Conectando-se escrita por Dri Viana


Capítulo 16
Capítulo 16 - Amigo estou aqui


Notas iniciais do capítulo

Depois desse só restam mais dois.



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Mesmo estando em seu apartamento na boa e agradável companhia da namorada, assistindo a um seriado engraçado o qual adorava, ainda assim Greg não conseguia se entregar a diversão por completo. Seu corpo estava ali, mas a cabeça longe, muito longe! Mais precisamente em um restaurante na Strip onde sua melhor amiga estava se encontrando com um sujeito que ele não fazia ideia de quem fosse.

"Devia ter ido junto!"

Mas sua amiga rechaçou completamente essa sua ideia, mesmo ele alegando que não pretendia ficar junto com ela, se acomodando em uma mesa distante, apenas para garantir a sua segurança. Ela não aceitou.

"Não, Greg!"

A todo momento ele se forçava a pensar que nada de ruim ocorreria nesse tal encontro de sua amiga, porque do contrário aquele sujeito do Alabama ia se arrepender amargamente de ter vindo de longe para fazer algum mal a sua Sarinha.

Preocupado com sua amiga, o jovem só ia sossegar quando a perita ligasse, avisando que estava em casa. Ele ainda deixou bem claro que queria que ela ligasse. Nada de mensagem de texto! Segundo Sanders, queria ouvir a voz de Sara e ter a certeza de que era ela e que havia chego bem.

"Você não acha que está sendo meio paranoico, não Greg?", ela o interpelou, rindo enquanto se falavam ao telefone poucas horas antes de sair de casa para o encontro com Arthur.

"Estou sendo cuidadoso. É diferente.", rebateu na ocasião.

"Ah, super diferente!", zombou Sara.

— Greg!

O leve aperto em sua coxa direita tirou Sanders da lembrança daquele divertido diálogo de mais cedo com sua amiga.

— O que foi? - assustado, ele olhou de imediato para Sheryl que não escondeu um riso gracioso de seu espanto.

— A campainha! Terceira vez que toca.

— Caramba! Deve ser a pizza que pedimos.

Dando um pulo do sofá, Sanders se encaminhou até a porta sob o olhar divertido de sua namorada.

— O porteiro nem interfonou.

— Ah, é que o interfone está com defeito, gata. Amanhã vem um técnico ver isso. - Informou antes de abrir a porta e se deparar com uma Sara de expressão abatida e olhos avermelhados, que claramente mostravam que havia chorado recentemente. — Sara?? O que aconteceu?

Ela não respondeu apenas o abraçou apertado e começou a chorar.

— Você está me assustando, Sarinha. - Com um dos pés, Sanders empurrou a porta para fecha-la enquanto retribuía o abraço de sua amiga. Por cima dos ombros dela, ele pode ver Sheryl os observando com um vinco na testa e um olhar confuso.

— Ele é uma farsa, Greg. O tempo estava mentindo pra mim.

O loiro não precisou de mais explicações para saber bem de quem ela falava. Uma raiva logo se apossou de Sanders.

— Ah, droga! Eu sabia!... Sabia! - Greg cerrou um dos punhos e desejou socar a cara do infeliz responsável pelas lágrimas de sua amiga.

— Eu devia ter te escutado desde o começo, Greg. Mas fui tola e me deixei envolver.

— Ei! Você não é tola. Só cometeu o erro de acreditar demais na conversa fiada de um cara que deve ser acostumado a enganar mulheres pela internet. 

Pior que não era este o caso.

Grissom nem de longe cabia em tal descrição, tanto que ela ainda estava incrédula e assustada com a descoberta de que seu chefe se passou por um amigo virtual para se aproximar dela.

Se perguntou como será que Greg reagiria quando soubesse disto também?

O som da campainha privou Sara de tentar descobrir isso de seu amigo.

— Você está esperando alguém? - ela desfez o abraço, se afastando de Greg o suficiente para se encararem.

— O entregador da pizza. Sheryl e eu pedimos uma há mais de meia hora.

Sara se virou para o interior da sala e só então, foi perceber a presença da namorada do amigo no apartamento.

— Oi, Sara! - a moça tomou a iniciativa do cumprimento, já que a amiga de seu namorado não o fez. Havia ficado preocupada com o estado da amiga de Greg. Sentiu ímpetos de questionar o que havia acontecido com a outra mulher. Só que apesar de se darem bem, Sheryl achou que seria invasão demais a privacidade de Sara tentar saber o motivo de seu pranto.

— Hã... Oi... Sheryl! - meio seu graça a morena cumprimentou a outra mulher, enxugando o rosto com uma das mãos. Sentiu-se constrangida pela presença da moça e xingou-se mentalmente por não tê-la notado antes ali. — Desculpa, eu achei que o Greg estivesse sozinho. Devia ter ligado antes de vir. - ela se virou para o amigo que acabava de fechar a porta após pagar a pizza. — Eu vou embora, Greg. Depois a gente conversa. Não quero atrapalhar o programa de vocês.

Sem esperar por resposta do amigo, a perita morena saiu com pressa do apartamento dele.

Em questão de minutos ela já estava dentro de seu carro, dirigindo para sua casa de onde não devia ter saído aquela tarde.

Já em seu apartamento, deitada em uma cama fria, ela se permitiu extravasar sua decepção e raiva em mais algumas lágrimas.

Quase três meses de mentira!

E ela inocente compartilhando suas confidências, intimidades, particularidades, algumas alegrias e outras tristezas com alguém que julgava ser uma nova e sincera amizade conquistada.

No meio de tudo isso, ela se sentiu até aliviada por saber que as revelações que fez sobre seus sentimentos por seu chefe, não foram feitas ao próprio, já que segundo Grissom a primeira semana de conversa dela foi com o amigo dele.

Porque era só o que lhe faltava, ter partilhado suas tristezas sobre seu amor não correspondido por ele ao próprio Grissom. Se bem que o amigo dele poderia perfeitamente, ter contado aquelas coisas.

"Acho que ele não fez isso! Ou será que fez?... Ah! Se fez também, dane-se agora!"

Pouco lhe importava mais isso. O mal já estava feito mesmo. Seu coração havia se partido em troçentos pedaços e todas as ilusões que criou, foram quebradas da pior forma.

Ela sentia raiva de Grissom. Da mentira. De ter sido enganada daquela forma por ele!

De repente, em um ato impensado, Sara buscou seu celular de dentro da bolsa, jogada aos pés da cama. Com o aparelho em mãos, ela destravou a tela do celular e procurou o contato salvo como "Arthur" e o apagou sem qualquer hesitação. Em seguida fez o mesmo com o de Grissom. Porém segundos depois, este último contato era salvo outra vez. Ele ainda era seu superior. Não podia apaga-lo dali, por mais que quisesse e...

— Ah, céus!

O celular caiu de sua mão, ganhando o colchão macio enquanto as mãos de Sara foram de encontro ao rosto.

O lamento que acabara de deixar escapar, era por se recordar que em pouquíssimos dias estaria de volta ao trabalho e, as chances de topar com Grissom por lá seriam grandes.

Tão cedo queria poder não encontra-lo depois de hoje, porem nem sempre o que se quer é o que se tem.

Ao menos lhe confortava o fato de que agora como diretor do laboratório, ela não correria tanto risco de ver e ter tanto contato com Grissom, como seria se caso ele ainda fosse seu supervisor, mas ainda assim o veria pois ele estaria lá no laboratório.

Mas ela evitaria ao máximo qualquer aproximação ou contato com ele dentro do laboratório quando retornasse ao trabalho e fora dele também. Estava magoada, ressentida e com total razão. Ele brincou com ela e seus sentimentos, algo que não se faz. Errou e desta vez seu erro, foi uma rasteira que ela não esperava. Precisaria de tempo para se refazer de hoje. E esperava que ele respeitasse isso.

***

— Greg?

Sara encarava confusa seu amigo após abrir a porta e se deparar com o CSI segurando uma caixa com a logo de uma pizzaria conhecida.

Tinha vindo a cozinha pegar um copo de água para tomar junto com um remédio para dor de cabeça, quando escutou a campainha.

— Posso entrar? - ele não deixou de notar os olhos inchados e vermelhos que ela exibia. Mais raiva sentia ainda desse tal Arthur.

Ela lhe concedeu passagem e fechou a porta.

— O que faz aqui?

Fazia pouco mais de meia hora que ela tinha vindo de sua casa as pressas. Se sentiu tão sem graça de ter interrompido o encontro de seu amigo com a namorada. Não imaginou que ele estaria com Sheryl.

— Vim ficar com você. Ser seu ouvinte e ombro amigo enquanto dividimos esta pizza de Margherita... Que por sinal já deve ter esfriado.

— Mas e a Sheryl?

Ele deu um meio sorriso.

"Assim que sua amiga saiu do apartamento, ele quis ir atrás dela para saber direito aquela história toda de Arthur ser um farsante. Porém, se deu conta da presença de Sheryl. Não podia simplesmente largar sua namorada ali, quando foi ele mesmo quem a chamou para vir lhe fazer companhia.

— Greg!

Ainda atônito pela saída intempestiva de Sara, ele se virou para encarar Sheryl.

— O que foi isso? O que houve com a Sara?

— Ela... — Ele fez uma pausa e se deu conta de que não podia contar a verdade sem o consentimento de sua amiga. O assunto era particular demais. Desculpa, gata. É coisa dela e não... Me sinto confortável em dizer. Você me entende?

Ela assentiu.

— Claro, eu entendo sim. - De forma alguma ela ficaria chateada com aquilo. —  Ela me pareceu que precisava de você. E você pelo visto está muito preocupado com ela.

Foi a vez dele assentir.

Tudo o que queria era saber o quê, exatamente, aquele bastardo do Alabama fez à sua amiga. E dependendo do que foi, esse cara estaria ferrado em sua mão.

— Quer ir atrás dela?

— Mas e você? Eu não...

Ela ergueu a mão fazendo o namorado parar de falar.

— Não se preocupe comigo. Sara precisa mais de você do que eu nesse momento. E como melhor amigo dela, você tem por obrigação está ao seu lado. Por isso, eu vou pra casa e você vai atrás da sua amiga.

Você não vai ficar chateada com isso?

Como vou ficar chateada, se eu mesma estou sugerindo que vá. - Com um sorriso enfeitando seus lábios delicados, ela se pôs de pé.

— Você é incrível, Sheryl! - ele foi até a namorada e a abraçou. — Faço questão de te levar em casa. E depois vou lá com a Sara.

— Aceito a carona. E leva a pizza pra ela."

— Eu a deixei na casa dela.

— Greg - Sara se sentiu mal por ter estragado o encontro do amigo. — Não devia ter dispensado sua namorada pra vir aqui.

— Na verdade foi ela quem disse pra eu vir. - ele revelou, dirigindo-se até a mesinha de centro postada diante do sofá. Segundo a Sheryl, você claramente precisa de mim e sendo eu seu melhor amigo, devo estar aqui do seu lado.

Enquanto contava aquilo, Sanders afastava alguns bibelôs para depositar a caixa da pizza.

Sara achou de uma delicadeza pura  da parte de Sheryl aquele gesto. Se antes já simpatizava e gostava da recepcionista, agora mais ainda.

— Ela é uma boa pessoa. Vê se não perde essa garota.

Greg se virou para a amiga e abriu um sorriso. Tinha muita sorte de ter conhecido Sheryl. Estavam juntos há tão pouco tempo, mas o suficiente para ele estar apaixonado que nem bobo.

Perder a Sheryl está fora de cogitação. - ele rebateu com uma piscadela e um sorriso de lado.

Minutos depois, eles estavam empunhando cada um, uma lata de refrigerante e se servindo de uma fatia de pizza que precisou ser aquecida no micro-ondas.

— E então... Me conta como foi tudo.

Sara suspirou e desviou o olhar do amigo para a lata de refrigerante diet em sua mão.

Não era somente contar a Greg como tinha sido o encontro de horas atrás e consequentemente, revelar que seu amigo virtual, na verdade se tratava do chefe deles. Havia uma história muito maior por trás disso. Algo desconhecido por Sanders que envolvia o antes dela chegar no laboratório e o depois. Sendo que nesse "depois" estava incluso anos de frustração, rejeição e sofrimento por um amor que muitas vezes, ela julgou não ser correspondido.

Ela não fazia a menor ideia de como contar todas aquelas coisas ao seu amigo, mas sabia... Precisava falar, botar para fora os fatos desconhecidos e escondidos todos esses anos dele.

E o curioso nisso é que pareceu tão fácil contar a Arthur sobre aquilo tudo, sem reservas, sem medos. Mas agora ela sentia dificuldade em começar a falar. Talvez porque o amigo virtual era um desconhecido. Greg não era! Ele era seu amigo de anos e pior, conhecia e convivia com Grissom tanto quanto ela.

Vendo a hesitação de sua amiga, Greg achou por bem deixa-la a vontade para não contar nada se não quisesse.

— Sara se não quiser falar nada agora, eu vou entender e respeitar. Não se sinta obrigada a nada.

Ela ergueu os olhos para encarar seu amigo. Greg ainda era tido por alguns como um palhaço e brincalhão incorrigível. Mas o que muitos desconheciam era que em sua essência, ele também sabia ser maduro e falar sério quando era preciso. Sabia aconselhar muito bem. E ser um ombro amigo incrível.

Daquele jovem rato de laboratório, que ela conheceu, o qual descaradamente arrastava um caminhão sem freio por ela, pouco havia restava. Seu amigo tinha evoluído e amadurecido nesses anos que ela já o conhecia. Virou CSI, esqueceu a apaixone por ela, ganhou respeito da equipe de peritos a qual ele passou a fazer parte e até arrumou uma namorada. Uma evolução e tanto para alguém que ela viu não ser levado tão a sério logo que chegou ao laboratório a pedido de Grissom.

— Eu vou te contar tudo! - ele merecia a verdade. Era seu amigo, melhor amigo e nada mais justo do que partilhar com ele toda a verdade. — Me ouve sem interrupções, tá bem?

— OK!

Enquanto ela começava a sua narrativa ao amigo... em outro apartamento distante dali, Grissom também desabafava sua tristeza e frustração pelo ocorrido no encontro, ao telefone com o amigo dele. 

— Ela reagiu da pior forma possível, Arthur. Bem como eu imaginei.

Ele não conseguia tirar a imagem daqueles olhos castanhos raivosos dirigidos a ele. Ela o odiava! Essas palavras se repetiam insistentemente em sua mente desde que a viu entrar em seu carro e partir logo após a verdade ser revelada.

— Poxa vida! Eu lamento, amigo. Me sinto até culpado, porque foi eu quem deu a ideia disso e insistiu tanto para você embarcar nessa doideira.

— Na verdade o único culpado nisso tudo sou eu, Arthur. Se em alguma das inúmeras vezes que Sara deixou claro seus sentimentos por mim nesse tempo em que já trabalhamos juntos, eu tivesse aberto a boca pra dizer que também sentia o mesmo por ela, nós estaríamos juntos e não haveria necessidade alguma desse plano todo.

A sua covardia do passado, estava lhe custando caro no presente. E quem sabe até tenha aniquilado um possível futuro com a mulher que amava.

— Eu posso ligar pra ela e...

Na mesma hora Grissom o interrompeu.

— Não faça isso, Arthur!... Eu mesmo vou tentar reparar isso. Só não sei se vou conseguir consertar essa situação toda com ela. Sara ficou muito abalada com a descoberta. Acho até que me odeia.

— Não acho que seja para tanto.

Se ela mesma lhe confessou que apesar de todas as rejeições sofridas, não conseguia odiar o sujeito que amava. Então, Arthur duvidava que agora ela nutrisse um sentimento desses por Grissom.

— Eu disse a ela que a amo e que me apaixonei por ela na palestra em que nos conhecemos... Sabe o que ela me respondeu?

— Que também te ama desde essa mesma palestra?

— Na verdade, ela disse que me amou desde a palestra também. E que seguiu me amando esses anos em que estamos trabalhando juntos, mas que agora... - ele fez uma longa pausa que foi seguida de um suspiro. Lembrar do restante que ela disse horas atrás era doído demais. — ela tinha deixado esse sentimento para trás, porque se apaixonou pelo Arthur. 

— Mas o Arthur é você.

— Foi o que eu disse. E ela rebateu dizendo que precisava de tempo para digerir isso.

— Bom... Então dê esse tempo à ela, bugboy. Espere. Não pressione. Não cobre. E lembre-se do que eu te disse là atrás sobre a real reconquista vir agora, depois que você contou a verdade a ela!... Você vai ter que reconquistar aquela mulher se a quiser volta, camarada!

***

Ela observava seu amigo andar de um lado a outro da sala feito uma fera enjaulada, doida para pegar alguém, mais precisamente Grissom.

Vendo aquele seu estado, Sara até chegou a se arrepender de ter contado exatamente TUDO a ele. E momentos atrás enquanto Greg a ouvia sem fazer quaisquer interrupções como ela bem pediu, Sara pode ver o amigo variar os sentimos conforme a narrativa ia avançando. De início ele demonstrou choque, depois veio a negação e agora a raiva.

— Minha vontade é ir agora na casa do Grissom lhe dizer umas belas verdades na cara e depois deixar um soco de "cortesia" pra ele, que nem eu fiz com aquele palhaço do Hank.

Greg socou o encosto macio do outro sofá. Ele não se conformava com o que seu chefe fez a amiga todos esses anos. Como ele teve a desfaçatez de renegar alguém como Sara e não satisfeito com isso, ainda brinca com ela se passando por um amigo virtual?

Sara ficou assustada com aquela reação destemperada de seu amigo. Greg parecia fora de si como ela nunca tinha visto. Mais ainda se arrependeu de ter aberto a verdade com ele. Não imaginou que seu amigo fosse surtar tanto assim. Óbvio que desconfiou que ele não ia reagir bem, mas em hipótese alguma lhe passou que seria algo tão ruim.

— Greg, por favor, você não vai fazer nada disso.

Ele pareceu ignorar completamente suas palavras enquanto apertava as mãos e repetia sem parar: "como ele teve coragem?"

— Greg! - Sara o chamou em um tom mais firme e enérgico. Ele a encarou com olhos cheio de revolta. — Vem cá!... Senta aqui. - ela bateu no lugar vago ao seu lado no sofá.

Seu amigo veio e se acomodou onde ela indicou. Ela tocou em uma de suas mãos que descansava sobre as próprias pernas dele e se assustou ao senti-la fria e trêmula.

— Me promete que não vai procurar o Grissom, não vai dar soco algum nele... Não vai fazer nada.

— Não vou prometer isso, Sarinha. Sem chance! Ele merece uma lição.

— Por favor, Greg... Estou pedindo... Não faz nada!

Ela não queria seu amigo se envolvendo em uma briga com Grissom. Ainda que seu chefe mereça ouvir poucas e boas, e até mesmo receber um soco, ela jamais ia deixar que as coisas entre aqueles dois chegassem a esse nível. Não seria saudável. Não seria certo e nem aceitável.

Greg suspirou e encarou sua amiga.

— Só porque está me pedindo não farei nada. - ela respirou aliviada por conseguir que ele a atendesse. — Mas saiba que não estou contente com isso. Queria limpar a honra da minha amiga.

Em meio a toda aquela decepção e frustração, regada de lágrimas derramadas, que se tornou seu resto de dia após aquele encontro com Arthur, Sara conseguiu sorrir pela primeira vez. Tudo por conta desse comentário final de Greg e por ver o esforço dele em não sucumbir ao riso pelas próprias palavras que disse.

— Greg só você pra me fazer rir, seu maluco adorável. - ela bateu seu ombro no dele.

— Só por você sorrir já valeu a pena o comentário que fiz.

— Limpar minha honra? Que século você ainda acha que vivemos?

— 18! - ele escondeu o rosto com ambas as mãos.

Novos risos. Depois já sérios Greg quis saber da amiga como ela pretendia fazer com relação a Grissom quando retornasse ao laboratório.

— Manter distância!... Preciso de tempo, Greg. Um tempo pra digerir toda essa história do Grissom ser o Arthur.

— Entendo. Acha que um dia vai conseguir perdoa-lo?

— Acredito que sim. Só acho que ainda vai demorar pra esse dia chegar.

Greg moveu a cabeça em concordância.

— Sabe... por um bom tempo não vou conseguir olhar na cara dele sem sentir raiva por tudo que me contou... Ele foi muito idiota com você.

Ela tinha que concordar com seu amigo.

— Foi mesmo!

— Então podia me deixar dá uma lição nele por isso e tudo mais. - ele tentou faze-la mudar de ideia quanto aquele fato. Queria tanto tirar satisfações com Grissom.

— Sério que vamos voltar nisso?!

Seu amigo sorriu.

— Eu preciso fazer alguma coisa, Sara. Ele merece... Que tal ao invés do soco, eu dar um tapa?

— Não!

— Enfiar o dedo no olho dele?

— Também não! - ela apertou os lábios para não rir.

— Pisão no pé?

— Não!... E não pra tudo mais.

— Ah, me rendo!

— Amém!

Eles riram.

— Obrigada! - Sara disse após cessaram o riso e ficarem em silêncio por um breve instante.

— Por me render?

— Não, seu tonto. - ela bateu com ombro no dele. — Por ser esse amigo maravilhoso. Não sei o que seria de mim sem suas palhaçadas e a sua amizade, Greg.

***

"Ele se chama Bartholomew Arthur... É reitor na Universidade do Alabama..."

Com o notebook descansando sobre suas coxas, Sara digitou as informações na caixa de diálogo do site de busca e, aguardou. Da mesinha ao lado do sofá onde estava acomodada, ela apanhou sua caneca de café feito há minutos atrás e deu um gole na bebida.

"Ele é uma boa pessoa. Alguém fora de sério. Me disse que gostou muito de conversar com você..."

Alguns segundos de busca e então ela tinha a imagem do homem que conheceu no site de bate-papo, e com quem por uma semana conversou.

Ele era bonito. Tinha um sorriso alegre e espontâneo. Olhos acinzentados, rosto escanhoado e cabelos grisalhos. Tirando este último detalhe, que ela não imaginava dado ao fato dele ter dito que era mais jovem do que sua real idade mencionada por Grissom, Sara se aproximou bem da realidade de como ele era quando o imaginou là atrás. 

Na galeria do site da Universidade, ela ainda encontrou mais algumas imagens dele com alguns professores e alunos em seminários e eventos ocorridos na própria Universidade. Ele estava sempre sorrindo em todas as imagens. Algumas de maneira contida, outras seu sorriso era largo e contagiante.

Ela se recordou o quão divertida as conversas eram com ele. Depois estranhou um pouco quando ele não pareceu mais tão engraçado. Agora entendia a razão. Não era mais ele que conversava com ela.

De repente, sem mais nem menos, ela se viu sentindo uma enorme curiosidade de conhecer pessoalmente o primeiro Arthur com quem conversou. Se isso seria uma boa ideia, ela não sabia, mas que a vontade bateu com força, ah bateu.

— Ainda me restam quatro dias de licença. - ela sussurrou avaliando a situação.

Talvez lhe fizesse bem sair por uns dias de Vegas. Respirar outros ares. E de quebra conhecer certo reitor, que se dizia ser apenas um professor de Biologia.

Ela pensou, avaliou por mais um instante e se decidiu em ir. Entrou no site de uma companhia aérea, verificou a disponibilidade de voos para o Alabama e acabou comprando uma passagem para um que ia sair às 18:30 daquele mesmo dia.

Pronto! Estava feito!

Do estofado do sofá, ela apanhou o celular e ligou para Greg contando tal feito. Quando ele soube achou uma loucura ela ir querer conhecer aquele desconhecido.

— Eu sinto que preciso fazer isso, Greg. - argumentou.

— Acho que ao dormir você perdeu o juízo.

— Se quer saber, nem dormi.

Ela passou a madrugada em claros, sem conseguir pregar o olho. Remoendo toda a história contada por Grissom.

— Sinceramente não acho uma boa ideia essa, mas como te conheço e sei que nada do que eu disser vai te fazer desistir dessa loucura, então só me resta te desejar boa sorte.

Também seria legal da sua parte me levar ao aeroporto.

— Isso é abuso de amizade.

Muitas horas mais tarde eles estavam no aeroporto aguardando o chamado do voo de Sara.

— Ainda não acredito que vai realmente fazer isso.

— Você está parecendo um disco quebrado repetindo a mesma música.

Alguns minutos mais de espera e o anúncio do voo foi feito. Os dois amigos se despediram com um abraço e a promessa de Sara sempre estar em contato com Greg. Momentos depois ela já estava devidamente acomodada em sua poltrona macia, assistindo pela pequena janela a aeronave levantar voo.

— Alabama aí vou eu! - sussurrou.


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