Marinette fitava Emile Agreste com um sorriso discreto no rosto. A mulher era tão bonita quanto nas fotos, e podia certamente dizer que Adrien era filho dela. A beleza com certeza era de família.

— Talvez não seja uma boa ideia. – a fala do loiro chamou a atenção da garota. – Não sei se quero que ela veja o que nos tornamos. E tem mais esses efeitos que você mencionou... – Marinette respirou fundo e foi até o namorado.

— Olha, você nunca vai saber se vai dar certo se não tentar. E eu entendo que você esteja receoso, mas saiba que eu estarei ao seu lado para o que der e vier. – sorriu reconfortante, pousando sua mão sobre o ombro dele – Se achar melhor não tentar, ok. Mas se quiser tentar, farei de tudo pra te ajudar. – Adrien também sorriu, acariciando a mão dela. – Qualquer decisão que você tomar, eu vou te apoiar. – os pensamentos dele foram até outra questão.

— Qualquer decisão? – ficou sério, fazendo com que Marinette consequentemente também ficasse. Um misto de confusão e receio tomou conta do rosto dela, lembrando do que Plagg tinha dito mais cedo.

Novamente temia beirar o assunto “deixar de ser super-herói”. Estremeceu apenas com a possibilidade de Adrien insistir na ideia.

— Exceto se você decidir deixar de ser o Chat Noir. – resolver dizer de uma vez o que sentia e baixou a cabeça – Eu não consigo sem você.

— Você ainda tem a equipe.

— Mas eles não são você. – olhou nos olhos dele – Não quero desmerece-los, mas você é o meu parceiro. Somos Yin e Yang. Um não existe sem o outro.

— Sabe que é completamente capaz sem mim.

— Não, não sou. – respirou fundo – Então, nesse caso, eu não serei mais a Ladybug também.

— Você não pode fazer isso!

— Assim como você não pode deixar de ser o Chat Noir! – Adrien desviou o olhar. – Eu te amo, mas... – Marinette suspirou. O que estava fazendo? Infelizmente não podia impedir o namorado. Devia o apoiar acima de tudo – Quer saber? Me desculpe por isso, não posso forçar você. Só que... Eu não me imagino fazendo isso sem você. – seus olhos já estavam marejados a essa altura. Quando Adrien olhou para ela novamente e a viu quase chorando, seus pensamentos de minutos atrás foram por água abaixo.

— Você estava errada sobre não poder fazer isso sem mim. – sorriu de leve e depositou um beijo na mão dela – Mas estava certa sobre sermos o Yin e Yang. Somos uma dupla perfeita, my lady. Um não deve existir sem o outro, e é por isso que você não pode deixar de ser a Ladybug.

— Isso quer dizer que você vai continuar sendo o Chat Noir? – indagou com os olhos cheios de expectativas.

— Sim, mas... Com uma condição.

***

— As coisas não estão fáceis pra você. – Chloé olhava para o quadro de Emile Agreste, lembrando de como tudo era diferente com a presença da mulher naquela casa.

Até mesmo Gabriel Agreste era diferente. Quem o conhecesse naquela época, já mais diria que ele poderia vir a se tornar um vilão como Hawk Moth. Mas considerando o que tinha acontecido com Emilie, e o amor que Gabriel tinha por sua esposa, foi fácil de entender a motivação dele – por mais que não concordasse com os seus métodos.

— Nenhum pouco. – Adrien sorriu sem humor, parado ao lado dela e olhando para o quadro. Nunca cansaria de admirar a sua mãe – Mas a Marinette tem me ajudado muito. Todos vocês, na verdade. Aliás, foi muita gentileza sua trazer com você o Nino e a Alya para me prestarem apoio. – a loira sorriu e olhou pro amigo. – Não deve ter sido fácil passar pelos fotógrafos.

— Tenho meus métodos. – jogou os cabelos, fazendo ele rir – E eu sei que nos afastamos um pouco, mas ainda somos amigos de infância. Não o deixaria na mão. – Chloé e Adrien se afastaram por conta das personalidades e círculo social diferentes. Porém, depois que viraram super-heróis e passaram a lutar juntos na mesma equipe, a amizade foi voltando aos poucos.

— Valeu, Chloé. – ela acenou com a cabeça.

— O que pretende fazer agora?

— Bem... É por isso que eu quis falar com você. – a Bourgeois encarou Adrien com certa curiosidade – Tomei uma decisão e queria saber a sua opinião.

— A minha? – apontou para si.

— É. Como tem lidado com as pessoas sabendo que você é a Queen Bee? – ela riu.

— Nos primeiros dias meus pai dobrou a segurança. Mas depois disso, vimos que eu não precisava. Ninguém seria louco de atacar uma heroína, que também é a filha do prefeito.

— Mesmo assim é perigoso. Acha que algo de ruim pode acontecer?

— Sinceramente, não. O povo de Paris já provou o quão acolhedor ele pode ser, me receberam de braços abertos.

— Não tem medo que machuquem a sua família?

— Tenho certeza que posso protege-los. Sem contar que tenho a ajuda de vocês quatro.

— E ninguém tentou roubar seu Miraculous?

— Claro. Mas os criminosos têm se preocupado mais em roubar bancos. – deu de ombros. – A verdade é que sempre haverá riscos em ser um super-herói. Mesmo que as pessoas não saibam a sua identidade secreta. – o loiro assentiu. – Cada situação tem prós e contras. Cabe a você avaliar quais pesam mais.

***

— Ele queria desistir de ser o Chat. – disse devagar, fazendo Alya e Nino trocarem olhares espantados. Os três amigos conversavam no hall de entrada da mansão Agreste.

— Cara...

— Mas ele não vai, né? – a morena questionou e Marinette negou.

— Mas apenas com uma condição.

— E qual seria? – antes que respondesse, Nathalie surge no cômodo.

— Aonde está o Adrien?

— Conversando com a Chloé no escritório do pai dele. E como está o Sr. Agreste?

— Melhor. – respondeu com a voz baixa – Ele acordou agora e me perguntou algumas coisas. Mas eu disse que mais tarde conversaríamos todos juntos. – Marinette assentiu e a atenção de Nathalie foi para Alya e Nino, que a encaravam com dúvida – Queria dizer novamente que sinto muito. Não tinha más intenções.

— Entendo. Eu vejo como se importa com o Adrien e o Gabriel.

— Sempre quis o melhor para a família Agreste.

— Meu pai já acordou? – Adrien saiu da sala, acompanhado de Chloé.

— Sim. E ele quer conversar sobre o que aconteceu mais cedo.

— Diga a ele que essa conversa pode esperar. Precisamos prestar alguns esclarecimentos à polícia, à mídia e à empresa primeiro. – Nathalie assentiu e saiu. – Agora, precisamos conversar. – disse para a equipe.

O olhar do loiro pousou em Marinette, que sabia exatamente do que se tratava.

— Sobre o quê?

— Muitas coisas.

***

Assim que Adrien terminou de falar, os três olharam para Marinette, pois a opinião dela era a mais importante ali.

— O que você pensa sobre isso? – Alya perguntou ao notar que a melhor amiga permanecia em silêncio.

— Sinceramente, nunca achei uma decisão sensata. E não é só porque eu amo o Adrien que vou passar a achar. – disse com sinceridade – Acho que devemos refletir um pouco antes de bater o martelo. – eles assentiram – Assim você também tem tempo de se resolver com a sua família. Tudo bem pra você, Adrien?

— É claro, my lady. – sorriu – Falando nisso, decidi contar pra vocês que eu, Marinette e o Mestre estamos tentando trazer a minha mãe de volta. – Alya, Nino e Chloé abriram a boca em espanto.

— Mas como?

— Descobrimos que meu pai a mantinha aqui em casa, esperando até o momento que conseguisse o meu Miraculous e o da Marinette para trazê-la de volta.

— A Sra. Agreste está debilitada por conta do Miraculous do pavão. – Marinette explicou – Acontece que o Miraculous era dela, e estava com defeito. Quando ela usou, acabou ficando como está.

— Achamos que o motivo de ele estar com defeito pode ter sido um Cataclysm. Mas não temos certeza.

— Nesse caso o poder da Ladybug poderia traze-la de volta, não é?

— Pensamos nisso, mas não é tão simples. – bocejou, o que fez Adrien lembrar que tinha passado a noite lendo sobre isso e os novos poderes. – Ainda estamos formulando o que vamos fazer.

— Se precisarem de algo, ou se pudermos ajudar de alguma forma, podem contar com a gente. – disse Alya.

— Certo, muito obrigado. – agradeceu com um sorriso sincero. Era ótimo ter o apoio dos amigos.

O celular de Marinette tocou. No entanto, não era nenhuma mensagem ou ligação, e sim o alerta de crimes em andamento do Ladyblog.

— Roubo acontecendo numa joalheria. – alertou a equipe – Precisamos cuidar disso.

— Ok. – Adrien concordou, porém ela colocou o braço na frente dele.

— Você fica. Como disse para a Nathalie, precisam fazer esclarecimentos. A polícia está dando andamento no caso, e não será bom se não o encontrarem em casa. – o loiro assentiu um pouco relutante. – Mais alguém quer ficar?

— Podemos ir. – Nino respondeu depois de trocar olhares com as outras duas.

— Tá bem. Então vamos logo. – a azulada foi até o namorado e beijou a sua bochecha – Eu volto logo.

— Estarei esperando por você, Bugaboo.