Tumble outta bed and I stumble to the kitchen

Pour myself a cup of ambition

Yawn and stretch and try to come to life

Jump in the shower and the blood starts pumpin'

Out on the street the traffic starts jumpin'

With folks like me on the job from 9 to 5.

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Queens, 18 de novembro de 1985...

Tony Stark sempre teve tudo na vida. Sendo filho de um milionário, ele tinha a cama mais confortável, as roupas da moda, os apetrechos tecnológicos mais atuais, as melhores oportunidades... Era irônico pensar que agora, mesmo ainda sendo filho de um milionário, Tony não tinha nada.

Ele só tinha as poucas coisas pessoais que trouxe de Malibu. E tinha Peter. Apesar da pobreza em que se encontrava, ele tinha Peter. Seu filho era sua luz e ele expressava amor, liberdade e felicidade. Peter sorria com mais frequência e chorava só o necessário. Era como se o bebê entendesse a difícil fase que eles estavam passando e tentava tornar os momentos melhores.

Tony já não estava tão desesperado como semana passada. Ele não estava confortável, mas estava livre. Ele acordou se sentindo mais leve e descansado, após quase uma semana de fuga, após quase uma semana sentindo o peso da insegurança e falta de perspectiva do futuro. Mas hoje não. Hoje ele acordou diferente.

Era segunda-feira e era seu primeiro dia na Oficina do Potts.

Não era seu primeiro trabalho na vida, mas era a primeira vez que ele ia por escolha própria, na certeza que não vai ter executivos egoístas e um Howard Stark para ditar as regras e controlar todo mundo.

Ah, como era bom traçar seu próprio destino!

Tony pediu ao seu vizinho de cima um despertador emprestado e se acordou no horário programado. Já que o vizinho não gostava de barulho, ele não se importou em se livrar de um despertador. O café da manhã foi providenciado pela Sra. Wheeler, que o convidou para comer torradas com café.

Ao se olhar no espelho do banheiro enquanto se arrumava, Tony notou vestígios de barba nascendo ao redor de seus lábios. Ele queria tanto ser mais velho e agora estava amadurecendo rápido, pelo menos na aparência. Era uma boa notícia para quem quer se esconder na multidão. Isso significava que ele iria mudar de aparência com uma simples aparição de barba. Ele mal reconheceu Rhodes ao vê-lo barbado uma vez, ou seja, isso poderia ajudá-lo a disfarçar.

A bolsa de Peter foi a última coisa que Tony organizou antes de sair. Pôs uma roupinha limpa que ele mesmo lavou (aos poucos, ele estava aprendendo essas coisas), pôs fórmula para o dia, fraldas e demais coisas necessárias.

Ele apenas precisava caminhar por cinco minutos para chegar à oficina. O Sr. Potts – Joe – já estava com a oficina aberta para receber clientes.

Joe olhou surpreso o adolescente chegando. “Chegou cedo! Seu turno começa às 8 horas e ainda falta meia hora.”

“Oh, eu sei. É que eu acordei cedo e... vou ser sincero, estou meio ansioso para começar logo.” Tony respondeu. “E Peter prometeu se comportar.”

Joe acenou para ele. “Não arranjou uma babá para o Peter?”

Babá. Peter teve uma babá desde que nasceu, assim como o próprio Tony. Ele queria cortar esse ciclo da vergonha.

Tony estava prestes a dizer ao Joe que queria evitar babás, pois não confiava em pessoas desconhecidas cuidando de Peter – uma tarefa que ele mesmo estava disposto a fazer, só não sabia como –, quando Amélia Potts apareceu na oficina com um sorriso radiante.

“Bom dia! Como você está esta manhã? É Tony, não é? Ou devo chamá-lo de Sr. Stark?”

“Tony está ótimo.”

“Ok, Tony. E como vai Peter? Que bom que você o trouxe hoje. O rostinho dele é o mais fofo que eu já vi. Olharia para ele o dia inteiro.” Amélia pegou o bebê nos braços quando se aproximou de Tony. Peter fez uns balbucios meigos que derreteu ainda mais a Sra. Potts.

Joe rolou os olhos para o derretimento da esposa. Ela sempre ficava em deleite quando via um bebê. “Amélia, conhece alguém que pode ser babá de Peter?”

Tony interveio. “Não precisa. Eu não pretendo... eu mesmo posso-”

“Com certeza você não pode trabalhar e olhar um bebê ao mesmo tempo.” Joe disse levantando uma sobrancelha para Tony.

“Uma babá?” Amélia disse. “Não precisa de babá, eu estou disponível para ficar de olho nele o dia inteiro.”

“Está?” Ambos Joe e Tony perguntaram ao mesmo tempo e se olharam em seguida.

“Claro! Eu adoraria ficar de olho nele. Ele é tão adorável! Sinto falta de um bebê.” Amélia se virou para Tony. “Você trouxe as coisas dele?”

“É claro. Estão aqui.” Tony entregou a bolsa que carregava.

“Quando tiver tempo e quiser vê-lo, pode subir as escadas. Eu e Peter estaremos no andar de cima.”

“No andar de cima? Vai mesmo cuidar de um bebê sozinha?” Joe perguntou à sua esposa.

“Sim, eu ainda sei muitas coisas sobre bebês. Quem é mãe nunca esquece. E é óbvio que um bebê não pode ficar aqui na oficina se caso o rapaz Tony pretendesse ficar de olho nele. Imagina só, nessa oficina suja de graxa e com cheiro de óleo e gasolina. Peter vai agradecer em ficar comigo no andar de cima.”

Joe suspirou e desistiu de argumentar com ela. Ele sabia que cuidar de Peter vai fazer bem a ela e ao jovem ajudante.

“E onde está Pepper? Vai se atrasar para a escola.”

“Estou aqui, pai.”

A garota mencionada apareceu ao pé da escada com uma mochila rosa no ombro e um livro na mão. Ela vestia um uniforme escolar perfeitamente alinhado.

Tony ficou admirado com a garota à sua frente, de uma beleza exótica com cabelos alaranjados e várias sardas no rosto. Se ela era filha dos Potts, então ela puxou à mãe, embora a beleza da adolescente seja mais acentuada apesar da pouca idade. Ou será que era apenas na visão de Tony?

“Tony, esta é minha filha, Virginia Potts.” Joe gesticulou para a garota. “Mas nós a chamamos de Pepper, por causa das sardas que ela tem porque parece uma pimentinha...”

“Ok, pai, acho que ele entendeu.” A garota Pepper retrucou.

“Prazer em conhecê-la, Srta. Potts. Eu sou Tony.”

“Pode me chamar de Pepper também. Não ligo.” Ela se virou para Joe. “E então, pai? estou pronta para ir.”

“Oh, é claro. Deixe-me pegar as chaves.” Joe passou as mãos no bolso. “Acho que esqueci lá em cima. Vou lá buscar.”

“Vou com você, querido. Até mais tarde, filha.”

O casal Potts subiu as escadas para o andar de cima. Amélia deu um beijo na testa de sua filha antes de subir com Peter ainda nos braços. Na oficina, só ficaram Tony e Pepper aguardando Joe Potts.

“Você deve ser o novo ajudante do meu pai, não é? Tony o quê, exatamente?”

“Tony Stark.”

“Mas você parece ser bem mais novo que os outros ajudantes que meu pai teve.”

“Pareço? De fato, eu devo ser. Só tenho 15 anos.”

Pepper arregalou os olhos de surpresa. “Você deveria ir à escola agora, não? Eu tenho 14 anos e ainda vou à escola.”

Tony deu de ombros. “Eu já terminei o ensino médio.”

“Mentira! Apenas gênios terminam o ensino médio mais cedo.”

“Eu sou um gênio, por isso terminei mais cedo.”

E porque meu pai predeterminou que eu terminasse a escola mais cedo, Tony pensou.

“E por que não vai pra faculdade?” Pepper perguntou curiosa.

“Porque eu tenho... hã... surgiram umas complicações...” Tony hesitou porque simplesmente não sabia como se explicar para aquela jovem de 14 anos, que é bem diferente de Mary por sinal.

“Você não parece saber de coisas.”

“Depende de quais coisas.”

Coisas sobre ciências, matemática, física, química... Tony sabia muito bem depois de ter passado a vida inteira estudando matérias para se graduar mais cedo por exigência de Howard. Mas coisas sobre a vida fora dos livros didáticos e programas educacionais, ele não sabia nada.

“Coisas tipo...” Pepper pensou por um tempo antes de falar. “Você sabia que o veneno das viúvas-negras é 15 vezes mais poderoso do que o de uma cascavel?”

Oh, ela quer discutir conhecimentos gerais. Isso é fácil para o Tony.

“E sabia que se um átomo fosse do tamanho do Sistema Solar, um neutrino teria o tamanho de uma bola de golfe?” Tony rebateu.

“Sabia que as orcas não são baleis, mas sim parentes dos golfinhos?”

“Eu sabia, mas você sabia que se estiver morrendo de fome, um polvo pode devorar os próprios tentáculos?”

Pepper acenou que sim e continuou rebatendo. “Você sabia que o Urano foi o primeiro planeta a ser descoberto com o uso de um telescópio?”

“E sabia que a decomposição humana começa apenas 4 minutos após a morte?”

Tony esperava que ela fosse rebater com mais uma curiosidade, mas ela ficou calada. Na verdade, ela ficou perplexa.

Pepper abriu e fechou a boca umas duas vezes antes de dizer, “É sério?!?”

“Bom, eu acho que sim. Eu vi em um documentário.” Tony respondeu.

Os dois adolescentes ouviram a risada de Joe quando ele se aproximou. “Parece que minha filha encontrou alguém à altura. Ela sempre foi muito curiosa e mais espertinha que os outros.”

“Estava apenas testando os conhecimentos dele.” Pepper disse rolando os olhos.

“Tenho certeza que sim.” Joe mostrou as chaves do carro. “Vamos?”

Pepper acenou e caminhou para o carro que estava estacionado em um canto da oficina. Era o mesmo carro que Tony viu Joe consertando os freios quando o conheceu semana passada.

“Hey, Tony Stark.” Pepper o chamou a atenção. “Até mais tarde.” Ela entrou no carro no lado do passageiro.

“Já que está aqui, você pode ficar de olho na oficina por enquanto?” Joe pediu ao Tony.

Tony acenou concordando e viu Joe Potts sair para levar sua filha à escola.

Depois que Joe chegou, o resto da manhã foi tranquila. O movimento não foi tão grande e Joe pôde ensinar coisas novas ao Tony e o rapaz pôde visitar o Peter algumas vezes. O almoço foi por conta de Amélia, a sempre afável Sra. Potts.

“Como vai ser o seu Dia de Ação de Graças próxima semana?” Amélia perguntou ao Tony durante o almoço.

“Hã... Eu e o Peter.” Ele respondeu. Na verdade, Tony nem se lembrava dessa data importante. Sua família não era grande, apenas se resumia a ele e seus pais, e Howard não dava muita (ou nenhuma) importância a sentimentos familiares.

“Se quiser, você pode participar de nosso jantar de Ação de Graças.” Joe sugeriu.

“Obrigado, mas eu não quero impor nada a vocês.” Tony respondeu educadamente.

“Não vai impor. Na verdade, nós às vezes convidamos meus irmãos, Cristine e Morgan, mas esse ano eles não vão poder vir.” Joe explicou. “E você é novo na cidade, não conhece ninguém.”

Tony pensou no assunto. Ele não queria se aproveitar da hospitalidade da família Potts, mas Joe pareceu bastante sincero ao fazer o pedido. Seu último dia de Ação de Graças foi decepcionante, pois ele passou sozinho no MIT. Howard não permitiu que Tony deixasse o MIT porque ele tinha aula na sexta seguinte.

Peter cochilava pacificamente após sua segunda refeição de fórmula. Será o primeiro dia de Ação de Graças de Peter, e Tony se perguntou se valeria a pena passar esse dia sozinho com ele. Agora que ele tinha a oportunidade de tomar a decisão por conta própria e mudar seu destino, ele deixaria essa chance passar?

“Tudo bem, eu aceito.” Tony disse e o casal Potts lançou sorrisos satisfeitos. “Eu e Peter viremos ao jantar de Ação de Graças de vocês.”

“Que bom! Farei um jantar caprichado e até usarei uma receita antiga, mas que é uma delícia!” Amélia disse com alegria.

Tony até achava estranho. Ele nunca havia visto tanta alegria e harmonia em uma família antes. Ele viu Joe observar a esposa falando sobre uma receita com brilho e amor nos olhos. Howard nunca teve esse brilho.

“Inclusive, eu vou te dar uns livros de receitas para o dia a dia, Tony.” Amélia prosseguiu. “Para Peter crescer forte e saudável, vai precisar de boas refeições caseiras. Receitas fáceis, mas deliciosas.”

“Eu aceitaria se fosse você.” Joe disse com um sorriso.

Tony aceitou os livros. Se ele pretendia sobreviver no Queens afastado de sua antiga vida, então precisaria aprender a viver como todo mundo e sem depender dos outros. Por exemplo, não poderia depender das refeições de Amélia, ele teria que cozinhar suas próprias refeições. Tony queria ser um pai completo para Peter em tudo.

O resto do dia foi de mais aprendizado na oficina, com Tony se concentrando em consertar peças e conhecendo pessoas do bairro que apareciam na oficina. Pepper voltou da escola e ficou estudando as partituras das aulas de músicas. Tudo foi tranquilo.

Tony nem se lembrou de Howard e dos problemas que deixou para trás.

Tony nem se lembrou de Howard pelos próximos meses.

A única prova que ele tinha uma vida antes de chegar ao Queens era Peter. Ele deixou Mary e seu amigo Rhodey para trás – ele deixou Maria para trás –, mas não estava sozinho.

Ele tinha muita sorte em ter conhecido pessoas incríveis.