— Eu sou uma pessoa horrível! – Marinette se atirou na cama e abraçou o seu travesseiro. Se sentia péssima por não ter ajudado o seu namorado antes.

Além do que, quase teve um ataque com a simples ideia de Adrien desistir de ser o Chat Noir. Não podia se imaginar sendo a Ladybug sem ele. Eles eram uma dupla, não funcionavam separados, precisavam estar em equilíbrio.

— O que houve? – Tikki questionou, sem entender a atitude da garota.

— Eu passei tempo demais preocupada em colocar o sono em dia, do que procurar alguma coisa que ajudasse a mãe do Adrien. – colocou o travesseiro em cima do seu rosto. – Não posso imaginar o quanto ele esteja sofrendo com isso.

Marinette tinha se enganado completamente ao achar que depois que derrotassem Hawk Moth, tudo ficaria mais calmo e ela finalmente conseguiria equilibrar sua vida normal com o seu alter ego.

Parecia até que as coisas tinham piorado.

— Fique calma, Marinette. Eu sei que você prometeu ajuda-lo, mas não se ajuda outra pessoa sem ajudar a si mesmo primeiro. – a azulada encarou a kwami – Você está muito sobrecarregada e claramente precisando de um descanso.

— É, eu sei. Mas eu não posso ter um descanso no momento. – bufou, frustrada. Tinha até falado sobre tirar férias com Adrien, entretanto, o loiro a ajudou a perceber que era praticamente impossível – Eu queria que o Mestre estivesse aqui, precisava falar algumas coisas com ele. – andou pensando há dias sobre ter alguma ajuda, mas achou melhor esperar o verdadeiro Guardião voltar.

— Bom, eu acho que... – o seu celular tocou, interrompendo Tikki. – É um alerta. – Marinette levantou em um sobressalto e pegou o aparelho.

Felizmente Alya tinha montado um sistema com a ajuda de Max para o Ladyblog, que alertava aonde estava ocorrendo algum crime. Era alguma coisa com as frequências de rádio da polícia, Marinette não sabia ao certo. Porém o sistema facilitou muito para os heróis, visto que não haviam mais akumas que podiam facilmente ser detectados e sair por aí procurando crimes em andamento, os desgastaria mais ainda.

— É a gangue da semana passada. – suspirou – Seria muito bom se os criminosos permanecessem na cadeia. – começou a digitar uma mensagem para Adrien, porém logo parou antes de enviar.

— O que foi? Não vai avisá-lo?

— Eu queria, mas... Ele está mais sobrecarregado do que eu. – uma coisa era uma missão sem o parceiro, outra, era não ter mais ele nas demais. E com esse pensamento, Marinette decidiu dar um descanso a Adrien.

— E o que você vai fazer? – Tikki questionou preocupada – Não pode enfrentar essa gangue sozinha e eu acho que não dá tempo de chamar um dos seus amigos. – a azulada pensou rápido.

— Vou ir sozinha, sim. Só que mais poderosa. – um sorriso se formou em seus lábios e ela se ajoelhou ao lado da cama. Em seguida tateou em baixo do móvel até achar o que queria e puxou a caixa dos Miraculous.

Marinette abriu o compartimento com o Miraculous do dragão e pegou a joia.

— Agora sim. – disse Tikki risonha. A garota então colocou a gargantilha, liberando Longg, o kwami do dragão.

— Saudações, mestre.

— Bom te ver de novo. – deram um rápido toque com as mãos, no caso de Marinette, com o dedo. – Vamos, não temos tempo à perder! Tikki e Longg, me transformem!

Dragonbug saiu pela janela do seu quarto, agradecendo que a chuva tinha parado de vez, facilitando sua locomoção até o banco.

Assim que chegou ao local, os seis criminosos estavam fugindo em um caminhão pequeno. A heroína rapidamente lançou o seu ioiô no veículo e foi puxada por ele, conseguindo parar no teto.

— O que foi isso? Algum herói? – ouviu um dos homens questionar e antes que pudessem verificar, Dragonbug pegou sua espada e enfiou na lataria do teto do caminhão, abrindo um buraco.

— É a Ladybug! – Marinette entrou no veículo, aonde estavam quatro dos criminosos e colocou sua espada na frente de si.

— Na verdade, é Dragonbug. – rapidamente a heroína destruiu as armas deles com a lâmina, ficando assim menos perigoso.

— Peguem ela! – Dragonbug deu um chute frontal no primeiro que avançou, fazendo com que ele caísse por cima dos outros. Em seguida, usou seu ioiô para desferir alguns golpes nos criminosos.

Depois que uma luta curta, devido à falta de espaço, Dragonbug prendeu os quatro bandidos com o seu ioiô. Logo, saiu pelo teto, por onde tinha entrado e foi até a frente do caminhão. Usando suas habilidades de aderir às superfícies, a heroína desceu pela porta do motorista, ficando presa à ela.

— Ela tá aqui! – o homem gritou, então antes que pudessem fazer algo, Marinette quebrou o vidro com um soco e puxou forte a direção, fazendo o caminhão virar.

— Climate! – ergueu sua espada e o ar ao redor do veículo fez com que ele caísse aos poucos, de cabeça para baixo.

A heroína pousou em segurança e puxou os criminosos que estavam no banco da frente para fora. Em seguida, usou seu ioiô para amarrá-los junto com os outros.

— Muito bem, Ladybug. Nós assumimos daqui. – disse Roger se aproximando, porém logo seu olhar pousou na heroína – Hã... Quero dizer, Dragonbug. Obrigado.

— Não há de quê, oficial Roger. – sorriu batendo continência.

Marinette fez menção de ir embora, porém gritos chamaram a sua atenção e um ônibus desgovernado passou por eles.

— Ah não! – Roger exclamou.

— Eu cuido disso. – disse a heroína, correndo na direção do veículo. – Lucky Charm! – jogou seu ioiô para cima, acionando seu poder especial. – Um cabo.

Dragonbug girou o objeto vermelho com bolinhas pretas e atirou na traseira do ônibus. Pegou a outra ponta e amarrou em um poste de luz, porém o mesmo estava começando a entortar. Rapidamente usou seu ioiô para se locomover e ficar na frente do veículo, que estava avançando.

— Desçam logo! – gritou para os passageiros, enquanto segurava o ônibus com a sua própria força. Mais um pouco e ele acertaria em cheio a Torre Eiffel.

Marinette estava fazendo força enquanto todos desciam e a área era evacuada. Assim que teve certeza de que mais ninguém iria se ferir, se abaixou, deitando na calçada e então o ônibus finalmente arrancou o poste de vez e passou por cima da heroína, mas sem atingi-la.

O veículo entornou uma parte da Torre Eiffel, porém Dragonbug andou calmamente até o cabo vermelho com bolinhas pretas e o juntou do chão. Logo, atirou o objeto para cima.

— Miraculous Ladybug! – o estrago foi consertado e os cidadãos bateram palmas para a heroína.

— Ai. Meu. Deus! – ouviu uma voz gritando ao seu lado e já sabia perfeitamente de quem era – Eu não acredito que estou conseguindo filmar de perto um dos trajes de super-heróis mais incríveis! – Marinette riu com o entusiasmo de Alya.

— Oi Alya e oi pessoal do Ladyblog. – a heroína acenou para a câmera do celular. – Se me derem licença, eu preciso...

— Todo mundo parado! – os olhares de todos se voltaram para um homem visivelmente alterado, apontando uma arma para eles. – Me dê agora o seu Miraculous!

Mesmo com a derrota de Hawk Moth, os demais criminosos queriam por vezes pegar as joias mágicas. Se um super vilão estava atrás delas, é porque obviamente valiam muito. Além do que, graças à Hawk Moth, a maioria dos cidadãos sabia o que as joias eram capazes de fazer, logo, a corrida ao pote de ouro começou.

— Hoje é o dia. – a heroína murmurou, colocando seu braço em frente à Alya.

— Anda logo!

— Você não vai querer fazer isso. – girou seu ioiô, formando um escudo em sua frente.

— Me entrega o seu Miraculous ou eu atiro! – apontou a arma para uma mulher com uma criança no colo, fazendo com que Marinette se desesperasse. Porém ela ainda tinha uma carta na manga e esperava que funcionasse.

— Tudo bem, só não atire. – parou de girar seu ioiô e levantou as mãos em rendição. – Eu vou entregar o meu Miraculous.

— E sem gracinhas! – a heroína assentiu, se aproximando devagar, sendo observada por todos ali.

Quando estava perto do homem, fez menção de levar a mão até os seus brincos, porém levou até a sua espada e em um movimento rápido bateu na arma do homem, a jogando no chão. Logo, acertou uma cotovelada no rosto dele e o chutou, fazendo com que ele caísse.

— Eu disse que você não iria querer fazer isso. – apontou a espada para ele. A população de Paris vibrou e não demorou muito para que a viatura da polícia chegasse.

— Gente, a Dragonbug não é incrível? – Alya chegou perto com seu celular e uma multidão foi se formando ao redor da heroína.

— Hã... Eu preciso ir. Se cuidem, pessoal. – atirou seu ioiô na estrutura da torre e se locomoveu para longe dali.

Marinette então corria pelos telhados até que adentrou a janela do seu quarto. Assim que chegou sua transformação se desfez.

— Bom trabalho, Marinette! – Longg elogiou.

— É, você foi incrível! – Tikki complementou.

— Obrigada, mas tudo que eu quero agora é um bom sono. – deitou em sua cama sem ao menos colocar um pijama ou tirar o Miraculous do dragão.

O dia de hoje nem havia terminado e ela já estava se sentindo acabada. O pior de tudo é que essa rotina tinha sido comum na sua vida pós Hawk Moth, e de certa forma, isso assustava Marinette.