Mudança de Passarela escrita por VFarias


Capítulo 12
Deste jeito essa porra não vai servir para nada!




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Narrativa – Pietro.

Nós estivemos o dia todo na agência, aquele dia estava exaustivo, era para ser tranquilo, porque era para ser só o desfile, mas às fotos, a sessão de fotografias é sempre o mais cansativo, e quando Sebastian se levantou e disse que queria fotografias, para uma melhor avaliação, foi como assinar nossa sentença de morte daquele dia.

— Ai titulares vocês topam ir para São José numa balada no final de semana? – perguntou Renan. – Nós estamos a fim de ir comemorar nossa volta aos desfiles do Japão e desta vez contamos com os dois melhores modelos, não temos como não chegar lá em cima no ranking, alias nós já estamos lá em cima no ranking.

— Bora! – disse Colin na mesma hora.

— E você Pietro, vai também? – questionou Matheus chegando. – Todos os outros vão.

O que, eu ir numa balada com o Colin, nem morto.

— Não! – respondi, curto e seco.

— O que? – questionaram Renan e Matheus juntos.

— Desde quando Pietro Rossi dispensa uma balada? – questiona Matheus em tom de gozação.

— Desde que a balada passou a ser mal frequentada. – disse em resposta.

— A corta essa mocinha. – disse Colin.

— É titular, bora lá, vai ser divertido e a balada é grande o bastante para que você não precise ficar ao lado dos “mal frequentadores”. – disse Renan em mais deboche fazendo aspas nas duas ultimas palavras.

Esses idiotas achavam mesmo que eu não sabia diferenciar o que era sério e o que era deboche.

Façam-me um favor não é? E quando foi que Colin Vargas virou amigo de todos eles assim?

E quando foi que esse urubu roubou a minha cena?

Espera ai, calma, essa ultima eu sei a resposta, é claro que eu sei a resposta, ele rouba a minha cena desde que nascemos Colin Vargas sempre foi melhor que eu em tudo, o comportado, o educado, o simpático, o nerdizinho, o melhor modelo, o melhor filho, os meus pais sempre deixaram tudo isso muito claro para mim desde o meu nascimento, não na verdade o meu pai sempre deixou tudo muito claro desde o meu nascimento, deixou claro que preferia que Colin fosse o filho dele, no meu lugar, essas comparações eram opressoras, eu era rebaixado a um nível traumatizante, não é atoa que eu passei boa parte da minha infância no psicólogo, e quando finalmente fui liberado, fui diagnosticado pela sociedade como arrogante, prepotente, sem coração, acontece que foi assim que eu consegui superar todas essas comparações, isso porque até hoje eu sou comparado com Colin Vargas, e isso é completamente irritante, desestimulante e se eu não tivesse me colocado em uma barreira contra essas comparações e a sociedade eu teria ficado muito pior, muito pior além de o distúrbio alimentar.

— Ei Pietro... – ouvi alguém me chamando. - Titular? Tudo bem?

Matheus estava balançando meus ombros.

— Que foi animal? – pergunto, tirando a mão dele do meu ombro.

— Estamos a décadas falando com você e você ai viajando. – respondeu ele. – nós decidimos que você vai ir sim, sem essa frescura.

— Só estava pensando aqui. – Digo em resposta. Sendo bem sincero eu não estava muito a fim de perder até meus amigos e meus roles por causa do Colin. – Eu vou sim!

— Ai titular, é assim que eu gosto, tem que ter essa disposição mesmo! – disse Renan. – sábado às 19 horas aqui na "AL" a gente deixa os carros aqui e vai com dois apenas, acho que é melhor, pelo menos, é menos estacionamento para pagar.

— Fechou Staff. – disse Colin fazendo graça. – Bom galera vou indo nessa, tenho um teste de física para fazer amanhã e eu preciso estudar mais.

Puta merda, amanhã já era quarta feira, era o dia do teste individual de física, e eu não tinha nem se quer aberto o meu caderno, ou, o livro para estudar.

— Eu já vi esse conteúdo no outro colégio de uma forma bem mais ampla, mas prefiro rever os aspectos pautados pelo professor, para eu não ir mal. – diz ele serio.

— Caramba que nerd! – disse Matheus.

— Eu sempre estudei muito. – disse Colin ainda serio. – a “AR” não era muito rígida quanto a isso, mas meu pai. Para falar a verdade estou estudando desde segunda feira quando soube do teste.

Que, estudando desde segunda feira? Meu Deus se ele que era um nerdizinho não estava confiante estudando desde segunda feira, imagine eu que não era nerd, e não tinha nem se quer aberto o caderno.

Eu precisava ir bem, tinha que recuperar as minhas notas baixas.

Não demorei muito para ir embora também, afinal de contas eu tinha que estudar também, só queria me fazer de inteligente.

Eu estava ferrado, ia me dar mal neste teste eu tinha certeza disso.

Meu Deus eu precisava melhorar.

Tinha que melhorar, isso era uma necessidade, era isso ou perder a viagem ao Japão.

Assim que entrei em casa, minha mãe veio me receber.

— Achei um professor para você. – disse ela toda animada. – é um aluno da sua turma, conversei com a mãe dele hoje, ela me disse que ele já deu aulas antes, que ele tem boas notas e tudo o mais.

Fiquei me perguntando quem poderia ser, quero dizer alguém da minha turma não era bem o que eu esperava, mas tudo bem fazer o que, só precisava estudar.

— E quem é? – perguntei.

— O Colin, filho da Tia Barbara e do Tio Rafael! – disse minha mãe com a maior calma possível embora não escondesse por completo a felicidade de tal ato.

Ela não precisava ter dito que era o filho da tia Barbara, afinal, só existia ele com esse nome por aqui, porque quem mais se chamaria Colin no Brasil, ninguém.

— O QUE MÃE, VOCÊ SÓ PODE ESTAR BRINCANDO COMIGO, DIZ QUE ESTA? – berrei.

Ela só pode estar brincando comigo, como assim eu ter aulas particulares com o Colin Vargas, aquele urubu nojento.

— Primeiro se acalme Pietro, segundo não estou brincando ele é a melhor opção que você tem, até mesmo porque seu pai disse que não ia pagar nenhuma fortuna por suas aulas de reforço. – disse minha mãe, claro que meu pai não ia por a mão no bolso desta maneira por mim. – Colin é um bom menino, tenho certeza que ele pode te ensinar muito mais que só a matéria escolar, Barbara disse que ele já deu aula a outras pessoas e todos eles melhoraram na escola.

— Mas mãe, logo o Colin? – questionei. – sei que todos vocês sempre quiseram que a gente fosse amigo, mas não da, de verdade mesmo, ele é insuportável é bem capaz que a gente se mate nessas aulas.

— Não vou negar que sempre desejei que vocês fossem amigos. – disse minha mãe. – Mas isso não muda o fato de que ele é a sua melhor opção, então, ou você, se cala e aceita essas aulas, ou não vai para o Japão e ainda reprova de ano.

Droga claro que minha mãe ia jogar sujo com essa história do Japão, como eu poderia dizer não diante do meu sonho.

Eu me virei e fui em direção ao meu quarto.

— Não ouvi a sua resposta. – disse minha mãe.

— Tá bom, aceito. – digo revirando os olhos.

— Barbara disse que ia falar com ele ainda hoje e ele aceitando realmente as suas aulas começam amanhã. – disse minha mãe bem animada.

Quase cai, eu realmente tropecei nas palavras que minha mãe despejou sobre mim.

— Por que amanhã? – pergunto sem nem mesmo me virar.

— Porque se eu deixar para começar na semana que vem você vai pedir para ser na outra e assim nunca vai começar essas aulas. – disse minha mãe em resposta.

Droga ela me conhecia.

— Tá. – retruco.

Entrei no meu quarto só querendo ficar em paz até que minha irmã entrou no quarto.

— E ai modelinho. – disse ela passando pela porta. – como você está?

— Exausto e de saco cheio. – respondi. – e você?

— Estou muito bem. – disse Laura. – estou sabendo das novidades e do role de sábado também e eu vou.

— Como você já sabe de todas essas coisas? – pergunto.

— Mamãe me contou sobre seu novo professor ser o Colin hoje mais cedo por mensagem, e o Colin me contou sobre o role de sábado. – disse ela animada.

— E você não me contou... – digo a ela meio puto. – E também eu não entendo como você consegue ser namorada daquele mané, e nem mesmo como você conseguia ser amiga daquele urubu idiota? Isso é muito ridículo.

— Você é o único que não gosta do Colin, e nem é por culpa do próprio Colin, e por causa do que as pessoas fazem com vocês dois. – disse Laura. – Digo e repito você devia dar uma chance a ele, ele é muito legal.

— Não dá! – respondi. – eu odeio aquele garoto do fundo do meu coração, eu o odeio.

— Não acredito que você realmente sinta isso. – disse ela olhando no fundo dos meus olhos. – e algo me diz que essas aulas podem aproximar vocês.

— Não seria surpresa se amanhã no jornal da noite saísse a noticia de que um de nós morreu na mão do outro. – digo de forma seria.

— Eu sinceramente acho que você deveria dar uma chance. – disse ela. – além do mais ele é seu cunhado.

— Nem me lembra disso! – digo para ela. – não consigo entender esse seu namoro com o Colin você não namora ninguém, você é um poço de pegação e safadeza.

Recebi um tapa junto com uma queixa.

— Seu ridículo. – disse ela rindo e me empurrando. – Não é bem assim, eu gosto de verdade do Colin, sempre gostei, você não faz ideia do quanto, e eu acho que ele gosta de mim também, alias, vamos sair hoje para jantar.

— Ai meu Deus, eu realmente não mereço uma coisa dessas. – digo a ela.

Ela saiu do meu quarto e seguiu para o dela, a noite passou rápido de mais e o teste de física chegou tão rápido quanto, eu não tinha estudado nada, não tinha como fazer aquele teste, e é certeza que eu ia ir mal.

— Bom dia classe, como vocês devem se lembrar hoje é o dia do nosso teste individual – começou o senhor Mikyura, mas para ser sincero eu tinha esquecido do teste e só lembrei na noite anterior quando Colin falou que ia estudar. – nossa aula tem 1 hora, esta é uma prova toda em teste, então vocês vão ter cerca de 40 minutos, nada a mais e nem a menos, os outros 20 minutos eu vou corrigir e já devolver o teste a vocês.

Pelo menos o pesadelo acabaria hoje de saber a nota.

Olhei para todos na sala e todos estavam bem tranquilos, exceto aqueles que nunca fazem nada e eu.

Foi então Colin levantou a mão, lá vem.

— Professor essa nota vai ser contabilizada para a nota mensal ou é só uma avaliação avulsa? – Foi uma ótima pergunta deste imbecil porque se a nota fosse contar para a nota mensal eu estava lascado porque já começaria no negativo.

— É só uma avaliação para eu ver o nível de conhecimento de vocês. – respondeu o professor. – mas o teste em dupla vai contar nota para a mensal.

Menos mal, ele realmente estava ajudando a gente, como disse que faria antes das férias acabarem.

Quando acabei meu teste e o entreguei ao professor eu estava praticamente tremendo de medo, respondi todo o teste na base do chute, e se eu chutasse em prova igual chutava no futebol, eu receberia um lindo zero.

No final da aula todos estavam satisfeitos com suas notas, exceto eu é claro.

— Muito bem Senhor Vargas mal chegou ao colégio e já tirou a maior nota da sala em um teste. – elogiou o professor.

Droga.

— E ai titular, você tirou quanto neste teste? – perguntou Thiago.

— Não é da sua conta. – retruco sem querer contar minha péssima nota.

— Qual foi Pietro a gente sempre contou as notas um pro outro pô. – queixou-se Thiago.

— Mas eu não quero falar, da para parar de encher! – mandei.

Porem do outro lado Sergio puxou a folha e viu minha nota, viu meu lindo e imenso 1.

Do outro lado da sala pude ver Colin olhando para a movimentação que eu estava envolvido, fuzilei ele com olhos e virei a cara puxando meu teste da mão de Sergio e saindo da sala.

No intervalo após eu ter recebido um lindo e imenso 1 no teste de física, e após mais duas aulas chatas de português eu estava conversando com Pedro que era da turma de exatas, embora fizesse física não fazia junto com minha turma que era de Biológicas.

— E ai modelinho, quando é que nós vamos sair de role de novo? – questionou ele, já fazia um tempo que não saímos juntos para valer, ele e Sergio eram os únicos dos meus amigos de verdade que não eram modelos, então isso dificultava um pouco as coisas para sairmos juntos, já que tínhamos agendas diferentes, as únicas festas que realmente conseguimos ir juntos eram as festas da represa, uma porque ele mora no mesmo condomínio, e outra porque eu nunca tenho nada para fazer nesses dias. – poderíamos sair hoje a tarde ir ao shopping...

Antes que eu pudesse responder minha irmã que estava a poucos segundos do outro lado do refeitório chegou perto de mim a ponto de ouvir a pergunta de Pedro a mim.

— Ele não pode! – disse ela. – Pie tem aulas particulares agora, e elas começam hoje, as 15horas.

— Aulas particulares? – questionou Sérgio. – Tu esta tão mal assim cara?

— Não. – respondi. – Minha mãe que tá exagerando.

— Na verdade, acho que ela não esta não. – disse a voz mais irritante do mundo nas minhas costas. Eu sabia que ela não estava, mas não precisava da confirmação ainda mais vinda desta necrose – Não depois de ter recebido 1 em um teste idiota como este que fizemos hoje em física.

Puta merda como ele sabe da nota que eu tirei?

— Antes que alguém entre na TPM eu vou saindo daqui. – disse Colin, pegando na mão de Laura e a levando para longe, mas claro que ele não podia deixar de fazer algum comentário sobre ele ser meu professor. – Ai Pietro, vou pegar seu e-mail com a Laura para te mandar uns arquivos com resumos e coisas do gênero que eu fiz para estudar das três disciplinas, e eu te vejo na sua casa as 15horas.

— Você vai ter aulas particulares com o Colin? – perguntou Sérgio chegando com Thiago ambos rindo muito. – Só toma cuidado para vocês não se matarem modelinho, depois da ultima festa na represa não seria surpresa, vocês se esfaquearem.

— To achando que vamos ter um funeral logo, logo. – digo e dou risada.

O restante das aulas foram chatas, como sempre, mas eu estava tentando ao menos prestar atenção, afinal não queria mais aulas de reforço em mais matérias além das que eu já estava sendo obrigado a ter.

Ainda demorei um pouco para ir para casa, pois passei no mercado para comprar algumas coisas a pedido de minha mãe.

Quando cheguei em minha casa, ao sair do carro já pude sentir o delicioso cheiro de comida que vinha da minha casa, e isso era perfeito, porque eu estava morrendo de fome então eu me apressei a entrar em casa, e fui diretamente para a sala de jantar porém quando cheguei lá meu olhos miraram diretamente uma pessoa a minha frente, Colin!

Que merda esse ser humano estava fazendo em minha casa? Era para ele chegar em casa as 15horas que seria o horário da nossa aula, então porque esse demônio estava aqui já, sendo que ainda eram 13horas.

— Filho, sente-se aqui e venha ouvir as novidades. – disse minha mãe toda empolgada.

— É, eu to sem fome. – disse a minha mãe, porém fui traído por meu estomago que me fez o favor de roncar alto o bastante para o porteiro ouvir.

— Pietro! – chamou meu pai, serio e bruto. – Sente-se e almoce conosco. Colin é uma visita e você recebeu educação.

Eu me arrastei até uma cadeira que estava vaga ao lado da minha mãe, e comecei a me servir.

— Quer saber as novidades? – perguntou minha mãe entusiasmada.

— Diga. – falei sem entusiasmo. Sabendo que enquanto eu não ouvisse o que ela tinha a dizer eu não poderia comer em paz.

— Sua irmã está namorando o Colin oficialmente agora, ele conversou com o seu pai e comigo! – disse ela bem feliz.

Naquela mesma hora eu engasguei com a primeira garfada que havia dado, voou comida pra todo lado.

— É o que? – questionei, assim que me recuperei do engasgo. – Achei que isso era só uma piada para você Laura, tá falando serio que você vai namorar isso ai?

— É cara, nós estamos namorando para valer! – respondeu Colin com simplicidade.

Esse mane não podia estar falando serio, ele era o maior galinha que eu conhecia, todas as meninas de todas a agências, assim como eu, ele podia até enganar minha mãe e meu pai, ou os pais dele, mas não engana a mim, jamais.

Eu tinha certeza de que ele não era homem para minha irmã.

Não falei mais nada, pois sabia que não ia adiantar, então comi o mais rápido que podia esperava poder ficar tranquilo no meu quarto por um tempo ainda, mas quando comecei a pensar em pedir licença da mesa, meu pai disse.

— Colin se não se importa pode começar a aula mais cedo. – disse meu pai, com aquele tom de comando disfarçado, que ele usava com todo mundo menos comigo.

E que merda era essa de começar a aula mais cedo, tudo bem eu tinha consciência de que precisava estudar, mas porra, eu ainda tinha um tempinho, meus pais nunca estão em casa à essa hora principalmente o meu pai, alias ele nunca esta em casa em momento algum, vive na merda da empresa.

Foi então que o idiota falou a coisa mais sensata do mundo e que eu concordava pela primeira vez na vida.

— Tio, eu acho que seria melhor deixar o Pietro descansar um pouco, nós tivemos um teste hoje, as aulas foram bem puxadas, e ele só chegou agora em casa. – disse Colin como se estivesse realmente preocupado comigo, que se foda ele com essa preocupação dele, mas tomara que meu pai engula essa. – Acredito que a aula será bem mais proveitosa se ele tomar um banho e der uma descansada.

— Tudo bem. – Disse meu pai concordando tranquilamente, sem discutir nem nada. Como ele age assim com o Urubu, ele e ate gentil, mas quando é comigo, ele me trata como lixo, que ódio disso.

Subi para o meu quarto, tirei minha roupa, e entrei direto debaixo do chuveiro quente, começo de agosto ainda é bem frio por aqui.

Fiquei lá o quanto podia, até me sentir sufocado pelo vapor, sai do banho vestindo moletom, e uma camiseta velha, e me joguei na cama, sem me preocupar se estava bem arrumado ou não, afinal a única pessoa que me veria naquele instante era Colin e eu não estava nem ai para isso.

E por eu ter demorado tanto no banho logo ouço uma batida na porta, de imediato sei que é Colin, porque reconheci aquela batida na porta de quando éramos pequenos e ele ia para minha casa por alguma razão e nossas mães insistiam em nos colocar para brincar juntos. Eram toques irregulares, pois ele batia o punho em lugares diferentes da porta como se ele estivesse abrindo a passagem do Beco Diagonal lá do Harry Potter.

— Entra! - digo a contragosto.

Assim que ele abre a porta vejo que ele vasculha todo o meu quarto com o olhar, ele não é nada diferente do que era o meu quarto na outra casa, somente o fato de ser maior ter as cores diferentes e algumas prateleiras a mais, a sim fora closet que aqui era existente.

Mas todas as minhas coleções de canecas e copos de todos os lugares que eu já havia modelado ou visitado apenas eram expostas em um armário de vidro que mandei fazer só para isso, ele ocupava toda uma parede do meu quarto.

Naquele instante eu pude perceber que entre mim e Colin haviam apenas poucas coisas que nos interligavam:

Ser modelo

Harry Potter

Colecionar artefatos de viagem

A faculdade.

E o gosto musical.

Coisas que para a maioria das pessoas seria o bastante para que se tornassem amigos inseparáveis, mas para mim, eram só coisas que me ligavam a alguém que eu odiava e ponto.

Obviamente que se vivêssemos no universo do Harry Potter eu seria um belo Sonserino, isso é um fato enquanto que ele seria um pomposo Grifinório idiota.

— As regras continuam as mesmas de quando éramos pequenos, ou seja, não toque em nada! – digo. – A única coisa que você vai poder encostar e na cadeira e a mesa.

— Ufa que bom, achei que teria de lhe dar aula em pé. – diz parecendo aliviado, mas eu sei que tudo é sarcasmo.

E na realidade minha vontade era essa, que ele ficasse ali em pé, ou melhor ainda que ficasse em pé na casa dele, bem longe de mim.

— Vamos começar logo esse merda, quanto antes começarmos mais rápido você vai embora. – digo já ficando cansado de olhar para a cara dele.

Eu ansiava pelo término daquilo ele optou por começarmos por física já que teríamos outro teste na semana que vem, e mesmo este sendo em dupla ele insistiu em dizer que mesmo em dupla eu não tinha que esperar que o outro fizesse tudo por mim. E que eu deveria saber se estávamos fazendo certo ou não o teste.

Ele começou a explicar a matéria, pegou o notebook dele e pediu para eu ligar o meu também e abrisse a pasta de física na matéria em que íamos estudar.

De fato eu não tinha aberto nada daquilo, afinal, eu não era obrigado.

Mas quando abri e comecei a ler pude ver que eram resumos, resumos bem consistentes e muito explicativos, esse idiota era um nerd descolado, ele criou uma nova raça de nerd, até isso ele conseguiu fazer.

Mas mesmo Colin explicando tudo direito eu não estava conseguindo entender muito bem, mas na verdade eu não o estava ouvindo direito também, eu só queria na realidade ele fora da minha casa e essa era a única coisa que eu conseguia me concentrar.

As aulas tinha sido combinadas de serem 3 vezes na semana, as segundas, as quartas e as sextas feiras, o que para mim significaria pesadelos constantes.

Quando o dia do teste chegou e eu sentei ao lado de um mané qualquer eu me arrependi de não ter prestado atenção nas aulas que o Colin havia me dado, porque da mesma forma que eu não sabia nada ele sabia menos ainda.

A nota não saiu no mesmo dia para o meu inferno na vida real, mas quando saiu e eu vi os 3 pontos, eu queria me matar, porque era quase nada. Mas devido a grande maioria dos alunos terem ido mal, o professor decidiu dar mais uma chance a nós, ele anularia aquele teste e passaria outro para nos ajudar, mas que desta vez ele queria ver resultados melhores, todo mundo tinha que tirar mais de 5 pontos ou ele automaticamente reprovaria aqueles que não conseguissem.

O resto de semana inteira foi um inferno, não via a hora de chegar no sábado para eu sair com os meninos e fazer tudo que estava com vontade, beber,  dançar e transar, não necessariamente neste ordem.

Mas ainda era sexta feira e eu tinha aula com o Colin, porque nossas aulas eram dias sim e dias não, ou seja, varias vezes na semana, porque tinham que ser tantas vezes, inferno de vida, mas eu tinha certeza que depois deste teste, se minha mãe ficasse sabendo ela ia querer que fossem todos os dias.

Mas não ia mudar nada se eu continuasse a não prestar atenção nas aulas e eu sabia que o erro era meu porque o idiota até que explicava bem.

Quando sábado chegou para mim foi como um alivio, eu estava cansado da semana, das aulas com o Colin, isso porque só havia tido duas ate agora.

Isso era uma bosta, porque ele passava cerca de mais de uma hora falando, e eu imaginando quantos segundos faltavam para aquela merda acabar.

Mas graças a Deus hoje era dia de balada.

Eu tinha acabado de me trocar, como conhecia bem aquela balada eu vestia uma calça preta rasgada no joelho, bota preta, camiseta marrom em tom pastel e uma blusa verde escura por cima e como estava com preguiça de arrumar o cabelo coloquei um boné preto.

Laura entrou no meu quarto ela vestia um shorts jeans claro e curto e cintura alta, com uma meia calça em risca preta, calçava um tênis baixo preto, uma camiseta preta com estampa branca e por cima um casaco de couro preto, na cabeça uma touca preta de lã, no braço tinha duas pulseiras douradas.

— Eu estou pronta. – disse ela.

— Então vamos! – falei e seguimos para a “AL” para encontrar o pessoal.

Assim que chegamos pude ver que todos já estavam lá, meu olhar bateu primeiramente em Colin.

Ele vestia uma calça preta rasgada no joelho com um par de tênis Vans preto, camiseta longline rosa pastel, uma blusa camurça um tom a cima e touca preta. Resumindo, ele estava no estilo! O que não!!! Ele estava zoado de mais, ninguém usava tom sobre tom a muito tempo.

— O que acha? – pergunta Sofia a mim se referindo a roupa.

Ela estava toda All Black, Croped de alça preto brilhante e por cima uma camiseta de renda preta manga longa, calça cintura alta preta e no pé um salto trançado na frente preto também.

— Tá uma gata. – digo assobiando.

— Eu só acho que ela vai passar frio. – disse Colin.

— Lá dentro é calor. – disse ela.

— Você nem conhece o ambiente. – retruca ele.

— Mas Pietro disse que é quente lá. – retrucou ela de volta, mostrando a língua.

Na mesma hora ele tirou a touca, e foi arrumar o cabelo no espelho do carro, ele não conhecia esta balada em especifico, mas eu sim, e ele devia saber disto.

— Cara você sabe que lá e para maiores de idade né? – disse Renan apontando para Sofia.

— E ai garoto... – disse ela dando um toque no ombro dele. - Eu não sou nenhuma pivete e tenho RG falso. Se eu passei com eles diversas vezes em baladas de São Paulo, porque não passaria na roça?

— Pegou pesado com o roça guria. – disse Matheus.

— Eu nunca pego leve. – retrucou ela sem sorrir, com um olhar bem sexy.

— Meu amor! – disse Laura chegando em cima de Colin e o abraçando e dando um beijo.

Ai que nojo.

Seguimos para o role, Laura foi no carro de Colin, e Sofia veio no meu, porque eles estavam namorando e a gente ficava ou sei lá o que a gente tinha, dividimos os garotos nos nossos carros já que não iam todos, só haviam seis deles lá, o que deu certo, três de cada lado.

Eu revirei os olhos quando Renan, Matheus e Victor entraram no carro de Colin, mas tudo bem.

Seguimos até lá, compramos as entradas e era óbvio que as meninas são VIP’S até as 00h, a balada se chamava Rancho203, um nome engraçado para uma balada, eu sei, mas eu gosto bastante dela, o seu interior é completamente diferente de todas as baladas de São Paulo, ou até baladas internacionais que já havia ido, mas era bem legal, tinham luzes azuis, vermelhas, e aquelas brancas piscando como loucas, eu sabia que Colin odiava essas luzes porque elas sempre o deixavam zonzo, mas sabe o que eu quero né, que ele se foda.

A balada até parecia as vezes algo para pessoas mais velhas já que haviam pufes em forma de tocos de árvore espalhados por toda a balada, isso era para gente cansada, mas a musica, não era nada de roça e nem velha, eram bem legais, eletrônicas, pops, e até uns funks aleatórios, muito boas de verdade.

Eu estava dançando com a Sofia, nós nos divertíamos muito juntos isso desde a nossa infância.

O que era engraçado e que quando eu estava com ela eu não precisava de mais ninguém, mesmo vendo as meninas ali e eu vendo muito olhares furtivos em cima de mim, olhares que me desejavam, mesmo eu estando com uma garota ao meu lado ao meu lado. Acontecia que eu não estava nem ai para esses olhares eu estava com Sofia e isso era o importante para mim, decidi parar de reparar nas meninas que me olhavam e foquei em dançar com Sofia, eu gostava dela, ela era gostosa e uma das melhores pessoas que eu conhecia, então faria dessa noite algo bom para mim e para ela o máximo possível, caso ela quisesse ficar com alguém, ai eu ficaria com outro alguém também.

Dancei muito eu era muito bom dançando afinal eu amava dançar, mas precisava beber alguma coisa e como se lesse a minha mente Sofia virou para mim e disse.

— Vamos beber alguma coisa? – perguntou a mim.

— Bora! – respondi.

Mesmo me divertindo a beça eu ainda não conseguia tirar 100% dos meus problemas da cabeça, isso queria dizer que eu ainda pensava nas minhas notas e no quanto eu precisava melhorar.

E mesmo com as aulas que o Colin estava me dando, eu não ia melhorar nunca se eu não prestasse atenção ao que ele dizia.

Droga até consciência eu estou tomando agora.


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