Wildflowers escrita por Nonni


Capítulo 2
Aquele em que você se preocupa.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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A previsão do tempo tinha marcado chuva para aquele dia. Entretanto, Regina acordou cedo mesmo assim. Gostava de sair de manhã pela propriedade do pai, caminhar em meio a natureza e dar uma espairecida. E ela tinha uma doce e esperta companheira para essas horas, sua amada e Lola. Uma bela cachorra de pelos marrons, que aparecera na fazenda há alguns anos atrás e desde então não deixou mais o lugar, não sem Regina.

Os meteorologistas realmente acertaram a previsão, e quando Regina olhou para a rua da janela do seu quarto, deixou um gemido de frustração escapar. Sem caminhada naquele dia. E pra piorar, ela sabia que com esse tempo seria impossível começar a restauração do telhado do hotel, e que isso atrasaria em alguns dias a obra.

Antes de seguir para o banheiro a fim de tomar um banho, Regina deixou sua roupa separada em cima da cama. Uma calça jeans escura, uma blusa de manga longa na cor preta e um casaco de couro também preto. Ao lado da cama se encontravam suas botas de cano alto até abaixo do joelho. Enquanto andava pelo quarto, tinha a atenção de Lola, que se encontrava deitada na cama, a cabeça repousada em cima das duas patinhas.

Assim que terminou de se arrumar, Regina arrumou sua cama, acabando com o sossego da cachorra. Derrotada, a mesma seguiu para o primeiro andar, e a arquiteta foi atrás depois de alguns minutos. Ao chegar na cozinha, encontrou seu pai que passava um café. Embora estivesse com uma boa recuperação, Regina percebia que ele se encontrava bastante abatido. Ela parou no vão da porta, permitindo-se observá-lo. Seu amado pai. Regina não conseguia nem pensar em perdê-lo.

"Bom dia, minha menina!" saudou o senhor, quando percebeu a presença da mulher na cozinha. O sorriso que Regina tanto amava tomava-lhe a face.

"Bom dia, papai!" respondeu, seguindo até ele e plantando um beijo em sua bochecha. "Esse cheirinho de café está maravilhoso, sabia?" perguntou, seguindo até o armário e pegando duas xícaras.

"Está sim, querida… vai tomar café comigo?" Henry perguntou e Regina negou com a cabeça.

"Não, papai. Combinei de encontrar a Zelena na cidade e tomar café com ela… não tive tempo de vê-la desde que a obra começou. Mas aceito uma xícara desse café, para me manter um pouco energizada. Vou precisar para o dia de hoje." Regina respondeu, a última frase saiu um pouco mais baixa de seus lábios.. Henry ouviu, entretanto. Com o bule de café nas mãos, o senhor serviu as duas xícaras e sentou-se na frente da filha.

"Zelena poderia ter vindo tomar café aqui, eu prepararia para vocês." um sorriso tomou conta do rosto de Regina com a fala. A mulher segurou a mão do pai entre as suas, pensativa. " O que incomoda você, minha menina?"

"Ah, papai. O tempo me incomoda." sorriu, sem graça. "Incomoda na verdade aqueles seres que por serem de Nova Iorque acham que podem controlar o mundo. Eu estou acostumada a esperar as coisas acontecerem. Tempo é sempre a resposta… mas tente colocar isso na cabeça deles?" deixou uma risada irônica escapar, e seu pai deu um pequeno sorriso também.

"Aquele hotel passou tantos anos parado… agora querem fazer tudo de uma hora pra outra? Empresários." O senhor desdenhou, e Regina concordou com ele.

"Sabe o que me tira do sério? O fato do Robin querer tudo do dia pra noite… se ele não quer ficar na cidade e só ele ir embora, não?" comentou, distraída.

Estavam completando quase duas semanas do começo da obra, e embora tudo tenha saído conforme planejado nos primeiros dias, algumas coisas deram um pouco errado depois. Muitas infiltrações não planejadas e cupins não esperados. E para Regina estava tudo bem, era uma reforma e isso era normal. Agora como enfiar isso na cabeça daquele Locksley que achava que o mundo girava ao redor dele?

Regina havia o achado tão encantador no primeiro dia… mas depois que as coisas começaram a sair um pouco do controle ele havia se mostrado um turrão.

"Você quer que ele vá embora, filha?" o mais velho perguntou, conquistando a atenção da mulher, que semicerrou os olhos para ele.

"O que você está querendo dizer, papai? Eu quero que ele leve a negatividade dele pra longe." ela respondeu.

"Pelo que você vem me falando há alguns dias, esse homem não queria estar aqui, querida. Se ele não está em um lugar em que gosta, é natural agir assim. Errado, mas humano." o mais velho disse, e a morena suspirou.

"Por que nós humanos estamos sempre errando, papai?" ela perguntou, tomando um gole de café.

"Pelo simples fato de que somos humanos, querida, e estamos em uma constante estrada de aprendizagem." Henry respondeu, fazendo Regina sorrir e lhe beijar a bochecha.

"Papai, meu dia só começa realmente depois que eu converso com você." o senhor soltou uma risada, os olhos brilhando para a filha.

"Fico feliz em saber disso, e lhe digo uma coisa: você mais do que ninguém sabe como é difícil ficar longe da família. Não deve ser menos difícil pra esse tal de Robin. E eu acho que você, minha filha, se preocupa com ele. Convide-o para beber algo. As vezes ele esteja precisando de uma amiga." o mais velho disse, deixando Regina ainda mais pensativa.

Ela se preocupava mesmo com Robin Locksley? Ainda não tinha resposta para essa pergunta.

***

Estacionando a caminhonete em frente ao café em que combinou de encontrar Zelena, Regina ainda tinha as palavras do pai na cabeça. Na verdade, ela não sabia o que sentir e pensar a respeito do que o seu pai falou. Não se preocupava com Locksley, afinal, o conhecia há apenas 15 dias. Mas se sentia incomodada, sim, com a forma como ele parecia aborrecido com tudo. Não desejava que ninguém vivesse assim, tendo desgosto por tudo que acontecia. Afinal, Robin tinha um sorriso tão bonito, como ela pode notar naquela primeira reunião. Por que era tão difícil para o homem deixar aquele sorriso prevalecer sobre a carranca que sempre tinha no rosto?

Balançando a cabeça para afastar os pensamentos, a morena desceu do carro, colocando a jaqueta preta sobre a cabeça, pois a chuva estava caindo fortemente. Zelena a esperava em uma mesa no fundo do lugar e sorriu ao avistar a morena chegando. Regina seguiu até a amiga, lhe depositando um beijo no rosto.

"Finalmente conseguimos nos ver!" a ruiva exclamou, sorridente. "Trocando suas amigas por obras… muito bem Regina" fez drama.

"Ah, Zel, não é nada disso. Mas a correria está tão grande, por isso não tive tempo antes." justificou, sorrindo sem graça.

"Os novaiorquinos estão tomando seu tempo, huh?" debochou Zelena, tomando um gole de seu café com leite. Regina revirou os olhos para a fala da amiga, chamando a garçonete do lugar e fazendo seu pedido.

"São um pouco apressados...mas gente boa. E sim, estão tomando meu tempo, mas não do jeito que você está pensando, Zelena. Que tipo de mulher pensa que eu sou?" Regina se defendeu quando a garçonete saiu.

"Bom, é uma pena. A recepcionista do hotel que eles estão hospedados faz a unha no mesmo salão que eu e me assegurou que são todos muito bonitos. Principalmente o chefão." Zelena falou e Regina riu. Cidade pequena. "O chefão é bonito mesmo?"

"O Robin?" Riu, franzindo o nariz e Zelena deu de ombros.

"Ela não citou nomes, Regina, mas já que você disse… me conta, mulher!" implorou, interessada. Regina suspirou, e o ato não passou despercebido por Zelena. "Vish… desembucha, amiga." Regina a encarou, passando as mãos pelo cabelo, pensando se devia abrir o jogo e falar a amiga tudo que se passava em sua cabeça.

"Robin é o maior turrão que eu já conheci na vida." disse e Zelena assentiu, mostrando que estava ali para ouvi-la "Ele é realmente lindo, Zel, aqueles olhos azuis dele… No primeiro dia ele foi tão encantador sabe? Pelo menos o pouco que conversamos. Mas ele não gosta da cidade e não queria estar aqui, e por isso acha que pode ser um grosso e prepotente o tempo todo. Me irrita." Zelena suspirou.

"Que pena, amiga. Homens são tão complicados." revirou os olhos, sabendo que Regina riria de sua fala. E foi o que aconteceu. "Você está interessada nele?" perguntou e a morena negou rapidamente com a cabeça.

"De forma alguma… só o conheço há alguns dias, Zelena, e só conversamos sobre o trabalho. Não sei se eu conseguiria gostar de um homem como ele." Regina respondeu, afirmando a última frase mais para si mesma do que para Zelena.

"Mas Rê, você não precisa se casar com ele, só tira uns beijinhos desse novaiorquino, huh? Talvez seja isso que ele esteja precisando." sugeriu e Regina negou com a cabeça. Ela e Robin? Sem condições.

"Nem pensar, Zelena! Mas sabe que o papai me disse uma coisa parecida?" comentou e a ruiva tirou a atenção da amiga para olhar para a garçonete que trazia o pedido de Regina e um sanduíche para a ruiva.

"Henry disse para você beijar o turrão?" perguntou séria, enquanto mordia o sanduíche.

"O que? Claro que não, Zelena." Regina negou e as duas gargalharam. "Ele disse que acha que o Robin precisa de uma amiga, pois ele deve estar se sentindo solitário por estar longe da família." falou e a ruiva concordou.

"Pode ser, Rê. Por que você não tenta?" sugeriu e Regina negou com a cabeça. Zelena percebeu que Regina se encontrava em um embate consigo mesma. Decidiu que talvez seria melhor deixar o assunto de lado, para que a amiga não ficasse tão confusa. "De qualquer forma, Graham está na cidade de verdade?" perguntou e Regina assentiu. "Ai, você sabe que eu acho ele um gatinho… faz essa ponte aí pra mim, por favor?" pediu e Regina riu.

"Sério, o Graham?" perguntou e Zelena semicerrou os olhos azuis para ela.

"Sim, Regina. Você está interessada no turrão e eu no Graham, aliás, desde que vi ele nas suas fotos do tempo da faculdade. Por favor!"

"Eu sei, Zelena, achei que essa queda por ele tinha passado. E eu não tenho nada com o Robin, ok? Se continuar insistindo nisso não faço ponte nenhuma para você." falou Regina.

"Deus me livre, depois o turrão é o novaiorquino." Revirou os olhos, sentindo um leve chute de Regina em sua canela. "Hey! Isso doeu!"

"E era pra doer mesmo." falou, e logo as duas riram e engataram em outra conversa. Era sempre bom quando se encontravam.

Mesmo que não fosse cedo, depois de tomar o café com Zelena e seguir até o hotel, Regina estranhou que só havia o carro dela no local e o de Robin. A chuva havia dado uma trégua, felizmente. A morena saiu do carro e entrou correndo na obra, vendo o lugar vazio. Ela seguiu então até a construção improvisada um pouco mais longe do hotel, onde as burocracias daquela obra seriam resolvidas.

Ao entrar no lugar, percebeu que Robin se encontrava virado de costas pra ela, falando ao telefone. Ele não notou a chegada da mulher e ela pensou em dar meia volta e deixar ele a sós, mas a forma como ele parecia tenso a fez ficar onde estava.

"Eu sei, Rose, e eu sinto muito. Mas não sei se consigo deixar as coisas aqui para uma viagem pequena assim." ele disse ao telefone e Regina perguntou-se quem seria Rose. "A apresentação estava marcada para daqui a duas semanas, por que adiantaram?" Robin perguntou, ficando ainda mais frustrado com a resposta que recebeu. "Farei o possível para estar aí, só não quero lhe decepcionar se não conseguir." Robin falou por fim e Regina percebeu que não deveria estar ali ouvindo a conversa dele com quem quer que fosse Rose. A morena virou-se para sair, mas pisou em uma tábua frouxa que rangeu e ela não precisava virar-se para saber que Robin agora tinha o conhecimento de sua presença na sala. Fechando os olhos, Regina virou-se sobre os próprios pés, encarando o loiro, que tinha uma cara não muito boa. "Rose, nos falamos mais tarde? Se cuide, até." se despediu ao telefone e depois o desligou, voltando sua atenção pra Regina. "Possa ajudar, senhorita Mills?"

"Ér… desculpe por atrapalhar sua ligação." a mulher desculpou-se, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Sem graça, aproximou-se da mesa de Robin. "Cadê o pessoal?" perguntou.

"Com essa chuva, resolvi que eles mereciam a manhã de folga. A maioria dos que estavam na reunião retornam a Nova Iorque hoje. Ficará somente eu e Graham da diretoria. Por isso o vazio." Robin explicou e Regina assentiu. "Peço desculpas por não ter lhe avisado, achei que não viria pela manhã hoje." ele disse.

"Por que achou que eu não viria?" ela perguntou.

"Porque você não costuma vir nas quartas e quintas pela manhã." Robin respondeu sem se dar conta, concentrado nos papéis. Não percebeu quando Regina sorriu… ele notava os dias em que ela não aparecia na obra? Bem, parecia que sim.

***

No final da tarde, enquanto o pessoal que estava encarregado da mão de obra da reforma encerravam o expediente, Regina seguiu novamente até o escritório para confirmar com Robin sobre a encomenda de alguns porcelanatos para os banheiros das suítes. Como pela manhã, Robin encontrava-se no telefone, mas desta vez percebeu a chegada da morena. Ele apontou a cadeira para que ela sentasse, mas não desligou o aparelho.

"Sinto muitíssimo. Eu sei…" continuou na ligação e Regina fez sinal de que poderia voltar depois, mas Robin negou com a cabeça. "Eu sei...uhum...Sim, Rose. Eu sei. Vou ver o que posso fazer, já lhe disse. Não crie esperanças. Eu sei que sou. Olha, eu preciso desligar. Sim, estou ciente da minha escolha. Até Rose." o loiro suspirou, finalmente encerrando a ligação.

"Bem, essa Rose parece dar trabalho." Regina brincou quando Robin a encarou. Ela não podia negar que se sentia incomodada por saber que era com essa tal Rose que Robin falava pela segunda vez ao telefone.

"Você nem imagina o quanto." Robin respondeu e pela primeira vez em muito dias, sorriu. Ali estava, o sorriso que Regina achava encantador. Entretanto, o sorriso não chegou ao seus olhos azuis, e Regina notou que ele se encontrava um pouco chateado."O que deseja?" Robin perguntou.

"Queria confirmar com você se conseguiu fazer o pedido dos porcelanatos de hoje cedo." Ela disse.

"Ah, claro. Sim sim, fiz. A previsão de chegada é para semana que vem." Ele respondeu.

"Perfeito." Exclamou a morena. Eles se encararam por alguns segundos e Robin limpou a garganta. "Bem… era isso. Obrigada, Robin. E uma boa noite." desejou, levantando-se.

"Boa noite, Regina." ele respondeu e a morena se arrepiou ao ouvir seu nome sendo pronunciado pela voz do empresário. Ela agora não era a Senhorita Mills?

Regina seguiu até a porta, preparada para sair da sala, entretanto sua mão parou sobre a maçaneta. Ela respirou fundo, criando coragem.

"Robin, na verdade… você deu folga para todos hoje, mas não lhe vi saindo desse escritório. De repente você não gostaria de tomar uma bebida comigo?"

"Regina, é muita gentileza da sua parte, mas não sei se devo…" Regina concordou com a cabeça, um pouco chateada. Robin percebeu. Dando uma olhada em seu relógio, ele suspirou. "Tá certo. Você me espera lá fora, vou apenas desligar as coisas por aqui."

"Ok, ótimo!" Regina disse e se despediu dele, seguindo até sua caminhonete e se escorando nela para esperá-lo. Cinco minutos depois, Robin estava pronto, e eles foram cada um para seus respectivos carros. Regina seguiu na frente e Robin atrás, já que a morena sabia o caminho e ele teria que segui-lá.

***

Ao adentrarem o bar a primeira coisa que Robin notou fora a música country que tocava pelos altos falantes, não tão alto e nem tão baixo. O lugar estava movimentado. Regina comprimentava algumas pessoas enquanto os dois seguiam até o bar. Sentaram-se nos bancos do balcão mesmo e Regina pediu duas cervejas. O barman a comprimentou e logo trouxe os pedidos, depositando as duas garrafas na frente do casal.

"Não me diga que você não bebe cerveja, Robin! " Regina falou, ao notar que ele não dera nenhum gole na bebida. Robin sorriu, e dessa vez Regina conseguiu ver os olhos dele brilharem.

"Eu bebo sim, só devagar. Álcool não é algo que eu goste muito." Ele explicou e a arquiteta levantou as sobrancelhas.

"Está explicado o porquê de você ser um turrão."  falou e logo arregalou os olhos. "Eu disse em voz alta, não é?" perguntou pra ele, e por incrível que pareça, o loiro riu. Regina achou que ele a deixaria bebendo sozinha depois daquilo, mas Robin apenas assentiu, dando o primeiro gole em sua cerveja.

"Então você me acha um turrão?" ele perguntou e Regina sentiu as bochechas corarem. Deuses, ela não tinha jeito, tinha?

"Às vezes, sim." Confirmou, sorrindo sem mostrar os dentes. "Não quero ofender você, mas acho que agora já falei, né?"

"Não se preocupe, não me ofendeu. Eu sei que não sou muito fácil as vezes." Robin respondeu e ela tomou mais um gole de sua cerveja. Os dois entraram em um silêncio, mas não um silêncio constrangedor. Robin prestava atenção na letra da música que tocava no momento e Regina pediu mais uma cerveja.

O celular do loiro que estava em cima do balcão tocou e o nome Rose com um emoji de coração ao lado apareceu na tela. Regina achou fofo, mas sentiu também uma pontada de irritação… essa tal de Rose não desistia?

Robin suspirou, apertando no botão e silenciando a ligação, até que Rose desistisse.

"Por que não atendeu?" Regina questionou.

"Você faz ideia de quantas vezes ela me ligou hoje?" Robin perguntou e Regina negou com a cabeça. O homem passou as mãos pelos fios loiros e logo depois afrouxou o nó da gravata. Regina se questionou o porquê de ele parecer tão encantador com um simples ato. "Cinco vezes, Regina." bufou.

"Ela deve estar com saudades, Robin. Não deve ser fácil ter um namorado a distância." a morena falou e tomou um gole de cerveja. Robin que fazia o mesmo tossiu e engasgou com a bebida. Regina se assustou, levantando-se do banco e dando pequenas batidas nas costas dele. Quando conseguiu se recuperar, o loiro a encarou, soltando uma leve risada.

"Deuses, por que você está rindo? Achei que ia ter que te levar pro hospital." Regina resmungou, alarmada.

"Regina, Rose é minha irmã." Ele falou e aí a morena entendeu o motivo do afogamento.

"Oh…" ela disse apenas, sentando-se novamente no banco ao lado do loiro e tomando um gole de cerveja. Sentia novamente as bochechas coradas. E agora era pior, pois sentia que ele lhe observava.

"Não sei o que fez você achar que ela fosse minha namorada, mas não." Ele quebrou o silêncio, fazendo com que ela voltasse a olhá-lo. "Rose é minha irmã caçula. Não sei se você tem irmãos…" Regina negou com a cabeça. "Então… tenho que lhe dizer que os caçulas nunca aceitam um não como resposta." Robin falou, tentando fazer graça. Regina sorriu e ele também, entretanto ela soube pela forma como ele havia ficado tenso que era isso que o incomodava desde o começo do dia.

"E o que você negou a ela?" a morena perguntou e Robin inclinou a cabeça, em um embate com si mesmo se falava ou não sobre isso com a mulher. Regina colocou a mão sobre a dele, tentando passar conforto. "Olha, Robin, sei que nos conhecemos a pouco. Mas quando eu te vi hoje de manhã você estava chateado com esse assunto, e agora novamente. Se quiser conversar, quero que saiba que estou aqui por você. Sei que é difícil ficar longe da família."

"Você sabe?" ele perguntou, o azul encontrando o castanho..

"Você não acha que eu estudei arquitetura aqui em Crowley Cornes, não é?" Regina perguntou, arrancando um sorriso dele. "Morei por seis longos anos em Nova Iorque." contou Regina, embora Robin já tivesse ideia disso, já que ela e Graham eram velhos conhecidos.

"Como eu disse, Rose é a caçula. Sempre foi muito mimada, mesmo assim é a menina mais incrível que eu conheço. Eu faço de tudo por ela." Robin disse, parando para beber mais um gole da sua bebida. "Ela está cursando arquitetura faz dois anos." contou.

"Essa garota é das minhas!" Regina exclamou e Robin sorriu, os olhos brilhando ao falar da irmã. Mais calma em relação a Rose, a arquiteta estava se achando uma boba por ter se sentido incomodada com a possibilidade de Rose ser uma namorada.

"Embora ela goste muito do curso, Rose ama o mundo da música desde pequena. Ela toca violão, guitarra, piano e bateria." Robin riu, lembrando-se de quando a menina tinha 12 anos e estava aprendendo a tocar bateria, e por isso ficava horas trancada no quarto, deixando ele e Anna, mãe de Robin, quase surdos. "Além disso, ela canta muito bem… tem até uma banda com algumas amigas. Daqui a duas semanas, pelo menos era o que estava marcado, ela iria tocar em um evento da faculdade, só que dessa vez em um solo. Eu já estava com as passagens reservadas para ir vê-la."

"E o que aconteceu?" Regina perguntou.

"A apresentação fora remarcada para esse final de semana. E não tenho como sair, já que no sábado a noite teremos a visita dos patrocinadores da obra do hotel… Tentei explicar isso pra ela e você pode imaginar o drama, não é?"

"Robin...você deveria ir vê-la. É importante, tanto pra você, quanto pra ela. Se Rose não se importasse, não teria te ligado cinco vezes." Regina aconselhou.

"Não posso, por causa dos patrocinadores." ele disse, suspirando.

"Se você quiser, eu e Graham recebemos os patrocinadores. Eu sou a arquiteta, sou completamente capacitada para falar sobre o hotel e onde queremos chegar com ele. O mesmo sobre Graham." ela sugeriu, apertando mais forte a mão dele. Eles se tocaram apenas três vezes, apenas toques de mãos que para outras pessoas não significava nada...mas Robin não conseguia explicar o que um simples toque daquela mulher lhe causava, ele buscou os olhos castanhos e se perdeu neles por alguns minutos, metade encantado com ela estar se oferecendo para ajudá-lo, metade encantado com a própria Regina. Ela era tão linda.

"Regina… não quero atrapalhar seu final de semana." Ele falou.

"Robin, eu não quero que você perca a apresentação da sua irmã. Vá vê-la. Veja sua mãe. Família sempre vem em primeiro lugar." A morena falou e Robin respirou fundo, sabendo que a mulher estava certa.

"Você tem razão. Eu vou ver o que consigo de passagem amanhã. Rose vai ficar louca!" Robin constatou, já pegando seu celular para ligar para a caçula.

"Não!" Regina exclamou, impedindo que ele pegasse o celular. "Faça uma surpresa."

"Obrigada, Regina. Por isso." Robin agradeceu, encarando Regina intensamente. A mulher sorriu, desviando os olhos para a pista de dança. Quando voltou a encarar os olhos azuis, já não enxergava aquela sombra neles. Eles estavam felizes, e isso fez seu coração aquecer.

"Não há nada para agradecer." Ela respondeu, e uma mecha de seu cabelo caiu sobre seus olhos. Robin não conseguiu impedir, e logo sua mão ia de encontro ao rosto da mulher, acariciando levemente a bochecha macia, para depois com as pontas dos dedos colocar a mecha atrás de sua orelha.

As sensações que ambos sentiram quando o ato fora realizado fez eles perceberem que talvez estivessem perdidos se passassem muito tempo perto um do outro.

Quando decidiram por encerrar a noite, Robin se recusou a deixar Regina ir dirigindo a fazenda. Enquanto ele havia tomado duas cervejas, a morena tomara cinco. E embora não estivesse bêbada, já estava um pouco "alegre". Não havia um mundo onde ele deixaria ela ir embora sozinha e dirigindo.

Regina protestou, mas sabia que Robin tinha razão. Era melhor mesmo que ele a levasse, já que a mesma tinha noção que tinha bebido demais. Mas a verdade é que enquanto os dois jogavam conversa fora, a arquiteta havia esquecido que eles estavam apenas na quinta-feira e também que ela tinha que ir embora depois.

Decidiram que trancariam o carro da mulher e deixariam na frente do bar. Afinal, Regina assegurou que Crowley Cornes era uma cidade tranquila e ninguém roubaria sua caminhonete.

Sobre protesto de Regina, Robin acertou a conta com o barman e agradeceu, os dois se retirando do estabelecimento. Com uma das mãos apoiadas levemente nas costas da mulher, Robin a acompanhou enquanto ela trancava o próprio carro e depois ele a direcionou para o seu próprio, abrindo a porta para ela entrar.

"Obrigada, senhor turrão." ela sorriu pra ele e Robin devolveu o sorriso. Quando deu partida no carro, ele pediu que ela lhe explicasse o caminho da fazenda. Seguiram em silêncio, com Regina lhe dizendo a direção sempre que necessário. O loiro tirava a atenção da estrada algumas vezes, percebendo que a morena ao seu lado lutava contra o sono.

Quando Robin chegou até a propriedade, uns 30 minutos depois, Regina estava entregue a um cochilo. O empresário estacionou o carro em frente ao casarão, tirando o cinto e virando-se para a mulher. Ele ficou por observar seus traços, ela parecia ainda mais linda entregue ao sono, totalmente tranquila. Delicadamente ele trançou a lateral do rosto dela com as pontas dos dedos.

"Regina, chegamos." Robin falou com delicadeza, e logo os olhos castanhos encaravam os azuis. A morena endireitou-se no banco, tirando o cinto.

"Obrigada por me trazer, Robin. Se minha caminhonete nada caipira for roubada, você vai me dar uma nova." Regina brincou e ele riu.

"Pode deixar, senhorita Mills. Me responsabilizo se algo ruim acontecer com a sua caminhonete." Disse.

"Você pode ficar com meu número e me ligar assim que chegar no hotel? Afinal, você também bebeu duas cervejas." Regina pediu e Robin assentiu, tirando o celular do bolso e adicionando o número da mulher.

"Eu lhe mando uma mensagem, para não te incomodar." O loiro disse. Regina concordou, se despedindo dele. "Obrigada pela noite, Regina."

"Não tem pelo que agradecer, Robin." A morena respondeu.

"Tire a manhã de folga, na primeira hora da tarde eu passo para buscar você." Robin falou.

"Robin, não há necessidade. Eu posso pedir para alguém trazer o carro pra mim." Regina falou.

"De forma alguma." Ele disse. Regina iria discutir, mas não viu mal algum em tirar folga na manhã seguinte. E ter um pretexto para se encontrar com ele também.

"Até amanhã, Robin" Despedindo-se dele. "Não esqueça de comprar as passagens para ver Rose." fora a última coisa que ela falou, enquanto saia do carro e entrava em casa.

Robin deu partida assim que viu que a mulher já estava segura. Se sentia bem como há muito não se sentia. O que Regina Mills estava fazendo com ele?

Regina deitou-se logo depois de tomar um banho, mas conseguiu dormir somente após receber uma mensagem de um número não salvo.

"Senhorita Mills, quero dizer que cheguei bem e também agradecer pela noite. Um bom descanso e até amanhã. Tenha bons sonhos.

Robin Locksley.”


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Notas finais do capítulo

Quero agradecer pelos comentários no capítulo anterior, fico contente demais que vocês tenham gostado.
Espero que esse segundo capítulo também agrade, me deixem saber o que acharam.
Beijos e até o próximo!



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