Marinette tomou um gole do chá quente e encarou Fu, enquanto batia os dedos de leve na caneca de porcelana. De fato estava um pouco nervosa em conversar com Mestre Fu, porém era necessário.

— Espero que o senhor não tenha ficado decepcionado com a nossa decisão de revelar as identidades. – ele riu a deixando um pouco aliviada.

— Marinette, eu já dei a total autonomia para vocês fazerem o que deve ser feito. Aliás, você é a nova guardiã dos Miraculous e tudo que eu preciso fazer, é respeitar a sua decisão.

— É, sobre isso... Eu fico um pouco receosa de guardar as joias comigo. Ao menos agora que sabem que eu sou a Ladybug. – Fu coçou a barba.

— Entendo. Você pode recrutar mais alguns membros para a sua equipe, se preferir. – a azulada concordou com a cabeça. Realmente era uma boa ideia. – Claro que, não precisa distribuir todas as joias.

— Sim, foi o que eu pensei.

— E como está o Adrien?

— Melhor do que eu imaginava. Ele está lidando bem até. – sorriu, estava orgulhosa do namorado.

Ao parece, Adrien finalmente tinha paz na sua vida. Tudo bem que a sua família estava meio que desestruturada, mas sua mãe, seu pai e Nathalie, não eram de fato sua única família. O loiro sabia que podia contar com Marinette mais do que ninguém. Além do mais, Nino, Alya e Chloé, com certeza estariam ali para qualquer coisa.

— Que bom. Fico feliz em saber disso. – deu um sorriso sincero.

— Eu também, Mestre. Eu também.

***

Marinette esperou alguns dias para falar com Adrien sobre os Miraculous. Não queria correr o risco de aborrecer o namorado. Porém, Marinette continuou exercendo seu dever com a cidade n assim como o resto da equipe.

Nesse meio tempo, Chat Noir não apareceu para combater o crime. Obviamente todos entediam e respeitavam os motivos do herói. Incluindo a cidade de Paris, que se encontrava comovida com a triste história da família Agreste.

Os cinco heróis ainda estavam lidando com a fama que adquiriram na sua forma civil, devido à grande revelação das identidades. E apesar de Chloé estar meio que acostumada, ainda sim era diferente de antes – já que agora sabiam sobre a equipe toda, e não somente sobre ela.

Apesar de tudo, aos poucos, as coisas estavam se resolvendo.

Adrien retirou sua gravata e jogou em cima da cama, tinha acabado de voltar da empresa. Tinha ido pela primeira vez lá, no lugar do seu pai. A papelada toda e a burocracia de transferência era um saco, mas também era necessária.

Marinette estava sentada em sua cama, esperando por ele.

— Eu falei com o Mestre esses dias... Sobre os Miraculous. – ela começou – Ele deu a ideia de distribuir mais alguns. O que você acha?

— Acho uma boa ideia, Bugaboo. – sentou ao lado dela, beijando o rosto da namorada – Tem alguém em mente? Precisam ser pessoas confiáveis.

— Estou pensando ainda. Alguma sugestão? – Adrien negou – Vou falar com a Alya, o Nino e a Chloé então. – suspirou – Como foi lá na empresa?

— A princípio, tudo bem. O pessoal é gente boa e me recebeu muito bem.

— Que bom. – a azulada sorriu, acariciando as costas dele.

— A parte chata é a burocracia mesmo. Mas a Lena está cuidando da maior parte.

— E o seu pai e a Nathalie? Eles já deram notícias? – ambos tinham se afastado da cidade, evitando o assédio de repórteres e até das pessoas que não ficaram muito felizes em saber que Gabriel era Hawk Moth.

— O caso ainda está em andamento. Só isso que eu sei. – se atirou para trás, deitando no colchão. Marinette fez o mesmo e se aconchegou ao lado dele – Obrigado por estar comigo, my lady.

— Você sabe que não precisa me agradecer. Eu sempre vou estar ao seu lado. – o loiro sorriu, virando para ela e a beijando. A mão dele segurava o rosto de Marinette com delicadeza. Adrien sentia falta de momentos assim com a namorada. Ao menos nesses últimos dias, não tinham muito tempo para ficarem dessa maneira.

Ouviram batidas na porta, fazendo com que se separassem e ficassem de pé.

— Pode entrar.

— Sr. Agreste? – Lena o chamou.

— Pode me chamar só de Adrien, já disse. – falou com um sorriso. “Sr. Agreste” remetia muito ao seu pai e o loiro, definitivamente, não queria ser lembrado como ele.

— Ah, é claro. Me desculpe. – a mulher ajeitou os óculos – Vim avisar que sua agenda está livre hoje, assim como me pediu.

— Obrigado, Lena.

— De nada. Qualquer coisa, estarei lá em baixo.

— Certo. – ela saiu, deixando os dois a sós novamente.

— Pretende descansar hoje?

— Não. Pretendo saltar com a minha namorada por cima de alguns prédios. – riu – O que me diz, my lady? – Marinette se surpreendeu.

— Eu adoraria. Mas você não quer descansar um pouco? Esse mês foi muito tumultuado pra você.

— Se eu ficar parado, olhando para as paredes e pensando em tudo que aconteceu, vou acabar ficando que nem o meu pai. – ironizou – E eu não quero isso. – a garota sorriu – Plagg? Cadê você? Plagg?

— Adrien! – o kwami acordou e abraçou o braço do loiro. Estava com saudades de interagir com ele, tanto que nem se importou em ser acordado. Adrien ainda carregava Plagg para todos os lugares, mas nesse última semana, não tinha muito tempo para dar atenção ao kwami.

— Uau! Ele nem pediu um camembert antes do abraço. – Tikki brincou, fazendo eles rirem.

— Tenho certeza que depois ele vai pedir. Plagg, claws out!

Marinette ficou parada por alguns segundos, admirando o quão lindo seu namorado ficava com o traje de herói. Ainda mais o novo traje, com alguns detalhes em verde e acinzentados.

— Admirando a minha beleza, princesa? – e Chat Noir estava de volta.

— Confesso que sim, kitty. Tikki, spots on!

— Me dá alguns segundos para admirar a sua? – Marinette riu, pegou seu ioiô e foi na direção da janela.

— O que acha de uma pequena reunião de equipe?

— É uma ótima ideia!

***

Chloé estava terminando de pintar as unhas, quando recebeu uma mensagem de Marinette, a chamando para patrulhar a cidade em equipe.

Sem pensar duas vezes, a loira largou tudo e foi procurar a sua kwami, que estava comendo pipoca e assistindo televisão. Era uma cena um tanto quanto engraçada.

— Temos trabalho a fazer.

— Ah! Agora?

— É. Depois você termina. – a criaturinha sorriu e foi até ela – Pollen, back on!

Queen Bee saiu pela janela do quarto e não demorou muito para encontrar Ladybug, Chat Noir, Rena Rouge e Carapace.

Era tão bom ver a equipe reunida novamente – mesmo que não tenha se passado tanto tempo assim desde que haviam se visto com os uniformes. Porém nesse meio tempo, aonde a vida de Adrien mudou completamente, todos tiveram receio que ele pudesse desistir de vez.

Que bom que estavam enganados.

— Obrigada por terem vindo. – Ladybug disse.

— Não perderíamos essa pequena reunião por nada! – Carapace fez uma pose engraçada. – Aliás, fico feliz em saber que você está de volta. – pousou sua mão no ombro de Chat Noir e fez um toque com o melhor amigo.

— Acha mesmo que eu deixaria vocês na mão?

— É bom ter a equipe reunida. – Rena Rouge suspirou aliviada.

— Também acho. – Queen Bee tinha quase certeza que as suas unhas estavam um completo caos por baixo do uniforme. Mas não perderia por nada o encontro dos heróis naquela tarde. – Aliás, se precisarem de nós na forma civil também, sabem que podem contar com a gente. – sorriram entre si.

— Verdade. Qualquer hora.

— Menos na hora do almoço. – Carapace brincou, fazendo eles rirem. – Zoeira, podem chamar sim. Por essa equipe, eu deixaria o meu almoço.

— Então quer dizer que ele gosta mesmo da gente. – o loiro riu do amigo. – Nino leva almoços muito a sério.

— E quem não? – Alya balançou a cabeça em negação.

— Conversa ótima, mas agora temos trabalho a fazer. – Adrien chamou a atenção deles e apontou para a namorada.

— Como vocês sabem, por mais que os responsáveis sejam pegos, as armas miraculosas ainda estão circulando por Paris. – Ladybug começou – E o nosso dever é fazer de tudo para elas não se espalharem mais.

— Hoje pela manhã, eu recebi uma informação anônima de um possível ponto de produção. – Alya revelou – Pensei em checar amanhã, mas como estamos todos aqui reunidos, o que acham?

— É uma boa ideia.

— Aonde é? – antes que a heroína pudesse responder, ouviram o barulho de sirenes.

— Bom, pelo visto isso vai ter que esperar. – disse Ladybug – Vamos resolver aquilo primeiro. – apontou – E depois, vamos direto investigar.

— Tá bem.

— Ok.

— Estão todos prontos?

— Você, mais do que ninguém, sabe que estou sempre pronto, my lady. – piscou para a namorada.

— É, realmente o Chat Noir está de volta.