Vidas Secretas escrita por Srta Poirot


Capítulo 21
Mudanças (Changes)


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos leitores! Eu sei que sentiram saudades da fic, não é? Eu senti saudades de vocês também. Eu não sei como me desculpar, e que ano louco foi esse, hein? (não merece nem ser mencionado). Minha felicidade é saber se vocês estão bem e espero que sim.
Sem mais delongas, aproveitem! ;D

Dica de música: David Bowie - Changes (1971)



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Still don't know what I was waitin' for

And my time was runnin' wild

A million dead end streets and

Every time I thought I'd got it made

It seemed the taste was not so sweet

So I turned myself to face me.

.

.

.

Queens, 06 de setembro de 1999...

“Você tem certeza que preparou todas as coisas que vai precisar? Caneta, lápis, borracha, caderno...?”

“Sim, pai.” Peter disse, talvez pela milésima vez, ao seu pai que parecia mais ansioso do que o próprio filho. “Eu organizei tudo ontem, o senhor mesmo viu.”

“Bem, hoje é seu primeiro dia na Midtown. Pode ter se esquecido de algo.” Tony disse pegando o casaco cor-de-vinho que faz parte do uniforme de Peter. Ele ajudou o garoto a vesti-lo.

“Não se preocupe, eu não esqueci. Estou tão ansioso quanto você.”

“Não ligue para o seu pai. Ele só quer garantir que tudo dê certo.” Pepper disse abraçando Peter, porém, ela aproveitou a oportunidade para beijar as bochechas dele.

“Argh, Pepper. Não precisa disso! Eu não sou mais criança, já tenho 14 anos!” Peter fez cara de nojo passando a mão pela bochecha beijada.

“Eu sei e não consigo evitar! Você cresceu tão rápido!” Pepper disse carinhosamente.

Peter deu um último abraço rápido em Pepper antes de se dirigir à porta. Pai e filho saíram de casa com destino à Escola Midtown. Em 15 minutos, Pepper sairia para seu trabalho na Clarim Diário.

Ao ficarem acomodados no trem para Forest Hills, Peter iniciou uma conversa com seu pai que estava há muito tempo em sua cabeça.

“Pai... hãã... eu estive pensando...”

Tony se virou para ele e viu que Peter estava um pouco nervoso. Ele imaginou a ansiedade de iniciar na escola nova.

“O que quer me dizer?” Tony perguntou.

“Bom, eu estive pensando... Por que não aceita logo de vez a proposta do vovô de ser CEO das Indústrias Stark? Tem seu nome nela! E-e seria ótimo ter sua própria empresa, não acha?”

“Filho, é simples. Eu não vou fabricar armas.” Tony pôs uma mão no ombro de Peter como que pedisse compreensão.

“Não precisa fazer armas. Nós podemos usar os recursos para inventar coisas novas. Tipo, lembra quando conversamos sobre energias renováveis?”

Eles tiveram essa conversa em um dia ensolarado e no meio de uma sorveteria. Eles passaram um tempo de qualidade juntos e falaram por horas sobre como o planeta seria melhor se todos reciclassem e usassem energias renováveis. Tony lançou um sorriso como se sua mente tivesse sido iluminada. E foi, na verdade. Por Peter.

“Petey, isso é uma grande ideia! Sei exatamente o que você quer dizer. Mas eu preciso convencer Howard e não vai ser fácil. Com as Indústrias Stark em minha posse, poderei mudar o rumo da empresa. Os investidores não vão gostar disso, claro, mas é um risco válido. Sim, um risco e tanto.”

“Então, você vai aceitar?” Peter perguntou.

“Sabe, eu não tenho formação para ser CEO. Nem terminei MIT. Não sei como...”

“Pai!” Peter o interrompeu. “Você é a pessoa mais inteligente que eu conheço. Eu acredito em você, e Pepper também. Eu falei com ela sobre isso e ela me incentivou a falar com você exatamente isso. De todas as pessoas, Tony Stark é o único capaz de mudar o mundo. Pra melhor, é claro.”

Tony ficou emocionado com Peter. “Sério?”

“Foi o que eu disse a ela.”

“E eu não viveria no mundo sem você, Peter Stark.” Tony envolveu os dois braços ao redor de Peter. “Você é minha vida. Trocaria mil Indústrias Stark por você. Juro que irei falar com meu pai, mas preciso pensar um pouco mais, tá certo?”

Peter sorriu. “Eu sei que consegue. Tipo, eu estou nervoso para estudar em Midtown porque é algo novo, mas você acreditou em mim.”

“E acredito que será o melhor aluno da escola.” Tony passou a mão na cabeça de Peter, bagunçando seu cabelo cuidadosamente arrumado para o dia.

Peter não ligou. Ele estava feliz demais para se chatear com o cabelo.

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Tony havia combinado com Pepper de almoçarem juntos naquele dia. Ele se encontrou com ela durante seu intervalo de almoço no restaurante próximo à Clarim Diário. Pepper falou a milhas por hora sobre as grosserias de J.J. Jameson durante a manhã. Só quando chegou a entrada de salada que ela parou de falar.

“Desculpe, Tony, estou parecendo o Peter quando ele está empolgado em falar sobre algum assunto.” Pepper disse enquanto pegava um dos garfos sobre à mesa.

“Tudo bem. Gosto quando você desabafa comigo sobre o trabalho.” Tony disse com um sorriso.

“E quanto a você? Alguma novidade esta manhã?” Pepper perguntou.

“Sim. Conversei com Peter... ou melhor, Peter falou comigo sobre a oferta do meu pai e prometi a ele que iria pensar no assunto.”

“Isso é muito bom, Tony! É uma forma de você se aproximar de sua família. E é assim que vai ter mais contato com eles. Afinal de contas, vocês fizeram as pazes.”

“É, mas...”

Pepper olhou para ele com o olhar de conforto. “Qual o problema?”

“Não é problema. Eu só estava pensando que, se eu aceitasse, você poderia trabalhar comigo. Tipo, como minha vice.”

Pepper arregalou os olhos de surpresa. “Como sua... vice? Você quer que eu seja a vice-presidente das Indústrias Stark?”

“Sim, claro. Só confio em você, Pepper.”

“Mas, Tony, eu já tenho um emprego-”

“Que você odeia.” Tony completou. “A Clarim Diário não merece você. Você sempre reclama que não nasceu pra ser secretária e J.J. Jameson não lhe paga o que merece. Nas Indústrias Stark, você será respeitada e terá voz ativa nas decisões.”

“Tudo bem, mas eu não sei nada sobre armas.”

“Eu já pensei nisso e pretendo fazer uma mudança de mercado. Eu pensei em produzir energias renováveis e autossustentáveis. E não me faça essa cara, você participou da discussão comigo e Peter sobre esse tipo de energia. As Indústrias Stark têm os recursos, eles só precisam-” Tony fez um gesto pra frente como se estivesse apontando com a mão. “-de um direcionamento. De uma forcinha na direção certa.”

“Tony, você vai fechar a fábrica de armas?”

“E iniciar algo novo. Com você ao meu lado.”

“Eu não sei nem o que dizer. É um grande passo em minha vida.”

“O que achou da ideia?”

“Maravilhosa! Vai ser uma mudança e tanto!”

“Então você aceita?” Tony alcançou a mão dela e a envolveu na sua. “Preciso de você comigo. Meu porto seguro. E afinal, entre nós dois, você é a única que terminou a faculdade.”

Os dois riram com bom humor. E então, Tony ficou olhando para ela, esperando por uma resposta.

“Está bem, eu aceito.”

Tony não tinha dúvidas de que Pepper aceitaria, mas naquele momento, ele sentiu um grande alívio por Pepper tê-lo apoiado.

Primeiro passo concluído. Falta o mais difícil de todos: convencer Howard Stark.

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Escola Midtown, 07 de setembro de 1999...

“Olha, olha, nós aqui de novo!”

Peter, que estava pegando um livro em seu armário da escola, se virou ao ouvir a voz muito familiar. “Ned! Como vai?”

“O mesmo de ontem! Ainda não acreditando que estamos em Midtown.”

“Nem eu, Ned. Mal posso esperar pelas aulas de robótica.”

Nesse momento, uma garota passou por eles e foi direto para seu armário próximo ao deles. Ela parecia bem séria.

“Quem é ela?” Perguntou Peter ao Ned. “Não lembro de ter visto ela ontem.”

“Também não. Tem muitos alunos que estão começando hoje. Aê, vamos dizer um ‘olá’.”

“Não, Ned. Espera aí!” Peter tentou impedi-lo, mas Ned foi fazer as apresentações.

“Olá! Eu sou Ned! Este é Peter.”

Peter parecia mais tímido que antes e não era comum isso acontecer.

“Olá, Ned e Peter. Eu sou Michelle.”

“Michelle, é um prazer conhecê-la.” Ned disse e se virou para Peter. “Cara, fala alguma coisa.”

Peter levantou mais a cabeça e se virou para Michelle. “O-oi, Michelle. Eu sou Peter. Quer dizer, você já sabe disso. Hãã, está gostando de Midtown?”

A garota Michelle olhou de um para o outro. “Eu acabei de chegar na escola.”

“Ah, é mesmo. Que estupidez a minha.” Peter disse e Ned o olhou com uma cara estranha. “Eu e meu amigo também acabamos de chegar, quer dizer, começamos ontem, mas acabamos de chegar.”

“Você está bem, Peter?” Ned teve que perguntar.

“Estou. Por quê?”

“Você está meio-”

“Foi um prazer conhecê-los também.” Michelle disse cortando a conversa e estava se retirando.

“Ei, espera aí!” Peter a chamou. E ela se virou para fitá-lo. “Hãã, seja bem-vinda a Midtown.”

“Valeu, Peter.”

Enquanto Michelle se retirava para sua aula, Ned ficou encarando Peter.

“O que foi aquilo, Peter?”

“Aquilo o quê?”

“Você agiu muito estranho.”

“Estranho como?”

“Sempre sabe o que dizer. E agora você... sei lá!”

Peter suspirou. “Eu também não sei. Eu só fiquei nervoso, tá legal?”

“Isso foi bem estranho.”

“Por que não esquecemos isso? Estou louco pela aula de robótica.” Peter disse.

Ned rolou os olhos pra ele. “É, eu sei. Você disse isso milhões de vezes. Se eu não te conhecesse, eu diria que ficou gamado pela garota.”

“O quê? Que nada!” Peter chacoalhou a mão para Ned. “Foi só um nervosismo momentâneo. Pura coincidência.”

“Será que você sofre de S.N.M.F.M.? Síndrome do Nervosismo Momentâneo na Frente de Meninas?” Ned começou a gargalhar com o que disse, mas Peter ficou impassível. “É brincadeira! Eu já parei!”

“Se você não tivesse ido dizer um ‘olá’, nada disso teria acontecido.” Peter suspirou. “Ela deve estar achando que somos fracassados. E é só o primeiro dia.”

Ned ficou sério. “Você tem razão.”

Nesse momento, um professor passou pelo corredor. “O que os dois estão fazendo no corredor? Deviam estar na sala de aula.”

“Desculpe, professor!”

“Mil desculpas, professor! Estamos indo.”

Os dois amigos se apressaram em entrar na sala de aula e deixaram o assunto para depois.

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Manhattan, 08 de setembro de 1999...

“Você vai o QUÊ?”

Howard levantou a voz, bem mais do que gostaria. Foi uma surpresa e tanto para ele ouvir que seu próprio filho quer acabar com o legado da família, que ele passou anos para construir e crescer.

“Quer que eu repita, pai? Eu posso repetir: Eu vou reestruturar toda a empresa, a começar pelos objetivos e o mercado que ela atua.”

Era como antigamente, mas Tony não se deixou abalar pela presença forte de Howard. Pelo contrário, ele estava ali firme e controlando os nervos. Quanto ganho de maturidade!

“Mas é uma indústria de armas. Você vai acabar com toda a minha tecnologia!” Howard protestou. “Você não pode simplesmente parar de fazer o que deve fazer porque tem outros objetivos em mente.”

“Posso e vou! Sou contra a produção de armas e, ao contrário do que pensa, não vou acabar com a tecnologia. Eu vou usá-la para criar algo que faça o bem para as pessoas.”

Os dois Starks se olharam nos olhos. O contato visual era algo que Howard usava para intimidar adversários e críticos. Porém, Tony não estava intimidado e sim determinado. Não que Howard estivesse fazendo de propósito, afinal, ele fazia fez isso por anos. Mas, Howard nunca teria imaginado fazer uma mudança dessas a essa ‘altura do campeonato’.

“Olha, pai, as Indústrias Stark têm um alto potencial para criar coisas novas. Não sou ingênuo para pensar que as armas criadas pela empresa nunca foram utilizadas para o mal. E sei que o senhor sabe.” Tony disse com sinceridade e Howard não disse nada, apenas acenou com a cabeça. Tony conduziu seu pai para que se sentassem em um sofá, na mansão Stark, e continuou a falar. “Às vezes, precisamos mergulhar de cabeça em algo novo, mesmo não tendo certeza se vai dar certo, precisamos acreditar. Eu não fugi anos atrás porque fui atrevido, ou para lhe dar uma lição. Eu fugi porque achava que era o melhor para Peter e o certo a se fazer. Temos que desafiar a nós mesmos para enfrentar as incertezas e fazer o que é certo.”

Demorou alguns segundos para Howard absorver as palavras de Tony. Ele ofereceu a empresa ao seu filho e agora o dito filho quer mudá-la por completo. Mas, em uma coisa Tony tinha razão: Howard nunca enfrentou incertezas. Ele sempre fazia seus negócios quando tinha certeza do sucesso, não importava se teria que ignorar boas ideias ou demitir um setor inteiro para obter lucro.

E se Tony estivesse certo?

“Há muitos anos”, Howard começou a falar, “você tinha algumas ideias para aumentar as vendas, o que impediria a demissão de muitas pessoas. E eu... eu não lhe ouvi. Nunca lhe ouviria. Aquilo era arrogância, mas aprendi essa lição.” Howard suspirou antes de continuar. “Se você acha que é uma boa ideia mudar, então mude. Eu estou entregando a empresa para você e acredito que você dará o melhor de si por ela. E pelas pessoas.”

Uau. Não era nada como antigamente.

“Quer dizer que você concorda?”

Tony não precisava ficar tão surpreso, mas Howard realmente havia mudado.

“Você sempre foi uma boa pessoa. Ainda bem que eu não consegui estragar isso e nem tirar isso de você. Foi minha única falha que deu certo.”

Os dois riram com essa declaração espontânea. Eles se levantaram e se abraçaram, e apertaram as mãos em acordo com as ideias de Tony. Tony falou mais sobre suas ideias para a empresa e o futuro que se espera alcançar.

Engraçado, Tony sempre teve seu futuro premeditado pelo seu pai. Agora era Tony quem estava ditando seu próprio futuro para seu pai ouvir.

Os dois se despediram naquele dia em concordância. Howard apenas pediu que Tony visitasse mais vezes junto com Peter.

A imprensa teve uma grande notícia para transmitir no dia seguinte.


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Notas finais do capítulo

Quero saber o que vocês acharam do capítulo. Ainda vou postar mais um. :-)

Próximo capítulo: Finais.



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