Let your heart hold fast escrita por Lily


Capítulo 6
06. Someday - Haroula Rose




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"Algumas cidades são construídas sobre o que poderia ser. Eu vou encontrar o caminho para algum lugar novo."

Quando Robin acordou naquela manhã, ela estava em um quarto diferente. Não era o quarto do hospital e muito o quarto em seu apartamento, era um quarto claro e florido. Muito florido para o seu gosto. Ela se levantou da cama olhando ao seu redor, lentamente as memórias daquele noite. Suspirou pesadamente ao notar que aquilo tudo não era um sonho ruim. 

—Daisy, querida, que tal descer da mesa e me ajudar com o café da manhã da tia Robin? - ela ouviu a voz de Lily enquanto descia a escada, fotos estavam penduradas na parede, memórias deles. Fotos de casamento, de nascimento, fotos em grupos ou individuais, fotos de aniversário e funerais. Robin achava que talvez Lily tinha que ter um limite. 

—Tia Robin! - um garotinho de cabelo loiro e olhos claros gritou correndo até ela e abraçando pela cintura. Robin foi tomada pelo choque antes de perceber que aquele era o Marvin, seu pequeno Marvin. 

Robin o afastou analisando seu rosto infantil, as bochechas coradas, os olhos brilhantes e os dentes da frente faltando. Ela soltou um pequeno suspiro melancólico se lastimando por perder todo o crescimento dele, até porque Marvin era seu afilhado e ela sempre o amou. 

—Deus, você está tão grande. - ela sussurrou fazendo-o abrir um sorriso triunfante.

—Estou quase do tamanho do papai quando ele tinha a minha idade. - Marvin falou estufando o peito. Robin riu balançando a cabeça. - Mamãe está preparando panquecas, vamos.

Robin deixou que ele a puxasse para a cozinha, um mar de móveis brancos salvando-se pela mesa de madeira clara de oito lugares. Lily estava na bancada mexendo uma tigela, ao seu lado havia uma pequena garotinha de cabelos vermelhos e vestido azul, esta deveria ser a pequena Allison, a filha mais nova deles. 

—Que bom que acordou, já ia deixar as crianças na escola e deixar o café da manhã para você. - Lily disse antes de deixar a tigela com a massa da panqueca de lado e colocar café em uma xícara. 

—Onde está Marshall? - ela indagou pegando a xícara. 

—Tribunal. Saiu há pouco tempo. 

Robin assentiu seguindo para a mesa onde Marvin e a pequena Daisy, com suas tranças e seu macaquinho jeans, estavam sentados. Ela sorriu para a pequena Day acariciando seu cabelo loiro avermelhado. 

—Então, Midtown? Pensei que sairiam da cidade, New Jersey é mais calmo para cuidar das crianças. 

—Com o trabalho do Marshall como juiz, achamos melhor ficar aqui na cidade. - Lily explicou colocando a massa na frigideira.

—Você ainda está trabalhando como professora? 

—Diretora. Longe das crianças. 

Robin riu tomando um pouco de café. Midtown não era ruim, ruas calmas e arborizadas. Era perto do Central Park e, consequentemente, perto de Barney. Ela sabia que se só precisaria de alguns minutos para chegar até o apartamento dele. 

—Tia Robin, nós vamos ao parque quando voltarmos da escola? - Daisy indagou apoiando as mãos na mesa e se inclinando para frente. - Posso mostrar a você os patos da lagoa.

—Será um prazer, docinho. 

—Depois que eu deixar as crianças na escola, podemos sair um pouco, passar em locais que você conheça, ir até o seu apartamento e talvez você possa se lembrar de algo. - Lily comentou colocando pratos com panquecas na frente das crianças.  

—É. Talvez. - Robin sussurrou colocando a xícara na boca. E por um segundo, ela pensou que recuperar a memória talvez não fosse uma boa opção.

[×××]

—E aqui estamos na caverna Scherbatsky. - Lily disse em uma voz fantasiosa enquanto atravessava a porta para entrar no primeiro cômodo, e aparentemente o único. Robin observou a sala/cozinha, um sofá não muito grande, estantes vazias, sem mesa de jantar ou qualquer outra coisa que indicasse algum morador permanente. - Fria e vazia. Você é o Batman por acaso?

Robin riu fechando a porta e caminhando direto para o que ela achava ser seu quarto. Segundo Patrice, ela não tinha residência fixa na cidade, então sempre alugava um apartamento ou invés de ficar na casa dos amigos. Aquele tipo de rotina ainda não fazia sentido para Robin, viagens e mais viagens, não que ela estivesse reclamando. Seu sonho sempre foi viajar pelo mundo, conhecer outros países, abrir a mente para novas culturas, ser uma grande jornalista. Mas sendo sincera, viajar sozinha não parecia ser algo tão divertido. 

—Olha para isso! - Lily exclamou ao abrir o armário, havia peças de roupas penduradas nos cabides, vestidos, blusas, casacos, calças, tudo bem organizado. - Você definitivamente vai ter que me emprestar algumas dessas peças. 

—Pode pegar o que quiser, Lily. Não vou usar nada por um bom tempo. - ela disse erguendo minimamente o braço engessado. 

—Acho que isso vai ficar lindo com o meu vestido. - Lily murmurou enquanto observava cada peça. Robin então se virou para sua penteadeira, sobre o móvel havia apenas alguns produtos de maquiagem e jóias, ela se sentou na cadeira de frente para o espelho. Desde o momento em que havia acordado no hospital há dois dias, Robin ainda não havia parado para… observar. 

Existe a visível mudança em seu rosto, embora sua pele ainda esteja impecável e seu cabelo incrível, mesmo depois do acidente, seus olhos parecem tristes. 

Robin já havia cogitado ligar para Barney, para saber um pouco mais sobre os últimos anos, até porque eles foram casados por três anos e ela precisa saber um pouco mais sobre o que deu errado entre eles. Ou sobre tudo. Porque aparentemente ela havia se tornado aquele tipo de pessoa que ignora seus amigos e viaja pelo mundo como uma loba solitária. 

Ela balançou a cabeça deixando aquele sentimento de lado. Então observou Lily brincar com o casaco de pele, Robin sorriu minimamente sentindo os olhos arderem. 

—Lily.

—Sim?

—Por que eu me separei do Barney? 

Lily se virou apertando o casaco com força. Ela caminhou lentamente até a cama e se sentou no colchão de frente para ela.

—Eu não… sei. Eu realmente não sei. Vocês nunca falaram sobre isso, apenas disseram que era melhor assim. Depois você começou a viajar e Barney voltou a ser o que era antes. - ela explicou. 

—Barney estava bem com as minhas viagens? 

—Acho que sim. Vocês sempre viajavam juntos e pareciam felizes. 

—Barney não parecia estar chateado de estar longe daqui?

—Se estava, não demonstrou. Acompanhamos suas viagens pelo blog dele, sempre tinham fotos e vídeos. Vocês pareciam bem, Robin. - Lily disse lançando a ela um olhar maternal. Robin suspirou e se voltou para a penteadeira, abriu a primeira gaveta em busca de algum pista do tempo perdido e se surpreendeu ao encontrar apenas uma chave na gaveta vazia.

—Eu me sinto confusa. - ela revelou brincando com o pedaço de metal entre os dedos. - Tudo o que eu me lembro é que há poucos dias eu havia dito, na frente de todas as pessoas importantes para mim, que amaria Barney para sempre. Agora estou aqui, em um apartamento que mais parece a fortaleza da solidão. Me diga, Lily, como eu posso me sentir bem no meio desse caos?

Lily se levantou da cama e seguiu até ela envolvendo-a em um abraço apertado. 

—Algumas vezes a vida da uma segunda chance para tentar fazer melhor, talvez essa seja sua segunda chance, Robin. Isso é um caos, eu sei. Mas isso não pode te impedir de seguir em frente, você não pode parar no primeiro obstáculo. Você é Robin Scherbatsky, a repórter mundialmente conhecida, que eu tenho quase certeza que já matou um cervo com as próprias mãos, você não desiste. - Lily afirmou com aquele tom animador. Robin apenas balançou a cabeça.

—Desta vez é diferente, Lils. Desta vez eu… - me sinto só. Ela reprimiu um suspiro engolindo a auto-piedade. - Você acha que eu ainda amava Barney? Essa minha versão solitária e vazia? Você acha que ela ainda sentia algo por ele?

—Eu não sei, querida. Isso é meio complicado. Você é como um pequeno bebê pinguim período.

—Os pinguins machos cuidam dos ovos, enquanto as fêmeas vão em busca de comida. Geralmente elas só voltam quando o ovo já está preste a eclodir. - Barney explicou erguendo o chaveiro com o mini pinguim, Robin riu balançando a cabeça, o pequeno pinguim parecia dançar no ar. 

—Em qual documentário você viu isso? - ela indagou batendo no pinguim para fazê-lo balançar.

—Happy Feet. - ele admitiu fazendo rir novamente. 

—Isso não pode verdade. Você está inventando isso. - Robin passou o braço ao redor do de Barney deitando a cabeça contra o ombro dele. - Você seria um papai pinguim?

—O melhor papai pinguim do mundo, se você quiser. - ele afirmou beijando a testa dela. Robin sorriu e ergueu a cabeça encarando os olhos azuis que ela tanto amava. - Você quer? 

—Sim. 

Robin piscou atordoada com a súbita lembrança. 

—Robin, você está bem? - Lily indagou.

—Sim. Apenas cansada. Podemos voltar para sua casa? 

—Claro querida. - Lily afirmou com seu sorriso doce. Robin olhou para chaves em sua mão pelo reflexo do espelho e quase podia ver nitidamente o pinguim pendurado. 


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