Marinette abriu os olhos devagar, sentindo o cheiro forte de chá invadir suas narinas. Por um momento ficou confusa sobre onde estava e assim que abriu os olhos de vez, notou que tinha dormido no tapete felpudo de Mestre Fu.

Arregalou os olhos ao sentir novamente o cheiro do chá. Se ela não tinha feito, de onde ele vinha?

— Ah, finalmente acordou! – Fu brincou e veio até ela com uma xícara.

— Mestre? – indagou surpresa – O senhor já voltou ou eu estou sonhando? – ele riu e entregou o chá para ela – Muito obrigada. – o velho se curvou levemente com um sorriso.

— Você não está sonhando. Eu realmente voltei.

— Nesse caso seja bem-vindo de volta e... Me desculpe pela bagunça. – sorriu amarelo, olhando para os livros abertos em volta de si. – Aproveitei os momentos que vim checar a sua casa como me pediu e comecei a procurar algo que ajude a mãe do Adrien. Mas como pode ver, não tive muito sucesso.

— Não se preocupe com isso. Livros foram feitos para serem lidos, não é mesmo? – ela sorriu e assentiu – Bem, e sobre a mãe do Adrien. Acho que tenho algumas novas informações que podem nos orientar.

— É mesmo? Quais? – questionou agitada.

— Não prefere que ele esteja junto com nós para falar disso?

— Claro, claro. – Marinette balançou a cabeça. Ficou tão empolgada que sequer lembrou do detalhe mais importante, a presença do seu namorado. – E como foi lá na China? Tudo certo com os Miraculous?

— A princípio sim. Ambos estão purificados e consertados. – retirou uma caixinha do bolso e abriu, mostrando as duas joias – Agora você só precisa coloca-los junto com os outros.

— Eu? Mas o senhor não vai ficar com a caixa? – Fu negou.

— Você é a nova guardiã agora.

— Eu achei que fosse só temporário, até que o senhor voltasse. – Marinette estava honrada, obviamente, mas não esperava por isso.

Será que ela poderia carregar essa responsabilidade? Não que se achasse irresponsável, porém o legado de Mestre Fu era bem diferente do dela. Então ela não podia deixar de se questionar se seria boa o suficiente.

— Na verdade, era para ser assim. Mas você se provou muito competente, Marinette. E eu já estou velho, não tenho mais tanto tempo. – explicou calmamente– Preciso de alguém de extrema confiança e você é a pessoa certa. A não ser que não queira. Nesse caso, vou entender.

— N-Não, eu quero. Mas... – fez uma pausa e deu um longo suspiro – Mas não sei se eu estou pronta pra isso. É uma grande responsabilidade.

— Nós nunca saberemos se estamos prontos, se não tentarmos. – sorriu – Eu confio em você, Marinette. Como nunca confiei em alguém desde muito tempo. – a garota abriu a boca, surpresa com a fala do Guardião – E então, o que me diz?

***

Marinette andava ao lado de Adrien em silêncio até a escola. Tinha muitos assuntos para conversar com ele, mas naquele momento, nenhum parecia ser uma boa.

A garota passou uma boa parte da noite refletindo sobre as palavras de Mestre Fu e sobre a conversa que teve com Queen Bee e Rena Rouge sobre a produção dos armamentos miraculosos. E se assim como Alya sugeriu, Gabriel Agreste estava por trás disso, mais uma vez os problemas seriam jogados por cima de Adrien, mesmo que sem querer.

Por que tinha que ser tudo tão complicado?

Claro que, na cabeça da azulada, a possibilidade de ser Gabriel Agreste só era possível contando que isso tinha sido na sua época como Hawk Moth. E que agora, as coisas estavam acontecendo e ele sequer sabia disso. Mas infelizmente ela não podia investigar nada sem antes seu namorado ter conhecimento.

— Falei com a Nathalie sobre a minha mãe e ela não sabe de nada. – o loiro começou – Só disse sobre uma viagem ao Tibete, que era muito importante e tal. Mas eu não achei nada nos álbuns e ainda não consegui olhar no cofre.

— Tibete fica na China?

— É uma de suas províncias, eu acho. – deu de ombros.

— Bem, e é perto de onde os Miraculous vieram. – os dois se entreolharam – Pode ser que tenha sido lá que os seus pais conseguiram os Miraculous.

— Não tinha pensado nisso. – admitiu – Vou ver se consigo olhar o cofre depois da reunião. Nathalie disse que o meu pai tem saído para a empresa, o que ele nunca fez antes. Então acho que posso entrar sem que ele veja. – Marinette sorriu.

— Que bom que ele está evoluindo. – o loiro também sorriu, passando o braço por cima dos ombros da namorada.

— É, também fico muito feliz por isso.

***

Alya e Nino comiam tranquilamente juntos no refeitório da escola, quando de repente foram surpreendidos por uma pessoa inusitada sentando ao lado deles.

— Descobri mais coisas sobre o caso das armas. – Chloé sussurrou, fazendo os dois se entreolharem.

— O q-que você está... A-Armas? – Nino questionou, fazendo a loira revirar os olhos.

— Eu sei que você é o Carapace. – falou baixo.

— Mas como?

— Se a Alya é a Rena Rouge... Então é meio óbvio né. – deu de ombros. – Mas enfim, só vim aqui compartilhar essa informação e dizer pra não esquecerem da reunião de hoje.

— Obrigada, Chloé. Não vamos. – Alya sorriu – Ladybug disse que tinha um assunto importante pra falar.

— O que será que é? – a loira fez uma expressão pensativa.

— Não sei, mas se ela disse que é importante, com certeza é.

***

Ladybug estava de braços cruzados, esperando pela equipe. Até que é rodeada por dois braços e surpreendida por um beijo na bochecha.

— Boa tarde, my lady. – ela riu e virou, juntando seus lábios aos dele.

— Boa tarde, gatinho.

— Vocês dois precisam de um quarto? – Rena Rouge questionou depois de pigarrear, atraindo a atenção dos heróis e arrancando risadas.

— Não necessariamente, mas eu não iria negar.

— Chat! – a azulada deu uma cotovelada no namorado – Enfim, que bom que vieram.

— Eu tenho novas informações. – Queen Bee se adiantou.

— E também ela fez uma descoberta. –- disse Carapace de braços cruzados, olhando de relance pra ela – Tipo, a minha identidade.

— É meio óbvio. – a heroína repetiu e deu de ombros.

— Bom, isso é mais ou menos o que a gente queria conversar hoje. – Chat Noir começou, em seguida dando a deixa para Ladybug falar.

— Já que vocês agora sabem as identidades entre si, imaginamos que seria uma boa se soubessem as nossas também. – encarou o namorado, que assentiu em concordância – Confiamos em vocês o suficiente para isso. O que acham?

Os olhos de Alya e Chloé estavam brilhando, obviamente. Nino também gostou da ideia, mas sua reação era menos exagerada que a das outras duas – o que era bem nítido.

— Uma ótima ideia, pelo visto. – o loiro riu – Acho que vocês vão se surpreender.

— Nós... Conhecemos vocês dois? – Queen Bee indagou.

— Sim. – responderam em uníssono, fazendo com que os três trocassem olhares entre si.

— Ok, vamos começar por mim. – Chat Noir tomou a frente – Eu acho que... Vou começar dando dicas. – sorriu, fazendo Marinette balançar a cabeça em negação – Eu estudo na mesma escola que vocês três. – os heróis trocaram olhares – E na mesma turma.

— O quê? – Chloé foi a primeira a se manifestar – Espera... Adrien?

— Eu mesmo.

— Não brinca? – Alya arregalou os olhos, enquanto Nino ainda estava congelado.

Ladybug apenas ficou com a mão na cintura, esperando o choque inicial passar até que eles ligassem os fatos e descobrissem quem a joaninha era sem que ela precisasse dizer. E felizmente não demorou muito para isso acontecer.

— Então se você é o Adrien... E o Adrien namora a Marinette... – Chloé começou.

— E você namora a Ladybug... – Alya continuou – Não! – o queixo das duas caiu de vez – Esse tempo todo a melhor heroína da cidade sentava do meu lado na escola?

— Marinette? – Nino finalmente conseguiu esboçar uma reação. A azulada riu da cena e assentiu.

— Mas gente... – deixou a frase morrer no ar. A loira estava tão surpresa que não conseguiu nem terminar.

Rena Rouge surpreendeu Ladybug com um abraço forte, enquanto Carapace sorria e cumprimentava o melhor amigo com o toque de sempre. Quando as duas se separaram, Queen Bee se aproximou com uma expressão constrangida.

— Me desculpe. – sussurrou – Sabe, por tudo. – Marinette sorriu, colocando a mão sobre o ombro dela.

— Não precisa se preocupar com isso. Sei que você mudou e é uma pessoa diferente agora.

— É, mas eu não devia ter implicado com você antes. Não foi legal. – deu de ombros – Sinto muito.

— Tudo bem. Está perdoada. – Marinette estendeu os braços, surpreendendo Chloé. A loira então sorriu e a abraçou.

— Eu também quero participar do momento fofo. – Alya fez uma expressão adorável e se juntou às duas.

Adrien e Nino trocaram olhares, dando de ombros, e em seguida foram para o abraço também, arrancando risadas das suas companheiras de equipe.

Naquele momento, onde souberam suas identidades, os heróis criaram um vínculo e se tornaram mais unidos do que nunca. Além de uma grande equipe, todos eles passaram a ser também verdadeiros amigos.