogitando isso mais uma vez, só que se nem a primeira mensagem ele leu, ia ler a segunda? Ela achou pouco provável. Sendo assim, desistiu de lhe enviar uma nova mensagem e decidiu esperar por uma provável resposta dele, que torcia não tardar muito mais tempo para vir, porque já sentia falta de falar com ele.

Acabou por esboçar um sorriso. Incrível como em uma semana já havia se afeiçoado a Arthur a ponto de sentir falta de falar com ele. Com Grissom o começo também foi assim. Lembrava-se bem do dia que não houve palestra dele e eles ficaram sem se ver e se falar ao longo daquele dia, e ela sentiu falta do palestrante naquelas 24 horas sem contato. Ainda bem que no dia seguinte isso acabou, pois teve palestra e ela estava lá na primeira fileira para assistir sua aula.

Só esperava que com Arthur também acontecesse o mesmo no que diz respeito a voltarem a se falar no dia seguinte a este em que não se falaram. 

De repente, o celular tocou em sua mão e Sara quase não acreditou quando viu de quem se tratava a chamada, pois não esperava receber aquela ligação. Na verdade esperava por outra.

— Alô!

— Oi, Sara!

— Oi, Grissom.


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Notas finais do capítulo

A ideia do Arthur vocês terão conhecimento no próximo capítulo. Mas acredito que espertas como são já devem ao menos fazer ideia de qual seja.

Bjs e até breve.



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