Mudança de Passarela escrita por VFarias


Capítulo 11
Trocas de roupas.


Notas iniciais do capítulo

Acho muito engraçado como os modelos se transformam a cada troca de roupa, como sua fisionomia muda, como eles se transformam e se formam apenas por causa de uma jaqueta diferente, um sapato novo, toda a postura, toda a expressão, o andar, tudo muda.
Seria ótimo diversas vezes se na vida fosse fácil assim!
Modelos são na realidade como se fossem atores representando papeis diversos em varias noites, dias, ou simplesmente em cada desfile eles se transformam e queria eu poder me transformar, a cada roupa um ser, a cada sapato um novo caminhar kkkkkk.
Nossa seria um sonho.


P.S

Eu amo abraços, são a melhor forma de demonstração de afeto já inventada!



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Narrativa – Pietro.

A “AL” havia nos chamado para a prova de roupas logo no primeiro de Setembro, aliás todos os modelos que participariam do primeiro evento do meio fim do ano.

Era um desfile pequeno onde a “AL” só avaliava quem podia ou não estar indo para os melhores eventos deste ano que seria simplesmente um dos meus sonhos, ou seja, entre outros, desfilar no Japão, assim que eu entrei na “AL” os dois titulares da época haviam ido para o Japão com mais dois modelos, quando eles voltaram eles contaram como foi, depois mostraram para a gente as fotos e vídeos, eu fiquei encantado, eu precisava daquilo na minha vida, mesmo eles tento perdido a competição falaram que foi incrível, mas por terem perdido e não terem ficado nem entre os 10 melhores a “AL” foi retirada do palio até recentemente, lembro do dia em que recebemos o comunicado de que iriamos poder participar desde que estivéssemos no Ranking Mundial, bom nós estávamos e agora estávamos em primeiro, graças a contratação do Colin que tinha uma pontuação tão alta quanto a minha, pelo menos uma coisa boa tinha que vir deste idiota, mas se tinha algo que eu não podia negar é que ele era um ótimo modelo, completamente técnico e postural, óbvio que eu nunca na minha vida admitiria isso em publico, obvio que não, mas internamente eu sabia disso.

Eu não tinha problemas com essa avaliação da “AL” afinal eu era titular, eu não era o único, COLIN DESGRAÇADO, tudo bem Pietro, relaxa, eu estava bem.

A gente só desfilava nesse evento para aparecer mesmo, o outros garotos é quem estavam na berlinda, nós éramos uma equipe de 10 pessoa no todo, Colin e eu como titulares, Thiago, Victor, como os principais reservas, mas tinham bem próximo Renan e Matheus, e tinha os demais Caíque, Leonardo, Bruno, César, e a “AL” só levaria 4 de nós para o Japão, esse era meu foco, eu sabia que dois de nós eram Colin e eu, quanto aos outros dois torcia por Thiago e Matheus, nada contra Victor mas eu queria meus colegas comigo e eles  eram os melhores entre os demais, e eram mais legais também, não que eu fosse amigo deles, não eu não era amigo de perdedor a não ser de Thiago, mas ele não era um perdedor, ele era meu melhor amigo.

Eu havia chegado na agencia antes de que todos os outros modelos, eu sempre fazia isso, para poder ficar focando, mas hoje em especial era para aproveitar o máximo possível sem o fedo de carniça do urubu necrosado.

O evento estava marcado para às 20 horas e eu havia chego às 19 horas, ótimo, estava tudo muito bem, até agora.

— Por favor, onde ficam os camarins? – essa voz, não, essa voz não droga, Colin desgraçado, porque chegou tão cedo.

— Só seguir a linha dourada no chão. – disse uma mulher que pela voz pude deduzir ser a Camila.

Ele entrou.

— Oi. – disse ele a mim cordialmente.

Parece que a raiva da briga havia passado para ele.

Para ele, mas para mim não. Nem respondi.

— Olha só, a mocinha ainda tá de TPM. – disse Colin ironicamente. – Devia ir num endocrinologista ver essa questão hormonal ai, porque TPM eterna não e normal não cara.

— Cala a boca seu otário. – digo de volta.

Nós ficamos apenas sentados sem falar nada, por um bom tempo, apenas olhando cada um para o seu espelho esperando a hora passar.

A porta abriu e um dos organizadores entrou no camarim.

— Ótimo, os dois chegaram. – disse ele. – Os dois podem ir se despindo que as roupas que vocês vão provar já estão chegando, são 3 looks ao todo e vocês vão desfilar com as 3, só para aparecer, vocês sabem, exceto você Pietro, sua ida aos eventos e em especial o evento no Japão depende exclusivamente de suas notas, sua mãe ligou para nós e contou toda a sua situação, e ela esta bem prejudicada, Física, Química e Educação Física. Entendo que o Dourado é exigente, mas necessitamos de uma melhora sua, você é um dos nossos melhores modelos e precisamos de você, mas assim não vai dar.

— Droga! – me queixei mais comigo mesmo. – tenho até quando para recuperar essas notas e ir?

— Nas próximas provas você já tem de vir com todas azuis. – respondeu o organizador.

Ótimo, tenho dois meses mais ou menos para virar um nerdizinho, até parece, mas que merda, como vou fazer isso, não consigo entender absolutamente nada de Física e muito menos de Química, concordo que no caso da Educação Física é pura vagabundagem minha ir mal, mas sinceramente que merda eu tenho que saber as técnicas de todos esportes, eles podiam nos limitar a dois e tudo certo, ai tem aquele papo todo de cultura, dança, eu até gosto de dançar, mas porque tenho que saber quantos tempo tem um bloco de uma musica, ou o tipo de coreografia, fala serio, isso é ridículo, fora a parte teórica de treinamento físico, como musculação e etc. e o pior, embora devesse assumir que é legal até, anatomia, a maior dificuldade de todas é uma palhaçada.

Enquanto eu ficava divagando Colin já estava despido, o urubu necrosado já estava de cueca apenas esperando a roupa nº1, o corpo dele era todo desenhado, completamente riscado, todo musculo dele era bem visível, se eu tivesse prestado um pouco mais de atenção nas aulas de Biologia e Educação Física quando falavam de anatomia muscular, eu poderia até nominar cada um dos músculos dele, peito, braço, abdome, olha aquele abdome, as pernas desenhadas, e que bunda era aquela...

O QUE, QUE EU TO FALANDO? PELO SANTO DEUS!!!

EU DEVO ESTAR FICANDO PERTURBADO, ACHO QUE TEREI DE VOLTAR AO PSICOLOGO, SÓ POSSO ESTAR COM PROBLEMAS PSICOLOGICOS NOVAMENTE.

EU ESTOU REALMENTE REPARANDO NO CORPO DAQUELE VERME, ISSO É UM ABSURDO, NÃO NA VERDADE O MAIS ABSURDO É EU ESTAR ACHANDO ELE GOSTOSO.

Alguém me ajuda!!!

— O que foi mocinha, tá gostando do que esta vendo? – pergunta Colin sorrindo para mim.

— Vai se foder! Tá me estranhando? – digo a ele em resposta. – sou homem, seu imbecil.

Entraram no camarim com a roupa numero 1, a gente tem que estar despido quando a roupa chega para não perdermos tempo e sermos mais rápidos para nos trocar, tirei toda minha roupa, o mais rápido possível, droga eu estava atrasado.

Colocamos nossas roupas e fomos para a passarela, o camarim dos titulares é o mais próximo das coxias da passarela, lá fora nas cadeiras estavam todos os funcionários da “AL”, os donos, os diretores e todos os funcionários até os faxineiros, era sempre assim, todos eles tinham votos ativos.

— Sempre nesses eventos vêm todos os funcionários? – ouço Colin perguntando a Matheus.

— Sim. – respondeu o outro. – a “AL” sempre é inclusiva, e ela não diferencia voto, o voto do faxineiro e tão importante quanto o do dono da empresa.

— Isso é muito legal, na “AR” não era assim não, as coisas lá eram bem elitizadas. – disse Victor entrando na conversa.

— Muito bem, a ordem vai ser a seguinte: Caíque, Leonardo, Bruno, César, Renan, Matheus, Victor, Thiago e os dois titulares entram junto, Colin na direita e Pietro na esquerda, vocês faram uma parada brusca na frente trocam o lado na volta. – disse o organizador. – Sincronia!

Fizemos a primeira parte e voltamos, corremos para nos trocar, mais uma vez vi aquele corpo, MEU DEUS QUE CORPO BONITO DO CAROLHO... não feio, horroroso, não tem nada de bonito naquilo.

Meu deus olha o volume do urubu... O QUE? PIETRO PARA COM ESSA VIADAGEM PELO AMOR DE DEUS.

Troquei minha roupa o mais rápido que pude e corri para passarela, tudo para sair de perto daquele urubu necrosado.

— Tá correndo porque mocinha? – perguntou Colin terminando de colocar a camiseta parte do look 2 no corredor.

Apenas o ignorei e segui o caminho.

— Mesma ordem. – diz o organizador.

Na frente na hora de trocarmos de lado, Colin deu uma piscadinha para mim e eu revirei os olhos, idiota porque ele não esta levando o evento a sério, eu sempre soube que ele não era tão focado e santinho quanto quer que todos pensem, eu sempre soube que ele era um demônio, fazendo graça na frente de todo mundo, mesmo as escondidas.

Na nossa ultima troca de roupa, a calça que o Colin ia usar era bem apertada, e desenhou todo o traseiro dele e a parte da frente, eu estava enlouquecendo só podia ser isso, eu realmente ia pedir uma hora com a psicóloga da “AL”, depois de um distúrbio alimentar, um distúrbio sexual vem bem a calhar, merda de vida.

Agradeci quando a camiseta dele que era bem longa cobriu tudo que estava marcado e seguimos para a passarela, era o ultimo desfile.

— Ótimo, queremos uma nova foto para os titulares, quando chegarem a frente Colin e Pietro, vão fazer varias poses juntos, cerca de 10, na ultima quero um abraço, selando a dupla que vai vencer no desfile do Japão. – disse o organizado.

— ABRAÇO? – gritei.

— É Pietro, abraço, precisa que eu desenhe? – respondeu o organizador. – nós sempre fizemos assim e você sabe.

— Mas antes não era o Uru... o Colin. – respondi, meio sem graça.

— E qual o problema de ser ele? – perguntou o organizador. – ele é seu parceiro titular, é seu colega de equipe, e vocês ainda se conhecem desde pequenos, tem algo que você não esta nos contando?

— É que eu namoro a irmã dele e ele tem raiva disso. – disse Colin, aquele verme tinha que abrir a boca para falar merda, imbecil.

Apenas revirei os olhos, a merda já estava feita, apenas assenti para o organizador, mas tinha que admitir que isto é melhor do que ele saber que odiava aquele garoto com todas as minhas forças.

— Não quero saber. – disse o organizador. – vai ser assim, regras são regras, e seus problemas pessoais não interferiram nas mesmas, a mesma ordem de desfile.

Ótimo, eu não tinha nem o direito de escolha, como eu ia abraçar esse bosta.

Eu queria que tudo passasse bem lentamente, queria que cada um dos modelos desfilassem o mais lentamente possível, para que a minha vez demorasse muito para chegar.

Mas obvio que nada disso aconteceu, a ordem pré-determinada era a ordem com mais sentido que eu já vi: Caíque, Leonardo, Bruno, César, Renan, Matheus, Thiago e Victor geralmente na “AL” eles colocavam os melhores modelos por ultimo, então tirando Colin e eu, era muito provável que eles tinham fortes cotações relacionadas à Thiago e Victor, tinha que admitir que Victor era realmente muito bom, melhor que todos os outros da “AL” até mesmo que Thiago, então queria ele lá no Japão também.  Ótimo, porquê eram eles que eu queria viajando comigo.

Finalmente chegou a minha vez e a do Colin, mas por incrível que pareça o Urubu parecia tão desconfortável quanto eu em relação aquele momento, lembro de desfilarmos até a frente, cruzamos trocando de lugar e voltamos a frente.

Fizemos a primeira pose.

A segunda pose.

A terceira pose. Quarta, quinta, sexta, sétima, oitava, nona, e finalmente chegou a ultima, a parte do abraço, o mundo parecia estar em câmera lenta, caminhamos um em direção ao outro, o meu olhar de repulsa eram bem visíveis nos olhos de Colin, mas nos dele não tinham repulsa, mas também não tinha afeto, era só um olhar vazio, nós fomos chegando cada vez mais perto um do outro, e eu me lembrei que a gente só tinha se abraçado na vida duas vezes e por obrigação ainda, tudo porque cometemos o erro de estarmos próximos em duas datas comemorativas como Natal e Ano Novo, o abraço aconteceu e naquele momento um choque começou a percorrer pelo meu corpo, sentir o corpo dele em contato com o meu, era bom e até reconfortante, consegui deixar a raiva de lado por uns instantes e aproveitar aquele momento, eu não recebia muito abraços e hoje eu percebi o quanto isso me fazia falta, Colin me abraçou forte, me deixando seguro mesmo, eu tentei retribuir, por mais viado que isso seja, porque naquele momento eu estava bem, naquele momento eu estava confortável.

Era um abraço bem caloroso, confortável, firme e eu estava realmente querendo ficar ali um pouco mais de tempo.

Eu ouvia todos os cliques das fotos, mas já estava mais do que na hora de soltar aquele abraço, aquilo estava levando tempo de mais, mesmo que na realidade fossem só alguns segundos.

Me soltei do abraço dele e na mesma hora meu olhar voltou a seriedade, frieza, e raiva, afinal sim, eu odiava aquele garoto, e depois de hoje eu odiava ele ainda mais, ele ficava me enchendo desde a hora em que chegou, me enchendo com seu corpo boni... horrível, feio, horroroso, me enchendo com suas gracinhas e com esse seu abraço confortável, mas que droga Pietro, quando foi que você ficou tão viado? Inadmissível isso é ridículo de mais. Eu precisava de mulher.


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