Robin observava da janela da sala de reunião as pessoas da pacata cidade de Crowley Cornes andarem pela rua. Não havia muito movimento, pelo menos não comparado ao movimento ao qual ele estava acostumado. Afinal, Nova Iorque nunca parava. Agora ali… Robin ainda se perguntava se aquele empreendimento seria uma boa decisão.

Observando seus principais parceiros e colegas de trabalho sentados ao redor da mesa de reunião, Robin não conseguia entender porque eles não haviam começado a debater a forma mais rápida de finalizar aquele projeto. O que ele mais queria era começar aquela reforma, para que logo ele pudesse voltar para sua cidade movimentada. Lembrava-se vagamente de Graham ter dito que faltava a presença da arquiteta que daria a cara da região ao lugar. Atrasados por causa de uma única pessoa… isso fazia o loiro se sentir irritado.

Robin Locksley era um dos principais sócios da ilustre Locksley Construções e Empreendimentos. Uma das empreendedoras mais famosas da enorme Nova Iorque. Por ser um dos sócios mais responsáveis e também capacitado, ele fora escalado para comandar o projeto da empresa na cidade do interior. Apesar de ter odiado a ideia, há tempos que Robin colocava o trabalho acima de tudo, e por este motivo não pestanejou em ter que passar os próximos meses naquela cidade.

Quando iria perguntar para Graham se a mulher iria demorar mais a chegar, a porta fora aberta, permitindo a visão de uma mulher sorridente e Robin não pode deixar de notar, deslumbrante. Em todos os sentidos.

***

É claro que ela iria ter um imprevisto na fazenda justo no dia em que iria fazer sua apresentação para a Locksley Empreendimentos. Regina até achava graça disso. Mas ela realmente não se importava, afinal, quem fazia questão da ilustre presença dela nesse projeto eram eles próprios. Então que esperassem.

Stone, um de seus cavalos, havia feito o tratador de bobo, e estava a trotar pelo extenso pasto da fazenda. Regina gostava de ver o animal correr solto, a crina a balançar. Se não estivesse mesmo atrasada, teria deixado o animal a fazer festa, afinal, da fazenda ele não poderia sair. Mas sem opções, em um momento em que o animal parara para descansar, com a ajuda do garoto que deixou Stone fugir, ela o levou de volta a baia.

Antes de sair, passara no casarão para dar um beijo em seu velho pai, o mesmo lhe dando um sorriso doce apesar do cansaço, sem deixar de lhe desejar boa sorte.

"Mesmo que você não precise, querida. Afinal, seu talento já basta" Regina sorriu ao lembrar da fala dele.

Quando chegou ao escritório da única empresa de arquitetura da cidade, Regina cumprimentou a recepcionista com seu melhor sorriso, perguntando como ela estava. A moça sorriu de volta e lhe apontou a sala de reunião, dizendo que estava ótima e que estava feliz por ter Regina de volta. Fazia alguns meses que Regina não entrava na Crowley Arquitetura e Decoração, mas ainda não havia esquecido de como tudo funcionava ali.

Assim que abriu a porta da sala e adentrou o recinto, Regina percebeu que todos aqueles homens com ternos e gravatas se encontravam impacientes. Ela não pode deixar de notar o homem loiro, de olhos claros que a encarou fixamente desde o momento que passara pela porta. Regina abriu o sorriso ainda mais. Aquele projeto seria interessante.

De calça jeans, camisa xadrez e botas claras, Regina quebrava todo aquele clima novaiorquino que preenchia a sala. Os cabelos levemente ondulados e o batom vermelho nos lábios também faziam parte do modelito da mulher.

Graham assim que viu a amiga de longa data levantou-se e seguiu até ela, os dois se abraçando fortemente.

"Regina!" o homem exclamou. "Atrasada como sempre." falou, fazendo a morena sorrir e estreitar os olhos para ele.

"Graham! Que alegria você aqui, sempre soube que um dia veria você por essas bandas." disse alto, fazendo alguns homens rirem. Quem conhecia Graham sabia que ele adorava um badalo. E quando digo badalo, quero dizer movimentação, pessoas. Cidade grande. "Senhores, peço desculpas pelo atraso, um de meus cavalos fugiu e foi impossível pra mim chegar no horário marcado. Bem vindos a Crowley Cornes!" ela disse, apertando a mão de cada pessoa ali presente.

Robin quis rir, mas reprimiu. Um cavalo. Essa experiência iria ser interessante. Se uma simples fuga de cavalo atrasava toda uma reunião, imagina o que aquele lugar não guardava de surpresa pra ele durante a execução daquela obra?

Quando a mulher se aproximou dele, com a mão estendida, ele permitiu observar ela mais de perto. Era realmente deslumbrante. E ele esperava que ela fizesse o projeto do seu hotel se tornar no melhor da região. E Robin quase não tinha dúvidas de que ela faria. O sorriso nunca saía dos lábios dela, e ele, mesmo que no fundo, se encontrava encantado. Limpou a garganta rapidamente, querendo afastar esses pensamentos. Foco, porque quanto mais rápido tudo se sucedesse, mais rápido ele voltaria para sua vida normal.

Robin apertou a mão de Regina, sentindo sua pele macia e gostando da forma como elas se encaixaram bem. A morena sorriu ainda mais para ele.

"Você deve ser o Locksley." disse, desfazendo o contato. Robin quase reclamou. Quase.

"Robin Locksley." respondeu, apontando para a cadeira ao lado de Graham, a qual estava destinada para a mulher sentar.

"Regina Mills, muito prazer." ela respondeu, antes de se encaminhar para o lugar apontado por ele.

Robin assentiu, sentando-se e dando início a reunião. Depois de pautados os principais assuntos, fora a vez de Regina falar.

"Bom, como vocês devem ter o conhecimento, aquela propriedade está há muito parada. Desde que eu me entendo por gente sei que ninguém mais toma conta de lá, tanto que foi a leilão e é por isso que estamos aqui hoje. Sei que não diz respeito a mim essa parte, mas quero frisar que por ser um local com um grande espaço natural, é de suma importância mantermos isso. Tenho certeza que vocês vão agradar muito mais com um belo hotel natural do que com algo inovador para a cidade. Os turistas buscam justamente esse contato com a natureza e cultura, e espero que saibamos aproveitar isso." disse a mulher, tendo a concordância da maioria ali presente. "Quanto ao espaço interior do empreendimento, vocês podem contar comigo para dar a cara da nossa região. Vai ser aconchegante e bonito. Estou ansiosa para começar e espero que vocês estejam também." finalizou, agora voltando a atenção para o notebook a sua frente e usando do data show para mostrar aos presentes seus projetos para o lugar. Depois de muita discussão e ideias trocadas, a reunião chegava ao fim.

A equipe combinava de ir ao bar mais famoso da cidade para tirar o estresse da viagem e poder relaxar um pouco. Robin, Graham e Regina se encontravam no canto da sala conversando sobre alguns pontos da obra.

"Estou feliz que esteja de volta a ativa, fiquei com medo de não aceitar meu pedido." Graham disse pra Regina, que riu de leve, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha. Robin achou aquele ato encantador.

"Eu não negaria esse convite, você sabe que arquitetura é uma das minhas paixões. Talvez eu esteja um pouco enferrujada por causa dos meses afastada, mas papai está melhor agora e senti que esse projeto seria especial." respondeu, e o homem assentiu.

"Fico feliz que Henry esteja melhor e vocês estejam bem depois do susto." Regina sorriu, apertando o braço de Graham carinhosamente. Robin observava a interação entre os dois, atento a forma como eles pareciam grandes amigos.

"Ele está muito melhor, já está me dando até ordens." brincou ela, e ambos os homens sorriram. Logo eles foram chamados pela equipe, que fez o convite para irem ao bar.

"Agradeço pelo convite, mas vou deixar passar." Regina falou, ouvindo uma reclamação vinda de Graham.

"Não saímos juntos faz tempo e você vai negar? Qual é, Regina…" ele disse, e ela riu, abraçando-o de lado.

"Realmente é um convite tentador, mas tenho que ir, pois pretendo explorar um pouco mais o projeto para a restauração do hotel. Já sabem o nome?" ela perguntou.

Apenas ela, Graham e Robin restaram na sala, já que os outros colaboradores se encontravam ansiosos para seguirem até o bar. Os três terminaram de juntar as suas coisas e seguiram para a rua, após se despedirem da recepcionista.

"Wildflowers." Robin tomou a frente e respondeu a morena. Se sentia estranho, porque não conseguia tirar os olhos dela.

"Tudo a ver com o lugar!" Ela exclamou, contente.

"Robin, vamos? Estão nos esperando." Graham disse, quando chegaram até a rua. Por ser uma equipe grande, eles estavam em dois carros. Robin mirou a direção em que seus colegas estavam e fez uma careta.

"Hoje eu dispenso o convite, Graham. Vou para o hotel descansar um pouco, afinal, logo a correria vai começar para valer." O loiro disse e Graham revirou os olhos.

"Vocês dois não sabem o que estão perdendo. Vai ir a pé até lá, cara?" Perguntou pra Robin, já depositando dois beijos na bochecha de Regina, que sorriu. Robin confirmou com a cabeça, e Graham lhe apertou a mão, se despedindo do homem e da mulher e seguindo até um dos carros. Robin e Regina ficaram a observar os automóveis sumirem pela rua, e um silêncio preencheu o espaço.

"Venha, eu lhe deixo no hotel." Regina ofereceu, apontando a cabeça até sua caminhonete Ford Edge na cor vermelha, estacionada um pouco a frente na rua. Robin deixou uma risada escapar, e a morena franziu o cenho. "O que foi?"

"Devo confessar que eu esperava um carro do interior." o empresário respondeu fazendo com que a morena revirasse os olhos.

"Você é aquele tipo de novaiorquino que coloca estereótipos nas pessoas do interior, não é?" disse e Robin sorriu de canto, negando com a cabeça.

"Longe de mim, milady" brincou e ela sorriu. Eles entraram no carro e Regina deu partida. "Mas é que uma caminhonete daquelas combinaria com você." falou e Regina negou com a cabeça.

"É assim que chegamos a conclusão de que você precisa me conhecer melhor." falou a arquiteta, sorrindo. Robin a olhou, abrindo um sorriso também.

"Bem, teremos tempo." disse e Regina assentiu, lhe encarando rapidamente. Entraram em um silêncio um tanto constrangedor. Robin observava a forma concentrada como ela dirigia e buzinava contente para alguns conhecidos na rua. O silêncio predominou durante a maior parte do caminho. "Um cavalo, então?" chamou a atenção dela.

"Pra você ver, não é fácil ser caipira." respondeu para ele. Robin riu e ela também. "Mas acontece… você tem experiência com cavalos?" perguntou, enquanto estacionava na frente do hotel que Robin havia lhe indicado. Crowley Cornes não era tão pequena quanto parecia, afinal. Agora, no final do dia, alguns estabelecimentos se encontravam razoavelmente movimentados.

"Tenho. Eles em um canto e eu no outro." respondeu sério, retirando o cinto de segurança. Embora não tivesse a intenção de fazê-la rir, o som da risada da mulher se propagou pelo carro, e Robin desejou poder escutar ela rir mais vezes.

"Vamos ter que mudar isso então, senhor Locksley. Afinal, você está em Crowley Cornes." ela disse, abrindo os braços para descrever a situação.

Robin riu, negando com a cabeça e fazendo a sobrancelha dela se levantar. Colocando uma das mãos na maçaneta, o loiro virou para a mulher e lhe estendeu a mão.

"Prefiro que minha experiência com cavalos continue como está, senhorita Mills." apertou a mão dela, a sensação de conforto preenchendo os dois corpos. "Obrigada pela carona. Nos vemos amanhã?" perguntou, já saindo do carro.

"Nos vemos amanhã." ela respondeu depois que ele fechou a porta. Eles se despediram com um inclinar de cabeça e Robin observou a Ford Edge seguir pela rua.

Aquele seria um empreendimento interessante, ele mal perdia por esperar.