— Miraculous Ladybug! – jogou o espelho para cima, consertando os danos causados pelos carros batidos e pelos criminosos.

— Zerou! – bateram os punhos e o celular da heroína tocou. Ela o pegou rapidamente e atendeu, desviando os repórteres, imaginando ser Adrien.

— Alô?

— Marinette? – era Mestre Fu – Eu estava relendo os livros e percebi um detalhe muito importante que havia deixado passar antes. O dia de hoje, de acordo com o calendário chinês é propício para tentarmos ressuscitar a mãe do Adrien. Você falou com ele?

— Falei, mas... Não sei se o senhor viu o noticiário. Ele está com alguns problemas para resolver.

— Ah sim, entendo.

— Mas eu falo com ele novamente e já lhe dou uma resposta.

— Certo.

Ladybug desligou a chamada e encarou um ponto específico, pensando sobre o que teria que fazer. Porém não pode concluir um longo raciocínio, já que alguns repórteres se aproximaram dela, fazendo inúmeras perguntas – principalmente sobre o novo traje.

***

— Como foi lá? – questionou para Adrien, que tinha acabado de prestar depoimento.

— Tranquilo.

— E o seu pai e a Nathalie?

— Provavelmente pra cadeia. – Marinette abriu a boca, chocada. – O que eles fizeram é crime, está mais do que correto eles pagarem.

— Eu entendo, mas... E você? Como está com isso?

— Bem, na verdade. – admitiu – Já tomei algumas decisões em relação a empresa. Na semana que vem irei lá resolver.

— E você falou com o seu pai sobre a sua mãe? – Tikki e Plagg observavam em silêncio seus portadores conversando.

— Falei. Ele acabou lembrando de tudo e se arrependendo. – suspirou, relembrando da conversa que teve com Nathalie e seu pai – Mas de qualquer jeito ele e Nathalie vão para a cadeia. Obviamente os advogados dele vão fazer de tudo para tirá-los de lá.

— Acha que vão conseguir?

— Provavelmente sim.

— E falando na sua mãe... – Marinette explicou o que Mestre Fu tinha dito para ela. – O que acha? – abraçou o namorado por trás e depositou um beijo no ombro dele. – Podemos tentar, se você quiser.

Adrien ficou em silêncio. Tinha refletido muito sobre o assunto, principalmente depois da conversa que teve com o seu pai. Em seguida, respirou fundo e olhou para Marinette.

— Eu acho que não é uma boa ideia.

— O quê? – Marinette piscou os olhos, assimilando a informação – Como assim?

— Não podemos fazer isso.

— Eu sei que é difícil, mas vamos tentar e...

— Não. Não devemos fazer isso. – se corrigiu. – Eu amo a minha mãe mais do que tudo e é exatamente por isso que eu acho que ela deve ter o seu descanso merecido. – Marinette estava com os olhos marejados, assim como seu namorado – Meu pai vai pra cadeia, a família está um completo caos. Ela não merece isso. Ela merece o melhor.

— Adrien...

— Essa é a escolha mais difícil da minha vida, Marinette. – a garota o abraçou apertado – Obrigado por estar comigo nesse momento.

— Eu nunca te abandonaria. – sentiu as lágrimas caírem, assim como as do loiro – Nunca. – o garoto assentiu deitando a cabeça sobre a cabeça dela. – Nunca mesmo.

***

— O que aconteceu? – Queen Bee questionou, entrando pela janela de Alya. Nino já estava lá, escorado na cama da namorada.

— Só a chamei aqui para conversarmos.

— Ah, tá. Back off! – desfez a transformação e sua kwami caiu em sua mão. No entanto, Pollen rapidamente se animou ao ver Trixx e Wayzz.

— Marinette me mandou uma mensagem e disse que ela e o Adrien estarão ocupados hoje, então vamos precisar ficar em alerta.

— Certo, entendi.

— Vocês não acham a maior loucura, tudo que está acontecendo com o Adrien? – Nino indagou – Tipo, o pai dele era o Hawk Moth. Eu ainda não superei isso!

— Nem eu.

— Acham que vai der certo o que eles vão tentar fazer com a mãe dele?

— Não sei. Mas espero que sim, o Adrien gosta muito dela. – disse lembrando da expressão do melhor amigo ao falar da mulher.

— É.

— De qualquer jeito, vamos ficar em alerta caso eles ou Paris precise da gente.

***

Depois de passarem longos minutos chorando juntos, Marinette e Adrien decidiram contar a decisão do garoto à Mestre Fu.

— Eu entendo a sua decisão, Adrien. E a respeito totalmente. – disse com calma – Há uma razão para os povos antigos acreditarem em reencarnação ao invés de ressuscitação.

— Como assim? – Marinette questionou.

— Se você reencarna, você inicia uma nova vida. Mas se você ressuscita, você volta à sua antiga e assim nunca completa o ciclo vital. Eles acreditam que há uma razão para tudo acontecer, e você alterar a ordem natural, não é bom. – explicou – Eu imagino que seu primeiro pensamento não tenha sido esse, por sentir falta da sua mãe. – o loiro assentiu.

— Muita. Mas não é justo com ela. – encarou o velho chinês – Eu a amo demais para fazer ela passar por isso. – Marinette colocou a mão sobre o ombro dele, mostrando que estava ali.

— Seu pensamento é muito nobre. A pessoa certa para portar um Miraculous, sem dúvida alguma. – Fu sorriu de leve – Sua mãe com certeza ficaria muito orgulhosa, meu jovem.

— Obrigado, Mestre. – a azulada beijou a bochecha do namorado.

— Vai dar tudo certo, Adrien.

— Contanto que você esteja comigo, eu sei que vai. – entrelaçaram as mãos.

— Eu estarei.

Fu sorriu vendo a cena que comprovava ainda mais o que ele tinha dito no dia que entregou os Miraculous para Marinette e Adrien, que aqueles dois tinham sido feitos um para o outro.

***

— Sr. Agreste? – Lena, a nova assistente de Adrien adentrou na pequena salinha, chamando a atenção do casal.

— Sim?

— Já está tudo pronto, estão esperando vocês. – o loiro assentiu e olhou para Marinette.

— Está mesmo preparada? Porque se não quiser fazer isso, tudo bem. A ideia é minha e...

— Eu estou preparada sim. – segurou a mão do namorado. – Acredite, eu pensei muito sobre isso e eu estou do seu lado. – ele estava nervoso, não podia negar. Contudo, ter Marinette ao seu lado parecia o deixar mil vezes mais tranquilo. Ela, obviamente, não estava calma, porém o Agreste causava o mesmo efeito na azulada.

— Vamos então. – Lena sorriu e saiu na frente, mostrando o caminho.

— Chegamos! – Alya anunciou ofegante, fazendo eles rirem.

— Desculpem o atraso. – Chloé se desculpou.

— Vocês vieram... – o loiro disse, surpreso.

— É claro. Somos uma equipe, acha mesmo que deixaríamos vocês dois na mão? – Nino fez um toque com o melhor amigo.

— Então... Vocês estão bem com isso? – Marinette questionou ao casal de amigos, que se entreolhou e concordou com a cabeça, dando um sorriso.

— Podemos ir? – a mulher questionou e os jovens assentiram.

— Vamos. – Adrien e Marinette adentraram a sala cheia de repórteres de mãos dadas, seguidos por Alya, Nino e Chloé.

Os quatro sentaram nas cadeiras que haviam no pequeno palco e Adrien se posicionou ao microfone. Tinha organizado uma entrevista para alguns esclarecimentos, exigidos pelos acionistas da empresa.

Antes de começar a falar, olhou para Marinette, que deu um sorriso encorajador para ele.

— Recentemente saiu a notícia de que a empresa do meu pai estava financiando um projeto de desenvolvimento ilegal de armas. O caso está sendo investigado pela polícia, contudo, eu vim aqui pessoalmente prestar alguns esclarecimentos. Sinceramente, eu não gosto desse tipo de coisa, mas acredito que seja necessário. A começar, eu fui a pessoa que mandou publicar a notícia. – os quatro se entreolharam surpresos, nem mesmo Marinette sabia disso – Eu acredito que a verdade é a coisa mais importante e que as pessoas devem pagar pelos seus crimes. Mesmo se essa pessoa for o meu pai, ou quem quer que esteja envolvido diretamente. Mas eu posso afirmar, que a companhia como um todo, não está envolvida nisso. – fez uma pausa, enquanto o único som ouvido, era o das câmeras, tirando inúmeras fotos. – Enquanto o meu pai estiver afastado da empresa, eu tomei a decisão de assumir o seu lugar por tempo indeterminado ainda. – Marinette piscou, surpresa novamente – Perguntas?

— É verdade que você vai largar a escola e assumir totalmente a empresa?

— Não. Continuarei os meus afazeres de sempre, até finalizar os meus estudos. Enquanto isso, estarei no lugar do meu pai até que ele volte, ou não.

— O seu pai tinha acordo com gangues criminosas?

— Não.

— Qual a motivação por trás do financiamento deste projeto? Pois aparentemente, essas armas visavam conter os heróis da cidade. – Adrien respirou fundo. Hesitou por um momento, mas já estava cansado de tantas mentiras.

— Gabriel Agreste era Hawk Moth. – os repórteres começaram a falar ao mesmo tempo, enquanto Adrien permanecia calado. Um dos seguranças pediu silêncio, então depois de alguns segundos, a falação cessou. – Não falarei como ou o porquê disso, pois não cabe à mim. Então não adianta fazer mais perguntas sobre esse assunto. – uma mulher levantou a mão – Sim?

— Expor o seu pai foi uma jogada para assumir a empresa?

— Claro que não.

— Mas algumas fontes dizem que você sempre soube dos negócios da companhia, o que tem a dizer sobre isso? – a repórter questionou, com um sorriso pretensioso.

— É mentira. Até porque, eu nunca compactuaria com a produção desses armamentos.

— E como podemos acreditar na sua palavra? – Marinette fez careta, queria bater naquela mulher por falar como se seu namorado fosse o vilão da história. – Me desculpe, mas pelo que você está falando, seu pai era o Hawk Moth. O que nos garante que não estava envolvido com ele?

— A sua garantia é que... – o loiro olhou na direção da namorada.

— Você consegue. – ela o encorajou baixinho. Adrien então sorriu, virou para a frente e recobrou a postura.

— Eu sou o Chat Noir.