Charlie Team - By Goldfield escrita por Goldfield


Capítulo 3
Capítulos 4 e 5




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Capítulo 4

Situação crítica.

Lá estava o prédio de apartamentos. Oito andares, contando o térreo. Várias viaturas da polícia e furgões da SWAT o cercavam, além de repórteres e curiosos. Os olhos de toda a cidade estavam voltados para o local naquele momento.

Enquanto o Black Hawk fazia uma manobra de aproximação, alguém contatou Redferme pelo rádio:

–         Major Redferme!

–         Sim? – indagou o líder do time Charlie, atendendo ao chamado.

–         Aqui é Erich Feldman, comandante da SWAT!

–         Estou ouvindo, Erich!

–         Eu já perdi homens demais por hoje, major. Espero que dêem conta do recado! Um de meus homens, o sargento Devendeer, conseguiu sobreviver aos criminosos, mas está sob fogo pesado!

–         Já fui informado! Faremos o possível para salvá-lo!

–         Boa sorte, major!

Redferme desligou o rádio, passando instruções para os membros de sua equipe:

–         Vocês serão inseridos sobre o telhado! Aiken Frost e O’Brian irão à frente para realizar o reconhecimento! A meta é descer até o quinto andar, aniquilando qualquer ameaça que houver pelo caminho! Em seguida, as equipes Alpha e Bravo entrarão no prédio pelo térreo, e encontrarão vocês após deterem os bandidos restantes. A partir desse momento, a prioridade será encontrar a bomba e desarmá-la. Eu, Flag, Fong Ling, a doutora Kasty e Falcon estaremos no helicóptero em constante comunicação com vocês através dos rádios. Seremos inseridos em caso de emergência. Estão autorizados a utilizar força letal, contanto que suas ações não coloquem em risco a vida de inocentes!

Nesse instante, o helicóptero pairava sobre o terraço do prédio.

–         Boa sorte a todos vocês! – exclamou o major.

Uma das portas da aeronave se abriu e Rafael “Leadership” O’Brian, doutora Freelancer, Aiken Frost, Goldfield e William Hayter deixaram o Black Hawk, nessa ordem.

–         Eu devia ter trazido minha fiel Red Colt ao invés desta Desert... – disse Flag, fitando a arma em suas mãos.

Falcon olhou para trás, e Redferme, estendendo um dos polegares para cima, informou que o helicóptero já podia subir.

Atingidos pelo vento provocado pelas hélices, os cinco membros da equipe Charlie sobre o prédio viram o Black Hawk se distanciar, iniciando uma rota circular em torno da construção.

O terraço era constituído por antenas de TV, ventiladores que faziam parte do sistema de arejamento do prédio e uma pequena estrutura de concreto contendo uma porta, a qual levava às escadas. Aiken Frost e O’Brian se aproximaram desta última.

–         Aiken e Rafael se aproximando da porta que leva ao interior do prédio! – informou Frost pelo rádio.

–         Entendido, tenham cautela! – respondeu Fong Ling através do aparelho.

Assim que ficaram de frente para a porta, Aiken girou a maçaneta para abri-la. Estava trancada. O russo, então, retirou do uniforme seu kit de lockpick, com o intuito de arrombar a fechadura. Após breves movimentos com as mãos, o ex-agente da KGB voltou a girar a maçaneta. A porta abriu-se silenciosamente, como se os convidasse a entrar.

Abaixados e sempre cautelosos, os dois infiltradores viram-se num escuro bloco de escadas, do qual venceram alguns degraus. Na virada, a dupla parou por um instante, checando se existia alguma ameaça. As escadas terminavam numa espécie de corredor de serviço, iluminado por lâmpadas brancas no teto, paredes de concreto. Nenhum sinal de vida.

–         Está seguro, camarada! – sorriu Aiken. – Mande os outros descerem!

Rafael recuou alguns degraus pela escada, chamando os demais integrantes do Charlie com um gesto. Eles o seguiram, atentos e silenciosos.

Assim que O’Brian voltou a descer, ele e Aiken Frost avançaram lentamente pelo corredor, sob os tensos olhares de seus colegas. Tudo era silêncio, a não ser pelos sons que vinham do lado de fora. O caminho fazia uma curva à esquerda e, depois de breve averiguação, os infiltradores constataram que ali também não havia perigo.

–         Fong Ling, o último andar está mais vazio do que Raccoon City no dia vinte e nove de setembro! – informou Rafael pelo rádio. – É estranho, pois estamos lidando com criminosos profissionais. Eles deviam estar esperando uma invasão pelo telhado!

–         Hei, olhe aquilo! – exclamou Aiken, apontando para a próxima curva do corredor, também para a esquerda.

Havia um homem caído. Uniforme da SWAT, sangue no chão.

–         Vou verificar se está vivo! – disse Freelancer. – Goldfield e Hayter, cubram-me!

A doutora, protegida pelos dois soldados, avançou pelo corredor, enquanto os infiltradores já contornavam a nova curva. Abaixando-se, Freelancer examinou o oficial. Estava morto, com um tiro na garganta.

–         Não há mais nada que possamos fazer por ele! – suspirou ela.

–         Malditos! – praguejou William.

–         É o Devendeer? – perguntou Goldfield.

–         Não... – respondeu a doutora, lendo o nome no uniforme do policial. – Este é Richard Cryman!

Os outros três integrantes também venceram a curva, notando que havia uma entrada à esquerda com a inscrição “Almoxarifado”. O’Brian girou a maçaneta e a porta de metal foi aberta, revelando uma sala totalmente escura.

–         Vamos seguir em frente! – disse Aiken Frost. – Está tudo apagado, não deve haver nada aí!

–         Esperem! – exclamou William Hayter, levantando uma mão para que os demais fizessem silêncio.

Um estranho barulho vinha de dentro do almoxarifado. Parecia um murmúrio ou coisa parecida.

–         Tem alguém aí dentro! – concluiu o franco-atirador, acendendo sua lanterna.

Hayter penetrou na sala e, iluminando uma parede, encontrou um interruptor de luz. Ao pressioná-lo, uma lâmpada se acendeu no teto, revelando que o local estava repleto de caixas e prateleiras de metal. Aos pés de uma delas, havia um homem sentado no chão, amarrado e amordaçado, tentando em vão se soltar e gritar por socorro.

–         Nós encontramos um refém, e ele parece não estar ferido! – informou Rafael pelo rádio.

–         Tentem descobrir através dele quais são os planos da Gangue X! – disse Fong Ling.

Hayter e a doutora Freelancer se aproximaram do homem, libertando-o. Assim que sua mordaça foi arrancada, o refém exclamou:

–         Graças a Deus vocês chegaram!

–         Quem é o senhor? – perguntou Goldfield.

–         Meu nome é Newman, sou o síndico do prédio! Vocês precisam sair daqui o mais rápido possível, levando os reféns! Há uma bomba e...

–         Nós já sabemos da bomba, camarada! – disse Aiken Frost, retirando do uniforme seu kit para desarmar artefatos explosivos. – A questão é: onde ela está?

–         Ali! – apontou o síndico, trêmulo, rosto ensopado de suor.

O dedo do refém estava estendido na direção de uma caixa de papelão num dos cantos da sala. Aiken seguiu até lá, verificando seu conteúdo. Dentro havia um artefato metálico de formato hexagonal, quase do mesmo tamanho do recipiente que o continha. O russo logo descobriu um cronômetro numa das extremidades da bomba, informando, após verificá-lo:

–         Temos sete minutos! Vou desarmá-la!

Enquanto Aiken trabalhava com seus alicates, O’Brian perguntava ao síndico:

–         Quem está liderando os criminosos?

–         Ash Renston, um dos cabeças da Gangue X, homem alto e ruivo – respondeu o refém. – Ele quer se vingar de seu rival, dono deste prédio!

William Hayter contatou o capitão Flag pelo rádio:

–         Capitão, você me escuta?

–         Alto e claro, Hayter! Qual a situação?

–         Estamos com sorte. Já encontramos a bomba, e Aiken Frost a está desarmando. O refém que libertamos é síndico do prédio e ele informou que os criminosos estão sendo liderados por Ash Renston!

–         Ele é um dos líderes da Gangue X! Façam o possível para pegá-lo vivo, através do que ele sabe será possível desmantelar o crime organizado na cidade!

–         Entendido!

O franco-atirador desligou o rádio, dizendo a seus colegas:

–         Eu e O’Brian vamos continuar descendo! Goldfield, você fica de guarda no corredor! Doutora Freelancer, se precisarmos de ajuda, a contataremos via rádio...

–         Por Kruchev! – gritou Aiken Frost num tom de frustração, interrompendo as instruções de Hayter.

Rafael se aproximou do amigo, perguntando:

–         O que houve, Aiken?

–         Veja você mesmo! – exclamou o infiltrador, se levantando.

O’Brian fitou a bomba. No painel aberto por Aiken existiam dois cilindros transparentes. Em cada um deles havia um líquido de cor diferente, ambos borbulhantes. No centro era possível ver um cilindro menor, onde aos poucos estava se desenvolvendo uma reação entre as duas substâncias.

–         Se essa bomba explodir, ela não vai levar junto somente este prédio, mas todos os quarteirões vizinhos! – explicou o russo, suando frio.

Sendo alvejando incessantemente pelos três criminosos dentro do apartamento, o sargento Logan Devendeer, da SWAT, jogou-se atrás do sofá virado, enquanto as balas inimigas, atingindo o móvel, faziam voar pedaços de espuma sobre o carpete.

Rapidamente, o especialista em explosivos colocou mais munição na Desert Eagle. Depois olhou mais uma vez para o cadáver do cabo Rodriguez, morto próximo a uma janela.

–         Logan Devendeer não tem misericórdia daqueles que ferem seus amigos! – gritou o sargento, levantando-se de trás de seu refúgio.

O primeiro disparo da Desert Eagle atingiu um meliante junto à porta do apartamento, o qual, ferido mortalmente no peito, tombou de joelhos no chão. A segunda bala acertou em cheio a testa de um bandido de bigode, que caiu sobre uma mesinha no centro da sala, afundando seu rosto num vaso de flores que havia sobre ela.

O terceiro estava armado com uma AK-47, mas Devendeer cometeu infeliz erro: pensando que o criminoso estava à sua esquerda, atrás de uma poltrona, o sargento avançou na direção do móvel apontando a pistola, e nada encontrou. Na verdade, o bandido havia rastejado para o outro lado da sala, e agora apontava sua arma para a cabeça de Devendeer, sem que este percebesse...

Ouve-se um disparo.

O sargento olha assustado para trás, e vê o meliante morto no chão, atingido no pescoço. Em seguida, volta-se para a entrada do apartamento e se depara com dois homens usando uniforme do S.T.A.R.S., um deles ainda apontando um rifle de mira telescópica.

–         Você é o sargento Logan Devendeer? – pergunta o outro, que tinha uma pistola calibre 45 numa mão e uma faca na outra.

–         Sim! – responde o sobrevivente da equipe da SWAT.

–         Contatamos o comando da missão e eles informaram que você é especialista em explosivos! – diz o franco-atirador, que salvara sua vida. – Isso é verdade?

–         Sim! – exclama o sargento com determinação ainda maior.

–         Meu nome é William Hayter e este é meu colega Rafael “Leadership” O’Brian, time Charlie do S.T.A.R.S.! Queira nos acompanhar, pois a situação é crítica!

Devendeer deu alguns passos na direção da porta, quando um criminoso, armado com uma espingarda calibre 12, surgiu na divisória entre a sala do apartamento e a cozinha. Ele teve tempo apenas de apontar sua arma para os homens da lei, quando um disparo da arma de Rafael fez com que caísse para nunca mais se levantar.

–         Vamos! – exclamou William, já no corredor.

O chiclete mascado por Goldfield havia perdido o gosto há muito tempo, mas o recruta continuava com a goma na boca, descontando nela todo seu nervosismo. Fitado pelo técnico em informática, Freelancer e o síndico, Aiken Frost continuava lutando contra o tempo, com gotas de suor lhe escorrendo pela face. Se não conseguisse desarmar aquela bomba, centenas morreriam.

Após mais um movimento do alicate em sua mão, o russo olhou para o cronômetro: três minutos. Observou em seguida os dois líquidos dentro dos cilindros, cada vez mais borbulhantes. O’Brian e Hayter deveriam se apressar...

Assim que o infiltrador abriu o painel da bomba, quatro minutos antes, informou aos colegas que não seria capaz de desativá-la sozinho antes que explodisse, pois tal operação não consistiria em cortar apenas um simples fio. O kit que Aiken carregava servia apenas para desarmar bombas pequenas, e aquela era uma “arrasa-quarteirão”, segundo o russo.

Hayter havia então contatado Redferme, informando-o sobre a situação. O major dissera que Logan Devendeer, único sobrevivente entre a SWAT, era perito em explosivos, e poderia ajudar Aiken a desarmar a bomba. William e Rafael seguiram para os andares inferiores em busca do sargento, e até aquele momento não haviam voltado.

–         Nós vamos todos morrer! – exclamou o atordoado síndico, com as mãos na cabeça.

–         Acalme-se, senhor! – disse a doutora Freelancer. – Hayter e O’Brian logo estarão aqui com o Devendeer!

Foi quando três homens entraram correndo no almoxarifado. Os dois primeiros eram William e Rafael, e o terceiro, trajando uniforme da SWAT, provavelmente era Logan Devendeer.

–         Onde está a bomba? – perguntou ele, olhando aturdido ao redor.

–         Ali! – apontou Goldfield.

O sargento correu até Aiken Frost, indagando enquanto se abaixava:

–         Precisa de ajuda, amigo?

–         Eu apreciaria muito, camarada!

–         Cubram-nos! – pediu Devendeer, voltando-se para os demais combatentes.

O’Brian, Hayter e Goldfield protegiam o grupo, próximos à porta da sala. Foi quando ouviram passos vindos do corredor.

–         Cuidado! – gritou Rafael, apontando sua calibre 45.

Dois bandidos entraram na sala, armados com submetralhadoras Uzi. Um deles atirou em Hayter, mas o franco-atirador, mais rápido, esquivou-se rolando, fazendo com que os disparos atingissem uma pilha de caixas de papelão. O outro meliante apontou sua Uzi para Aiken e Devendeer, porém, quando estava prestes a disparar, O’Brian derrubou-o com um chute nas costas, arrancando a consciência do bandido com um golpe em sua cabeça, quando este já se encontrava no chão.

–         Ninguém aponta uma arma para meus colegas! – exclamou O’Brian, olhando com desprezo para o criminoso desmaiado.

Nesse instante, entretanto, um grito ensandecido invadiu o almoxarifado. Um terceiro meliante, com uma faca na mão, entrou correndo na sala, pronto para enterrar a lâmina nas costas de William Hayter, mas um disparo no abdômen derrubou-o.

Todos olharam para Goldfield, que tinha sua SIG P210 apontada para o criminoso.

–         Belo tiro, Gold! – exclamou o franco-atirador, que havia salvado Devendeer minutos antes. – Te devo essa!

Aiken Frost e Devendeer levantaram-se, limpando o suor de seus rostos. O russo disse:

–         Contatem Fong Ling, camaradas! A bomba está desarmada!

O grupo respirou aliviado, mas no momento em que O’Brian ia comunicar o helicóptero, uma estranha voz entrou na freqüência:

–         Olá, justiceiros!

–         Quem está falando? – indagou Rafael.

–         Aqui é Ash Renston. Por muita sorte acabei descobrindo a freqüência de vocês, e resolvi desejar-lhes boas-vindas!

–         Nós vamos te pegar, maldito!

–         Venham, eu e meus homens estamos aguardando aqui no quinto andar, com todos os reféns! A propósito, aqui perto de mim há um garotinho e uma senhora. Qual dos dois você acha que eu devo matar primeiro?

Rafael ouviu o som da arma de Renston sendo engatilhada, e em seguida, enfurecido, desligou o rádio.

–         Preparem-se! – exclamou o infiltrador. – Temos um criminoso para deter!

Capítulo 5

Ash Renston.

O time Charlie seguia cautelosamente por um corredor do sexto andar do prédio. Rafael seguia à frente, segurando sua faca com a lâmina virada para baixo, como se fosse cravá-la na garganta do primeiro bandido que aparecesse. Em seguida vinha Devendeer, careca e com cicatrizes pelo corpo, preparado para atirar em qualquer coisa que se movesse. Aiken Frost era o terceiro, armado com suas Twin Bears, fitando cada canto do corredor com exímia atenção.

William Hayter apontava seu rifle para cada porta aberta, aguardando uma emboscada. A doutora Freelancer segurava sua Beretta com ansiedade, enquanto Goldfield, por último, pensava no risco que os reféns estavam correndo nas mãos daqueles meliantes.

Enquanto seguiam para as escadas que levavam até o quinto andar, Aiken Frost contatou Fong Ling pelo rádio:

–         Fong, você me ouve?

–         Alto e claro, Aiken!

–         Tem uma ficha do Renston aí?

–         De acordo com o Departamento, ele é um dos chefes da Gangue X, responsável por inúmeros assaltos e seqüestros. Escapou da Prisão Metrostate cinco vezes, sendo que a última fuga ocorreu no mês passado. É extremamente perigoso e anda sempre armado com um rifle de caça. Tomem cuidado!

–         Pode deixar!

Os degraus de madeira começaram a ser vencidos pelos membros do Charlie mais o sargento da SWAT. A cada passo a apreensão dos combatentes aumentava, enquanto gotas de suor lhes escorriam pelas faces. Vidas inocentes estavam em jogo, e um único movimento precipitado poderia pôr tudo a perder.

Assim que o grupo se aproximou do corredor do quinto andar, seus integrantes ouviram vozes. Uma delas foi imediatamente reconhecida por O’Brian: Ash Renston!

–         Os S.T.A.R.S. logo aparecerão! – disse o gangster. – Atirem para matar!

–         E os reféns? – perguntou uma outra voz, pertencendo provavelmente a um dos capangas de Renston.

–         Mantenha-os vivos, assim teremos com o que negociar com os tiras! Nós os mataremos mais tarde!

Os homens da lei deram mais alguns passos. Abaixados, concluíram a descida das escadas, ficando ocultos no corredor, pois os bandidos, cerca de cinco, estavam de costas. No local havia aproximadamente quinze reféns, ajoelhados no chão com as mãos atadas.

–         Eles ainda não nos viram... – disse Hayter, voz baixa.

–         Vamos cuidar para que não vejam! – murmurou Aiken Frost.

O grupo prosseguiu alguns passos pelo corredor, abaixado. Um dos reféns, um homem grisalho, percebeu os S.T.A.R.S., mas quando ia abrir a boca para dizer algo, O’Brian ordenou que fizesse silêncio colocando um indicador sobre os lábios.

–         Esse tipo de experiência costuma ser extremamente traumática para um refém – disse a doutora Kasty pelo rádio. – Ajam de forma que nenhum deles saia ferido!

Próximo dos combatentes havia um meliante de costas, fumando um cigarro. Rafael se aproximou cautelosamente do criminoso e, num movimento rápido de sua arma, derrubou-o silenciosamente com uma coronhada.

–         Um a menos! – disse o infiltrador, observado por vários reféns.

Ainda despercebidos, os S.T.A.R.S. avançaram mais alguns passos, tendo em frente outro bandido de costas, armado com uma AK-47. Quando Aiken Frost estava prestes a arrancar sua consciência com uma pancada, o meliante percebeu sua presença, virando-se rapidamente.

–         Tiras! – exclamou o criminoso, apontando sua arma.

Antes que conseguisse apertar o gatilho, Aiken acertou-lhe um golpe com uma de suas Twin Bears no rosto, tirando-o de ação.

–         Durma bem, camarada! – riu o russo.

–         São os S.T.A.R.S.! – exclamou Renston. – Peguem-nos!

Um capanga de Ash, com uma espingarda calibre 12 em mãos, apontou-a para os oficiais, sem que estes, preocupados com Renston e os reféns, percebessem. Porém, a doutora Freelancer, notando o criminoso, derrubou-o rapidamente com dois disparos de sua Beretta.

–         Bela pontaria, doutora! – observou William Hayter.

Outro bandido, armado com uma Desert Eagle, tentou também disparar contra os S.T.A.R.S., mas acabou derrubado por tiros efetuados pelas Twin Bears de Aiken Frost, que cuspiam fogo como dragões furiosos. Logo que o criminoso veio ao chão, a atenção dos homens da lei voltou-se para Ash Renston, que apontava seu rifle de caça para a cabeça de uma refém.

–         Qualquer movimento em falso e eu acabo com ela! – exclamou o gangster, dentes cerrados.

Entretanto, mal havia dito isso, todos ouviram um disparo. Temendo o pior, os S.T.A.R.S. fecharam brevemente os olhos, mas quando os abriram, viram o rifle de Renston no chão, alguns metros atrás do criminoso. Hayter, por sua vez, tinha o seu apontado na direção do bandido. O franco-atirador havia arrancado a arma das mãos de Ash com um belo tiro.

Antes que os oficiais pudessem respirar de alívio, Renston tirou um pequeno controle remoto de um dos bolsos, ameaçando acioná-lo.

–         Se não quiserem que eu abra uma cratera no meio dos subúrbios, é melhor abaixarem suas armas! – exclamou o gangster em tom desafiador.

–         Do que você está falando? – indagou Goldfield.

–         Vocês pensam que desarmaram a bomba, mas apenas desativaram o cronômetro! Eu ainda posso acioná-la através deste controle remoto, portanto é melhor abaixarem suas armas, já!

Os S.T.A.R.S. hesitaram por um instante, mas ao fitarem os rostos apavorados dos reféns, deixaram, um a um, de apontar suas armas para o bandido. Renston parecia se deliciar com cada segundo de tensão por parte dos oficiais, enquanto desaparecia pela escada que levava ao quarto andar.

–         Adeus, otários! – gritou Ash, rindo insanamente.

–         Droga! – praguejou O’Brian.

Hayter contatou Flag pelo rádio:

–         Aqui é o Hayter!

–         Estou ouvindo alto e claro! Qual a situação?

–         Renston possui um controle remoto capaz de acionar a bomba! Tivemos que deixá-lo fugir para que ele não explodisse tudo!

–         As equipes Alpha e Bravo estão sendo inseridas neste momento pelo térreo! Renston não irá muito longe!

–         Entendido, desligo!

Aqueles corajosos oficiais não eram policiais comuns. Eles eram membros do S.T.A.R.S., e não podiam deixar Renston escapar. Aiken Frost, Goldfield e Freelancer desamarravam os reféns, enquanto William, Rafael e Devendeer seguiam cautelosamente na direção da escada que descia até o andar inferior.

Ash, armado agora com um revólver Magnum, corria rapidamente pelo corredor do quarto andar, disposto a acionar a bomba assim que atingisse os esgotos pelo subsolo do prédio. Aquilo era um ato terrorista desde o início, uma oportunidade para a Gangue X demonstrar seu poder diante dos impotentes habitantes de Metro City. De uma forma ou de outra, a explosão ocorreria e centenas morreriam.

Mas, quando se aproximava da escada que conduzia ao terceiro andar, Renston sentiu uma forte pancada em sua nuca. Percebeu que sua vista se apagava, enquanto caía de bruços sobre o chão de madeira. O controle remoto escapou de sua mão, deslizando até um par de botas.

A tenente Silverhill apanhou o artefato, enquanto Fred Ernest, que havia acertado Ash com sua espingarda, verificava o estado do criminoso.

–         O filho da mãe ainda está vivo, e vai ter que abrir o bico no interrogatório! – riu o fã de Star Wars, enquanto mais dois membros do Bravo se aproximavam pelo corredor.

Os recém-chegados eram os oficiais Jango e Piercing. Silverhill entregou o controle remoto a este segundo, dizendo:

–         Ele usaria isto para acionar a bomba, mas o pegamos a tempo!

Nesse instante, O’Brian, Hayter e Devendeer encontraram os colegas da outra equipe. Aliviaram-se ao verem Renston desmaiado. Rafael contatou o helicóptero, enquanto Ash era algemado:

–         Missão completa, Flag! Renston foi detido!

–         Ótimo trabalho! Dirijam-se ao terraço para extração!

–         Certo!

O’Brian desligou o comunicador, ouvindo o som das sirenes do lado de fora. Ainda não havia acabado. A Gangue X agiria novamente, e caberia aos S.T.A.R.S. detê-la.

Uma sala escura. A única luz vem da TV ligada, que exibe em sua tela uma charmosa repórter de frente para várias viaturas da polícia e oficiais, com a tarja “S.T.A.R.S. salvam o dia” na parte inferior. A mulher informa:

–         Estou aqui, diretamente do subúrbio de Kingsville, onde as três equipes S.T.A.R.S., recentemente instaladas em Metro City, evitaram que Ash Renston, um dos chefes da conhecida Gangue X, explodisse um prédio de apartamentos em represália a um grupo rival. Novas informações a qualquer instante!

O televisor é desligado, deixando o cômodo numa total penumbra. Após alguns instantes, um abajur é aceso sobre uma mesa de madeira repleta de papéis. Há alguém sentado atrás dela, mas a escuridão permite ver apenas um vulto.

A porta da sala se abre. Uma outra pessoa entra no cômodo, caminhando até a mesa.

–         Você acha que eles podem ser uma ameaça? – pergunta o recém-chegado, com forte sotaque russo em sua voz.

–         Eles quem? – replica o outro, também de origem eslava.

–         Esses S.T.A.R.S.! Conseguiram deter criminosos perigosos!

–         É certo que eles aparecerão, na verdade anseio por isso, mas não representarão ameaça. Recebi novas ordens do quartel-general em São Petersburgo. Agiremos esta noite.

–         Esta noite?

–         Exato. Avise os homens e prepare os helicópteros.

–         Você está mesmo ansioso por sua revanche, não?

O homem sentado ri, respondendo em seguida:

–         Quem é você para falar? Sei que também tem motivos pessoais para estar nesta operação!

–         Quero apenas terminar um serviço de anos atrás... É diferente...

–         Vá cumprir suas ordens!

O russo de pé se retira, enquanto o outro, após a porta da sala se fechar, abre uma das gavetas da mesa. De dentro dela retira um artefato que é iluminado pelo abajur. É uma faca de combate, com um emblema em seu cabo. Trata-se de um escorpião, um escorpião negro.

Continua... 


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