Vidas Secretas escrita por Srta Poirot


Capítulo 8
Um Novo Lar (Funkytown)


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem este novo capítulo. ;-)

Dica de música: Lipps Inc - Funkytown (1979).



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Gotta make a move to a town that's right for me

Town to keep me movin'

Keep me groovin' with some energy

Well, I talk about it, talk about it

Talk about it, talk about it

Talk about, talk about

Talk about movin'

Gotta move on

Gotta move on

Gotta move on.

.

.

.

Malibu, 12 de novembro de 1985...

Maria Stark chegou em casa com suas compras. Em alguns minutos, seu marido e seu filho retornariam das Indústrias Stark para casa. Tudo estava perfeitamente normal até Natalie, a babá, vir correndo com lágrimas nos olhos até ela.

“Sra. Stark, graças a Deus! Eu o procurei por todos os lugares, em todos os cômodos... Não consigo achá-lo.”

Maria sentiu seu coração palpitar mais rápido. “Calma, Natalie. De quem você está falando?”

“De Peter! O bebê sumiu!”

Maria soltou um grito e correu para o quarto do bebê. Não havia ninguém, mas a maioria das coisas estava intocada, exceto gavetas. A bolsa de viagem do bebê também não estava lá.

Maria ouviu Howard subir as escadas, furioso. “Onde ele está? Onde está o Anthony?!?”

“Howard! Ele sumiu, Howard!” Maria chorava nos braços dele.

“Acalme-se, mulher! Por que esse desespero? Ele vai voltar logo. Isso eu tenho certeza.”

“É só isso que você vai dizer?” Maria fungou. “O bebê sumiu e você diz ‘por que esse desespero?’.” Maria viu Howard ficar surpreso e logo percebeu alguma errada. “Onde está o Tony?”

“Você disse que o bebê sumiu?” Howard então percebeu o quanto Natalie estava aflita. “O que aconteceu aqui?” Ele perguntou à babá.

“O Sr. Anthony Stark chegou mais cedo e pediu para ficar com ele.” Ela disse entre fungados de choro. “Eu me retirei e fui à lavanderia pegar as roupinhas recém-lavadas do bebê. Quando voltei, o quarto estava vazio, sem ninguém. Nem Peter nem o Sr. Stark estavam na casa. Eu juro que os procurei em todos os lugares.”

“Sua garota inútil! Seu trabalho era não tirar os olhos da criança!” Howard vociferou contra a babá.

“O que aconteceu mais cedo? Por que nosso filho não estava com você?” Maria perguntou ao marido.

“Não tenho tempo para explicar agora. Aquele idiota está fazendo uma burrice por aí com um bebê. Preciso chamar a polícia!” Howard desceu as escadas até seu escritório particular.

Maria não sabia o que fazer e Howard se recusou a falar com ela. Ela caminhou pelo corredor e viu o quarto de Tony com a porta aberta. Ela entrou no quarto silencioso e notou um livrinho familiar em cima da cama. Automaticamente, ela caminhou até o livro e o abriu na primeira página.

Para Tony,

Mamãe ama você, tesoro mio.

Era o livro do Peter Pan que Tony tanto gostava. O que fez Maria chorar ainda mais foi o que estava escrito abaixo com a caligrafia de seu filho.

Também te amo, mãe.

— TS.

“Por favor, volta pra casa, meu filho.” Maria abraçou forte o livro.

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Las Vegas, 13 de novembro de 1985...

Como prometido, Tio Josh deixou Tony e Peter no aeroporto, mas não podia ajudá-los mais na jornada. Eles se despediram e Tony foi comprar sua passagem para Nova York. Finalmente se livraria de Howard. Las Vegas ainda era perto o suficiente para Tony se sentir incomodado.

No balcão de atendimento do aeroporto, Tony entregou sua identidade falsa com as mãos trêmulas para a atendente. Ele desejou com todas as forças que seu rosto não estivesse em todos os jornais do país. Seus pais devem estar loucos e com a polícia à procura dele e de Peter.

A atendente olhou para ele com o olhar entediado. Comparou o adolescente à sua frente com o que tem na foto.

“Você não parece ter 18 anos.” Ela disse ainda entediada.

Tony congelou e ficou mais nervoso. “É o-o que to-todos dizem.”

A mulher recebeu o pagamento em dinheiro que o jovem deu, carimbou as passagens e entregou a ele. “Tenha uma boa viagem, senhor.”

“Obrigado.” Com a mochila nas costas, a bolsa do bebê no ombro e Peter no braço direito, Tony pegou as passagens com a mão esquerda e guardou no bolso de sua calça.

“O senhor vai ter que esperar algumas horas até a hora do embargue. E o bebê tem que ir no colo porque ele não tem direito a assento.” A atendente informou.

“Tudo bem.” Tony respondeu e se retirou o mais rápido possível.

“Ah, Sr. Parkinson.” Tony parou imóvel e se virou para a atendente. “Esqueceu sua identidade.”

“Ah, obrigado.” Tony pegou a identidade e a guardou.

Missão cumprida! Tony conseguiu comprar a passagem.

Ele sentou com Peter em um banco e aguardou a hora do embargue. Mais uma vez, ele viajaria de madrugada, mas não tinha problema pra ele. Mais uma cidade vai ficar para trás.

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Nova York, 14 de novembro de 1985...

Era de manhã cedo quando Tony desembarcou do avião com Peter no Aeroporto John F. Kennedy. Devia ser umas seis horas, mas ele não tinha certeza. Tony perdeu a noção do tempo e da data. Que dia era mesmo? Quinta-feira?

Tony comprou algo para comer no café da manhã no aeroporto. O dinheiro que tinha guardado na mochila não iria durar para sempre, mas dava para resolver algumas coisas. Além do café da manhã, ele comprou um mapa da cidade e um jornal. Seu pai sempre o fazia ler as notícias do jornal durante o café da manhã dos Starks.

Tony ficou sentado à mesa da lanchonete com Peter no bebê conforto em cima da mesa. O bebê foi posicionado de frente a ele, assim, Peter poderia ver que ele estava por perto. Tony lia o jornal, mas não as notícias. Dessa vez, ele estava vendo alugueis de apartamentos e quitinetes mobiliadas. Não havia muitas opções no Brooklyn, então ele selecionou algumas opções no Queens.

Peter, entediado, jogou sua própria chupeta na direção de seu pai. Tony fechou o jornal.

“Você está sempre querendo atenção, não é?” Tony disse ao bebê com voz suave. “Bem, estou descansando meus braços. Segurei você a noite inteira, preciso de um tempo.”

“Atenção, notícias! Está desaparecido o filho de Howard Stark, o dono da empresa multimilionária Indústrias Stark. O filho, Anthony Stark, foi visto pela última vez na tarde de terça-feira, dia 12, na mansão Stark em Malibu, Califórnia...”

Merda.

Tony se virou e viu seu próprio rosto na tela da pequena TV da lanchonete, com um âncora transmitindo a notícia. O atendente parecia desatento e desinteressado com a notícia, mas outras pessoas poderiam estar vendo nesse momento.

É sério que dessa vez Howard não conseguiu esconder da mídia?, Tony pensou. Talvez tenha sido culpa de Maria, ela deve estar desesperada para encontrá-los.

Tony voltou sua atenção para Peter e lhe devolveu a chupeta. “Ok, o tempo acabou. Você venceu, garoto! Vamos pôr o pé na estrada e encontrar um lugar para nós. Aqui é público demais.”

Tony pegou suas coisas, o bebê e o jornal. Saindo da área do aeroporto, ele entrou no primeiro táxi que viu.

De dentro do táxi, Tony observava o caminho pela janela com curiosidade. Nova York tinha muito mais prédios do que a Califórnia; Tony observava todos com bastante animação. Se no Queens e Brooklyn já tinham tantos prédios, imagine em Manhattan. Muitas casas, muitos prédios... Esse é o tipo de lugar que Tony quer viver.

Em Malibu, os mais ricos viviam praticamente isolados. A casa mais próxima da mansão Stark ficava a um quilômetro de distância. Tony gostava de ficar perto das pessoas, exceto de Howard.

O taxista parou o veículo e Tony pagou a tarifa. Tony olhou em volta de onde o taxista tinha lhe deixado. Ele estava na área que ele escolheu para procurar um local para morar.

Tony se posicionou em frente a um dos prédios dos anúncios, respirou fundo e tocou a campainha da porta. O prédio tinha dois andares e não era muito largo.

Uma mulher de meia-idade atendeu a porta. “Pois não?”

Tony limpou sua garganta seca, mas não disse nada. Como ele deveria proceder? Ele nunca sequer fez check-in em hotel antes.

A mulher baixou a cabeça e viu o bebê se movimentando impacientemente no bebê conforto que o adolescente segurava. “Você veio aqui por causa do anúncio?”

Tony balançou a cabeça que sim. De repente, Peter começou a chorar. Péssima hora para ele começar a chorar. Ansiedade em Tony crescia a cada instante.

“Seus pais sabem que você está aqui?”

Tony inalou e forçou sua voz a sair. “Eles... hã... Eu não sou daqui. Eu tenho 18 anos e estou procurando um lugar para morar. Com meu filho.”

A mulher semicerrou os olhos para ele. Claramente, ela não acreditava nele. “Se você diz... Vou precisar do documento e do pagamento do aluguel adiantado.”

“E quanto ao lugar?” Tony perguntou.

A mulher balançou seu molho de chaves e fechou a porta atrás de si. Ela se dirigiu ao lado do prédio, onde tinha um portão que dava para escadas do próprio prédio. Tony não tinha reparado nessa parte. Ele seguiu a mulher pelas escadas até o primeiro andar.

“Só tenho cômodo disponível no primeiro andar. O segundo andar está alugado para um homem de 45 anos que não gosta de barulho. Então, é melhor manter o bebê calado.”

“Em geral, ele é bem quieto.”

A mulher então abriu a porta da quitinete anunciada. Eles entraram e Tony observou os móveis que havia. Cama, fogão, geladeira, prateleiras...

“Olha, geralmente eu cobro dois meses adiantados, mas para você vou cobrar só um mês. Obviamente, você não tem muitos recursos. E sem querer ofender, mas você está uma bagunça. Precisa de descanso e um bom banho.”

Tony não se ofendeu, pois ela tinha a total razão. Ele nem se lembrou de tomar banho nas últimas 36 horas.

“A cozinha já tem um fogão, uma geladeira, o encanamento está consertado e, por sorte, já tem grade na janela.” A mulher disse. “Sabe, para evitar que crianças caiam da janela.”

A grade na janela não seria necessária porque Tony não pretendia passar a vida toda naquela quitinete. Em pouco tempo, Peter iria crescer e precisaria de mais espaço na residência. Não, ele vai arranjar um apartamento próprio e cada um terá seu quarto. Essa quitinete seria só um lugar temporário.

“Quer fazer alguma pergunta?” A mulher o questionou enquanto esperava uma reação do adolescente. O bebê ainda chorava.

“Não, eu vou... ficar por aqui mesmo. Por enquanto.” Tony respondeu.

“Muito bem, preciso do documento e do pagamento.” Ela estendeu a mão, esperando receber o que pediu.

Tony lhe entregou o documento e o pagamento. Ele disse ao Tio Josh que não iria viver de identidade falsa, mas por enquanto, ele precisaria mudar sua idade e ter 18 anos. Só para garantir um lugar.

A mulher preencheu algo em um pedaço de papel e o entregou uma segunda via. O acordo estava feito; ele alugou uma quitinete.

“Se precisar de alguma coisa é só me chamar, Sr. Parkinson. A propósito, sou a Sra. Wheeler.”

Tony agradeceu e ela desceu para sua residência. Em pouco tempo, Peter parou de chorar.

“O que foi, garotão? Não gostou dela?” Tony balançou o bebê nos braços enquanto ele se acalmava. “Eu sei que eu deveria pesquisar melhor, ver lugares melhores. Mas, por enquanto, estou sem renda, o dinheiro que eu tenho não vai durar para sempre.” Tony suspirou. “Qualquer lugar é melhor do que aquela merda de mansão e... Acho que é melhor eu parar de falar palavrões na sua frente, não é?”

Como era esperado, ele não obteve nenhuma resposta de Peter. Ainda ia demorar vários meses para Peter entender as palavras, mas Tony gostava tanto de falar com ele. Era como se ele realmente o ouvisse. Tony também gostava de falar com Rhodey. Que falta seu amigo fazia!

“Amanhã vou procurar emprego, eu prometo. Hoje, eu preciso descansar. Estou tão cansado!”

Tony caminhou até a cama, que fica próxima à janela, e se sentou nela. Ele deitou Peter no centro da cama e lamentou não ter trazido um lençol. Ele também se deitou e envolveu Peter com seu braço.

Em um mês, o inverno iria começar e eles teriam que estar preparados em seu novo lar.


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Notas finais do capítulo

Tio Josh ajudou Tony. Vai deixar saudades. :'-(
Galera, eu tenho uma pergunta: É possível inserir imagens no texto do capítulo? Alguém sabe?

Próximo capítulo: Potts.



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