Vidas Secretas escrita por Srta Poirot


Capítulo 12
Visita Especial (We Built This City)


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo novinho para vocês! Aproveitem! ^.^

Dica de música: Starship - We Built This City (1985)



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Say you don't know me, or recognize my face

Say you don't care who goes to that kind of place

Knee deep in the hoopla, sinking in your fight

We got too many runaways eating up the night

Marconi plays the mamba, listen to the radio, don't you remember

We built this city, we built this city on rock an' roll.

.

.

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Queens, 23 de outubro de 1988...

O alarme de Tony soou alto com números em vermelho indicando a hora. Ele foi rápido em desligar o alarme para não acordar seu filho que estava dormindo ao seu lado.

O dia anterior foi muito divertido para ambos porque foi a primeira vez que visitaram o Zoológico do Central Park. Peter ficou bastante interessado em conhecer os animais. Após passarem o dia no zoológico, eles brincaram de montar Legos na sala e depois assistiram a um filme. Peter caiu no sono antes do final do filme, mas Tony não quis acordá-lo, pois o dia foi cansativo. Ele apenas levantou Peter nos braços e o levou ao seu próprio quarto para que a criança dormisse ao seu lado. Tony também estava cansado, mas feliz. Ele dormiu assim, com um braço em volta de Peter, exatamente como na primeira noite quando chegaram ao Queens.

O apartamento estava quieto como de costume; o único barulho vinha da rua com o pequeno movimento de pessoas transitando. Tony se sentou na cama e lançou um olhar ao seu filho. Ele ainda dormia pacificamente e sem se mover. Em outras circunstâncias, se Tony não tivesse decidido fugir, Peter estaria dormindo em um quarto o dobro do tamanho e com uma babá em vigília para quando ele acordasse; sem contar que estariam em uma mansão compartilhada com Maria e Howard.

Mas Peter estaria feliz? Com certeza ele estaria confortável, mas... ele estaria alegre? Saberia o que era amor? Tanto Tony quanto Peter estariam sob os holofotes, sendo perseguidos por repórteres famintos por notícias, como se fossem abutres famintos por carniça.

Deixando esse pensamento de lado uns instantes, Tony foi à cozinha preparar o café-da-manhã para ambos. Ele preparou panquecas deliciosas com calda de caramelo, algo que Peter adorava. Tony também aprendeu a cozinhar diversas outras refeições. Quem diria que Tony aprenderia a fazer refeições deliciosas?

Tony acordou Peter para o café-da-manhã e ambos comeram até ficarem satisfeitos, ao som (não tão alto para não incomodar os vizinhos) de AC/DC, banda favorita de Tony. Eles estavam fazendo planos para o domingo enquanto a música Back in Black tocava quando a campainha tocou.

“Quem será? Joe, Amélia e Pepper estão visitando alguns parentes em Detroit.” Tony se levantou do sofá sem esperar por uma resposta que Peter não saberia dar. Ele desligou o tocador de música e abriu a porta apenas para ficar surpreso.

Ali na frente estava seu amigo que tanto lhe fez falta; seu amigo que não precisou nem de um ano para conquistar sua lealdade e amizade verdadeira.

“Rh-Rhodey?”

“Tones!”

Rhodey estava ali, esbanjando um sorriso que espelhava com o de Tony. Tony foi o primeiro a abrir seus braços para um abraço cheio de saudade. James Rhodes fez o mesmo, abraçou o amigo depois de anos sem vê-lo.

“Pensei que nunca mais fosse te ver!” Disse Tony soltando Rhodey e gesticulando para que ele entrasse. Seu amigo carregava apenas uma mochila no ombro direito.

“Eu sei. Faz quase três anos sem comunicação nenhuma, mas consegui te encontrar. Cara, você parece mais forte que da última vez que te vi. Andou malhando?”

“Só alguns exercícios de manhã cedo.”

Rhodey adentrou o apartamento e encaminhou até o sofá para se sentar, mas parou seus olhos na criança sentada nele. “Não me diga que este é Peter?”

“É claro que é o Peter!” Tony fechou a porta e se juntou ao amigo.

“Caramba, como ele cresceu!”

“Pensei que você fosse falar um palavrão. Não se fala palavrão na residência dos Starks. Certo, Petey?” O garoto apenas acenou para a pergunta de seu pai, ainda desconfiado com a presença do desconhecido.

Rhodey franziu as sobrancelhas para Tony dizendo, “Desde quando você liga para isso? A paternidade deve ter te mudado, hein?”

“Mudou muita coisa.”

“E você vai me contar tudo, mas primeiro, quero falar com este rapazinho aqui.” Rhodey moveu para se sentar no sofá junto ao Peter pondo sua mochila ao pé do móvel, mas não tão perto do garoto. Peter ainda estava desconfiado. “Hey, garotão! Eu sou James Rhodes, mas você pode me chamar de Tio Rhodey. Eu sou amigo do seu pai. Sabia que eu te conheci quando você era um bebezinho?”

Peter relaxou com o que Rhodes disse. “Verdade?”

“É, você era bem pequeno.” Rhodey sorriu para Peter e falando com a voz suave. “E como você está agora? Está bem?”

Peter acenou que sim.

“Nós visitamos o Zoológico do Central Park ontem.” Tony decidiu entrar na conversa para deixar Peter mais à vontade.

“Sério? Visitaram o Central Park?” Rhodey perguntou e Peter acenou. “E qual animal você mais gostou?”

“Dos macacos.” Peter respondeu. “Eles escalam árvores.”

“Os macacos são legais. Também gosto dos ornitorrincos. E das girafas.”

Giafas são legais!”

Aproveitando a atenção de Peter, Rhodey baixou a voz como se fosse contar algo secreto quando disse, “Posso te contar um segredo? Eu nunca fui ao Zoológico do Central Park.” Peter reagiu com surpresa e Rhodey sorriu para ele. “É verdade! Seria legal se você me mostrasse os animais que têm lá.”

Peter se animou com a perspectiva de um novo passeio ao zoológico. “Claro! Eu apendi o nome de todos. Menos o do hipotamus... hopopótalus...”

“Hipopótamo.” Tony disse ao Peter e em seguida se virou para seu amigo. “Ele com certeza vai te mostrar todos os animais que viu lá. Vai ser divertido.”

“Ah, eu quase esqueci! Eu trouxe um presente.” Rhodes pegou sua mochila e vasculhou por dentro. Ele tirou uma caixa embrulhada para presente.

“Rhodes, não precisava.” Tony disse com gratidão.

Rhodes balançou a cabeça. “É para o Peter. Eu quero dar um presentinho a ele.” Ele entregou o embrulho nas mãos do garoto, que já estava visivelmente mais à vontade.

Peter olhou para seu pai como se pedisse permissão para desembrulhar. Tony acenou que sim e o garoto foi rasgando o papel com curiosidade de saber o que ganhou. Peter sorriu quando viu que era um brinquedo, não um qualquer, mas uma réplica em tamanho menor de um avião da Força Aérea.

“Um avião!” Exclamou Peter.

“E isto é só uma pista do que eu quero revelar a vocês.”

Tony ficou intrigado com o que Rhodey disse em relação ao avião de brinquedo. “O que você está querendo dizer?”

“Que você está olhando para o futuro piloto da Força Aérea dos Estados Unidos!” Rhodes disse com orgulho.

Em um piscar de olhos, Tony acabou com a distância entre eles e o abraçou novamente. “Que notícia ótima! Eu me lembro de que você falava sobre a Força Aérea quando eu fazia o MIT.”

Eles se soltaram do abraço enquanto Peter tirava o avião da caixa.

“Eu posso bincar com o avião agora?”

Uh-oh.

Tony ficou na dúvida se seria adequado deixar Peter ir brincar e ignorar a presença de Rhodey pelo resto da manhã, mas Tony olhou para seu amigo e viu que ele não ficou ofendido.

“Tudo bem, pode ir.” Tony permitiu e Peter correu para seu quarto com o brinquedo na mão.

“Ele é um pouco tímido e calmo, não?”

“Só com estranhos. Mas espere só ele te conhecer melhor que estará falando milhas por hora e te enchendo de perguntas. Sem falar que ele é uma bomba de energia! Não se engane pelas aparências.”

“Então ele parece contigo quando você começou o MIT. Lembro-me que você não falava com ninguém.”

“Pois é.” Os dois riram da rápida lembrança.

“Ainda teremos tempo para nos conhecermos melhor, eu e o Peter. Por enquanto, nós precisamos conversar.” Rhodey disse se sentando de volta em seu lugar no sofá.

“Precisamos mesmo, tipo, como conseguiu descobrir onde eu moro? Quem mais sabe dessa informação? Meu pai que te enviou, foi isso?” Tony o questionou sentando ao lado dele.

“Calma! Responderei as suas perguntas.” Rhodey olhou ao redor, notando pela primeira vez a decoração do apartamento. Não tinha nada que pudesse ser considerado de muito valor como na mansão dos Starks – conforme Rhodes lembrava da visita que fez uma vez –, mas era confortável e não parecia faltar as coisas necessárias. Ele até viu uma foto de Tony com um bebê nos braços e outra de Tony segurando o mesmo bebê (só que um pouco maior) pelas mãozinhas como se o ensinasse a andar. Outra foto era mais artística, onde Tony fazia um biquinho pra câmera e Peter lhe dava um beijo na bochecha. Tony sempre gostou de fazer caretas em fotos desde a época do MIT. Todas as fotos estavam expostas na estante como se fossem enfeites.

“Legal, não é? Essa primeira foto foi de quando Peter disse sua primeira palavra. Ele disse ‘papá’, é lógico! A segunda foi quando ele deu os primeiros passos. Fiz questão de registrar.” Tony explicou. Ele compreendeu que o amigo estaria verdadeiramente interessado.

Rhodey balançou a cabeça sem saber o que dizer. Ele, por fim, pigarreou e disse, “Não consigo imaginar por tudo que você passou. Como conseguiu sobreviver sozinho?”

“Eu conheci pessoas boas quando cheguei aqui. Acredito que, se não fosse por eles, não sei o que seria de mim e de Peter. Depois te apresento aos Potts.”

“Certo. Enfim... Primeiro eu quero que saiba que o fato de eu estar aqui tem nada a ver com seu pai. Eu conheci uma pessoa da Força Aérea que poderia descobrir essa informação confidencialmente e não, eu não entrei na Força Aérea por causa dele, o crédito é todo meu. Obrigado, de nada. E você disse ao Tio Josh que pretendia ir a Nova York, o que facilitou a sua procura.”

“Não é que eu tenha medo do meu pai me encontrar, até porque já sou maior de idade e tal. Mas, eu não quero aquele homem contaminando Peter com seus ideais em ser um Stark e em assumir responsabilidades da empresa desde muito cedo. Peter é o que ele é, e eu sou o que sou.”

“Eu te entendo. Na primeira semana que você sumiu, o próprio Howard Stark foi ao MIT como você mesmo disse, lembra? Fiquei assustado quando ele mandou me chamar no meio da aula. Você tinha razão, a presença dele é perturbadora e ele faz com que todos façam o que ele quer. Fiquei me tremendo todo quando ele me interrogou sobre o seu paradeiro. Mas eu sabia de nada.”

“Desculpe se te fiz passar por isso. Eu não tive...”

Rhodey levantou uma mão para interromper Tony de seu lamento. “Sei que não teve intenção, mas sou seu amigo e é natural que tenham me perguntado sobre você.”

“Às vezes me pergunto se o que fiz foi o certo.” Um pequeno silêncio surgiu. Rhodey, pressentindo que iria começar um assunto delicado, não ousou interromper o amigo. “Fugir... foi um ato covarde, eu sei, eu vejo isso agora. Mas eu não me arrependo. De vez em quando eu imagino como seria se eu tivesse ficado na mansão. Peter reconheceria mais as babás do que o próprio pai e os avós. Céus, eu estaria trabalhando e terminando o MIT! Qualquer um poderia imaginar que isso seria algo bom para o nosso futuro, mas ninguém conhece meu pai melhor do que eu. Ele estaria controlando até meus sentimentos pelo Peter, quer dizer... para ele é sempre uma fraqueza expressar amor e perdi as contas de quantas vezes ele chamava Peter de distração antes mesmo da criança nascer.”

Rhodey acenou concordando. O pouco que ele conheceu de Howard foi através do interrogatório que ele fez e dos discursos que eram transmitidos pela TV sobre armas do futuro e sobre avanços tecnológicos. O homem só falava de paz mundial, mas nunca de família e relacionamentos.

“Que tal esquecermos Howard? Tá na cara que quando pensa nele péssimas lembranças surgem.” Rhodey sugeriu.

“Mas primeiro me responde uma coisa: você viu minha mãe? Maria Stark?” Rhodey acenou que sim. “Como ela estava?” Para essa segunda pergunta, Tony estava mais nervoso, temendo a resposta.

“Triste. Muito triste.”

Tony passou as duas mãos no rosto, como se quisesse expulsar seus pensamentos atuais. Ele finalmente aceitou a sugestão do amigo de esquecer o assunto.

“Quero saber mais de Peter.” Rhodey falou de novo. “Estou curioso para ouvir as histórias que tem para me contar.”

“Você acertou. O garoto só tem três anos e já tenho muitas histórias pra contar. E a pior delas aconteceu mês passado. Tive o maior susto da minha vida.”

“O que aconteceu?”

Tony contou tudo sobre o incidente com a pasta de amendoim e contou sobre o seu trabalho na oficina, os Potts, algumas encrencas que Peter causou... Ele não dispensou detalhes ao seu amigo e sentiu que teve a melhor conversa em anos.

O humor e o clima entre eles foram os melhores e os mais leves, tornando a vida difícil esquecível e a amizade inesquecível.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Jornal de 85.



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