Charlie Team - By Goldfield escrita por Goldfield


Capítulo 6
Capítulos 10 e 11




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Capítulo 10

Flash-back.

Igor Konokichev engatilhou a submetralhadora que havia apanhado do cadáver de um segurança. Era possível notar medo e apreensão em seu rosto.

Mas não era esse seu verdadeiro nome. Aquela identidade não era sua.

Estava há oito meses infiltrado naquela organização, e havia assistido a diversas atrocidades cometidas por seus membros. Porém, nada daquilo o afetara. Para um ex-combatente iugoslavo que testemunhara incomparáveis crueldades e covardias em diversas regiões dos Bálcãs, o fato de seus supostos colegas aniquilarem inocentes para enfraquecer a Biocom não lhe chocava. Sabia muito bem o que o ser humano era capaz de fazer em busca de dinheiro, poder e vingança. Helder Orkland Nietparusky era um homem forjado pela guerra, e por isso havia sido escolhido para aquela missão, apesar de no passado ter tido problemas com drogas.

Lembrou-se do dia em que fora chamado por Richard Harrington, chefe do Escritório Central do S.T.A.R.S., para aquela operação. Eles estavam investigando um grupo terrorista internacional em conjunto com o FBI e a NSA. Sabiam apenas que o símbolo adotado pelos criminosos era um escorpião negro, e que o alvo de seus ataques era sempre a Biocom. Nietparusky se infiltrou na organização assumindo a identidade de Igor Konokichev, mas pouco havia descoberto até cinco dias antes, quando o grupo iniciou os preparativos para aquela missão.

Assim que pisou em Metro City, Nietparusky percebeu que não seria uma operação qualquer.

O suposto objetivo dos terroristas era invadir um laboratório da Biocom nos arredores da cidade e sabotar o trabalho de pesquisa da empresa, mas havia algo mais. A missão já estava completa, e o grupo ainda permanecia ali. O líder deles, conhecido apenas como “Eagle Eater”, buscava algum tipo de vingança pessoal naquela missão, além de Boris Kursknavo, ex-agente da KGB que também escondia suas verdadeiras pretensões.

E, para piorar tudo, havia aquele monstro.

As imagens surgiram nítidas na mente de Nietparusky. Presenciara a suposta morte do doutor Vegeta, ao mesmo tempo em que Eater ordenara que eles limpassem o resto do complexo para depois voltarem àquele laboratório com o intuito de apagar os dados de pesquisa através do computador.

Pavell, o hacker da equipe, resolveu voltar sozinho ao local cerca de vinte minutos após terem saído. Tal erro custou sua vida. Os gritos do pobre rapaz ecoaram por todo o complexo.

Todos seguiram imediatamente para o laboratório com o objetivo de averiguar o que ocorrera. Encontraram Pavell caído no chão, morto, com um enorme espinho enterrado em seu peito, e uma sinistra expressão de pavor no rosto. A criatura que o assassinara ainda estava lá, verde, asquerosa e inumana. Após encarar os soldados, ela fugiu por um duto de ventilação.

Pela primeira vez em muitos anos, Nietparusky ficara horrorizado. O pior era o que havia ocorrido depois...

Levantando-se do chão frio, o sérvio procurou afastar tais lembranças. Olhou para as camas do dormitório, onde os pesquisadores do complexo antes costumavam dormir. Caminhou então até a porta de saída, verificando mais uma vez sua arma.

Duas equipes do S.T.A.R.S. já haviam sido eliminadas. Seus colegas de trabalho, mas Nietparusky nada pudera fazer para salvá-los. Logo mais combatentes seriam enviados, e o sérvio só poderia sair dali depois que os russos concluíssem sua vingança.

Respirou fundo. O verdadeiro confronto estava só começando.

Capítulo 11

Segundo ato.

O helicóptero sacolejou. Dentro, os integrantes da equipe Charlie trocavam olhares apreensivos, enquanto as luzes da aeronave iluminavam os pinheiros da floresta.

As palavras de Patriot ecoavam sem parar em suas mentes: “Aquela coisa não era humana!”. O que seria então? Alguma aberração criada pelo T-Virus? Teriam os S.T.A.R.S. que enfrentar o pesadelo dos zumbis novamente? E seus colegas? Estariam mortos todos os membros dos times Alpha e Bravo?

Perguntas e mais perguntas, sem nenhuma resposta concreta.

O silêncio dentro do Black Hawk era sepulcral. Logan Devendeer acendeu um cigarro, enquanto o capitão Flag colocava munição em sua fiel Red Colt. Redferme olhou para a face de cada um de seus comandados e suspirou. A missão não seria fácil, sabia muito bem disso, mas era preciso agir.

–         Vocês já possuem conhecimento da organização do time, certo? – indagou o major.

Todos assentiram com a cabeça. A equipe Charlie encontrava-se organizada da seguinte maneira para a missão:

RECON – Aiken Frost e Rafael “Leadership” O’Brian.

APOIO – Freelancer, Goldfield e Logan Devendeer.

SNIPER – William Hayter.

RETAG – Redferme, Flag, Fong Ling e Kasty.

PILOTO – Falcon.

Redferme explicou:

–         O “Recon” seguirá sempre à frente para realizar o reconhecimento da área. O “Apoio” virá em seguida, sob a cobertura de nosso franco-atirador, William Hayter. Nós do “Retag”, aqui do helicóptero, estaremos em contato constante com vocês, e se necessário seremos inseridos. Falcon estará sobrevoando a região até que a missão seja concluída. Os pontos de inserção e extração serão no mesmo local: o estacionamento do centro de pesquisas. Entendido?

–         Sim senhor! – responderam todos em coro.

–         Ótimo!

O major engatilhou sua Magnum, confiante. Aqueles eram os melhores combatentes, e eles com certeza não falhariam.

O silêncio no vazio e horripilante estacionamento foi quebrado pelo som de hélices girando. Luzes brancas iluminaram o local, enquanto o Black Hawk da equipe Charlie se preparava para a inserção de seus ocupantes.

–         À primeira vista, o lugar me parece totalmente deserto! – disse Falcon, enquanto aproximava a aeronave do chão.

–         As aparências enganam... – murmurou Flag.

A quietude do lugar fazia com que ele lembrasse assustadoramente o matagal localizado nas proximidades da Mansão Lord Spencer, em Raccoon City, onde a saga dos S.T.A.R.S. contra a Umbrella tivera início. Em meio à brisa gélida, o vento parecia cantar melodias de horror, como se quisesse afugentar os membros do Charlie.

Logo o helicóptero estava bem próximo ao chão, possibilitando a saída dos soldados. Os infiltradores Aiken Frost e O’Brian foram os primeiros, sempre cautelosos e furtivos. A dupla avançou alguns passos pelo estacionamento, examinando atentamente o local. Logo em seguida vinham Devendeer, Goldfield e Freelancer, igualmente alertas.

–         Mas... – oscilou Rafael, olhando ao redor. – O que houve aqui?

Havia inúmeros indícios de luta pelo estacionamento, como manchas de sangue e cápsulas de balas, mas nenhum cadáver.

–         Isso é estranho! – afirmou a doutora Freelancer. – Tudo leva a crer que houve aqui um confronto violento, mas onde estão os corpos?

Todos estremeceram. Sabiam muito bem o que aquilo poderia significar. Preferiam não pensar nisso, mas era inevitável. Algo de muito ruim poderia ter ocorrido às outras equipes, talvez pior que a morte, e que os S.T.A.R.S. conheciam muito bem...

–         Eles ainda estão vivos, e nós os salvaremos! – exclamou Hayter, se aproximando, fazendo com que os pensamentos negativos do grupo em parte se dissipassem.

–         O que me preocupa é de que maneira eles estão vivos, camarada... – murmurou Aiken Frost.

Redferme deu um sinal com a cabeça, e Falcon fez com que o Black Hawk voltasse a subir, exclamando:

–         Inserção completa! Estou colocando o helicóptero no ar!

–         Entendido! – disse O’Brian pelo rádio. – Esteja preparado, tenho a impressão de que precisaremos do auxílio do “Retag”!

–         Pode deixar!

O som das hélices tornou-se mais intenso, enquanto a aeronave desaparecia no céu noturno, sobre as árvores da interminável floresta. Dentro do helicóptero, todos soltaram um suspiro de preocupação. Estaria o horror de Raccoon prestes a se repetir?

O capitão Flag olhou para a Red Colt em suas mãos, cheio de dúvidas. Naquele momento, ele possuía apenas uma certeza: a usaria ainda aquela noite.

No estacionamento, os membros do Charlie olhavam para as marcas de sangue no chão com diferentes sentimentos. Raiva, angústia, ansiedade, medo... O que teria atacado as equipes Alpha e Bravo de forma tão cruel e arrasadora para que os pilotos fugissem desesperados? E os corpos, onde estavam?

O grupo seguiu na direção da porta de vidro que levava ao hall do complexo, passos cheios de cautela. Entre os soldados, Goldfield era o mais transtornado. Olhando para todo aquele sangue derramado, pensou em Silverhill, e imaginou-a morrendo covardemente nas mãos de brutais assassinos, talvez até monstros, segundo as palavras de Patriot. Teria sua felicidade durado tão pouco assim?

–         Uma multinacional farmacêutica, um complexo de pesquisas, um incidente misterioso... – murmurou Aiken Frost. – Isso tudo não me cheira bem, camaradas!

–         Não creio que a Biocom tenha culpa... – afirmou Devendeer. – Se não fosse por ela, não estaríamos aqui agora!

–         É exatamente isso que me assusta... – disse William.

Os integrantes do Charlie pararam na frente da porta de vidro. Através dela, era possível ver o iluminado hall do complexo, com sua luxuosa decoração. Os combatentes também notaram sinais de luta lá dentro, com sangue no chão e nas paredes. Nenhum sinal de vida.

–         Parece que também está vazio! – disse Rafael.

–         Estou cada vez mais confusa... – suspirou Freelancer.

Aiken Frost girou a maçaneta. A porta estava aberta. Os membros da equipe Charlie entraram silenciosamente, apontando suas armas ao redor. Nenhuma atividade hostil, apenas sinais de confronto, como do lado de fora. Além de sangue, havia buracos de balas nas paredes. Aquilo era realmente preocupante.

–         E agora, para onde vamos? – perguntou Hayter.

–         Deixe-me ver... – murmurou Goldfield.

O recruta tirou do cinto um pequeno aparelho contendo visor, no qual surgiu um mapa digital do complexo. Consultando-o, o técnico em informática disse:

–         Os laboratórios de pesquisa estão localizados no subsolo! Nós teremos acesso a eles através dos elevadores!

De fato, havia dois transportes próximos aos combatentes, aparentemente funcionando.

–         E então, vamos descer? – exclamou Aiken Frost, engatilhando suas Twin Bears.

–         Hei, pessoal! – gritou Freelancer, que havia contornado o balcão da recepcionista. – Encontrei alguém!

Todos correram até a doutora, esperançosos. Com o coração aos pulos, viram que Fred Ernest, do Bravo, estava estirado no chão, imóvel, com algumas escoriações pelo corpo. Freelancer rapidamente checou o pulso do rapaz e, após um instante de suspense que para os integrantes do Charlie pareceu durar um século, a médica informou com um sorriso:

–         Ele ainda está vivo, apenas desacordado!

O grupo suspirou de alívio, enquanto O’Brian e Hayter se aproximavam de Fred. Quando acordasse, ele saberia explicar o que havia ocorrido. Porém, enquanto isso não acontecesse, seria preciso que os demais dessem continuidade à missão.

–         Vamos nos dividir! – propôs Rafael. – Alguns descem até os laboratórios, enquanto os outros ficam aqui esperando que Fred acorde!

–         OK! – exclamou William, ajustando a mira de seu rifle. – Eu posso ficar aqui se quiserem!

–         Eu também ficarei, preciso fazer alguns curativos nele! – disse Freelancer, abrindo seu kit de primeiros-socorros.

–         Também vou ficar! – completou Goldfield.

–         Certo! – respondeu O’Brian. – Então eu, Aiken Frost e Devendeer desceremos! Manteremos contato por rádio!

–         Entendido! – disse Hayter.

Os dois infiltradores mais o ex-sargento da SWAT se dirigiram até um dos elevadores do hall. Devendeer pressionou um botão no painel, e logo as portas de um dos transportes se abriram. Determinados, os três soldados entraram nele, e o elevador iniciou a descida até o primeiro subsolo.

–         Preparem-se, camaradas! – exclamou Aiken. – Mal posso esperar para descobrir o que houve aqui!

Continua... 


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