Oitava Fileira escrita por Nanda Vladstav


Capítulo 33
Epílogo




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Não acreditem no que dizem, crianças: Papai Noel existe. Existe, veste um terno feito de couro de cobra e voa num dragão de bronze, distribuindo presentes para as crianças boas e as nem tão boas assim. Às vezes faz turno extra em março. Juro, é verdade.

Foi assim que, doze dias depois que Mauro e Cas foram embora, apareceu um ortopedista bem ranzinza na porta de casa. Mas não era só um ortopedista (o que já seria surpreendente), era um especialista em joelho, de jaleco e maleta, parecendo arrancado de um episódio de Gray´s Anatomy. Ficou menos rabugento quando soube que tinha um paciente, e quando saiu, Xavier já estava de exames e cirurgia marcada pra dali a dois meses, num hospital de uma antiga base militar no sul do país.

Aquele besta até pensou em recusar, mas acho que todo esse tempo incapaz de andar sem ajuda foram motivo suficiente pra engolir o orgulho e agradecer. Agora ele está até animado, fazendo os preparativos, sonhando com o dia que não vai precisar dessas muletas pra qualquer coisa.

O meu presente... chegou seis meses depois de voltarmos, quando eu retornava de uma reunião na vila. Não sei nada sobre construir ou plantar coisas, mas ainda sou a melhor planejando, e anos vendo a Carmem, o Luís e mesmo a Maria Louca trabalharem me deram know-how mais que suficiente pra coordenar a reconstrução de uma vila pequena como essa. 

Mesmo o Xaveco ajuda, pulando pra lá e pra cá enquanto ensina os aldeões a se defenderem sem o Cebola. Igualzinho ao Xavecão, não é legal? Em troca, eles dividem conosco comida e roupas. Ganhei até uma galinha viva um dia desses. Agora Miga tem um espacinho só dela, e já proibi Xavier de assá-la. Pelo menos, não antes de uma vida longa e uma morte natural.

Mas voltando, cheguei em casa, toda suja de poeira e folhas, e escuto uma risada. Santo guarda-roupa da Madonna, eu conheço essa voz!

Na nossa sala (pelo menos no que sobrou dela), sentados em almofadões bebendo chá, estão Ramona, Marina e meu namorado. Não sei se rio ou choro, enquanto decido saio correndo pra abraçá-las, com folha e tudo. 

No meio das risadas (e algumas lágrimas), a farra se estende noite adentro. Pela animação das meninas, elas estavam precisando de uma noite de garotas tanto quanto eu. 

O fofo do Xaveco se levanta, pra pegar algo mais forte e nos dar liberdade pra ter aquelas conversas sórdidas e picantes que são praticamente um direito constitucional de amigas de longa data. 

(Brincadeira, gente. Já tentaram ter uma conversa assim com a Marina? Ou pior, com a Ramona? Não tem tanto álcool assim no mundo. Elas precisam urgente de uma má influência.)

Encontro com os olhos do Xaveco na porta, tão contente que não cabe no mundo, e parecem dizer: “A gente deu certo pra caramba, não acha?”

Sim, respondo com um sorriso. A gente deu certo mesmo.

 FIM


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Notas finais do capítulo

Oitava fileira terá continuação. Como aconteceu depois de Meia Lua, pode demorar alguns meses até começar a publicação, pois eu prefiro escrever pelo menos até o final da primeira versão para começar a publicar;

Também teremos dois pequenos spin-offs após essa, um por semana;

Mais uma vez, a todos o meu muito obrigada, e espero vê-los nas próximas histórias.



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