Vidas Secretas escrita por Srta Poirot


Capítulo 5
O Nascimento de Peter (Baby Mine)


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Adoraria dizer a vocês que amei escrever este capítulo e a música de hoje é linda! Fica a dica. ;-)

Dica de música: Bette Midler - Baby Mine (1988)



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If they knew all about you,

They'd end up loving you, too.

All those same people who scold you,

What they'd give just for the right to hold you.

From your hair down to your toes,

You're not much, goodness knows.

But, you're so precious to me,

Sweet as can be, baby of mine.

.

.

.

Malibu, 10 de agosto de 1985…

O mês de junho passou rápido e o prazo das provas finais foi cumprido. Tony tirou as notas mais altas em todas as disciplinas, o que o admirou um pouco porque ultimamente ele só pensava no bebê. Esse tópico ocupava sua mente com muita frequência e o fazia se desconcentrar constantemente, mas ele sempre conseguia lidar com as provas.

Ele se perguntou por que pensava tanto assim no bebê. Talvez seu pai estivesse certo, era só uma distração, mas Tony não podia ajudar a si mesmo nesse assunto. Uma coisa ele tinha certeza: a chegada do bebê – Peter, seu nome é Peter – vai mudar sua vida, já que os quinze anos não mudou em nada. Outra coisa que ele tinha mais certeza ainda: Peter terá uma vida como a dele. Mais um Stark para ser treinado para ser um Stark.

Alguns já disseram que Tony se parecia com Howard. Era o elogio mais deprimente que Tony já ouviu (aliás, nem era elogio do ponto de vista de Tony). Pensando em Peter, ele desejou profundamente que o bebê nascesse com as características de Mary ou de Maria, mas nunca de um Stark.

O mês de julho passou mais rápido que o mês anterior. Mesmo estando de férias do MIT, Tony não ficou parado, seja por ordens de Howard para fazer projetos da empresa, ou por passar muito tempo na garagem desmontando e remontando carros, além de consertar pequenos erros que via neles. Julho também foi o mês em que Tony acompanhou seu pai em reuniões e outros trabalhos nas Indústrias Stark.

Enfim, estava tudo normal demais até chegar o mês de agosto.

Foi no dia 10 de agosto quando Tony foi acordado às 5 horas da manhã.

A princípio, ele achou que fosse Rhodey lhe chamando para começar o dia. Mas se eles estavam de férias, então quem estava lhe sacudindo os ombros para despertá-lo? Tony abriu os olhos com curiosidade e confusão para ver quem o chamava. Ele ficou surpreso ao ver que era seu pai em pé diante dele.

“Se vista.”

Tony piscou várias vezes para expulsar a sonolência de seus olhos e percebeu que o homem completamente bem vestido à sua frente lhe deu uma ordem e estava mais sério que o normal (como se isso fosse possível).

“O que está acontecendo?” Tony cambaleou para fora da cama de pijama e pegou as roupas mais acessíveis para se trocar.

“Nós vamos para o Hospital. O bebê nasceu há uma hora.”

O bebê nasceu há uma hora. Fora o fato de que seu pai nunca chamou o bebê de Peter, aquelas palavras pareciam erradas. A última atualização que Tony teve sobre seu filho ainda para nascer foi que ele nasceria em setembro. Tony se lembrou de que quase entrou em pânico no quarto porque provavelmente ele estaria no MIT quando isso acontecesse e só veria Peter no final de semana (isso se ele não nascesse no final de semana).

“Co-como assim há uma hora? Por que eu só estou sabendo agora?” Tony perguntou.

“Que diferença faz? O que você iria fazer na hora em que o bebê estivesse nascendo?”

Boa pergunta. O que Tony faria? Provavelmente nada além de entrar em pânico. Howard saiu do quarto antes que Tony pudesse pensar em uma resposta.

A viagem de carro até o Hospital de Los Angeles durou quase uma hora. A cada minuto o nervosismo aumentava, pois Tony ia finalmente conhecer seu filho. Ele sempre julgava algumas pessoas solitárias por terem bebês para se sentirem menos solitárias. De repente, Tony era uma dessas pessoas.

No hospital, o Sr. Wright já estava a postos com uma prancheta e papeis na mão. Ao lado dele apareceu um médico de meia-idade, mas bem vívido.

“Senhor Stark.” O médico cumprimentou oferecendo uma mão.

“Doutor Townsend.” Howard apertou a mão dele e se virou para Maria e Tony. “Este é o médico em que meu advogado entrou em contato para estabelecermos um contrato. Só para garantir que restringiremos informações que serão levadas ao público.”

Tony juntou as sobrancelhas em confusão. “Mas a imprensa já sabe do bebê.”

“Eles sabem o que eu quero que eles saibam. Agora, não finja que entende do assunto. Eu estou lidando com isso há meses.” Howard disse friamente e se voltou para o Dr. Townsend. “Pode nos explicar, sem termos técnicos, por que o bebê nasceu antes do tempo?”

“Existem muitas razões que levam ao parto prematuro. Acredito que a mãe, Srta. Fitzpatrick, estava com a saúde alterada devido a uma carga de estresse. Ela estava com a pressão alta e sentiu contrações.” O doutor ia explicando.

Um estresse causado pelo ataque da mídia. É fácil adivinhar de quem é a culpa. Tony queria dizer essas palavras, mas preferiu guardar para si.

O doutor continuou a falar. “Mas o bebê está sendo bem tratado e não apresenta problemas de saúde, embora precise esperar ele crescer um pouco mais antes de ir para casa.”

“Quanto tempo?”

“Mais ou menos uma semana, mas tenho certeza que ficará satisfeito.”

Deus, parece que estão negociando um produto, Tony pensou. Não era novidade Howard tratar o nascimento de uma criança como um negócio. Tudo era negócio para ele.

Os Starks foram guiados pelos corredores do andar da maternidade. Tony seguiu seus pais e o doutor como se fosse invisível. Howard conversando casualmente com o Dr. Townsend como se o grande dia da vida de Tony não estivesse acontecendo. Quando pararam em frente a um quarto de portas abertas, o coração de Tony disparou. Era agora.

O Sol já estava nascendo e invadindo de leve as janelas do quarto. Lá dentro, uma cama de hospital vazia e uma enfermeira que se inclinava sobre um berço hospitalar do outro lado. Como se chamava mesmo? Incubadora?

Incentivado pela sua mãe, Tony se aproximou da incubadora. A enfermeira sorria genuinamente (talvez a única) quando se afastou um pouco para que ele visse de perto o bebê dentro. A visão de Tony ficou borrada, mas ele não estava chorando, estava?

Peter. Finalmente ele estava conhecendo Peter. Seus olhos estavam fechados enquanto dormia pacificamente, como se não tivesse nascido para ser um neto de Howard Stark. Suas mãozinhas estavam fechadas e próximas de seu rosto, ele estava envolto em um lençol branco e tinha um gorrinho em sua cabeça que o deixava menor ainda.

Tony nunca tinha visto um recém-nascido antes e certamente nunca imaginou que fosse tão pequeno. Peter também não era feio, não como algumas pessoas já falaram que recém-nascidos eram. Tony não poderia imaginar em machucá-lo, nem em batê-lo como seu pai fez com ele no dia que descobriu sobre a gravidez.

“Gostaria de segurá-lo?” A enfermeira perguntou.

Não, por que eu estou terrivelmente assustado. Era o que Tony queria dizer. Mas ao invés disso, ele apenas acenou. Não perderia essa chance por nada.

A enfermeira foi bem prestativa e explicou a ele a forma correta de segurá-lo. O bebê pareceu ainda menor quando foi colocado em seus braços.

Tony não gostava de segurar coisas que entregavam a ele, mas abriu uma exceção para Peter naquele momento. Primeiro, porque Peter não era uma ‘coisa’ e sim uma pessoa. Uma pessoa que pertence a ele e que jurou proteger. Segundo, porque a vontade de pegá-lo e sair correndo dali antes que Howard o visse era grande. Mas Tony ficou lá parado e aterrorizado, pois ele não tinha certeza se sobreviveria em ver Howard machucando seu filho de alguma forma.

A enfermeira ajustou Peter nos braços de Tony e ele ficou hipnotizado pela imagem que via. Seus olhinhos ainda fechados, seus bracinhos fazendo reflexos involuntários por ter sido removido do conforto, e seu peito subindo e descendo em respirações leves. Ele era pequeno, mas era perfeito e estava bem de saúde.

“Own, é o bebê mais lindo que eu já vi.” Disse Maria com a voz mais doce e gentil que Tony já ouviu.

Ainda bem que sua mãe concordava com ele. “É verdade, mas sou suspeito pra falar. Além do mais, é o único bebê que eu já vi na vida.”

Tony olhou para a porta de entrada e não viu sinal de Howard. Vendo sua expressão de confusão, Maria se prontificou a explicar. “Seu pai foi assinar alguns papeis com o advogado. Ele vai voltar logo.”

“Para ele, tudo não passa de um acordo.” Tony resmungou. “Peter ficará sozinho sem a mãe por causa da droga do orgulho dele.”

“Meu querido, Peter não ficará sozinho-”

“Ficará sim! Eu sei que vai, sabe por quê? Porque Peter é um Stark!” Tony não percebeu que aumentou o tom de voz e isso despertou Peter de seu sono.

O bebê começou a se lamentar e aos poucos o lamento se tornou em choro. Tony ficou tenso.

“Não, não, não.”

Tony não sabia o que fazer, mas sabia que a culpa era dele. Tudo porque ele queria resmungar sobre as atitudes de seu pai. Peter chorou mais alto e Tony basicamente o transferiu para os braços de sua mãe.

“Querido, não precisa se preocupar. Ele apenas- Tony?”

Tony não a ouviu. Ele saiu do quarto o mais que pôde para a direção oposta. Ele queria confrontar Howard, mas o que diria? Teria mesmo coragem?

Enquanto dava passos largos pelos corredores, Tony captou algo dentro de um dos quartos com a porta entreaberta. Ou melhor, captou alguém. Ele abriu a porta por completo para ver o interior e ter certeza se não estava sonhando. Não estava. Realmente tinha alguém lá dentro.

Era Mary.

Mary estava deitada na cama com a vestimenta de hospital, recebia medicação intravenosa e tinha uma etiqueta no pulso. Ela estava tão pálida e tinha um olhar triste e avermelhado. Era óbvio que ela estava chorando há pouco tempo. Ela acabou de dar a luz e Howard já tirou o filho dela, fora que sua vida virou um inferno depois que a mídia descobriu sobre a gravidez.

“Não, não! Você não era para estar aqui.” Mary protestou assim que o viu. “Acabei de assinar uns papeis que diziam que eu não deveria... que não posso me aproximar de você ou-ou...”

Se um dia Tony achou que Mary o estava evitando, então ele estava completamente errado. Na verdade, ele sempre desconfiou que fosse seu pai o autor do afastamento dos dois.

“Mary, por favor.” Tony pediu se aproximando da cama. “Não temos muito tempo.”

“Se o seu pai descobrir...”

“Eu sinto muito. Eu não queria nada disso. Quero muito me desculpar. Howard é... Howard é...”

“Eu sei o que ele é. Ele arruinou minha reputação, a mídia me odeia, mas o pior de tudo é que meu bebê – nosso bebê – será criado sob o teto dele. Não terei a oportunidade de escolher uma família para ele. Agora ele será como se fosse mais uma posse da empresa de Howard Stark.”

Tony sempre soube disso, mas não ousou interrompê-la. Ela estava certa em tudo.

“Tony, me faz um favor?” Mary viu expectativa nos olhos de Tony. Expectativa de poder ajudá-la de alguma forma. Mary continuou, “Se você puder escolher um nome pra ele, nomeio-o Benjamin. Gosto desse nome.”

“Ele já tem um nome.” Foi de partir o coração ver Mary ficar chateada, por isso, Tony se apressou em dizer, “mas não é Howard, fique tranquila. É Peter. Fui eu que escolhi o nome.”

“Mas que diabos você pensa que está fazendo aqui?!?”

Tony se virou a tempo de ver um homem entrando no quarto antes que ele agarrasse a gola de sua camisa. A mulher que entrou com o homem arregalou os olhos ao ver a cena à sua frente.

“Senhor Fitzpatrick, eu... só quero me desculpar.” Tony disse com voz assustada adivinhando quem era o homem. Era compreensível a ira do Sr. Fitzpatrick sobre Tony.

“William... Solta ele! Vai piorar a situação de nossa filha se você machucar o filho de Howard Stark.” A mulher implorou para seu marido.

William Fitzpatrick olhou para sua filha e viu sua expressão aterrorizada e traumatizada. Sua esposa tinha razão, sua filha já sofreu muito.

Suas mãos apertaram a gola da camisa do adolescente antes de empurrá-lo com força para fora do quarto. Tony quase não conseguiu se sustentar em pé após o empurrão violento.

“Você e sua família podem ir para o inferno!”

Com isso, William bateu a porta na cara dele.

Tony ficou lá em pé por alguns segundos, tentando se recuperar do choque. Após isso, ele marchou de volta ao quarto de hospital do bebê. Ele sentiu alívio ao ver que nem o advogado nem o médico estavam lá. Apenas sua mãe segurando Peter enquanto estava sentada em uma das cadeiras e seu pai, que havia retornado, conversando em seu telefone em um tom sério, provavelmente com Obie.

Tony respirou fundo, tomou o telefone de Howard e o deixou cair no chão. A bateria se espalhou pra longe do aparelho, mas Tony não ligou. Ambos seus pais o olharam em choque.

Howard foi o primeiro a falar. “Mas que diabos você pensa que-”

“Nem comece!” Tony o interrompeu. “Acabei de ver Mary e você a deixou em um estado miserável. Você é a merda de um pai egoísta! Tudo que lhe importa é a sua imagem e sua empresa. Você é um monstro!”

Pela segunda vez em um só dia, Tony foi agarrado pela gola da camisa. Dessa vez, ele sentiu a parede em suas costas quando Howard o encurralou.

“Vai me culpar por tudo isso?!?” Howard vociferou. “Tudo o que eu fiz foi para proteger essa família! Foi para garantir que ele seja criado da forma correta. Seria muito perigoso para o nosso legado se ele aparecesse por aí anos depois, atrás da glória dos Starks.”

Tony riu amargamente. “Que legado? Que glória? Só se for um legado de mentiras que você está construindo! Tudo o que Mary queria era que ele tivesse uma família que o amasse.”

Tony não percebeu que suas lágrimas caíam livremente. Inesperadamente, Howard não gritou mais. Ele inspirou fundo, soltou a camisa de Tony e buscou um lenço do bolso de seu próprio paletó.

“Limpe seu rosto. A imprensa estará na saída quando sairmos.” Howard entregou o lenço ao seu filho. “Sua mãe e eu iremos adiantar informações aos repórteres. Se recomponha.” Com isso, Howard se retirou do quarto.

Maria já havia colocado Peter de volta na incubadora quando lançou um olhar gentil ao Tony. “Você é perfeitamente capaz de amá-lo. Pense bem nisso, meu querido.” Ela seguiu atrás de Howard.

Amá-lo? O que ele sabe sobre amar alguém?

Tony se aproximou da incubadora. Ele ouviu anteriormente a enfermeira dizer que esse equipamento servia para preparar Peter para o mundo. Tony o observou por um tempo através da tampa transparente. Peter havia se acalmado e voltado a dormir tranquilo quando Tony estava falando com Mary.

“Olá, Peter.” Tony disse com a voz tranquila. “Desculpe se te deixei mais cedo, mas eu fiquei assustado. Acho que é normal, mas isso não vai se repetir.” O recém-nascido mexeu um bracinho, mas continuou cochilando. “Eu sou seu pai e não deixarei Howard te machucar. Eu prometo.”

Você é meu, não do Howard.


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Notas finais do capítulo

Peter veio ao mundo! Que amor!
O próximo capítulo é um dos meus preferidos.

Próximo capítulo: Ultimato.



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