Charlie Team - By Goldfield escrita por Goldfield


Capítulo 10
Capítulos 18 e 19




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Capítulo 18

O treinamento valeu a pena.

Os seis horrendos mutantes avançaram rapidamente na direção dos soldados. A velocidade em que corriam era incrível. Logo um deles parou diante de Flag, exibindo a boca cheia de dentes afiados como facas.

–         Morra, coisa feia! – rosnou o capitão.

A Red Colt agiu, partindo o crânio da criatura em pedaços. O corpo sem vida do monstro caiu para trás, sangue jorrando do que havia restado da cabeça. A poucos metros dali, Devendeer, Nietparusky e Kasty encaravam outra das aberrações. Os três combatentes disparavam furiosamente contra o mutante, mas este, ágil, esquivava-se dos disparos conforme se aproximava.

–         Droga! – gritou Logan.

Perto o suficiente, a bizarra criatura saltou berrando sobre Helder, derrubando-o. O sérvio, atordoado, não pôde reagir, enquanto o monstro mordia-lhe dolorosamente no antebraço esquerdo, seus dentes rompendo os tecidos de Nietparusky como cruéis e inescapáveis lâminas. O eslavo gritou de dor, tentando a todo custo repelir a traiçoeira aberração. Súbito, um disparo atingiu a cabeça do mutante, o qual veio ao chão, morto. Helder então viu quem o salvara: a doutora Kasty, que ainda apontava sua pistola para a criatura.

–         Todas aquelas horas no stand de tiro acabaram sendo úteis, afinal de contas... – sorriu ela.

A psicóloga e Devendeer ajudaram Nietparusky a se levantar. O sérvio sangrava muito, precisando urgentemente de cuidados médicos.

Nesse momento, em outra parte do laboratório, O’Brian e Aiken Frost enfrentavam dois monstros ao mesmo tempo. Rafael olhava fixamente para o mutante diante de si, pronto para o ataque. Soltando um berro estridente, a desproporcional abominação saltou sobre o jovem, pronta para cravar seus afiados dentes no pescoço da presa. “Leadership”, porém, num movimento ágil com sua faca, golpeou a criação da Biocom quando esta se encontrava no ar, atingido-a no pescoço. O monstro veio ao chão tendo convulsões, gemendo agonizantemente.

O russo, por sua vez, disparava com suas fiéis Twin Bears na direção da outra aberração, cerrando os dentes. O asqueroso mutante, aos berros, ia perdendo seus membros conforme era atingido: primeiro um braço, depois uma perna, em seguida parte do tórax... Logo os restos da criatura jaziam no chão sobre uma poça de sangue, enquanto Aiken colocava mais munição em suas pistolas.

Faltavam dois. Kursknavo, algemado, havia se escondido sob uma mesa. Vitória, próxima a ele, aniquilou mais um mutante acertando-o com um tiro certeiro entre os olhos. Mas a jovem, distraída, não percebeu que o último monstro vivo aproximava-se rapidamente atrás de si.

–         Cuidado! – gritou Aiken Frost.

Vitória voltou-se assustada para trás, desesperando-se ao ver que a criatura estava prestes a derrubá-la num salto. Porém, quando a aberração estava a um passo de alcançar a russa, um alto e potente disparo fez com que o mutante voasse sem vida sobre uma mesa, seu tórax tingido inteiramente de vermelho.

Surpresos, todos se viraram na direção do autor do tiro, que segurava uma espingarda personalizada. Havia chegado naquele momento, após ter subido por uma abertura antes oculta no chão. Os integrantes mais antigos do Charlie reconheceram imediatamente o indivíduo, enquanto Flag exclamava, incrédulo:

–         Eu não acredito!

O misterioso sujeito sorriu, engatilhando a arma.

Com um enorme aperto no coração, Goldfield seguia sem rumo pelos intermináveis corredores do segundo subsolo. Silverhill não deixava seus pensamentos. A angústia consumia o recruta com maior intensidade a cada instante. Mas os culpados pagariam. Oh, sim! Fora para isso que Goldfield havia enchido uma mochila de explosivos C-4 encontrados na sala dos armários.

O ambiente do complexo fazia o técnico em informática se lembrar dos cenários presentes em suas histórias de ficção científica. Locais frios e mórbidos, onde seres humanos utilizavam todo o conhecimento que possuíam para fins maléficos. Realmente perturbador.

Depois de mais alguns passos, Goldfield parou diante de uma porta que possuía uma placa cuja inscrição chamou sua atenção: “Sala de Segurança”. Sem demora, adentrou o local.

Na sala era possível ver, numa das paredes, um painel repleto de monitores ligados. Cada um representava o visor de uma câmera de vigilância, portanto todo o complexo era monitorado dali. Através de uma das telas, o recruta viu alguns de seus companheiros numa espécie de laboratório, o qual possuía grandes câmaras de hibernação.

O membro do Charlie, então, examinou uma bancada metálica situada de frente para o painel. Viu sobre ela alguns pentes de munição, um pequeno dispositivo eletrônico possuindo visor de radar e, numa prancheta, algo como um relatório escrito a mão.

Intrigado, Goldfield leu atentamente o conteúdo do documento:

Para “Encéfalo” – Altamente Confidencial:

Sobre a operação intitulada “Justiça Invencível”, reporto os seguintes avanços quanto aos objetivos da missão:

1.      Sabotagem da pesquisa da Biocom em relação à cura do câncer:

Tivemos acesso ao laboratório principal, e fomos obrigados a eliminar o doutor Hideo Vegeta. Nós o deixamos agonizando no chão, enquanto saíamos do local para eliminar os seguranças ainda vivos. Nossa meta era voltar depois ao laboratório para que Pavell pudesse acessar o computador principal e limpar o banco de dados da empresa sobre a pesquisa. Porém, algo totalmente inesperado ocorreu: a Petronina provocou mutações no corpo de Vegeta ao entrar em contato com sua corrente sanguínea, instantes antes de sua morte. Com o DNA instável, o doutor recombinou sua estrutura genética misturando seus genes aos das plantas que cultivava no laboratório ao tocá-las, transformando-se numa espécie de “homem-planta” capaz de controlar a mente de outros seres por meio de um parasita lançado através de espinhos. Regressamos ao laboratório, e Pavell foi vítima dessa praga ao ser atacado por Vegeta, voltando-se contra nós. Não tivemos outra opção a não ser aniquilá-lo. O mutante fugiu, mas, examinando o cadáver de meu comandado, pude tirar as conclusões descritas acima. Visto que o doutor destruiu o computador central ao tornar-se um monstro, tornando inviável o acesso à rede central da Biocom, a sabotagem da pesquisa não pôde ser concluída. Apesar de ter sido um grave imprevisto, sem ele não teríamos descoberto as capacidades de mutação da Petronina, sendo que já coletei algumas amostras da substância para que sejam analisadas no laboratório de São Petersburgo.

2.      Sabotagem da pesquisa vinculada ao “Projeto Ares”:

Após a morte de Pavell, eu e meus homens tivemos acesso ao laboratório secreto e apagamos os arquivos relacionados ao projeto. Segundo relatórios dos cientistas, o doutor Vegeta não tinha conhecimento de tais experiências. O suporte de vida dos “Hermes” será desligado no momento certo, pois com isso os mutantes escaparão das câmaras, representando uma ameaça a nossa equipe.

3.      Eliminar possíveis ameaças externas:

Duas equipes S.T.A.R.S. do Departamento de Polícia de Metro City tentaram interferir e já foram eliminadas pelo doutor Vegeta. Vários de seus integrantes tornaram-se hospedeiros do parasita já citado, transformando-se em escravos psíquicos do mutante. Um terceiro time provavelmente está a caminho. Assim que as ameaças externas forem eliminadas, a autodestruição do complexo será acionada e nossa equipe escapará através da pista de pouso localizada próxima às instalações.

Eagle Eater, 29/01/08, 20:17.

Eagle Eater. Era esse o nome do responsável pela morte de Silverhill. Ele se referia a vidas humanas de forma tão fria. Os membros das equipes Alpha e Bravo haviam simplesmente sido “eliminados”. Aniquilados como moscas. E, para piorar, vagavam agora pelo complexo vítimas de um parasita manipulador, o qual fazia com que atacassem seus próprios colegas. Assim como Silverhill esfaqueara Goldfield.

O ferimento no ombro do recruta não doía tanto quanto seu coração. Tomado por enorme fúria, o técnico em informática aproximou-se de um armário metálico localizado num dos cantos da sala. De dentro dele retirou uma submetralhadora Uzi.

Ele vingaria seu amor, mesmo se para isso tivesse que renunciar à sua própria vida.

Capítulo 19

A grande batalha se aproxima.

Cauteloso, o grupo de combatentes liderado pelo major Redferme ganhou o lugar que aparentava ser o principal laboratório do complexo. A visão, porém, era aterradora: mesas e cadeiras viradas, equipamento totalmente destruído, frascos espatifados sobre o piso...  Parecia que um furacão havia passado pelo local.

–         Nossa, o que houve aqui? – indagou Fong Ling, olhando ao redor.

–         Eu já desconfio... – murmurou Redferme, fitando a entrada de um duto de ventilação no teto do laboratório, cuja grade fora destruída.

Era possível ver plantas por todo o ambiente, deixando os S.T.A.R.S. com a impressão de que estavam dentro de uma estufa. Talvez as pessoas que trabalhavam naquele lugar quisessem ter a mesma sensação. Caminhando pelo laboratório, William Hayter encontrou um livro no chão, próximo a uma poça de sangue. Curioso, apanhou-o. Era um diário.

Sábado, 29 de dezembro de 2007.

Hoje recebi uma proposta interessante por parte de alguns executivos norte-americanos, enquanto trabalhava no meu laboratório em Osaka. Eles representavam uma multinacional chamada Biocom, gigante do ramo farmacêutico, e se comprometeram a me fornecer um centro de pesquisas na América caso decida trabalhar para eles, porém não me revelaram exatamente em que tipo de projeto. Vou pensar sobre isso.

Segunda-feira, 31 de dezembro de 2007.

Viajei até Tóquio para passar o reveillon com minha namorada, e quando cheguei na casa dela, um e-mail enviado pela Biocom me esperava. Desta vez me informaram o tipo de pesquisa na qual querem que eu trabalhe: a busca pela cura do câncer. A meta é retomar o trabalho do conhecido doutor Mário Petroni, tendo como base as plantas amazônicas estudadas por ele. É sem dúvida uma enorme responsabilidade, mas é provável que eu aceite. Nesse caso, viajarei para os EUA nos primeiros dias do próximo ano.

Sábado, 5 de janeiro de 2008.

Já me encontro em Metro City, metrópole norte-americana onde está localizada a sede da Biocom. A ShiroKassa Yakuhin prometeu enviar alguns de meus colegas cientistas para me auxiliarem. O clima dentro da Biocom com minha chegada é de euforia e grande expectativa, segundo William McGregor, chefe da companhia, o qual me recebeu pessoalmente. Espero fazer um bom trabalho.

Segunda-feira, 7 de janeiro de 2008.

Visitei as instalações onde começarei a trabalhar em breve. Fiquei satisfeito com o que vi: ambiente agradável, equipamentos ultramodernos, pessoal competente... A única coisa que estranhei foi o comportamento de um dos cientistas, doutor Kevin Carter. Ele me impediu de examinar os livros de uma estante localizada numa das salas de pesquisa do primeiro subsolo, sem motivo aparente. Gostaria de saber o que há de errado com ele...

–         Encontrou algo útil, Hayter? – perguntou Fred Ernest, se aproximando.

–         Apenas o diário de um dos pesquisadores... – respondeu o franco-atirador, guardando o livro consigo. – Espero que os outros estejam se saindo bem...

Assim que chegou ao chão, Leon S. Kennedy livrou-se do agora inútil pára-quedas usando sua faca de combate. Respirando fundo, o jovem sacou sua pistola H&K 9mm, fitando o ambiente. Estava a poucos metros da pista de pouso abandonada, ao redor da qual existiam algumas edificações.

Com a outra mão, Kennedy apanhou sua lanterna, cuja luz estripou a escuridão. Determinado, o rapaz avançou na direção de seu objetivo, passos rápidos. Logo atingiu a pista, que permitia a decolagem e a aterrissagem de aviões de pequeno porte. Olhou mais uma vez ao redor, observando as construções próximas. Alguns hangares, uma improvisada torre de controle, um depósito...

Leon caminhou na direção deste último. Talvez ali encontrasse algo útil.

O integrante do S.T.A.R.S. arrombou a porta enferrujada com um chute. O escuro interior do depósito foi iluminado pela lanterna, revelando possuir algumas prateleiras de metal. Kennedy seguiu até uma delas, vendo que continha vários sinalizadores. Levou alguns consigo, supondo que de alguma forma ainda necessitaria deles...

Voltando à pista, o jovem examinou um de seus dispositivos eletrônicos, cujo visor possuía uma espécie de mapa digital representando a área. Deveria se dirigir para o sul, na direção do centro de pesquisas. Verificou uma última vez a munição de suas armas. Estava na hora da ação.

Ainda sorrindo, o homem que salvara a vida de Vitória Drakov caminhou na direção dos demais combatentes. Usava terno e fone num dos ouvidos. Flag, atônito, leu a inscrição presente no crachá do indivíduo: “MacQueen – Chefe da Segurança”.

–         Cara, que bom te ver! – exclamou o capitão, contente ao ver um antigo colega de equipe. – Por onde você esteve todos esses anos?

–         Fazendo uns bicos aqui e ali... – respondeu o sujeito, olhando para os outros soldados. – Mas se eu não vou até o Charlie, é o Charlie que vem até mim!

MacQueen era um antigo integrante do time Charlie, dos tempos em que a equipe ainda enfrentava hordas de zumbis infectados pelo T-Virus. Colocando mais munição em sua espingarda, o segurança explicou:

–         Um bando de russos invadiu o complexo, eliminando todos os meus comandados. São assassinos profissionais. Sou o único sobrevivente entre os seguranças. De alguma forma o doutor Hideo Vegeta foi contaminado pela substância com a qual trabalhava, transformando-se num terrível monstro!

–         Nós já o enfrentamos... – murmurou Flag.

Logan Devendeer e a doutora Kasty se aproximaram, trazendo Nietparusky. O sérvio tinha o uniforme totalmente banhado em sangue. Mordendo os lábios, cobria com uma de suas mãos o ferimento provocado por um dos mutantes. Batalhava incessantemente com a dor.

–         Capitão, Helder precisa de cuidados médicos! – exclamou Kasty, preocupada. – Ele está perdendo muito sangue!

–         Só a doutora Freelancer pode fazer um curativo! – disse O’Brian. – É melhor contatarmos o outro grupo pelo rádio, capitão!

–         Onde estão os outros membros da equipe? – indagou MacQueen.

–         Eles desceram por um dos elevadores do hall até o segundo subsolo! – respondeu Aiken Frost.

–         Flag, comunique-se com eles pelo rádio e mande que sigam até o final do corredor principal! – disse o chefe da segurança. – Eles então terão acesso a uma escada que segue até os túneis do terceiro subsolo! Eu vim de lá! Descendo pela abertura que usei para subir até aqui, nos encontraremos com eles em poucos minutos!

Flag caminhou até a borda da abertura no chão de onde MacQueen havia saído. Depois de fitar o escuro interior da passagem por um instante, o capitão voltou-se para seus comandados, exclamando:

–         OK, pessoal, vamos descer! Logan e Kasty, ajudem Nietparusky a caminhar! Algo me diz que logo estaremos num helicóptero voltando para a delegacia!

Eater caminhava rapidamente pelos túneis do terceiro subsolo. Iluminando o caminho com sua lanterna, o russo passou uma das mãos pela faca em sua cintura. “The Promise”. O momento de utilizá-la novamente nunca estivera tão próximo. O eslavo estremecia só de pensar. Após anos, finalmente teria sua revanche.

Precisava atingir a pista de pouso antes dos integrantes do S.T.A.R.S. e seus aliados. Tinha que preparar o palco para a grande batalha. Após os túneis, teria que cruzar o armazém para então percorrer os metros de floresta que o separavam do local. Sua mente já estava pronta para o confronto. Dessa vez, apenas um dos dois sairia vivo.

Continua...


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