Vidas Secretas escrita por Srta Poirot


Capítulo 9
Potts (Livin’ on a Prayer)


Notas iniciais do capítulo

Olá, galera! Este capítulo apresenta dois novos personagens e um que é velho conhecido. hehehe Espero que gostem. ;-)
Aviso: não entendo de mecânica. Perdoem-me por algum erro, se houver.

Dica de música: Bon Jovi - Livin' on a Prayer (1986)



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We've got to hold on to what we've got

It doesn't make a difference if we make it or not

We've got each other and that's a lot for love

We'll give it a shot

 

Woah, we're half way there

Woah, livin' on a prayer

Take my hand, we'll make it I swear

Woah, livin' on a prayer

Livin’ on a prayer.

.

.

.

Queens, 15 de novembro de 1985...

Tony acordou no dia seguinte se sentindo revigorado. Nada como uma boa noite de sono. Não importava se sua cama temporária não era aquela cama extra macia que estava acostumado na mansão Stark. O que importava era a paz.

Quando ele se deitou na cama pela primeira vez no dia anterior, ele apenas tirou um cochilo. À noite, ele saiu do prédio e deu uma volta pelo bairro; encontrou uma lanchonete e comeu algo para jantar; encontrou também um supermercado onde comprou mais fórmula, fraldas, café em pó e ovos. De volta à quitinete, ele cuidou de Peter: o alimentou, deu banho e foi dormir com ele.

Acordar revigorado era novidade para Tony. Ele sempre acordava já se sentindo preso à rotina que iria enfrentar. Rotina de muitos estudos, de projetos das Indústrias Stark, do MIT e de tentar impressionar seu pai. Certamente, tentar impressionar Howard era sempre a tarefa mais árdua para um adolescente. Mas agora, Tony não sentia essa obrigação. No Queens, ele estava livre, por isso, se sentiu revigorado quando acordou.

Tony aprendeu a fazer café com Rhodey no MIT, assim como também aprendeu a fazer ovos fritos. Nessa manhã, iria ser o seu café da manhã, mas ele esqueceu que precisaria de sal e açúcar. Ele desceu para pedir um pouco a Sra. Wheeler.

A mamadeira já estava na temperatura ideal para Peter tomar. Tony pôs seu filho na posição certa e o alimentou. Tudo isso ele aprendeu com a babá durante as madrugadas.

“Hoje, vou começar a procurar emprego, garoto.” Tony falou e Peter fixou seus olhos nele enquanto sugava sua fórmula. “Será que aceitam bebês também? Não para trabalhar, é claro. Apenas para que eu fique de olho em você.” Peter nada respondeu.

Depois que Tony terminou de preparar a si mesmo e ao Peter, ele saiu do prédio por volta das oito horas. Decidiu começar pelos locais mais próximos.

“Eu vi uma oficina subindo a rua, apenas umas duas quadras de distância. O que você acha, Petey? Já sei tudo sobre carros, talvez eu consiga alguma coisa. A propósito, posso te chamar de Petey?”

O bebê manteve o olhar fixo para Tony. Ele sempre fazia isso quando Tony falava e era por isso que Tony se sentia motivado a conversar mais com ele só para ter a atenção dele. Peter era um bebê bonzinho e não era difícil entretê-lo.

Tony caminhou pelas duas quadras carregando Peter no bebê conforto. Ele parou em frente a uma casa de dois andares, onde o térreo foi feito para ser uma oficina. A placa dizia:

Oficina do Potts

Não era um nome muito chamativo, mas era uma oficina de qualidade. Tony viu um homem de cócoras ajustando os freios de um carro, entrou na oficina e se aproximou dele.

“O senhor é o dono da oficina?” Tony perguntou.

O homem olhou para cima e ficou intrigado ao ver um jovem segurando um bebê conforto com um bebê dentro.

“Sou eu, sim. Sou o Potts. Posso te ajudar em alguma coisa?” O homem – Potts – se levantou do chão para dar atenção ao estranho na sua frente.

“Olá. Eu não... não sei por onde começar.” Tony ia dizendo nervoso. “Mas é que eu sou novo na cidade e estou procurando emprego. Então...”

“Você quer algumas dicas por onde começar? Que tal o centro?” Potts sugeriu com calma.

“Eu estava pensando se talvez você queira um ajudante. Eu entendo de mecânica e a primeira coisa que pensei foi em uma oficina.”

O Sr. Potts observou o adolescente por um tempo, provavelmente duvidando que ele tivesse experiência em alguma coisa relacionada a oficinas. “Sinto muito, mas eu já tenho um ajudante. O nome dele é Johnny. E apesar de eu ter alguns clientes fidelizados, no entanto, não estou em condições de contratar outro.”

Potts ficou realmente intrigado com aquele rapaz segurando um bebê. O jovem parecia estar passando pela pior fase de sua vida e, apesar de ter boa aparência, este fato o estava consumindo por completo. Ele viu o rapaz ficar desanimado com a recusa de um emprego e se retirar para a saída.

Potts o chamou de volta. “Hey, jovem. Não sei seu nome.”

Tony pensou por alguns segundos se deveria dizer seu nome verdadeiro ou não. Sua fuga de casa ainda era bem recente. Ele optou pela primeira opção. “Meu nome é Tony. Tony Stark.”

“Hum, Tony Stark. Quantos anos você tem?”

Tony se perguntou aonde esse questionamento iria parar. Potts não pareceu reconhecê-lo, mas não custava nada ter cautela. “Eu tenho 18 anos.”

“E o bebê? Quem é ele?”

“Esse é Peter. Ele é meu filho.”

O bebê mencionado fez um balbucio como se dissesse ‘oi’ ao homem estranho. Potts fez uma expressão de gentileza.

“Você disse que é novo na cidade. Ainda tem família?”

“Praticamente não.” Tony disse e viu Potts ficar curioso. Decidiu explicar o que estava querendo dizer. “É que eu tenho um amigo antigo que está morando do outro lado do oceano, na Inglaterra. Ele e sua esposa cuidaram de mim durante boa parte da minha vida. São praticamente família.” Tony falou com sinceridade, afinal, era uma meia-verdade. Edwin e Ana Jarvis cuidaram dele até se aposentarem.

“Que chato.” Potts sentia simpatia pelo rapaz, mas ainda não podia ajudá-lo. “Suponho que esteja começando uma vida nova, em uma nova cidade. Eu desejo muita sorte para você. Espero que conquiste o que deseja.”

“Obrigado, Sr. Potts.” Tony apertou a mão em despedida. Ele se sentiu agradecido de diversas formas e percebeu que conversar com alguém que não esteja julgando era algo que precisava.

Nesse momento, um motor de carro roncou enquanto entrava na oficina. Potts reconheceu ser um de seus clientes chegando em seu Chevette SL preto.

“Sr. Jameson! Como vai o senhor?” Potts cumprimentou seu visitante.

Sr. Jameson saiu do veículo com uma cara não tão simpática. “Eu? Pergunte para a Lourdes! Continua roncando e gastando muito combustível! Não posso gastar tanto!”

“Que estranho. Eu regulei o carburador da última vez que você veio.”

O tal Sr. Jameson pôs suas mãos na cintura em gesto de impaciência. “Olha, Potts, eu venho aqui porque você é meu mecânico de confiança. Mas, se o problema continuar, serei obrigado a procurar outra oficina!”

“Entendo, Sr. Jameson. Vou verificar novamente se desregulou de novo-”

“Será que posso dar uma olhada?”

A voz do adolescente com quem Potts estava conversando anteriormente chamou a atenção do Sr. Jameson. “Entende de mecânica, garoto?” Ele perguntou.

“Sim, eu aprendi muito cedo.” Tony respondeu.

Sr. Jameson olhou Tony com curiosidade, como se estivesse interessado nele. “Eu te conheço? Seu rosto não me é estranho, acho que o vi em algum lugar.”

Tony engoliu seco, mas manteve a voz firme ao responder. “Impossível. Eu sou novo na cidade.”

Sr. Jameson apenas acenou enquanto Potts abria o capô do veículo. Potts gesticulou para que o jovem se aproximasse do carro e desse uma olhada no possível problema.

Tony, hesitante, pôs o bebê conforto com Peter em uma mesa com muito cuidado. Em seguida, ele se curvou sobre a parte da frente da carroceria para fazer a checagem.

Potts ficou à espera e viu o Sr. Jameson retirar um charuto do bolso do paletó.

“Por favor, Sr. Jameson, não fume agora. Tem um bebê presente na oficina. E você sabe como minha esposa é em relação a fumantes.”

O Sr. Jameson resmungou, mas guardou o charuto de volta no bolso.

Tony verificou cada detalhe que achou importante e chegou à conclusão que tudo estava regulado, conforme Potts havia dito.

Ele se virou para Potts. “O problema não está na regulagem. Está tudo em perfeita ordem. Por isso, eu acho que o problema pode ser bem mais simples. Pode estar com alguma rachadura na vedação, ou com algum ressecamento. Tem que trocar o anel de vedação.”

Potts ficou impressionado com a rápida resolução de Tony. “Simples assim? Vou checar a vedação como você disse. O que acha, Sr. Jameson?”

“Desde que minha Lourdes pare com esse barulho infernal, por mim tudo bem.”

Potts acenou para Tony. “Obrigado pela dica, Tony. Boa sorte em sua busca.”

Tony agradeceu mais uma vez e saiu com Peter.

Potts ficou olhando para o adolescente enquanto ele ia embora para o lado contrário de onde veio. Assim como Jameson, Potts também notou algo familiar naquele rapaz, mas não sabia o quê. Ele se voltou para seu cliente.

“Sr. Jameson, farei o serviço de hoje por conta da casa. Como um pedido de desculpas pelo transtorno.”

“Ficarei agradecido, Potts. Por favor, me chame só de Jameson ou de Jonah. Deixe o ‘Sr.’ para lá.”

“Como queira, Jameson.”

“Você não tinha um ajudante aqui?”

“E tenho! Mas ele está atrasado hoje, não sei por quê.”

Potts atendeu seu cliente e muitos outros que apareceram. Ele passou o dia inteiro pensando no jovem adolescente que apareceu em sua oficina, pedindo humildemente um emprego. Estava na cara que o jovem não tinha experiência, mas, caramba, ele resolveu o problema do carro do senh-, quer dizer, de Jameson! Alguém esperto assim seria muito útil para ganhar tempo.

Ao final do dia, Potts estava quase fechando a oficina quando sua mulher apareceu com uma bandeja contendo suco e sanduíches. Eles moravam no andar de cima e a Sra. Potts frequentemente descia com lanches para ele. Ela ficou intrigada porque ele estava sozinho.

“Cadê o Johnny?” Sra. Potts perguntou.

“Foi embora mais cedo. Ele... ele pediu demissão.” Disse Potts com voz de decepção. “Se eu soubesse, teria contratado aquele rapaz que apareceu aqui de manhã.”

“Pelo menos o Sr. Jameson não saiu reclamando.”

“Pois é, o rapaz parece ser muito inteligente. E muito jovem para ser pai! Que bom que ele está em busca de algo e assumindo responsabilidades. Tony Stark é o nome dele.”

Potts foi pegar um sanduíche, mas parou o movimento quando notou alguém passando em frente com um bebê nos braços.

“Veja, Amélia! Acabei de falar dele!” Potts foi para a entrada de sua oficina. “Hey, rapaz! Venha aqui!”

Tony, que caminhava cansadamente pela calçada do outro lado em direção ao prédio que estava morando, notou o chamado do homem com quem ele conversou de manhã. Ele estava cansado, mas o Sr. Potts foi bem gentil com ele, não custava nada atender ao chamado.

Tony foi convidado a entrar na oficina. Potts pôs uma plaquinha que dizia ‘Fechado’ na entrada e lhe ofereceu ao rapaz uns sanduíches.

“Eu aceito, sim, Sr. Potts. Estou morrendo de fome.” Tony disse na expectativa de matar sua fome.

“Mas que bebê lindo! Permita-me segurá-lo enquanto você come uns sanduíches.” A mulher sugeriu, mas Tony ficou com receio em entregar Peter a uma desconhecida.

Potts notou a hesitação dele. “Esta é Amélia Potts, minha esposa. Pode confiar nela, ela é boa com bebês.”

Tony olhou para a mulher de cabelos alaranjados e sorriso simpático. Ele transferiu o Peter para os braços dela e esperou pela reação do bebê. Peter apenas a olhou com curiosidade e não fez menção de chorar.

A Sra. Potts falou alguma coisa com Peter que o fez sorrir. Tony nunca viu o bebê sorrir para uma estranha. Peter já sorriu para ele, para a babá Natalie, para a avó Maria... mas não para uma pessoa estranha.

“Viu? Ela é boa com bebês.” Sr. Potts assegurou.

Tony relaxou e ficou à vontade para comer os sanduíches. Enquanto comia, o Sr. Potts engatava em uma conversa com ele.

“Então, você conseguiu alguma coisa? Alguma oportunidade?”

Tony balançou a cabeça em negativa. “Ainda não. E fui a muitos lugares o dia todo. Fui à restaurantes, lanchonetes, bares... Alguns não tem vaga e alguns não aceitam um bebê por perto.”

“Não está tão fácil hoje em dia arranjar emprego. Há muitos imigrantes latinos que estão ocupando os lugares. Há tantos imigrantes que as escolas estão implantando o Espanhol como disciplina. Mas enfim, onde aprendeu mecânica?”

“Em casa mesmo. Recebia revistas semanais sobre carros durante a infância e virou meu hobby. Pratiquei a montagem e manutenção com os carros do meu... hã... antigo patrão.” Com cautela, Tony ocultou informações sobre sua vida e seu pai.

“Então você já trabalhou?”

Sim! Na mesa de reuniões das Indústrias Stark!

“Sim, mas por poucos meses. Logo depois eu vim morar aqui.”

“Olha, eu vou ser direto com você. O meu ajudante, Johnny, se demitiu hoje. Ele disse que iria se dedicar à faculdade e é claro que eu o apoio. E agora preciso de outro ajudante e me pergunto se você ainda está interessado. Que tal?”

Os olhos de Tony se iluminaram com a oportunidade à sua frente. Ele passou o dia inteiro ouvindo ‘não’ e agora ouviu um ‘sim’. E em um lugar que se sentia à vontade.

“É claro que estou interessado! Será ótimo aplicar meus conhecimentos em algo que eu gosto.”

“Que bom! Você estava certo, sabia? Sobre o anel de vedação. Estava rachado e tive que trocar. Jonah Jameson saiu satisfeito. Sabia que ele trabalha na Clarim Diário? Acredito que um dia ele vai ser editor-chefe daquele jornal porque ele é muito ambicioso. É melhor cair nas graças dele, sabe, e você conseguiu deixar ele satisfeito hoje. Satisfeito com sua Lourdes.”

Tony ficou meio ruborizado com o elogio. Não estava acostumado a ser reconhecido e isso aumentou sua felicidade.

“O-obrigado, Sr. Potts.”

“Me chame de Joe.”

Joe estendeu sua mão e Tony a apertou com animação. Mas a animação acabou quando o adolescente lembrou que disse que não ia viver de identidade falsa para o Tio Josh. A necessidade de falar a verdade para o gentil Joe era forte, mas não podia falar tudo.

“O que foi? Ficou estranho de repente.” Disse Joe.

“É que... Já que vamos trabalhar juntos... Eu preciso te contar.” Tony se esforçou para falar. Ele não queria cometer o mesmo erro que fez com Mary, prejudicar alguém que gosta só por ter ocultado sua idade.

“Pois diga.”

Tony inspirou. “Eu só tenho 15 anos e não 18.”

O casal lançou olhares surpresos para ele. Certamente, não era o que Joe esperava ouvir.

“Meu Deus! Você é mais jovem do que pensei! Enfim, não me importa. Desde que faça seu trabalho de resolver o problema dos clientes, não me importa sua idade. Você precisa de emprego e eu tenho o trabalho. Simples.”

A animação de Tony voltou ao seu semblante com um suspiro de alívio. A oportunidade perfeita.

“Obrigado. Farei tudo que eu puder para ajudar.”

“Ótimo! Você começa na segunda.”

Eles deram um novo aperto de mão, dessa vez, na certeza de uma parceria benéfica para ambos. Tony precisava do emprego para sustentar sua pequena família e Joe precisava de Tony.


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Notas finais do capítulo

Um novo dia, uma nova aliança. Espero que os Starks e os Potts fiquem unidos pra sempre. O que acham? ;-)

Próximo capítulo: Primeiro Dia.



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