Conectando-se escrita por Dri Viana


Capítulo 5
Capítulo 5 - Sara


Notas iniciais do capítulo

Amando cada comentário.

Preciso contar um segredinho pra vocês. Mas não vale espalhar por aí, beleza?... Eu tinha dito que a fic teria 5 capítulos, lembram?... Só que... Puxa vida... terá mais alguns ❤. Creio que não se importem com os capítulos extras que agregarei, né? Kkkkkkk vai ser divertido e valerá a pena, eu garanto.

Agora boa leitura acompanhada de um surto.



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Tuscaloosa, Alabama

A banda tocando o cover de uma música conhecida no palco improvisado, uma mesa enorme de comes e bebes, muitos estudantes circulando pelo local onde acontecia a festa de encerramento do simpósio, tudo isso só fez Grissom voltar alguns anos atrás, bem exatamente em outra festa de encerramento ocorrida em Harvard.

"Ei, achei que tivesse dito não curtir muito esse lance de festas de confraternização."

Sorrindo Grissom se virou no mesmo instante em que ouviu o doce som daquela voz que o cativou tão instantaneamente quanto a dona dela.

"E não curto. Vim mais por você."

Ele não era dado a rompantes e tampouco a fazer declarações deste porte as mulheres. Mas aquela jovem tinha algo de especial. Ele soube no mesmo instante em que pôs os olhos nela quando a mesma lhe fez uma pergunta bem pertinente durante a palestra. E teve mais certeza ainda conforme foi a conhecendo mais. Ela era inteligente, sagaz e linda.

"Oh!"— deixou escapar uma Sara surpresa.

O rubor na face dela deixava evidente o quão sem jeito a declaração do charmoso palestrante havia lhe pego.

Notando aquilo, Grissom se desculpou. Não era sua intenção constrangê-la, só disse a verdade. Ele veio por ela mesmo.

"Tudo bem. É só que me pegou de surpresa com ela."— retrucou a jovem.

"Deu pra perceber." - eles sorriram por um breve instante. Então Grissom revelou: "Sabia que estaria aqui e vim porque seria uma ótima ocasião para nos despedirmos. Amanhã não teria chance, já que parto muito cedo para casa."

"Aposto que deve estar louco pra voltar pra lá, né?"

Na verdade havia um misto de sentimentos quanto a isto. Ao mesmo tempo que estava louco para voltar não só para casa, mas também para o convívio de seus amigos que eram sua família, Grissom estava triste pela partida, pois não teria mais o prazer de ver e conversar com Sara, a quem havia se afeiçoado muito.

"Sim. Mas também não me importaria nada de ficar mais uns dias por aqui."

"Então porquê não fica?"— ela questionou esperançosa com a possibilidade dele ficar mais alguns dias ali.

Bem que ele gostaria, mas o trabalho em Vegas já o chamava. Seu superior inclusive já queria que ele voltasse hoje mesmo para reassumir sua equipe de trabalho, mas Grissom inventou que tinha ainda um compromisso a cumprir. Na verdade havia apenas aquela confraternização que ele não quis perder só para ter a última chance de estar perto por mais um tempinho que fosse de Sara.

"O trabalho e o meu chefe já me chamam em Las Vegas."

O restante daquela noite eles estiveram juntos. Palestrante e aluna não se desgrudaram ao longo de toda a confraternização. Sempre conversando eles aproveitaram pela última vez um a companhia  do outro.

E houve um determinado momento em que ficaram sozinhos, longe da agitação da festa, quando Sara o chamou para saírem do salão um pouco e eles foram para área externa, algo como uma varanda enorme e bem arborizada. Fazia uma noite amena de céu estrelado e com direito a uma lua cheia majestosa. Ao fundo era possível se ouvir de lá da festa Fake Plastic Trees da banda Radiohead sendo tocada pela banda de estudantes da universidade.

"Posso te confidenciar uma coisa?"

"Claro! Vá em frente." - ele a incentivou, ficando de frente a Sara que estava encostada ao parapeito da varanda observando o céu bonito daquela noite.

"Gostei de muito de te conhecer, Gil."

Ela o encarou ao fim da frase e sorriu com uma graciosidade e timidez que só enriqueceram mais sua beleza.

"Eu também gostei de te conhecer. Você é especial, Sara!" - ele admitiu, tocando carinhosamente uma das mãos dela que repousava sobre o parapeito de cimento.

O contato bom de pele com pele e o sorriso mais largo que o homem viu surgir em Sara, fez seu coração bater inesperadamente uma nota acima do 'normal'. Aquela jovem despertava coisas nele que não estava habituado a sentir. Pena que aquela estivesse sendo a despedida deles.

O contato bom entre suas mãos foi quebrado de maneira bruta quando fogos de artifícios pipocaram no céu os assustando.  Eles se olharam e sorriram do susto que haviam tomado. Sem que esperassem a varanda foi invadida por várias pessoas que vieram assistir a queima dos fogos. E enquanto as pessoas admiravam o céu se iluminar com os multicoloridos estouros de fogos, Grissom e Sara volta e meia se olhavam de soslaio com sorrisos escapando do canto de seus lábios.

Pouco tempo mais tarde, eles se despediam com um abraço demorado no estacionamento da universidade.

"Eu espero um dia te reencontrar."

"Eu também." - ele admitiu três segundos depois enquanto o abraço que trocavam era desfeito e Sara se afastava um pouco dele. - "Quem sabe, eu te chame para trabalhar comigo futuramente."

Tinha quase certeza que sua equipe ganharia muito se aquela jovem fizesse parte dela. Sara era muito esperta e acima de tudo, inteligente, uma mente brilhante. Era uma pena que não houvesse no momento vaga no laboratório, pois Grissom a levaria para trabalhar sem pensar duas vezes.

"Eu ia adorar isso."

Eles trocaram telefones e Grissom partiu. Dois anos depois uma ligação e um pedido do supervisor traziam Sara a Las Vegas, porem Grissom não era mais aquele homem carinhoso, gentil e atencioso que Sara conheceu no passado. A forma com a qual ele se portava com a jovem era péssima. Ele vivia para afastá-la dele como se ela tivesse uma enfermidade contagiosa.

— Que idiota eu tenho sido com você, Sara, desde que nos reencontramos.

Ele era ciente de seu péssimo comportamento. E o pior de tudo é que apesar de lhe doer agir como agia, ele ainda assim não mudava, seguia com aquilo. Por exemplo, recentemente, ela sofreu um acidente e ele só foi capaz de ligar para ela uma única vez. Não era falta de vontade isso, muito pelo contrário. Havia vontade, mas faltava coragem.

Só Deus e ele próprio sabiam o quanto doía ser daquele jeito com ela, ou pior ainda era olhar nos olhos de Sara e ver a tristeza estampada toda vez que recusava suas investidas ou convites para sair, ou mais ainda, quando fingia indiferença aos seus sentimentos que volta e meia ela deixava escapar que nutria por ele.

— Você merece alguém melhor e menos complicado do que eu.

Mas será que seu coração terrivelmente apaixonado, ia aguentar vê-la com outro pela segunda vez? Já foi tão difícil a primeira vez com aquele paramédico idiota.

— Falando sozinho, Gilbert?

Ele levou um pequeno susto com a pergunta de Arthur e o toque em seu ombro direito que o sujeito desferiu junto com a pergunta feita.

— Calma, amigo! - brincou o reitor diante do susto do amigo.

— Estava distraído e sua chegada me assustou.

— Isso ficou claro, né?... Então vim te convidar para se juntar comigo e mais dois amigos em uma mesa para papear. Você tá sozinho aí e eu como sempre tendo que te puxar para socializar, Gilbert. Vem!

Arthur saiu levando seu amigo pelos ombros rumo a mesa que estava com outros amigos professores.

— Aqui está nosso célebre palestrante, amigos. - anunciou Arthur aos dois sujeitos à mesa. - Senta aí, Gilbert. - o sujeito puxou uma cadeira para o amigo.

— Obrigado.

— Esses são Keaton e Richard professores de astrofísica e química respectivamente. E também meus amigos. - apresentou o reitor a Gil.

— Olá! - Grissom fez um leve movimento com a cabeça. Já os conhecia de vista, mas até então não havia tido a oportunidade de falar com eles.

— Deixe lhe dar os parabéns porque você é brilhante palestrando. Assisti uma de suas palestras e adorei. - elogiou Keaton, um sujeito ruivo, calvo e um pouco acima do peso.

— Muito obrigado.

— As palestras do Gilbert aqui fizeram um sucesso danado. - revelou Arthur antes de tomar um gole de seu suco, já que bebidas alcoólicas tinham sido barradas no evento devido ao episódio lamentável entre dois estudantes ocorrido na última festa organizada na universidade. Um dos alunos que estava visivelmente bêbado acabou ferindo outro com um canivete após uma discussão boba na pista de dança.

— E pelo que andei escutando por aí, não foram só as palestras como também o palestrante que fizeram sucesso, principalmente, com as alunas. - com um sorriso malicioso comentou Richard, um sujeito de cabelos escuros, pele clara, olhos acinzentados e próximo da casa dos cinquenta. Solteiro convicto, ele é um "rato de academia", boa pinta e queridinho das alunas por sua beleza e charme. 

Seu comentário acabou deixando Gil desconfortável e arrancou sorriso dos outros dois a mesa.

— Parece que temos um concorrente em potencial a destronar sua fama de professor queridinho das alunas Richard. - provocou Arthur aos risos.

Calado e na sua Gil apenas ouviu aquilo tudo e se desconfortou mais ainda com aquelas brincadeiras, porém tentou não deixar transparecer isto. Só que não se saiu tão bem, pois os olhos atentos de Keaton notaram isso e o sujeito chamou a atenção dos demais, avisando que eles estavam deixando o "visitante" constrangido. Ambos pararam de ri, pediram desculpas a Grissom e o assunto na mesa mudou o foco do palestrante para suas excelentes palestras ministradas.

Todos os três homens tinham assistido ao menos uma de suas 'aulas' em dias diferentes e o trio não poupou elogios rasgados a Gil e suas dissertações bem dinâmicas. Sem jeito o supervisor agradeceu aos elogios e afirmou que era sempre uma satisfação dar essas palestras, compartilhar conhecimento e trocar informações com alunos era sempre uma boa experiência.

Conversa vai, conversa vem e pouco tempo depois Gil já tinha meio que se entrosado com os amigos de seu amigo. Os assuntos entre o quarteto foram os mais diversos possíveis. Desde esportes, política, economia até os tempos de estudantes de cada um e o atual momento que viviam de suas vidas.

— Meu Deus quando eu reconheci a mulher pela descrição que ela me deu, na mesma hora dei meia volta e saí do restaurante. Ela não era nem sombra do que disse que era pelo bate papo. - sorrindo Richard revelou a Arthur e Grissom. Keaton não estava mais ali com eles a mesa, porque já tinha ido embora há meia hora após receber uma ligação da esposa avisando que já havia chego de viagem. Ela é  comissária de bordo e há quinze dias estava fora de casa por conta do trabalho. Na mesma hora que recebeu a ligação, Keaton se despediu dos amigos e foi embora para rever sua esposa e matar as saudades dela.

— Por isso eu tenho um pouco de receio de marcar algo. Se for  marcar algum encontro com alguém de lá só se realmente gostar da pessoa e já tiver visto antes uma foto dela é claro. - Arthur comentou antes de beber seu suco.

Três meses depois de se divorciar, ele por sugestão e insistência de Richard passou a "frequentar" esses sites de relacionamentos só por diversão e também para ver se seu amigo largava de seu pé com isso. E nesse meio tempo até tinha feito algumas boas amizades, porem não havia marcado encontro algum com mulher alguma. Já seu amigo colecionava encontros. Alguns com bons resultados, outros nem tanto assim.

— E você, Grissom, já experimentou esses bate papos pela internet? - inquiriu Richard com curiosidade.

Há pouco este assunto veio povoar a mesa após Richard mesmo trazê-lo à tona, quando começou a contar sobre a mais nova amizade que arranjou em um site de relacionamento. O sujeito vivia nesses sites buscando encontros, mas todos sem qualquer compromisso e muito por isso, ele às vezes mentia alguns dados pessoais, como por exemplo, nome, idade e o que fazia da vida. Seu lema era "sem compromisso, sem necessidade de informações pessoais verdadeiras".

— Não. No meu trabalho já vi muitos casos de encontros marcados pela internet que não tiveram um bom desfecho.

— Fala sério!

Richard fitou Grissom por dois segundos e resolveu não debater mais sobre aquilo com o forasteiro ou temeu ouvir um sermão dele por isso.

— E você Barth como andam suas aventuras virtuais? Atualmente tem papeado com alguma mulher interessante?

Como aquele papo não lhe interessava em nada, Gil pediu licença aos dois homens dizendo que ia ao banheiro. Saiu da mesa e rumou para onde disse que ia. No trajeto de volta foi parado por alguns alunos que vieram lhe cumprimentar e dizer que tinham adorado suas palestras. Agradeceu a cada um deles e quando os jovens se despediram, partindo logo depois, o supervisor retomou seu rumo de volta a mesa em que estava. Encontrou nela apenas Arthur mexendo ao celular.

— E Richard? - se acomodou em sua cadeira.

— Foi atender uma ligação lá fora já que o barulho aqui não lhe deixava ouvir direito o que a pessoa falava.

— Hum... - sibilou o supervisor tamborilando a ponta dos dedos na mesa. Já sentia vontade de ir embora para o hotel e dormir, mas ficaria só mais meia hora por ali.

— Aí, Gilbert, dá uma olhada aqui na mulher com quem ando batendo papo. Ela é super gente fina e bonita. E é da sua cidade. Dá uma olhada aqui nela.

Gil pegou o celular da mão de Arthur e ao olhar para a tela LCD de mais de 6 polegadas, ele congelou. O rosto sorridente da mulher na foto estampada no aparelho moderno de seu amigo reitor, era bem conhecido dele.

—  Bonita, né? - inquiriu Arthur alheio a palidez no rosto do amigo, já que estava mais interessado em admirar a beleza de sua amiga virtual estampada na tela do celular. Ontem tinha conseguido o número de celular dela e ficou encantado ao ver sua foto. Ela tinha uma beleza que só fazia jus a pessoa maravilhosa que demonstrou ser pelas mensagens que vinham trocando pelo site há uma semana. - Ela se chama...

— Sara! - completou Grissom ainda impactado com a descoberta de que seu amigo e Sara se conheciam.

— Ué! Você a conhece?

Não só a conhecia como era apaixonado por ela.

— Sim. - confirmou, sentindo náuseas. A mulher que ele amava de papo com seu melhor amigo. Meu Deus!

Aquilo só podia ser uma péssima brincadeira do destino com ele.

— De onde se conhecem? Me conta como ela é?... Cara, eu já estava encantado com ela só com os nossos papos. E ontem quando ela me deu o número dela e vi essa sua foto no perfil do aplicativo de mensagens, eu me encantei por completo.

Grissom olhou com desespero para seu amigo que ainda mantinha o olhar preso ao celular seguro na mão de Gil.

— Vai, Gilbert, diz alguma coisa.

Foi só quando ergueu os olhos para encarar seu velho amigo, que Arthur viu a palidez de Grissom.

— Gilbert, você está bem? Tá pálido.

Ele precisava contar a verdade ao seu amigo. Não ia conseguir guardar aquilo só para si. Talvez se sufocasse e sabe lá Deus o que lhe aconteceria.

— Ela... - Grissom apontoi para a tela do celular. - ... É a mulher que eu te falei no sábado quando saímos para tomar umas cervejas.

Arthur puxou na memória o assunto e quando se recordou sobre a colega de trabalho que seu amigo lhe confidenciou que era apaixonado, o reitor arregalou os olhos estarrecido com a peça que o destino, ou melhor, a internet pregou neles.

— Ah meu Deus, Gilbert!


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Notas finais do capítulo

A julgar pelos comentários que eu lia de vocês, a grande maioria achava que era o Gil o amigo virtual de Sara, infelizmente não era ele, amadas.

Deixa só eu explicar uma coisa. Inicialmente quando tive a ideia da fic até cogitei que fosse nosso tapado supervisor o amigo virtual da Sara. Mas aí, eu pensei: "não, será meio óbvio isso." e eu não queria obviedade. Então apostei em um 'desvio', ou melhor ainda, em uma 'rota alternativa' que também levaria nossa perita ao Gil, porque como bem a Ana Camila disse em um comentário, o meu coração é GSR, portanto esses dois juntos é sempre o meu desfecho preferido.

E o desvio para fazer Sara chegar em Gil foi o amigo dele, Arthur.

Explicação dada, ficamos por aqui.

Beijos e até o próximo capítulo.




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