Conectando-se escrita por Dri Viana


Capítulo 17
Capítulo 17 - Acerto de contas Pt.1


Notas iniciais do capítulo

Fala gente!

Como vocês puderam notar no título do capítulo essa é a parte 1. Eu tive que dividir porque a parada ficou grande, muito grande. Tentei reduzir, mas aí ficariam de fora coisas que eu não queria que ficassem. Então a única alternativa que me ocorreu foi dividir. Pretendia postar as duas partes hoje de uma vez, mas não consegui finalizar a segunda parte. Triste! Mas fica pra semana que vem, se não ocorrer nenhum imprevisto para impedir.

Ana Camila prometi a atualização e ela está aqui no dia do seu aniversário. Não é o capítulo mais feliz, porém tem uma partezinha que acalenta o coração. Desejo a você toda a felicidade do mundo e que Deus lhe dê vida e saúde por muitos anos mais.

Espero que você e as demais leitoras apreciem o capítulo. Sim'bora!



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Reunidos na sala de descanso, o pessoal aguardava a vinda de Catherine para a distribuição dos casos. Enquanto Sofia buscava distração folheando uma revista forense, seus outros três  companheiros de serviço estavam em um papo descontraído sobre basquete. O time de Nick o San Antonio Spurs tinha se sagrado campeão da liga nacional sobre o time de Warrick o Detroit Pistons, após uma série acirrada de sete jogos e, o texano era só zoação para o lado do amigo.

— Eu te falei, cara, os Spurs iam acabar com os Pistons. Você me deve uma caixa de cerveja daquela caríssima.

Eles haviam feito uma aposta e o prêmio era aquele.

— Lá se vai o meu salário.

Greg foi às risadas da lamúria do amigo, mas logo seu riso foi morrendo ao ver pela janela de vidro, Grissom passar tendo em seu encalço o supervisor do turno intermediário.

— Aí, Nick, alivia o meu lado vai? Não pode ser daquela mais barata não?

— Aposta é aposta. E nós apostamos a cerveja cara, Warrick, nem vem.

De seu canto, Sofia riu e balançou a cabeça. Homens!

Enquanto isso, Greg estava mais interessado em observar com olhos enraivecido ao seu ex-supervisor e o outro sujeito pegarem o corredor que ficava dirigido bem para a porta da sala de descanso.

Os dois homens seguiram até parar no fim do corredor onde ficaram conversando e gesticulando bastante. Talvez estivessem até divergindo em algo que falavam.

Greg ficou tentado em ir até o ex-chefe e lhe dizer algumas verdades na cara. Todavia tinha dito à Sara que não faria isso. Porém a vontade de chegar em Grissom estava infinitamente gritante. Não podia ficar de braços cruzados e não fazer nada. Sara era sua amiga, melhor amiga, praticamente uma irmã, e tinha que defendê-la, não ia deixar as coisas por isso mesmo para Grissom. Seu ex-supervisor precisava ouvir umas poucas e boas, e ia ser agora.

Com pressa e fúria, ele se levantou abruptamente de sua cadeira, que quase tombou para trás e saiu da sala ignorando os chamados de Nick e Warrick.

— Que bicho mordeu o Sanders? - Nick olhou sem entender para Warrick.

— Sei lá! - o outro deu de ombros.

Em passadas rápidas, Greg seguiu pelo corredor e chegou em Grissom bem no exato instante em que John já se afastava do diretor.

— Preciso falar com você, Grissom!

O ex-supervisor anotava algo em um papel preso a uma prancheta e deste modo, sequer notou o semblante sério de seu ex-comandado.

— Fale! - respondeu ainda com os olhos voltado para o papel que preenchia sobre a suspensão de um membro da equipe de John. — Mas seja breve. Seu turno está pra começar e eu...

— Dane-se o turno!

Diante de tal fala grosseira, Grissom de imediato ergueu os olhos do papel e encarou Greg, notando enfim sua cara nada contente.

— Está tudo bem com você, Greg?

— Não. Será que podemos ir a sua sala?

Seja lá o que tiver acontecido, parecia ser sério mesmo para Greg estar falando com ele daquele modo ríspido e pior, lhe olhando como se a qualquer momento fosse pular em seu pescoço.

Mesmo cansado e querendo muito ir para sua casa, Grissom concordou em ouvir Sanders e apontou o corredor que dava rumo a sua sala, que antes foi de Conrad.

Os dois seguiram alguns passos até toparam no meio do caminho com Catherine, que avisou a Greg que já estava indo distribuir os casos da noite.

— Me dê só dez minutos. Preciso falar muito urgente com o Grissom antes.

Catherine avaliou o pedido de seu subordinado enquanto lhe encarava, achando bem estranho o modo sério com o qual ele se pronunciou.

— Aconteceu alguma coisa? - a supervisora lançou a questão para Greg, mas depois olhou a Grissom buscando dele algum esclarecimento que não veio, pois o diretor apenas deu ombros.

— É particular, Catherine. Desculpa.

— Dez minutos hein, Greg. - Ela cedeu.

Ele fez um sinal de positivo e retomou os passos juntamente com Grissom. Em questão de segundos, os dois homens se encontravam na sala do diretor.

— O que quer falar comigo, Greg? - Grissom largou a prancheta sobre uma pilha de papéis à mesa e encostou os quadris à lateral do móvel; uma de suas mãos apertou os olhos enquanto ele sentia a cabeça latejar de dor.

Seu dia havia sido péssimo!

Problemas de ordem burocrática, de má conduta de um CSI durante um procedimento, conflito com o supervisor do intermediário (por conta justamente do CSI) e em meio a tudo isso sua mente não deixou de pensar em Sara. Por diversas vezes a perita povoou seus pensamentos. Ele quis lhe mandar uma mensagem para saber como ela estava; se o odiava hoje um por cento a menos que ontem ou pior, se o odiava muito mais, sendo que esta segunda hipótese lhe dilacerava o coração. Porém sabia que não podia e tampouco, devia entrar em contato com ela... Por agora!

"O tempo é o correio da vida, ele trará tudo aquilo que estiver destinado para você."

Ele se recordava de ter lido isso em algum lugar.

Tempo!

Sara disse precisar disso. E ele respeitaria seu tempo.

Greg enquadrou bem seu ex-supervisor e notou que ele se encontrava tão mal e abatido quanto Sara, mas isto não fez o jovem perito se compadecer nem um pouco de Grissom. Muito pelo contrário, para Sanders seu ex-supervisor merecia estar naquele estado ou até mesmo pior pelas coisas que fez.

— Eu disse à Sara - a menção do nome da perita fez Grissom se empertigar e encarar Greg com toda a atenção que anteriormente não fazia. —, que ia ficar na minha e não fazer nada... mas não dá. Não consigo ficar de braços cruzados. Você precisa ouvir umas verdades... Sr. Arthur do Alabama!

Grissom arregalou os olhos em total surpresa por Greg está a par daquela história.

Como ele soube?

Foi então que o diretor se recordou que seu ex-comandado era melhor amigo de Sara, com certeza, ela lhe contou algo, ou talvez tudo.

— Greg...

— Você não vai falar nada... vai só ouvir. - De maneira bem ríspida, Greg se pronunciou enquanto encarava Grissom com uma carranca que fez o diretor engolir a seco. Nunca tinha visto o sempre brincalhão e tão pacífico CSI daquele jeito sério. — O que você fez com a Sara, foi de uma canalhice... Uma covardia... Uma insensibilidade... E eu não estou me referindo somente ao episódio de se passar por um amiguinho virtual, não, não... - ele agitou de maneira frenética o dedo indicador enquanto era observado por um Grissom pálido. — Mas também ao fato de renegá-la todos esses anos em que ela está trabalhando ao seu lado!... Sério... eu não consigo entender como você teve coragem de fazer isso... Como pôde rejeitar uma mulher tão incrível como a Sara, seu covarde! - revoltado, Greg o insultou em um elevado tom de voz. — Ela te amando e você a empurrando pra longe como se ela tivesse uma doença contagiosa.

Aquela comparação fez com que Grissom se sentisse débil, irritado e enojado consigo mesmo. Suas atitudes de outrora para com a mulher que ele ama, foram as piores possíveis e dignas de revolta mesmo, pudera Greg está tão revoltado.

— Eu queria ter tido a sua sorte, dela me amar na época em que eu era apaixonado por ela. Porque se isso tivesse acontecido... - Seus olhos encararam um ponto qualquer da sala e um breve sorriso lhe escapou ao lembrar da época em que sua amiga era seu amor platônico. Perdeu as contas de quantas vezes sonhou ter alguma coisa com ela. Mas a paixonite acabou se transformando em um amor de amigo/irmão. E por ela, ele era capaz de enfrentar quem quer que fosse para defendê-la. Até mesmo o homem diante de si, por quem sempre nutriu um respeito absurdo e uma gratidão enorme pela oportunidade que ele lhe deu de virar CSI. — Pode ter certeza de que eu jamais ia rejeitá-la como você fez, Grissom. - Sanders voltou a encarar seu ex-supervisor com seriedade. — Muito pelo contrário... eu ia amá-la, fazer de tudo que estivesse ao meu alcance para que ela fosse feliz comigo, porque ela merece a felicidade... o mundo... alguém que a ame sem medo, sem covardia... E você - Greg enfatizou a última palavra apontando com o indicador na direção de Grissom. — não é essa pessoa. Você não a merece. Não merece o amor dela... Não merece nem ao menos a consideração, o respeito e amizade dela... Você não merece nada da Sara!... Ou melhor, merece, sim. Sabe o que merece, Grissom? - em apenas três passadas largas, Greg já estava parado diante do diretor. O rosto transfigurado em uma raiva visível e os olhos faiscando em fúria. — Você merece é vê-la sendo feliz com outro, seu covarde mentiroso!

Àquela altura a cabeça de Crissom já doía bem mais por tudo o que vinha ouvindo. As duras, mas verdadeiras palavras proferidas por seu ex-comandado só fizeram com que se sentisse pior do que antes. Sabia que tinha sido um covarde mentiroso e tudo mais de pior; que só agiu errado e, provavelmente, não merecia Sara. No entanto ter isso esfregado em sua cara só lhe fez sentir-se mais miserável e envergonhado de suas atitudes anteriores.

— E pela primeira vez na sua vida... faz alguma coisa de boa pela Sara... Fica longe dela... Você já a machucou bastante... Portanto, deixe a minha amiga em paz. - Com seriedade, Greg finalizou com o dedo indicador em riste apontado para o rosto de seu ex-supervisor.

Houve um breve instante de silêncio onde os dois homens ficaram se encarando após as últimas palavras de Sanders. E então, Grissom se pronunciou, mas não para se defender ou algo do tipo, até porque sabia que não havia defesa para seus atos do passados. Apenas queria pôr um fim naquele silêncio e, principalmente, naquela conversa.

— Se já terminou de dizer tudo o que queria... Então melhor ir embora. Sua supervisora deve estar lhe esperando.

Tudo que mais desejava no momento era só que Greg e sua irá explícita por ele sumissem de sua frente. Não ia entrar em discussão com o jovem perito, muito menos, ficar dando explicações ou justificativa de seus atos para Greg. A quem tinha que fazer essas coisas, era para Sara e assim o fez ontem.

—  É... eu vou mesmo... Mas está avisado!

Greg manteve o dedo apontado na direção de Grissom e logo em seguida lhe deu as costas, dirigindo-se a saída da sala. Ao tocar na maçaneta, o jovem se deteve por um breve instante, pensando se abria aquela porta e simplesmente saía ou dava meia volta e concluía aquele papo todo com Grissom da forma que sua mente lhe ordenava. Ficou naquele impasse, travando uma luta interna por cinco segundos, até que por fim, tomou sua decisão.

"Você vai comer meu fígado, Sara... Mas dane-se! Grissom merece isso."

Ele se voltou em passadas rápidas até o diretor e antes que Grissom esboçasse qualquer reação, Greg o acertou com um soco no mesmo instante em que Catherine abria a porta da sala.

— Greg! - a supervisora ficou chocada com a cena que acabava de presenciar. Ela tinha vindo chamar seu subordinado, já que seus dez minutos tinham se esgotado e se deparava com Sanders agredindo Grissom. — Mas o que está acontecendo aqui? Ficou louco?!

Com um olhar severo ao seu subordinado, ela se apressou em ir até Grissom que tinha uma mão apoiada a mesa enquanto a outra lhe cobria a boca, local acertado pelo soco de Greg. 

— Isso ainda é pouco. Ele merece é mais por ser um idiota, Catherine.

— Chega!... Saí e me espera no estacionamento. - Ordenou a supervisora. — Agora, Sanders! - insistiu quando o subordinado não se moveu.

Assim que ele saiu, Catherine se virou para Grissom.

— O que houve aqui?

— Não importa!

— Como não, Grissom? Por que ele te agrediu?

— Ele já disse... Fui um idiota... Mereço muito mais do que apenas um soco.

Sem dar mais qualquer explicação, ele apanhou sua pasta e saiu cabisbaixo da sala, deixando sua amiga completamente confusa e curiosa.

Momentos depois, Catherine estava dirigindo para a cena de crime com Greg no banco do carona de sua SUV. A supervisora cobrava explicações, mas Sanders estava irredutível em dizer qualquer coisa. Nem em sonho que ele ia abrir a boca. Era capaz de Sara acabar de vez com ele e ainda ocultar seu cadáver. Já podia imagina-la soltando cobras e lagartos somente por ter ido contra seu pedido. E se soubesse que ainda abriu aquela história dela para Catherine, seria seu fim muito provavelmente.

Catherine insistiu o quanto pôde, mas acabou se rendendo diante das seguidas respostas de Greg dizendo: "Não vou falar!"

— Não quer falar? Tudo bem. Mas eu vou descobrir. - Foram as palavras finais dela antes de abrir a porta e sair do carro após estacionar o veículo.

— Boa sorte! - desejou baixo Sanders antes de sair do carro.

***

Sentado em seu sofá, cabeça apoiada no encosto do móvel, um copo de uísque na mão esquerda, o terceiro diga-se de passagem, gravata afrouxada, ele tinha um olhar perdido no teto de seu apartamento.

"...Você não a merece. Não merece o amor dela... Não merece nem ao menos a consideração, o respeito e amizade dela... Você não merece nada da Sara!..."

Já tinha perdido as contas de quantas vezes aquela fala dura de Greg tinha ecoando em sua cabeça. Desde qua saiu do laboratório esse 'discurso' vinha a todo instante tirar sua paz e beliscar seu coração. No fundo, por mais doloroso que fosse, ele sabia que a fala do jovem CSI carregava seu grandíssimo fundo de verdade.

Ele não a merecia mesmo! Talvez, jamais fosse merecedor dela.

Tinha errado bastante com ela. E não foi uma vez apenas. Foram várias! E agora a conta pareceu chegar. Um preço salgado, que poderia lhe custar a felicidade.

Demorou para abrir os olhos e quando o fez ainda foi de maneira equivocada. Jamais uma mentira seria a melhor forma de se aproximar de Sara. Ele era ciente daquilo desde o início, mas mesmo assim caiu na ilusão de que pudesse dar certo aquele plano maluco de seu amigo, mas não deu. A descoberta da verdade por parte de Sara a deixou com raiva dele. E sabe lá até quando isso ia durar.

"...Fica longe dela... Você já a machucou bastante... Portanto, deixe a minha amiga em paz."

Seria aquilo um desejo dela compartilhado com Greg, e que o jovem fez questão de jogar em sua cara?

— Que não seja! - ele murmurou, sentindo uma dor profunda no peito ao imaginá-la proferindo tais palavras com lágrimas nos olhos e a voz embargada. — Será que você vai ser capaz de me perdoar?

Ele encarou o vaso de violentas-africanas, que Sara não fez questão alguma de ficar e que ele trouxe consigo. A planta agora enfeitava sua mesinha de centro, mas seu desejo era de em um futuro próximo, quem sabe, ver aquela planta enfeitando algum móvel da casa de Sara.

***

Assim que ela se instalou em seu aconchegante e bonito quarto no Hotel Hampton, lá pelas onze e pouco da noite, a primeira coisa que fez, foi enviar uma mensagem de texto para Greg lhe avisando que já estava na cidade. Achou mais prático a mensagem do que ligar, até porque àquele horário ele estaria no laboratório e não queria lhe atrapalhar.

Depois do envio da mensagem, ela largou o celular sobre a mesinha ao lado da cama e decidiu tomar uma ducha antes de se render a convidativa e macia cama.

Sob os jatos mornos de água, ela só conseguia pensar que amanhã estaria diante do homem que realmente conheceu pelo site de bate-papo.

No fundo estava bastante apreensiva e nervosa pelo encontro. E se ele nem se lembrasse mais dela? Ficaram de papo apenas por uma semana e depois disso, Grissom tomou o lugar dele e não trocaram mais qualquer mensagem. Já tinham se passado quase três meses desde que isso aconteceu.

Será que ele ia gostar de vê-la ali?

E se ela acabasse descobrindo que o entrosamento que virtualmente eles tiveram, não era o mesmo pessoalmente?

E que vir para conhecer Arthur não fora uma boa ideia? 

Ela balançou a cabeça para afastar todos aqueles questionamentos ou então enlouqueceria com tudo aquilo.

Terminou seu banho e minutos depois estava acomodada na cama de colchão macio. Com o celular em mãos, ela tratou de abrir a mensagem que Greg havia lhe enviado enquanto estava no banho.

"Ok. Cuidado aí e mantenha sua promessa de entrar em contato comigo todo dia. Caso contrário, eu apareço no Alabama a sua procura."

Ela caiu na risada ao ler a parte final da mensagem. Greg era o exagero em pessoa, mas no fundo entendia sua super proteção. Em seguida lhe mandou um "Sim, senhor papai. Eu te ligo!",  como resposta e escrito em letras garrafais, acompanhado de um emoji mostrando a língua.

"Engraçadinha!", Foi a resposta dele segundos depois acompanhado do mesmo emoji que ela tinha lhe enviado.

Eles trocaram um "boa noite" em despedida e logo depois, Sara já se ajeitava para dormir.

Enquanto isso em Las Vegas seu amigo Greg se recriminava em pensamento por não ter dito logo a Sara o que fez. O risco de possivelmente ser esganado pela amiga seria nulo com ela há milhas de distância dali. Porém, decidiu deixar para contar quando ela retornasse do Alabama. Assim teria tempo suficiente para se preparar psicologicamente para o baita esporro que ia levar.

"Espero que você me entenda, Sarinha.", Pensou Sanders.

***

Las Vegas, Nevada

"O coração batia descompassado enquanto os olhos úmidos, deixava explícita a emoção e a alegria que sentia por estariam ali, juntos. Ele viu quando os lábios dela se curvaram em um sorriso lindo, no instante em guardou seu rosto entre as mãos.

"Amo você!"

Ele sorriu tímido, abobalhado... Encantado!

Ouvir aquelas palavras saindo da boca dela foi como subir ao céu e descer tão lentamente de lá feito uma pluma. E pensar que em sua total ignorância e covardia, ele achou que mantê-la longe era o melhor. Mas não era! Nunca seria!

"Eu também amo você... Demais!"

Seus lábios tocaram os dela em um beijo ansiado desde de certa festa de encerramento na Universidade de Harvard anos atrás. Seus braços a envolveram em um abraço apertado enquanto se aprofundavam no beijo.

Então, ele começou a ouvir um som estranho e que parecia distante, mas que aos pouco foi ficando mais perto e mais perto... E mais perto.

DRIM..."

Ele acordou assutado com o toque estridente do despertador. Se apressou em desligar o aparelho barulhento descansando em cima da móvel ao lado da cama.

— Droga! - praguejou ao sentir a cabeça doer por se levantar rápido para desligar o despertador.

Ele se sentou a cama e  suspirou encarando seu reflexo ainda sonolento, refletido no espelho situado na porta do guarda-roupas. 

Um sonho! Tinha sido apenas um lindo e perfeito sonho com ela.

Será que ainda havia chance de aquele sonho vir a se realizar? Ou ele havia arruinado essa possibilidade com seus erros do passado e a mentira de se passar por um amigo virtual?

Ele torcia para ainda haver uma luz no fim do túnel e que nem tudo estivesse tão perdido quanto aparentava, porque do contrário aquele sonho bonito jamais se realizaria.

Por mais alguns segundos, Grissom ainda permaneceu na cama, até se levantar e cuidar de tomar seu banho para ir trabalhar.

Coisa de quarenta minutos depois ele já estava no laboratório.

— Bom dia, doutor Grissom. Deixei mais cedo em sua mesa um envelope que chegou em seu nome.

— Ah, sim. Obrigado, Juddy.

Ele seguiu pelos corredores rumo a sua sala. Assim que entrou em sua sala deu de cara com Catherine de pé, encostada a sua mesa, braços cruzados e uma expressão nada boa.

Que ótimo!

Ele tinha certeza do motivo de ela estar ali a sua espera. Só que sinceramente, não estava nenhum pouco a fim de ser interrogado logo de manhã por sua amiga. Havia extrapolado ontem nas doses de uísque e isso estava lhe rendendo uma baita dor de cabeça.

— Bom dia! Já não devia ter ido? Seu turno acabou há uma hora. - Ele se aproximou de sua mesa e consequentemente, de Catherine. Podia sentir o olhar de sua amiga repousando sobre si enquanto depositava na mesa suas pastas que havia levado ontem para casa. Acabou não conseguindo olhar aqueles papéis e ia ter que fazer isto ali no laboratório mesmo, o quanto antes diga-se de passagem, para que fossem despachados.

— Eu quero falar com você... sobre ontem.

Ela foi direto ao ponto. Já que Greg não quis falar, ela recorreu a Grissom. Tinha lá suas dúvidas sobre conseguir arrancar dele alguma coisa. Porém não custava nada tentar. Agradecia ao fato das persianas da sala estarem abaixadas ontem, pois assim mais ninguém além dela pode presenciar Greg agredindo o diretor. Caso contrário o falatório seria grande no laboratório e Sanders estaria em sérios problemas. Se bem que, a supervisora achava que seu subordinado continuava em maus lençóis pelo que fez.

— Mas eu não quero, Catherine. - Rebateu enquanto apanhava da mesa um envelope azul escuro, que desconfiou ser o que Juddy havia deixado ali, já que nele se lia o nome do diretor.

Mesmo que Catherine fosse sua amiga de longa data, com quem por algumas vezes já compartilhou coisas particulares, Grissom não tinha qualquer pretensão de tocar no assunto mencionado por ela. Aquilo era particular demais. Sem contar que envolvia Sara. Ele não ia expô-la à Catherine.

— Como não, Grissom? - indignou-se a supervisora com a fala do amigo e o fato de ele sequer lhe dirigir o olhar. — Greg te agrediu!... O que motivou isso?

Ele não respondeu, sua atenção estava no papel que puxou do envelope. Tratava-se de um convite para ir depois de amanhã a Los Angeles representando o laboratório, com a finalidade de participar de um evento do governo durante quatro dias. No convite ainda estava expresso que sua presença era indispensável.

— Quer fazer o favor de me responder. - Catherine se aborreceu com o pouco caso dele.

Ele ergueu os olhos do papel nada contente por ela está lhe cobrando explicações que ele não achava que devia dar. E ainda tinha aquele convite inesperado. Detestava esses 'eventos' do governo porque sempre se resumiam a politicagem e Grissom odiava política. Mas agora como diretor do laboratório, ele não teria escapatória desse tipo de coisas. Mesmo que não fosse do seu agrado teria que ir. 

— Catherine o que ocorreu ontem é um assunto que só diz respeito ao Greg e eu. - Ela já ia contra-argumentar, mas Grissom se antecipou. — E não adianta você  insistir, que não vou contar nada. Lamento!

— Entendo que não queira me falar, mas o que aconteceu aqui foi grave.

Ela não precisava lhe dizer, porque ele sabia. No entanto não queria levar isso adiante.

— Vamos só esquecer o que houve. Fingir que não aconteceu, Catherine.

— Esquecer?... Isso significa que não vai tomar qualquer providência quanto ao que ele te fez?

— Não!

— Nem ao menos uma advertência ou suspensão?

Por mais que Catherine tivesse um apreço enorme por Greg, ela sabia que o ato de seu subordinado merecia uma punição. Ele agrediu fisicamente um superior. Aquilo no mínimo era justa causa sem poder de negociação. Mas pelo visto Grissom não demitiria o perito. Então, ela imaginou que Sanders receberia ao menos uma punição mais branda. Só que para sua surpresa nem isso viria.

— Nenhuma coisa e nem outra. Como eu disse antes... Vamos fingir que não aconteceu nada ontem. É o melhor a se fazer.

Ele não queria prejudicar Greg, por isso mesmo o pedido de esquecer o fato. Caso aquela história vazasse e caísse em ouvidos que não devia, o jovem perito seria demitido. E isso não é algo que Grissom apreciaria ver acontecendo. Greg é um bom perito e com um futuro promissor, e manchar seu currículo com uma justa causa, não seria algo benéfico a sua carreira.

Além do mais, o diretor era bastante ciente de que a ação de Greg nada mais foi do que uma reação destemperada ao que ele, Grissom, fizera a Sara. Sanders apenas estava defendendo uma amiga. Assim como certa vez, o próprio Grissom já fez em pleno laboratório ao defender Catherine de Eddie, o ex-marido da supervisora.

— Bom... Se você que apanhou, acha que o melhor a fazer é fingir que não aconteceu nada, quem sou eu para ir contra. - A supervisora deu ombros um tanto insatisfeita por não saber o motivo da agressão de Greg em Grissom.

— E, por favor, sem comentários sobre isto com ninguém do laboratório, nem mesmo com Nick ou Warrick. Não quero que isso chegue aonde não deve.

— E prejudique o Greg?

— Exato!

— Por que está passando a mão assim na cabeça do Greg?

Ele tinha suas razões, só não ia contar a ela.

— Preciso trabalhar, Catherine.

A supervisora ergueu as mãos em rendição diante da cortada seca dada pelo amigo.

— Bom... Tentei, mas arrancar algo de você é tão difícil quanto arrancar de um suspeito de crime!... Vou indo nessa então. Espero que você e Greg se resolvem e sem socos. Até mais.

O diretor apenas se limitou a acompanhar com o olhar sua amiga até ela sair de sua sala.

***

Tuscaloosa, Alabama

Era por volta das nove da manhã, quando ela caminhava pelos corredores da Universidade do Alabama, rumo a reitoria. Um aluno havia lhe apontado o caminho e lá estava ela indo ao encontro do Arthur que ela realmente conheceu no site de bate-papo.

A proximidade cada vez maior do encontro, só fazia seu nervosismo ir aumentando. E enquanto seguia até onde ele estaria, Sara se questionou o motivo para ter vindo mesmo ali.

Por que vir?

O pior foi que não conseguiu encontrar de imediato uma resposta plausível. Assim como também, não encontrou uma resposta quanto ao que buscava com esse encontro com o verdadeiro Arthur do site.

As coisas ainda andavam bem confusas para ela e dentro de si, assim como os sentimentos que havia adquirido.

Vai ver que, no fim das contas, esse encontro fosse para isso... 'Desconfundir' as coisas!

— Bom dia! - Sara cumprimentou a mulher que estava de pé do outro lado da mesa e com uns papéis em mãos. — O reitor se encontra?

Com um sorriso simpático, a atendente confirmou que homem estava em sua sala.

— Você poderia avisá-lo que a Sara Sidle de Las Vegas está aqui e gostaria de falar com ele?

— Claro! Estou indo neste momento levar estes papéis à sala dele e dou o seu recado. - Informou a atendente de grandes e expressivos olhos pretos, escondidos atrás das lentes de seus ósculos de grau.

Sara assentiu e viu a outra mulher seguir poucos passos até uma porta, e abri-la após dar duas batidas antes, sumindo logo depois para dentro da sala.

Enquanto aguardava o retorno da outra mulher, Sara começou apertar as mãos em nervoso e ansiedade. Será que Arthur se recusaria a recebê-la? Razão para fazer isso, ele não teria. Ou será que teria?

Ela achava pouco provável que tivesse. A não ser... Grissom! Ela se recordou que seu ex-supervisor havia dito que por amizade a ele, Arthur se afastou e deixou de falar com ela. Talvez pelo mesmo motivo, quem sabe, ele também optasse por não lhe receber agora. E caso realmente, ele não a recebesse, só restaria a ela ir embora com a certeza de que foi a segunda pior das decisões ter vindo. A primeira ficava por conta de ter entrado naquele bendito site.

Um minuto de espera se passou...

Depois mais outro e outro...

Então Sara viu a mulher sair da sala e vir em sua direção.

— O senhor Barth pediu que entrasse. - comunicou a mulher.

Sua viagem até ali não seria em vão. Ele ia recebê-la.

— Obrigada! - ela agradeceu a atendente e seguiu o caminho feito pela outra mulher segundos atrás.

No instante em que pôs os pés dentro daquela sala, Sara o avistou de imediato. Ele a aguardava de pé ao lado de sua mesa; apertava as mãos ao mesmo tempo em que esboçava um sorriso, que a perita podia apostar que era tão nervoso quanto o que ela própria ostentava.

Um passo apenas foi o que ela se atreveu a dar para se afastar um pouco da porta, então estancou. Permaneceu parada por longos segundos, olhando em silêncio para Arthur enquanto ele fazia o mesmo que ela. 

O reitor ainda estava em choque com a presença de Sara ali. Quando Cindy, sua secretária, o informou que havia uma Sara Sidle de Las Vegas lá fora querendo falar com ele, Barth levou um susto danado e quase não acreditou no que ouviu da mulher. Chegou inclusive a pedir para Cindy descrever como era fisicamente a mulher mencionada por sua secretária. Quando ela o fez, a descrença caiu por terra e só restou para Arthur a certeza de que... realmente lá fora estava a mulher com quem trocou mensagens por alguns dias, a mesma por quem seu velho amigo Grissom era apaixonado.

— Oi... Sara!


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