Oitava Fileira escrita por Nanda Vladstav


Capítulo 15
Sim, ela tem razão. Nada menos que o demônio.




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A minha melhor notícia era a poeira. Tudo estava absolutamente imundo, só conseguia respirar através da camisa e nada me faria mais feliz. Agora tinha certeza que ninguém mais sabia daquele túnel, ou ele estaria imaculadamente limpo, como o resto da cidade. Poderia andar mais aliviado.

Depois que tive certeza que não era seguido, fui procurar Seu Aparício, um dos mais antigos empregados da fazenda original. Ele trabalhava nas cozinhas e gostava de mim, que sempre lhe trazia comidas boas quando saía em patrulha. Outra das coisas que aprendi com meu antigo capitão: Sempre tenha a amizade de quem prepara a comida. Além disso, o homem cresceu ali, e sempre tinha alguma coisa interessante pra ensinar.

Uma vez, quando a gente estava jogando conversa fora, ele me confidenciou dos túneis embaixo da casa principal. O pai do Genésio sempre foi um sujeito prevenido, e mandou construir três saídas subterrâneas na época da ditadura. Nunca chegou a usar, então quase ninguém lembrava delas, mesmo antes do mundo acabar.

Seu Aparício lembrava. Discreto, o encontrei no quarto em que morava, e não demorou pro velho me reconhecer. Ficou feliz de me ver vivo e detalhou como chegar no túnel que eu precisava. Em troca, sugeri que seria bom levar a filha e sair da cidade alguns dias. Ele abriu um sorriso de poucos dentes e disse que iria mesmo ver uns parentes em Vila Abobrinha, era aniversário da irmã. Ofereceu um pouco de café (sempre tinha um bule de café com Seu Aparício. Metade dos soldados da cidade gostava de fazê-lo feliz) e bebi um gole, agradecido.

— Tome cuidado na estrada, Seu Aparício.

— Num carece de se percupá não, Seu Xaveco. Passarinho passa em lugar que onça num passa. Ninguém atenta pra passarim véi, não. São Cristóvão lhe proteja, fio.

— Obrigado. — Não sei quem é, mas espero que seja o santo das causas impossíveis. — Ao senhor também.

***

Então era isso. Nem demorou muito, e saí bem perto do quarto de Carmem no casarão central. Dois lances de escada e um pequeno truque com a fechadura, e eu estava dentro. Ufa, quarto vazio. Pude dar uma limpada nas roupas, parecer menos com um fantasma fugido da tumba e dar uma olhada. Estava com dor de cabeça há horas, mas não havia nada a fazer.

Parecia que ela continuava solteira. O quarto estava cheio de perfumes, maquiagem e dessas coisas de mulher. Não lhe faltava nada, nenhum homem tinha permissão nem de olhá-la torto, de longe parecia a vida ideal. Porém quando ela encontrava a Dê, sempre disfarçava o quanto era infeliz. Ela parecia uma boneca na estante, que a dona gosta de mostrar pras visitas, mas ninguém pode tocar... Maquiagem e um sorriso artificial. Que vida miserável de merda.

Acompanhei o barulho da cidade e o sol se pondo. Deviam estar todos amedrontados do Cas e Mauro na cidade. A fama deles era imensa. Diziam que todos os zumbis do mundo acabaram por causa deles, e nós que saíamos não encontrávamos mais lixo em lugar nenhum. Eles eram heróis, mas não o tipo que você ama. Não depois de ouvir o que acontecia com quem recusava a entregar os parentes ou amigos infectados, ou quem os ameaçava diretamente.

Como naquele filme, Parque de Dinossauros: Você torce pelo T-Rex matando os bichos que queriam te comer, mas não quer que ele te note ali.

Já era noite, e Carmem deveria voltar a qualquer minuto. Quando a porta abriu, a puxei pra dentro, com a mão firme na sua boca. Se ela gritasse iria foder tudo. Ela ainda tentou, se debatendo, enquanto eu fechava a porta e sussurrei no ouvido dela:

— Carmem, sou eu Xaveco! Eu não vim te machucar, acalma! Acalma, mulher!

Ela não sossegou. Parecia ainda mais apavorada. Puta merda, o feitiço do Mauro, nem minha voz soava igual.

— Você ganhou um colar dos seus pais no seu aniversário de quinze anos. Um “F” de platina, com um diamante no pingente. Você transformou numa tornozeleira e disse a todo mundo que era de um metal vagabundo qualquer. Arrancou o diamante e trocou por um almoço pra nós três. Agora está pendurado no pescoço da outra Denise. Eu vi. Sou eu, Xavier, e não posso te soltar até você parar de gritar e arriscar me matar.

Aos poucos, ela se acalma. — Posso te soltar? Promete me ouvir, pelo menos?

Quando a soltei e ela se virou, estava tão furiosa que pensei que fosse me matar ela mesma.

— No que você estava pensando, seu filho da puta maluco? Invadindo meu quarto desse jeito? — Pelo menos ela estava me xingando em voz baixa. Então o medo a deixou pálida de novo, e ela me agarrou pela camisa.

— Aconteceu alguma coisa com a nossa amiga? Se você deixou alguma coisa acontecer com ela, seu cretino secundário, eu juro que-

— Ela está bem, Carmem. Está fora da cidade. Vim porque precisamos da sua ajuda.

Expliquei o resumo do plano: Carmem me ajudando a encontrar o Blog; o cara ajudando-a a entrar; Denise fazendo o que faz de melhor e evitando uma guerra civil. Eu tirando as duas da cidade se possível pra outra dimensão, enquanto as crianças grandes resolvem suas diferenças.

— Não.

— Como assim, não?

— Esqueça essa estupidez de trazê-la pra cá. Volte por onde veio, leve-a pra longe daqui. Diga a ela que eu estou bem, não quero ir embora.

Com as instruções da Dê, eu até conseguiria encontrar o Lacerda sozinho, mas ela me estrangularia se eu voltasse sem a Carmem e com essa mentira tosca. Notei que ela não usava nomes, era melhor fazer igual. Ela jogou os saltos num canto e fechou todas as cortinas com raiva.

— A garota precisa ser impedida, e se você ajudar, vai ser mais rápido e fácil. Nós podemos te ajudar a sair daqui. Você está perdendo a mão, se pensa que pode me convencer com essa mentira ruim.

— Você não tem ideia do que a garota tem feito. Ela nunca vai me deixar ir embora. Se souber que vocês continuam vivos e eu com vocês, irá persegui-los até o fim do mundo.

— Minha namorada é sua amiga. Eu sou seu amigo. Estamos dispostos a assumir o risco.

— Vá embora. Eu quis ficar, diga isso a ela. Convença-a. A... o problema vai ser resolvido, garanto. Tenho pessoas trabalhando nisso.

Vi o lábio inferior dela tremer. Carmem estava no limite, se segurando só com aquele orgulho besta dos Frufru. Não conseguia imaginar mais alguém fora a outra Denise louco o bastante pra enfrentar os Filhos da Tormenta. Olhei ao redor, a cabeça ainda latejando de dor, até que vi caixas e caixas de tinta pra cabelo num canto. Uma delas, com garotas sorridentes de cabelo roxo.

Roxo?

O cabelo da Carmem era um troço de comercial de xampu, sedoso, brilhante e loiro. Loiro pra caralho, a mulher parecia uma atriz de Hollywood. Ela acompanhou meu olhar e viu as caixas.

Aí ouvimos o miado. Quase pulei pra fora das calças, ela só revirou os olhos. O gato só miou mais alto.

— Às vezes acho que ela só ficou com você porque árvores não andam.

E os primos do Robson têm menos veneno que você, pensei, mas fiquei calado. O gato branco entrou, e Carmem ajoelhou-se e fez um carinho distraído, a voz mais dura que os diamantes que usava no pescoço.

— Você vai embora. Hoje. Agora.  Vai sumir e usar essa feitiçaria aí pra carregar a sua namorada pra longe, me ouviu?

— Não vou. Ela me pediu pra te salvar. Agora que nossos futuros estão pendurados ali no muro, ela é a única chance de morrer pouca gente nessa presepada. Vou dar um jeito de encontrar o Lacerda, e vou dar um jeito de salvar você também. Parar a La...garota é a coisa mais importante agora.

— Aquilo no muro é uma mentira.

— Ei... Espera... Como?

— Pelo amor de Deus, homem, você é surdo? Eu disse que aquilo em cima do muro é uma mentira. Uma falsificação diabólica.

Não tô entendendo mais nada. Eu sei o que vi, tinha uma porção de gente morta ali em cima, e diabos, eu era capaz de me reconhecer. Carmem se levantou e me segurou pelos ombros, me prendendo no lugar.

— Todo mundo acreditou no que ela queria, nada mais. Os estragos que o grupinho de vocês causava estavam começando a incomodar, então ela capturou quase todos, mas não conseguiu achar os outros vocês. Então sequestrou duas pessoas parecidas e me fez... Me obrigou a... maquiá-los. — Disse numa voz quebrada. — Vesti-los como vocês.

Os olhos dela estavam cheios d´água, mas Carmem não choraria. Não na minha frente. — Ela fazia entregas, e ele era padeiro. Eles não tinham culpa de nada, mas ela os enforcou mesmo assim.

Ela respirou fundo pra se recompor. — Os pobres coitados... Ficaram com tanto medo, foi ainda melhor pros planos dela. Todo mundo acreditou. Tudo que pude fazer foi pagar a um soldado pra pendurar o colar no pescoço dela. Não tive outro jeito de pedir desculpas. Aquela garota é o demônio. O demônio, mil vezes pior que o irmão. Não posso escapar dela, mas não vou permitir que você arraste sua namorada pra isso.

Sério, aquilo dava vontade de rir. — Estamos falando da mesma pessoa, não é? Eu arrastando a...ela pra qualquer coisa? Ela é uma heroína. Vai salvar essa cidade, mesmo que todos nós acabemos no processo.

Era isso. Meu Deus, era isso! A confiança da Dê no plano foi pro saco quando voltamos da casa do Louco... Encontramos a Sarah lá. Quando viva, a garota previa o futuro. Cartas, sonhos e sei lá mais o que. Ela nem querendo olhar na minha cara e cochichando que não queria me ver morto... O plano até podia dar certo, mas eu não estaria aqui pra ver.

 “Coragem. Esperança. Sacrifício. Essas coisas realmente são importantes.”

Agora eu salvaria essa loira maluca, mesmo que tivesse que sequestrá-la. Minha garota não ficaria sozinha depois disso, se eu pudesse evitar.

— É o seguinte: Isso vai acontecer com ou sem a sua ajuda, só fica longe do front até toda essa putaria acabar. Eu vou encontrar o La...o cara. E depois salvo você.

— Você continua uma mula... Mas tem razão. Ela vai dar um jeito de entrar, nem que seja cavando um túnel por baixo dos muros. Podemos dar a melhor chance possível.

Pegou um pote de alguma coisa, um casaco chique e jogou em mim um casaco de uniforme de oficial. — Venha comigo, Jonas.

***

Assumi meu posto de escolta. Já tinha feito isso algumas vezes, mas nunca foi tão fácil. As pessoas se afastavam pra ela passar. Ninguém olhava uma segunda vez. Andamos e andamos no meio da noite, até pararmos num restaurante. O cozinheiro chefe virou um fantasma quando viu a Carmem entrar na sua cozinha sem aviso.

— Ma-madame? Pensei que todos os detalhes já tinham sido confirmados... Algo não ficou do seu agrado?

— Mantenha a programação original, chef, mas aumente as quantidades em 30%. Temos dois visitantes ilustres e Lady Shih quer que eles comam à vontade.

O homem começou a olhar para os lados, tão nervoso que pensei que ele pularia numa panela se não encontrasse um buraco no chão. — Mas... senhora, onde posso encontrar mais dois patos em menos de doze horas?

O olhar de Carmem pra ele foi tão gélido que até a Penha teria se encolhido. — Mande alguém até a granja. Roube, se necessário. Amanhã às dez quero você e sua equipe montando os pratos escolhidos na cozinha da mansão. Ou às dez e quinze vocês estarão diante das generais, explicando porque o almoço com o Lorde Cebola e seu braço direito foi algo menos que perfeito.

— S-sim, madame. Considere feito.

— Agora eu vou verificar sua despensa. — Me movi para a frente dela, como se eu soubesse aonde estávamos indo. Quando fechamos a porta, Carmem suspirou e olhou pra mim, me desafiando a falar alguma coisa. Quando continuei quieto, ela me empurrou para o lado e pressionou a mão num painel, que se deslocou e mostrou um teclado numérico e uma porta surgiu de lugar nenhum.

A porta brilhante fechou atrás de nós, e a quantidade de luz piorou minha dor de cabeça. Fazia tanto tempo que eu não encontrava telas acesas de qualquer coisa, parecia que estava entrando num filme. O Blog que eu lembrava era um cara legal. Não sabia por que Carmem fazia cara feia, como se fôssemos encontrar um bandido.

Também não entendia por que diabos eu precisaria de um programador pra resolver um problema mágico, mas tudo bem.

— Cybermaster.

— Carmem. E um dos gorilas de Maria. O q vc precisa de mim hj? Decidiu aceitar minha oferta?

O sorriso dele era frio e calculista, e os óculos refletiam a luz, parecendo duas pequenas telas no lugar dos olhos. Blog tinha engordado um pouco e de certa forma, envelhecido, se vestindo como um tripulante de Estar Treko aposentado. Olhava pra Carmem de uma forma que me fez ter vontade de amassar a cara dele com um monitor.

— Não vou trocar uma gaiola por outra, Lacerda. Minha resposta ainda é não. — Pôs um frasco de vidro ao lado do teclado. — Precisamos pôr uma pessoa dentro da cidade discretamente.

— Cybermaster, n Lacerda. Pq vc n usa esses belos olhos azuis pra convencer o capitão da vigilância... Entendo. Alguém q ativaria os alarmes. Uma maga, talvez? — Abriu o frasco e cheirou satisfeito. — Chocolate... muito bom. Mas n eh o suficiente. Mesmo pra vc, eh um favor grande demais. A menos que você queira dispensar esse neandertal e me fazer companhia.

Tenho que fazer alguma coisa, ou vou acabar fazendo esse patife engolir o vidro de chocolate de um jeito que ele não vai gostar. Não lembro do Blog ser tão canalha assim.

— Sabe q eu só aceito duas moedas: comida ou informação. Mas pra vc eu-

— Cybermaster, sou o Xavier. Lembra de mim? Me chamavam de Xaveco.

— Claro. Minha memória é precisa, e minhas câmeras podem ver através de um simples feitiço de glamour. Entendo... — disse, digitando tão rápido que eu mal via seus dedos. — soldado competente, jogador de xadrez, quase uma das tochas de General Bianconero. Salvo pela Denise há 1 mês. Sem parentes vivos conhecidos. Provável contato regular com Denise “Mantis” Gomes. Continua secundário, pelo visto. Coincidência, vc estar aki ao mesmo tempo que Lorde “Cebola” e seu lobo de estimação.

Virou-se pra mim, como se eu fosse um experimento interessante.

— N vou abrir uma falha na barreira por taum pouco. Levaria tempo demais, e quero estar longe se Maria e seu “irmão” se desentenderem. Mas um pote de chocolate compra mais que alguma informação. Eu poderia, por exemplo, falar a vcs sobre a bomba.

Claro, não estávamos fodidos o bastante antes, não é? Até a Carmem perdeu a postura um segundo.

— Bomba? — Olhou pra mim, indignada. — Vocês estão planejando usar explosivos?

— Claro que não, ninguém planeja derrubar a cidade, só o Quarteto do Inferno. Cybermaster, por favor, que bomba?

Peraí, ele estava rindo?

— Vcs têm o “Cebola” na cidade e só estão preocupados com uma bomba? Vcs n sabem d nd? Las Vegas?

Óbvio que eu sei de Las Vegas, Blog. Está tudo aqui no meu celular fantasma sem internet. Ele continuou, francamente surpreso com nossa ignorância. — Havia um cientista louco lá. Fazendo experiências com radiação e o vírus que acabou com o mundo de vcs. Realmente monstruoso. Até que os 2 chegaram. Ninguém vivo sabe como, mas um contato meu da época disse que se tornou uma cidade fantasma. O cientista, os pobres humanos usados como cobaias, todas as 5.000 pessoas que sobreviveram ao armagedom e moravam lá... sumiram. Completamente. Muitos prédios também. Também teve Puebla, e algum lugarzinho na Itália.

Ele deixou a informação assentar nas nossas cabeças, e continuou. — Lady Shih n os convidaria p k sem alguns planos pra destruí-los. Ela tem uma bomba suja. Tenho aqui os dados... uns 130kg de explosivo plástico, 10kg de cobalto 60. Tem um ritual bem pesado também. Putz. Imagino que isso pudesse matar o Godzilla.

Puta merda. Isso pode fritar a cidade inteira. Qualquer coisa que sobreviva vai ficar contaminada por radiação. Não vai nascer nem capim nessa porra por anos. Sabia que a pirralha era louca, mas isso está além da loucura.

— Cybermaster, você precisa nos ajudar. Nós podemos evitar esse massacre. Depois te pago, conheço um cara que pesca umas lagostas sensacionais. Além disso, você também morre se ela detonar uma bomba como essa tão perto daqui.

— Daki? Onde vc acha q estamos, Xaveco? Isso eh 1 portal. Estamos em Tobor, n no porão imundo de um restaurante. E pagamento depois... n, sinto muito. Só à vista. Mais uma chance, Carmem.

Apesar de não ser meu estilo, quis ameaçá-lo. Nós precisávamos daquilo, mas não tinha nenhuma garantia que pôr uma faca na garganta dele o fizesse fazer um bom serviço, ao invés de mandar um e-mail pra pirralha com nossas coordenadas. Mas não nego que amarrá-lo na maldita bomba me passou pela cabeça.

— N adianta me ameaçar, Xaveco. Vc n eh o primeiro a pensar nisso. Carmem?

— Não, Lacerda. Meu gosto continua impecável, obrigada.

— Foi bom conhecer vcs. Espero q sobrevivam. Agora podem ir.

***

Foi uma caminhada deprimente de volta à mansão. Carmem conhecia todos os horários de ronda, e não topamos com ninguém. Ela explicou que Tobor é uma dimensão com tecnologia mágica, e que Lacerda, antes de ser expulso por Maria, podia programar rituais. Que a barreira era em boa parte criação dele, ativada por magos.

— Você pode descansar um pouco aqui, mas quero que vá embora. Faça o que for necessário, tire minha amiga dessa armadilha. Vou ajudar aqueles dois como puder. Os outros vocês também.

Fiquei olhando pro teto. Estava dando tudo tão errado que parecia que minha vida era escrita por um gordinho barbudo de boina.

— Também não posso ir embora. Você vai ficar com os dois, eu tenho que falar com umas pessoas.

O silêncio estava cheio, mas nenhum de nós sabia o que dizer.

— Sua namorada. Finalmente. Você não é tão banana quanto pensei, secundário.

— Obrigado, acho.

— Ela vai querer matar nós dois, sabe? Quando perceber que a deixamos de fora.

Sorri. Se nós sobrevivêssemos, é exatamente o que ela faria. — Com as próprias mãos.


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Notas finais do capítulo

Pode não ter sido o pior que Maria fez, mas ainda acho o mais revoltante dessa história. Não sei como é o processo para outros, mas os personagens ficam comigo e se desenvolvem. Às vezes é um processo muito prazeroso (como ver o Mauro e o Cas juntos), meio confuso (como o Luca e a Marina), mas no caso da Maria e do Nero...São meus primeiros vilões, e em capítulos como esse, eu quis expulsá-los da minha cabeça.

Só que aí não haveria mais história, então continuei. Admiro pessoas que conseguem escrever sobre gente repulsiva e não deixar isso afetá-las. É muito mais difícil que pensei.

* Cybermaster (antigo Bloguinho) fala como as pessoas escrevem em grupos de mensagens. Foi uma loucura tentar representar fielmente um sujeito que fala com emoticons. Sério, EMOTICONS;

* Bomba suja é uma bomba comum com compostos radioativos. Pode ser associada a pregos ou estilhaços de metal pra aumentar o efeito destrutivo. Usada por terroristas, obviamente. O explosivo plástico é mais potente que dinamite ( uns vinte quilos põem um prédio médio abaixo com certa facilidade);

Torço pra que estejam gostando de ler quanto eu de escrever, e espero vê-los no próximo capítulo.



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