O cosmo se entrelaça com o divino escrita por Dusant


Capítulo 1
Capítulo 1 - O povo precisa de uma rainha


Notas iniciais do capítulo

Trago para vocês meu mais novo romance entre a Capitã Marvel e a Valquiria, que nessa história terá um novo codinome revelado nesse capitulo. Esse capitulo originalmente era uma one shot, e faria uma continuação dela, mas como havia poucas visualizações, decidi apagar ela e incorporar como primeiro capitulo dessa história. Mesmo sedo um romance, haverá ação e aventura e espero que todos apreciem.

Leitor critico: Joasma_JV2(na busca de novos leitores betas)

Além disso, estou em busca de uma capista para essa história, visto que essa capa ainda é provisória.



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Dizer que a vida é feita por escolhas é algo que pode ser considerado um privilégio na visão de Brunnhilde. Nascida de pais que ela nunca soube o nome, e que provavelmente nunca saberia, Valquíria foi tirada assim que nasceu e treinada para ser a guerreira perfeita. Odin, com sua sabedoria, escolhia a dedo as crianças que comporiam a guardar de honra a seu mando.

  Guerreiras altamente treinadas e lapidadas para serem totalmente fiéis ao seu Soberano, Lorde, Deus e Pai de Todos.

  A vida durante a época que ser chamada de Valquíria era sua posição e devoção e não apenas um codinome, era algo que Brunnhilde não tinha muitas lembranças boas. No entanto, nunca poderia se dizer que não eram memoráveis.

  Ser uma Valquíria, ser uma guerreira de elite a mando de Odin era a sua razão de existir. Antes de Brunnhilde, havia a Valquíria, e nada além disso. Quando essa vida, essa existência, esse sentido havia sido tirado de maneira quase que fatal, Brunnhilde entrou em um limbo de auto-depreciação e luto.

  Quando parou em Sarkaar, após ser a única a sobreviver contra Hela, ela tentou voltar para seu povo, para seu Rei, e de fato, ela conseguiu retornar. Isso foi algo que ela nunca contou para Thor, mas ao retornar praticamente de forma desesperada para seu Lorde, o que viu em Asgard era um imenso festival, que já acontecia a dias, e que comemorava a nova era de paz que Asgard iria iniciar.

  Odin agora não era o general e deus que trazia a paz para os 9 reinos pela guerra e combatia com a lâmina e o punho seus inimigos. Ele era um soberano pacífico, um homem não mais de lutas, mas de palavras, com um filho no ventre de sua esposa. As pinturas, os cânticos, as alegorias e a palavras ditas que Bunnhilde ouvia nos dias que permaneceu em Asgard foram dos feitos do Pai de Todos, e a grandiosidade que Asgard iria iniciar.

  Hela nunca foi mencionada.

  As mortes das valquírias nunca foram ditas.

  Havia menções sobre os feitos das guerreiras de elite de fato, mas eram contos tão fantasiosos e que distorciam a verdade de uma forma que Brunnhilde nunca iria imaginar. Foi assim que Brunnhilde entendeu que Hela e as Valquírias, incluindo ela, tinham se tornado apenas isso.

  Contos.

  Contos que seriam esquecido com o passar do tempo, e nunca mais seriam lembrados.

  Entendendo a mensagem que seu antigo Rei lhe deu, Brunnilde retornou para Sakaar. Ao sair de Asgard, ela sentia o olhar de pesar de Heimdall em suas costas, mesmo que ela estivesse em uma nave, partindo para o espaço e ele estivesse na Bifrost.

  Depois disso, quando retornou ao planeta que recolhia o lixo da galáxia, Brunnhilde passou dias bebendo e testando cada vez mais os limites do seu corpo para o álcool. Chegou uma hora que ela não poderia mais beber e viver sem dinheiro, e assim ela se tornou uma mercenária a serviço do Grão - Mestre, o homem que governava o planeta, caçando e capturando aliens para que fossem usados no coliseu a serviço dele.

  A nova vida foi algo totalmente estranho e diferente para Brunnhilde. Ela tinha uma vida que na teoria não possuía qualquer obrigação, mas ainda assim, ela não sentia liberdade alguma. Pois toda vez que ela fechava os olhos, ela via o rosto morto de uma de suas companheiras, via o rosto de loucura de Hela, o prazer que ela tinha em matar cada uma das mulheres que lutou durante séculos ao seu lado, a mando de Odin.

  Ela via o rosto de seu rei virando as costas para ela.

  Percebendo que o álcool ajudava a lidar com isso, Brunnhilde se jogou nisso, bebendo todos os dias, se embebedando continuamente e nunca querendo parar para pensar tudo que aconteceu em sua vida. Ela optou em apagar tudo isso, e continuar a viver, porém, com uma existência vazia de sentido. Então, o filho do homem que apagou a sua existência aparece em sua vida e novamente muda tudo repentinamente.

Só que ela teve uma escolha para isso.

[...]

  Tonsberg, era uma minúscula vila que ficava no litoral da Noruega, sendo uma das mais antigas a existir. Apenas pela a aparência, não existia nada de especial nessa vila, com a pesca, como algo predominante, e a população, em sua grande maioria, formada por pescadores e por pessoas que apenas precisavam de um lugar isolado para viverem de forma tranquila. No entanto, Tonsberg possuía algo de especial, e que não era algo facilmente perceptível a olho nu, ao menos não como é atualmente.

  Pois os deuses eram ligados a essa vila.

  A origem disso remonta a muito tempo, e se fosse contada, esse conto se transformaria facilmente em um livro, cheio de páginas e de referências. O que se precisa saber é que desde do início da existência dessa vila, não só Odin tinha uma forte ligação com o lugar, como tal local estava em sua proteção por séculos.

Então foi meio que natural, que os sobreviventes de Asgard, que os filhos e filhas do Pai de Todos, que infelizmente havia partido, encontrarem em Tonsberg um lugar para chamar de lar.

  Um refúgio para as perdas que todos sofreram.

  Brunnhilde havia sido a responsável por guiar os sobreviventes do ataque de Thanos a nave que os Asgardianos estavam refugiados, para Tonsberg. Quando lá se estabeleceram, a dor, o luto, o desespero e sofrimento era perceptível para cada um daquelas pessoas.

  Brunnhilde era uma guerreira, uma valquíria treinada para ser uma arma letal viva, mas tudo que sabia era inútil para consolar mesmo que minimamente todas aquelas pessoas. Por sorte, pessoas, asgardianas ou não, sempre aprendem truques novos.

  Com o tempo, as pessoas começaram a se acalmar, a respirarem e entenderem o que aconteceu e o que perderam. O entendimento foi um processo doloroso para cada um deles, e Brunnhilde estava lá para tentar ajudar e apoiar como podia cada um deles. Thor, que deveria ser o líder, guiando e ajudando seu povo, estava em uma incursão que Brunnhilde entendia a importância, e que não guardava qualquer ressentimento dele por isso.

  Ele acreditava na vitória de seu amigo na batalha contra Thanos, mas infelizmente, dessa vez, o Deus do trovão não triunfou.

  De um estalar de dedos.

  Metade dos seres vivos do universo sofreu com isso.

  Os poucos asgardianos sobreviventes, por uma incrível sorte, não sofreram com isso, mas por uma ironia do destino, todos os seres de Midgard, que já ocupavam a vila antes dos Asgardianos chegarem, haviam se transformado em pó e apagados da existência.

  Assim, haviam refugiados que não haviam onde morar, e uma terra que não estava ocupada por ninguém. O resultado foi agora uma minúscula vila de pescadores, com pessoas que apenas queriam um lugar isolado para poderem viver, e que agora era ocupado por asgardianos.

  Logo na entrada da estrada que dava acesso a vila, havia a placa com o novo nome escolhido, em homenagem a perda de tantos, e a esperança de uma nova vida.

  Nova Asgard havia sido criada.

[...]

  Dois dias se passaram desde da batalha final contra Thanos, não o Thanos que começou tudo isso, mas outro Thanos. Brunnhilde tentou acompanhar a explicação de Bruce sobre tudo que havia acontecido, tanto quando ele chegou com um guaxinim falante e super estressado, quanto depois, quando a o conflito de proporções gigantesca havia acabado. Ela o ignorou depois de 10 segundos que ele começou a falar.

  Bruce era um ótimo homem, mesmo ela gostando mais de sua outra persona, mas ele poderia ser incrivelmente chato, principalmente quando se empolgava sobre qualquer coisa científica e viagens no tempo poderiam ser muito mais complicadas do que os filmes mostravam.

  De qualquer forma, o pouco que Brunnhilde absorveu da explicação, foi que o plano deles havia dado certo, mas por um imprevisto, um Thanos de outro tempo havia chegado aqui, com uma armada inteira de soldados e estava disposto a ir atrás das Joias do Infinito. Tudo isso porque por algum motivo, Nebula que havia viajado no tempo para 2014, buscando a Joia do Poder, teve seus circuitos conectados com a Nebula desse tempo, dando acesso ao Thanos, também desse tempo, de todos os acontecimentos e planos que a Nebula do presente conhecia.

  Sim, quando se encarava de forma realística, percebia quão idiota e aleatório era tudo isso.

  De qualquer forma, as pessoas que haviam tornado pó haviam voltado, e agora o mundo que depois de 5 anos, estava começando aprender a continuar sem elas, teve que reaprender a continuar com elas. Isso seria um grande caos, mas Brunnhilde sabia que aos poucos, Midgard iria retornar à normalidade.

  Atualmente, ela se encontrava no único píer da vila, um lugar que dava para o mar aberto da Noruega, com o clima bastante parecido como todos os outros dias. Frio e com pouco luminosidade do sol, mesmo estando de dia. Brunnhilde gostava de ficar no final do píer, observando o mar aberto, e toda a sua vastidão. O silêncio do local a ajudava a pensar e refletir sobre as coisas que aconteciam em sua vida,

  Dificilmente, ela iria fazer isso antigamente, mas depois de 5 anos tendo que ajudar a cuidar de seu povo,Brunnhilde percebeu que se não parasse por alguns minutos ao dia, se não tivesse um tempo para si, para pensar sobre tudo que aconteceu em sua vida e o que ela queria, ela simplesmente quebraria, assim como Thor quebrou.

  Foi triste para ela, ver o homem que era o símbolo de esperança para o povo de Asgard voltar para seu lar com aquele semblante.

  O semblante daquele que foi derrotado e perdeu tudo por causa disso.

  Foi naquele momento que Brunnhilde entendeu que em poucos dias, Thor perdeu seu pai, seus amigos mais íntimos, seu irmão e até mesmo seu povo e seu lar de origem. Em nenhum momento até depois do “Estalo”, Thor teve um momento para pensar sobre isso, e quando ele finalmente conseguiu, o resultado foi algo desastroso.

  Pois Thor entendeu que ele não tinha mais nada.

  O que se seguiu depois disso foi um homem de grandes feitos descendo em uma espiral de auto depreciação e luto. Ele se isolou durante dias dentro de uma casa que ninguém havia reivindicado como sua, e em nenhum momento havia saído, mesmo com insistência de Brunnhilde. Ela tentou conversar com ele, tentou dialogar, tentou consolar ele, e quando isso tudo falhou, tentou na base da força tirar ele de casa, mas ela veio a aprender que o homem possuía uma força que dificilmente ela poderia se equiparar. Finalmente, aceitando que não havia o que fazer para tirar ele dessa situação, Brunnhilde tentou ao máximo o ajudar, ao ponto que não chegasse em um estado que fosse prejudicial para ele.

  Sem qualquer vontade de viver, Thor perdeu qualquer senso de vaidade, não vendo sentido em se manter em forma, já que ele havia falhado quando era mais necessário. Assim, o corpo escultural de um guerreiro, foi perdendo lugar para uma barriga saliente, fruto de uma alimentação totalmente desbalanceada, e junto a isso, seus cabelos e barba sempre bem cuidado, viraram uma massa de fios disforme e muitas vezes suja.

  A situação apenas piorou ainda mais depois que Korg e Miek, os aliens, que na opinião de Brunnhilde eram um bando de idiotas e preguiçosos, começaram a viver na casa de Thor. Como resultado, Thor finalmente conseguiu esboçar algum sentimento de alegria, mas ou era vendo algum jogo de futebol ou era jogando em seu videogame, que até hoje Brunnhilde não tinha a mínima ideia de como havia conseguido. Era algo francamente patético de se observar na opinião dela.

  Depois de 2 anos, com Thor engordando cada vez mais, e sem nem perceber, se isolando de tudo e todos, Brunnhilde simplesmente desistiu e deixou ele de lado. Ela tinha uma vila e um povo para administrar e não seria sendo babá de um homem com mais de 3000 anos de vida que ela conseguiria.

  Por sorte, Thor conseguiu retornar ao que era antes, e apenas precisou que mais uma vez a Terra e o Universo estivesse em risco e os Vingadores tivessem a vitória que não conseguiriam a 5 anos atrás.

  Brunnhilde estava feliz, pois as coisas finalmente estavam voltando ao correto, e ela esperava que Thor reivindicasse seu lugar de direito e levasse seu povo para prosperidade.

  Enquanto permanecia apreciando o mar da Noruega, ela ouviu passos andando até o final do píer e consequentemente em sua direção. Apenas pelo o ritmo dos passos ela já sabia a quem pertencia, e por esse motivo, continuou com os olhos fechados, apreciando a calma e o clima sereno e agradável que se encontrava, tanto internamente quanto no ambiente ao seu redor.

  Sif parou de andar a menos de 2 metros de distância de Brunnhilde. Ela que havia sido exilada por Loki enquanto estava se passando por Odin, esteve longe do massacre que Asgard sofreu nas mãos de Hela, e quando soube de tudo que aconteceu, se dirigiu o mais rápido possível do espaço para Midgard.

  Sif, outrora uma companheira de Thor e uma guerreira respeitada em Asgard, agora era nada mais que uma sobrevivente no espaço profundo. Quando chegou em Nova Asgard, foi bem recepcionada por todos, sendo Brunnhilde a principal pessoa a acolher ela e a atualizar sobre tudo que aconteceu.

  Ela poderia se simpatizar com uma mulher guerreira e que também se importava com Thor.

  Isso se evidenciou quando Sif viu o estado que Thor estava, e depois de inúmeras tentativas de tentar ajudar, com a sua frustação e tristeza estando cada vez mais evidente, Sif assim como Brunnhilde, optou por seguir em frente com sua vida, e apoiar no que podia o homem que um dia já amou.

  Na realidade, Sif e Brunnilde já tiveram uma história mais profunda do que apenas amigas nesses 4 anos que se conheceram, porém tal história era algo que já tinha um final, e que era pouco provável de recomeçar. Não havia mágoa, tristeza ou qualquer coisa do tipo, apenas havia duas mulheres que hoje era amigas com um passado deixado para trás.

  Sif, sabendo que Brunnilde percebia que ela estava no local, apenas falou em um tom calmo, “Thor está perto de partir. Ele deseja se despedir de você de forma adequada, Brunnhilde.”

  A dita mulher ainda permanecia em silêncio, e Sif sabia que isso não era por desrespeito ou algo do gênero. O local que estavam era como um santuário para Brunnhilde e demorava um pouco para que a Valquíria estivesse disposta a sair de lá.

  Com uma respiração profunda, lenta e calmante, Brunnhilde abriu seus olhos e se virou para Sif, um sorriso leve adornando a sua face, e que Sif calmamente retribuiu.

  Assim, elas partiram do píer, com Sif pensando em resolver certas pendências que surgiram na vila e com Brunnhilde imaginando como seria a despedida de um velho amigo.

[...]

  Quando por fim, Brunnhilde subiu a colina que Thor se encontrava, ela viu um homem que transmitia uma sabedoria que ela nunca poderia associar ao amigo que conheceu chamado Thor. Era uma sabedoria que de certa maneira, vendo a barba avantajada de Thor, junto com seus cabelos, poderia se assimilar ao seu pai, Odin. No entanto, Brunnhilde foi uma das poucas mulheres vivas, que poderia afirmar com veracidade que conhecia as faces de seu antigo rei, e o que via em Thor, era algo totalmente diferente de seu pai.

Era a sabedoria não imposta de experiência, reflexões profundas ou derivada de uma inteligência elevada. A sabedoria que Thor demonstrava, era fruto do sofrimento que passou, das perdas que durante anos nunca havia superado, de um destino traçado para si, e que miseravelmente sentia que havia falhado. Uma sabedoria nascida da tolice, temperada na dor e na angústia e renascida da esperança de um novo recomeço e na certeza de descobrir quem ele era de verdade.

  Thor observava com atenção Nova Asgard, como se fosse a primeira vez que realmente contemplasse o lugar, e percebesse o significado do nome e o que ele representava. Com a volta das pessoas que haviam desaparecido, a vila estava passando por intensas reformas, pois havia pessoas que nasceram e viveram nesse local antes de serem levados pela a loucura de Thanos, e por sorte delas, os asgardianos não desejavam que eles fossem embora. Nova Asgard era justamente isso.

  O lugar onde as pessoas poderiam recomeçar.

  Quando por fim Brunnhilde ficou ao lado de Thor, ela também encarava a vila, em sua mente, já relembrando os planos que havia feito com Sif, sobre as mudanças que aconteceriam em Nova Asgard, e que ela precisava da aprovação de Thor para isso, pois ele era seu Rei.

  Uma nave espacial se encontrava a algum metros de onde eles estavam, e antes de ficar ao lado de Thor, Brunnilde havia visto o guaxinim falante, com uma cara de impaciência. Ela entendia que mais uma vez, Thor iria partir com eles para fazer algo, provavelmente ter um momento para descansar com algumas aventuras no espaço, antes de voltar a governar seu povo.

  Querendo saciar sua curiosidade, a guerreira asgardiana perguntou, “Então, quando pretende voltar?”

  Thor demorou um segundo para responder, como se contemplasse o peso de sua resposta, mas por fim afirmou com extrema tranquilidade, “Eu não sei.”

  Brunnhilde encarou Thor com uma expressão questionadora, e vendo o sorrisinho cínico de Thor, com seus olhos ocultos por óculos escuros, apenas a fez ficar levemente irritada, “Thor, seu povo precisa de um Rei!”

  “De fato, eles precisam.”, afirmou ainda com a mesma tranquilidade.

  Brunnhilde o encarou com intensidade, se irritando mais ainda com a indiferença dele quanto a essa questão. Ela não passou os últimos 5 anos administrando Nova Asgard, para no final, o Deus do Trovão simplesmente descartar todo o seu esforço.

  Contudo, ele não planejava descartar isso, como se provou em sua próxima fala:

  “Acredito que o que eles precisam agora, é de uma Rainha.”

  Brunnhilde demorou um segundo para entender a mensagem por trás da fala dele, e quando conseguiu, arregalou levemente os olhos em surpresa.

  Thor riu levemente com a reação de Brunnhilde e prosseguiu, “Durante milênios, eu nasci com o destino traçado por ser o filho de Odin. Eu necessitava ser alguém superior a todos os outros, pois era meu dever como um dos herdeiros de meu pai. Agora, eu não tenho mais nada que me prenda a esse destino.”, ele voltou a olhar para a vila, e continuou:

  “Eu falhei muitas e muitas vezes ao longo dessa vida, buscando e almejando ser algo que não sou. Agora, depois de mil anos, eu finalmente posso descobrir quem eu sou e o que eu quero.”

  “Posso descobrir quem é Thor Odison.”

  Brunnhilde ainda parecia surpresa, com a informação que recebeu, mas ouvindo Thor, ouvindo a verdade e o alívio em cada palavra que dizia, seu coração se encheu em alegria ao ver em como seu amigo finalmente encontrou a paz que precisava para seguir em frente.

  “Eu pretendo fazer grandes mudanças nesse lugar.”

  “Você já fez, minha amiga. Eu não sou o líder que eles precisam, você é. Sei como foi difícil para você, uma guerreira, se tornar uma líder, e agora, o titulo de Rainha de Nova Asgard é apenas o fruto de todo esse esforço e dedicação reconhecido por mim.”

  Thor estendeu a mão, o gesto de fraternidade bastante óbvio para Brunnhilde, que a apertou, com um sorriso estampado em sua face.

  As coisas a partir daqui, seria apenas uma despedida final, com um homem partindo em uma aventura no espaço, e uma mulher ficando em seu lar, e administrando de maneira definitiva o lugar.

  Só que não acabaria apenas nisso.

  “O mundo está se tornando cada vez mais perigoso Brunnhilde e nesse último conflito, nós triunfamos, mas tivemos pesadas perdas.”, afirmou Thor.

  Brunnhilde assentiu, e respondeu, “Nós iremos nos reerguer.”

  “Eu sei que irão, mas acredito que Midgard precisará de um reforço, digamos, mais poderoso, nesse meio tempo.”, ao final dessa fala, Thor removeu seus óculos, e olhou com intensidade para Brunnilde, “Você confia em mim?”

  A resposta por parte dela, não teve sequer um segundo de hesitação, fruto de anos e anos de uma relação mútua de confiança um ao outro, “Sim.”

  Thor estendeu a sua mão direita na direção do mar, e assim um silêncio ficou entre os dois, com Rocket encarando também em silêncio com estranhamento da ação de Thor. Alguns segundos se passaram, e Brunnhilde por fim ouviu um estrondo, como um objeto quebrando a barreira do som e vindo em alta velocidade, Mjolnir atravessava o oceano Atlântico, e objetivo era bem claro para todos.

  O que ninguém esperava, era que Thor parasse de estender a sua mão direita, e colocasse a sua mão esquerda no ombro de Brunnhilde, a segurando firmemente, e se colocando atrás dela.

  O martelo encantado, forjado do núcleo de uma estrela, vinha com a velocidade inalterada, ao encontro de Thor, com o detalhe de que Brunnhilde se encontrava entre os dois. A mulher falou em um tom de voz interrogador e levemente temoroso, “Thor, o que significa isso?”

  “Significa que eu confio em você, e eu sei que é digna.”

  Brunnhilde, tentou se soltar das mãos de Thor, mas vendo que ele se manteve firme, ela parou o pouco esforço que fazia para a ação. Quando ela disse que confiava em Thor, de fato era verdade, e se havia algo de mais inabalável para ela, era a lealdade que tinha por ele, pois não foi imposta a ela desde de bebé, assim como foi para Odin, mas foi conquistada pelo o homem atrás dela.

  Além do mais, ela sabia que ele não a mataria, poderia resultar num hematoma bem feio, mas ela estava disposta a arriscar por ele.

  O martelo continuava a vir, e Rocket que antes estava impaciente, agora apenas encarava em pura descrença sobre o que estava acontecendo na sua frente. Os membros restantes dos Guardiões da Galáxia, encaravam com curiosidade de dentro da nave.

  Brunnhilde, como tinha feito minutos anteriores, respirou de forma calma e profunda, e fechou seus olhos estendendo a sua mão direita. Ela não sabia se ela era tão digna como Thor pensava, mas estava disposta a dar esse salto de fé por isso.

  Segundos angustiante se passaram, com um martelo vindo em alta velocidade, um guaxinim e seus colegas todos em diferentes estágios de descrença e confusão, e um homem com uma convicção inabalável de que estava fazendo o certo.

  Não havia outra forma disso acontecer, pois uma coisa que Thor aprendeu nessa vida em Midgard, era que para se tornar digno de verdade, havia um passo final que poucos podiam fazer.

  Ter um coração puro de quaisquer intenções malignas, e acima de tudo, disposto a se sacrificar por um bem maior.

  Assim, não foi uma surpresa para ele, ao contrário do restante das pessoas naquela colina, que Mjolnir desacelerou bruscamente, e como se tivesse feito isso desde de sempre, parou nas mãos de Brunnilde, que apertou o cabo, com a firmeza de alguém que usou a muito tempo.

  A firmeza de alguém que era digna.

  Raios surgiam pelo corpo de Brunnhilde e ela não sentia qualquer desconforto, tão fascinada que estava, que sequer percebeu que Thor havia tirado as mãos dos ombros dela e agora se mantinha de frente a ela. Seu sorriso e seus olhos mostravam a felicidade que sentia, e isso apenas fazia com que Brunnhilde se sentisse mais extasiada por este momento.

  “Conclua.”, afirmou repentinamente Thor, com um tom de voz saudoso.

  Brunnhilde não entendeu bem isso, e verbalizou sua dúvida, “O que quer dizer?”

  “Apenas um verdadeiro asgardiano pode tirar todo o potencial do Mjolnir. Ouça o que ele tem a dizer e aceite o seu destino, Brunnilde.”

  A mulher de pele negra ficou em silêncio com essa resposta, e encarou o martelo que estava em suas mãos. Raios ainda surgiam do martelo e passavam por todo o seu corpo, e ela sequer notava isso. Decidiu por fim, fechar seus olhos e tentar “ouvir” o martelo.

  Tão concentrada que estava nessa tarefa, que ela não notou o céu com as nuvens densas da Noruega, se tornar mais denso. As nuvens escureciam cada vez mais, o ribombar de trovões e os lampejos de relâmpagos se tornavam cada vez mais constante. Uma imensa tempestade estava por vir, ou, para ser mais preciso, uma saudação dos céus estava sendo feita.

  Começou com um cochichar, um leve sussurro que surgiu na mente de Brunnhilde, mas que aumentava pouco a pouco, se repetindo toda as vezes. A voz que no início não era reconhecível para a mulher, foi se tornando mais clara, até que o que era dito e quem dizia foi esclarecido para ela.

  A guerreira hesitou em repetir tais palavras, a dor do abandono daquela voz, ainda era uma ferida em seu coração, e que dificilmente iria se apagar algum dia, mas feridas eram coisas que poderiam se suportar.

  Ela ainda não gostava dele, mas no fim, vendo o momento que se encontrava, de certa maneira, poderia agradecer pela oportunidade que a decisão cruel que ele havia feito, possibilitou nessa vida que se encontrava agora.

  Dessa maneira, ela aproximou o martelo para perto de seus lábios, os raios, saindo com uma frequência maior e mais poderosos pelo seu corpo, e com o ambiente ao seu redor, com poderosas rajadas de vento, o barulho forte de trovões e a clarões azuis iluminando toda a vila. Eles não saberiam naquele momento, mas a tempestade cobria a totalidade do território da Noruega, sendo registrada como a maior tempestade da história daquele país e uma das maiores tempestades da história da Europa.

  Thor agora se encontrava do lado de Rocket, a metros de distância de Brunnilde, e apenas apreciava o momento a sua frente, junto com seus novos companheiros de aventuras, que apenas encaravam com surpresa e apreciação.

  Afinal, o nascimento de uma nova deusa, sempre é algo especial.

  Como um sussurro aos ouvidos de uma pessoa, Brunnhilde recitou as palavras de um homem que cometeu muitos erros em sua vida, mas que foram passos necessários para toda essa trajetória. As palavras que iniciaram a jornada de Thor, e que agora, iniciariam a jornada de Brunnhilde:

  “Quem quer que possua esse martelo, se for digno, possuirá o poder de Thor.”

  Um raio gigantesco desceu do céu, no local que se encontrava Brunnhilde, queimando toda a grama ao redor, e iluminando o local com tamanha intensidade, que cegou a todos no local por alguns segundos, até que suas visões voltassem normalmente.

  Com exceção de Thor, que havia colocado de volta seus óculos escuros.

  Tinha um motivo para ele estar usando-os desde do início.

  Quando por fim todos retornaram a sua visão, viram Brunnhilde trajando uma nova roupagem, sendo essa, negra como a noite, muito assemelhada ao o que ela usava em Sakaar, porém o tecido e as peças metálicas que a completavam, davam uma aparência mais robusta e poderosa a ela.

  Seus dois braços estavam rodeados de braceletes e pulseiras metálicas de cor também negra, e seus dedos estavam cobertos de luvas de tecido da mesma cor que todo o conjunto, com os polegares descobertos. Por fim, tatuagens tribais adornavam sua pele, principalmente na região da face e dos braços,com as tatuagens no momento, brilhando em cor azul, como os raios que continuavam a circular pelo seu corpo.

 Ela parecia magnífica, uma entidade a ser respeitada e acima de todos os outros.

  Em suma, ela agora se tornou a Rainha de Asgard.

  A deusa do Trovão.

  A nova Thor.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que no filme, o martelo volta pro seu tempo, mas foda-se, eu queria assim e ponto, kkkkkkk. Além disso, o filme é tão entupido de furos de roteiro, que isso poderia acontecer no MCU de verdade, que duvido que alguém ia reclamar, com exceção dos Hater e dos machistas que iam se doer de ver uma mulher negra, assumindo o manto de Thor. De qualquer forma, o próximo capitulo provavelmente irá sair nessa semana, e será focado em introduzir a Capitã Marvel, além de dar uma pincelada sobre a trama da história.

Acompanhem os meus planos para esse mês e os próximos no meu perfil, que explico tudo bem direitinho e serão muitas novidades.

Elogios, críticas, sugestões e dúvidas são bem-vindos. Todos os comentários serão respondidos com a devida atenção.



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