— Eu sei, eu sei. Foi perigoso, mas deu tudo certo. – Marinette tentava tranquilizar o namorado. Ele não estava totalmente bravo, apenas preocupado com ela, pois sabia que se as coisas não eram simples para eles dois, pioraria só com ela.

— Você sabe que podia ter me chamado. Não precisa me dar um descanso. – falava enquanto caminhavam juntos para a escola.

— Mas eu fui como Dragonbug. E eu também sei que não posso ficar usando a fusão. – Tikki tinha explicado que as fusões aumentavam os poderes, mas era muito perigosas se usadas sempre, pois isso poderia danificar os Miraculous. Tecnicamente, eles não eram feitos para serem usados juntos, cada um tinha o seu propósito e misturá-los demais, poderia confundir suas finalidades. – Não vou fazer isso todas as vezes, ok?

— Tudo bem, eu acredito em você. E bem não vou questionar suas decisões sobre os Miraculous, você é a Guardiã. – sorriu para Marinette – Só não se sobrecarregue. Nós dois já estamos muito cansados e se um de nós pegar o peso de tudo, não vai ser bom.

— É, você está certo. – Marinette encarou os seus pés, pensando no que queria falar com o namorado – E o que acha de termos uma ajuda?

— Ajuda?

— É, algum dos heróis que nos ajudaram na batalha, terem o Miraculous definitivo. O que acha? – o loiro parou para pensar.

— Bem, você quem sabe. Mas saiba que vou te apoiar independente da sua decisão.

— E é por isso que eu amo você. – disse parando e ficando na ponta dos pés para beijá-lo.

— Eu também amo você.

***

Marinette estava deitada em sua cama, pensativa sobre a conversa que teve com Adrien mais cedo. Em seguida, decidida a tomar uma atitude, levantou da cama e se ajoelhou na frente dela.

— O que você está fazendo? – Tikki questionou curiosa.

— Eu tenho refletido sobre isso há algum tempo. – a azulada tateou o espaço em baixo da cama, até achar o que procurava. Em seguida puxou a caixa preta com detalhes em vermelho, muito conhecida por ela – Pensei que podemos ter alguma ajuda.

— Você diz outros super-heróis? – assentiu.

— Só que em tempo integral. Digo, gostaria de confiar os Miraculous a algumas pessoas, assim como Mestre Fu fez comigo e com Adrien. – sorriu ao lembrar da primeira vez que encontrou o guardião – Eu queria muito pedir um conselho ao Mestre, mas não consegui falar com ele.

— Bem, ele deixou você encarregada. – Tikki abriu os braços – Então, é você quem manda.

— Sim, eu sei. Só queria ter certeza de que estava fazendo a coisa certa.

— Siga o seu coração, Marinette. – a azulada sorriu e fez um carinho na cabeça da kwami.

— Pode deixar, Tikki. – abriu a caixa, revelando as joias mágicas.

— Quem você tem em mente?

— Por enquanto não penso em uma equipe grande. – apontou para o Miraculous da raposa e da tartaruga – Acho melhor investir naqueles que já conheço. Alya e Nino seriam perfeitos. Ou melhor, Rena Rouge e Carapace. – se corrigiu, risonha.

— E a Chloé?

— A Chloé?

— É. Não pretende chama-la também? – Marinette encarou o Miraculous da abelha, será que seria uma boa ideia? Tudo bem que Chloé tinha mudado, mas será que valia a pena arriscar?

— E-Eu não sei. Você acha que eu devo?

— Lembre-se, siga o seu coração. – a garota então parou para refletir.

Como já tinha dito antes, se a Ladybug tinha a ajudado a ser uma pessoa melhor, possivelmente Queen Bee ajudaria Chloé. Então, antes que se arrependesse, pegou os três Miraculous e colocou em suas caixinhas individuais.

— Espero que eu não me arrependa. – disse depois de um longo suspiro – Vamos fazer algumas entregas, Tikki. Mas antes, vou avisar o Adrien. – a kwami assentiu e logo Marinette pegou o seu celular e digitou algumas mensagens para o namorado. – Pronto. Tikki, spots on!

Ladybug saiu pela janela do seu quarto, sentindo a fina chuva – que tinha voltado – sobre si. Estava com um pouco de frio, mas isso não a impediria de entregar os Miraculous aos seus amigos.

Obviamente o primeiro lugar de destino, foi à casa da melhor amiga. Alya estava concentrada escrevendo no seu computador algo para o Ladyblog. Marinette sorriu ao perceber e deu leves batidinhas na janela da garota, que se assustou ao ver a heroína ali pendurada de cabeça para baixo.

— Ladybug? Aconteceu alguma coisa? Entra por favor! – correu para abrir a janela, visto que estava chovendo lá fora.

— Não, não aconteceu nada. Quero dizer, aconteceu. Mas nada demais. – entrou no quarto de Alya e parou de falar assim que notou que estava se enrolando nas palavras. – Quero dizer, eu vim aqui conversar um assunto sério com você, mas não preocupante.

— Entendi. O que seria? – Marinette respirou fundo.

— Então, como você deve saber, mesmo depois que Hawk Moth foi derrotado, eu e Chat Noir não temos descanso.

— É, a taxa de criminalidade em Paris, estranhamente subiu.

— Exatamente. E como você é alguém que eu confio muito e que eu já confiei o Miraculous da raposa algumas vezes, queria saber se você, Alya Césaire, aceita ser a Rena Rouge? – estendeu a caixinha preta – Dessa vez, em tempo integral. – Alya abriu a boca, surpresa e alternou seu olhar entre a caixinha e Ladybug.

— Isso é sério? – a heroína assentiu – E eu posso, tipo, ficar com ele?

— Sim, é claro. Desde que prometa guardar o seu segredo e usá-lo com sabedoria. Você pode fazer isso, não pode? – a morena assentiu animada e pegou a caixinha das mãos de Ladybug – Então, seja bem-vinda de volta, Rena Rouge. E espero que dessa vez, por definitivo.

***

Ladybug bateu pela segunda vez na janela de Nino, porém o mesmo estava com o headphone, concentrado trabalhando em uma nova playlist.

O garoto girou a cadeira e parou de frente para a janela, em seguida deu um grito agudo ao notar Ladybug ali – Marinette se segurou para não rir, pois havia sido muito engraçado. Logo, se apressou para ir até ela.

— Ladybug? O que você faz aqui? – a azulada sorriu.

— Desculpe atrapalhar, mas será que posso entrar? – ele assentiu e então a heroína adentrou o cômodo. – Então, preciso falar com você.

— Sobre o quê? Aconteceu algo?

— Na verdade sim. Eu e Chat Noir estamos muito sobrecarregados, tanto na nossa vida pessoal, quanto na nossa vida como super-heróis. Baseado nisso, precisamos de aliados confiáveis. Então, eu pensei em recrutar alguns conhecidos. – estendeu a caixinha preta para o amigo – Nino Lahiffe, você aceita ser o Carapace em tempo integral?

— Em tempo integral? – questionou surpreso.

— Sim. Você manterá o Miraculous, mas só se prometer que vai guardar o seu segredo e ser responsável com o poder que está sendo dado a você. Pode fazer isso?

— É claro, cara. Digo, Ladybug. – ela riu e logo ele pegou a caixinha da mão dela.

— Então seja bem-vindo de volta, Carapace.

***

Ladybug parou no topo de um prédio antes de ir até o último destino, sem se importar com a chuva fina que caía sobre ela.

A heroína precisava daquela parada para refletir novamente sobre o que estava prestes a fazer. Entregar o Miraculous da abelha para Chloé Bourgeois parecia certo, porém tinha medo de cometer um erro – como por exemplo o de Mestre Fu, que culminou na queda da Ordem dos Guardiões.

É claro, que não podia comparar sua decisão com o acontecimento histórico envolvendo o último guardião. Só que ela tinha medo de falhar e sua mente sempre aumentava as coisas.

Lembrou das palavras de Tikki, sobre seguir o seu coração. Marinette sentia que precisava dar uma chance à Chloé Bourgeois, afinal, não era o mesmo caso, mas ela mesma tinha ganhando uma nova chance de Mestre Fu.

Concluindo seu raciocínio, respirou fundo e voltou a se locomover pela cidade até chegar ao hotel Le Grand Paris.

— Ladybug? – Chloé sussurrou assim que viu a heroína se aproximar da sua janela e não tardou em abri-la para a azulada entrar. – O que houve?

— Será que eu posso entrar? – a loira assentiu animada e então Ladybug passou por ela, entrando no quarto cor-de-rosa. – Eu gostaria de falar com você, um assunto sério. – dizia firme. Precisava deixar tudo muito claro antes de confiar a joia da abelha à Chloé novamente.

— Pode falar. – Marinette então explicou os motivos que a levaram a concluir que precisava de aliados, como tinha dito para Alya e Nino.

— Então eu refleti muito sobre o assunto e eu espero que você possa me ajudar com isso. – mostrou a caixinha preta para a loira, que tinha um brilho nos olhos. Antes que a Bourgeois pegasse, Marinette a puxou de volta para si. – Mas antes, eu quero ter certeza de que posso confiar em você.

— Sim, claro que pode. Eu mudei, eu juro. – disse desesperada – Agora eu sou um pouco mais legal com as pessoas e eu prometo que não vou fazer nada ruim. Quero dizer, de propósito.

— Então eu posso contar com você? – a loira assentiu. – Nesse caso, Chloé Bourgeois, você aceita ser a Queen Bee em tempo integral? – ela pegou a caixinha com um sorriso enorme no rosto.

— É claro, Ladybug. Não se preocupe, não vou te decepcionar.

— Assim espero. – sorriu e andou na direção da janela, pronta para ir embora. Mas antes, encarou Chloé por cima do ombro – Ah, seja bem-vinda de volta, Queen Bee.