Mudança de Passarela escrita por VFarias


Capítulo 13
Isso só pode ser loucura.




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Narrativa- Pietro.

Segunda feira, dia de aula, essa escola já deu o que tinha que dar, eu já estava de saco cheio e para piorar meu dia, eu teria aulas particulares com o Colin hoje, eu na realidade estava contando que por algum milagre ele não quisesse mais me dar aulas, mas aparentemente eu estava muito enganado nesse quesito.

— Colin estará aqui daqui a pouco? – perguntou minha irmã depois da escola.

— O namorado é seu e não meu minha filha. – digo em resposta. – por mim ele podia cair no barranco e morrer.

O tapa veio direto na minha cabeça, e não era de minha irmã era da minha mãe.

— Tenha respeito por quem esta te ajudando seu mal agradecido. – disse minha mãe. – Eu fui informada que depois do evento de Londres você e o Colin andaram brigando algumas vezes, depois de saber disso eu conversei com ele e ele me contou como aconteceram as brigas, eu vou conversar com seu pai hoje sobre esta palhaçada de suas brigas com Colin, outras pessoas me disseram que você simplesmente o soca sem motivo.

— Não é bem assim... – digo, alias como é que ela sabe das brigas se eu não falei para ninguém?  

— Eu conheço você criança. – disse minha mãe. – provavelmente o pobre do Colin falou alguma coisa pequena e você explodiu.

— Se você conversou com o Colin provavelmente ele te contou tudo. – retruco.

— Ele não falou tudo só disse que brigaram e que ele não gostou nada disso. – disse minha mãe. Eu não estava entendendo este garoto era a segunda vez que ele me dava cobertura das merdas que eu fazia, embora ele não parecesse realmente incomodado de me acertar alguns bons socos. – Foi muita sorte eu conseguir o Colin para ter dar aula, e ele é um garoto tão bom que ainda assim vem te dar a aulas depois de tudo que você fez com ele.

Maravilha, o menino de outro e o delinquente isso daria uma ótima história.

Isso é ótimo de verdade, sim eu estou sendo irônico, mas ao mesmo tempo é bom mesmo ele vir me dar aula, se eu prestar atenção realmente eu sei que consigo aprender, porque apesar de tudo ele explica direito e de uma maneira bem simples, mas eu por não gostar dele não consigo prestar atenção.

Pelo menos uma coisa boa eu tinha garantido, meu pai não estava em casa, ou seja, 90% das cobranças diárias eu não teria hoje, na verdade eu não teria por um bom tempo, porque graças a Deus ele foi viajar a trabalho.

Ainda era a ultima semana de Agosto, e eu não via a hora de chegar a próxima semana e toda a agenda da “AL” começar realmente, por outro lado isso queria dizer que eu teria que assumir meus compromissos com a escola muito mais a sério. Por que as coisas não podiam ser só simples e fáceis?

Eu estava no meu quarto ouvindo musica logo depois do almoço, eu estava tranquilo, calmo e sereno, pouco depois ouvi as batidas de Colin na porta.

Ótimo, minha paz acabou.

— Entra. – digo sem animo.

Sentei na minha cama vendo Colin abrir a porta, ele estava com bermuda tactel florida, branca e amarela, uma camiseta regata amarela, mas era um amarelo bem clarinho, e no pé um chinelo branco, ele usava um boné branco com a aba virada para trás e estava com uma cara de poucos amigos.

— Vamos precisar colocar algumas regras nisso aqui a partir de agora! Antes deixa eu te perguntar uma coisa... – disse ele como se estivesse realmente irritado comigo, e não era para menos, por mais que não tivéssemos brigado realmente nos últimos dias, eu sei que não tratava direito, mas eu não gostava dele mesmo, então como podia tratar ele bem, fiz um movimento com a cabeça indicando que ele falasse logo o que queria. – Se eu entrar você vai agir como animal, ou como uma pessoa normal?

Ele perguntou Colin ironicamente sem realmente entrar no meu quarto.

— Deixa de ser idiota e entra logo, vamos começar com isso. – digo em resposta. – não vou te bater de novo. Não hoje pelo menos.

— Isso é muito motivacional. – disse ele revirando os olhos.

— Vai entrar ou não vai? – questiono, eu precisava estudar, então não podia agir 100% como idiota.

Ele entrou e foi direto a mesa, colocou sua mochila sobre ela e começou a tirar suas coisas.

— Vamos estudar química hoje, vamos começar nossas aulas de laboratório na semana que vem, os protocolos químicos do terceiro ano são bem complexos. – disse ele a mim. – Depois vamos para física porque temos outro teste para fazer em setembro e temos as provas também, espero que você esteja estudando as outras disciplinas, as primeiras provas estão chegando.

— Tá bom. – se tem uma coisa que eu odeio mais que física, é química. – E eu to estudando.

Mentira estou estudando porra nenhuma.

— Abre nos arquivos de química, e abre seu livro na parte de protocolos, vamos estudar eles de inicio.  – começou Colin. – Vocês do Dourado estão muito atrasados nos conteúdos.

Abri o conteúdo que ele havia me enviado no notebook e lá estava tudo mais que resumido e explicado tudo de uma forma simples, eu nem precisava que ele explicasse tudo que estava lá porque eu conseguia entender o que estava lá, porem depois eu não conseguia resolver os exercícios porque eu não entendia nada do que está escrito.

Eu pensava que física e química eram matérias de exatas, mas parece que para ser um medico eu precisava saber dessas duas coisas, física nem tanto, mas química, química orgânica era algo completamente fundamental.

Eu estava me lembrando da aula passada de química quando Colin só quis aparecer.

***

— Pessoal um átomo cujo número atômico é 18, esta classificado na tabela periódica como? – perguntou o professor.

— Metal Alcalino professor! – Responde uma menina que se senta ao meu lado.

— Metal Alcalino? – questiona o professor. - certeza?

— Professor? – Chamou Colin, puxando a atenção para si. – Acredito que seja gás nobre. Se fizer a distribuição eletrônica no Diagrama de Pauling, da para ver que se trata especificamente do Gás Argônio.

É o que? Gás Nobre? Diagrama de Pauling? Que merda é essa? Odeio química.

***

Acabei sorrindo para essa lembrança, o garoto era muito inteligente e isso eu não podia negar, Colin já tinha começado a explicar todas as coisas que tinha proposto para a aula de hoje e quando viu eu sorrindo seu semblante se fechou.

— Você vai prestar atenção ou vai ficar ai viajando nas suas ideias? – questionou ele. Ótimo estava recebendo uma chamada de atenção do Colin, isso era maravilhoso.

— Vou prestar atenção né mané, vai logo com isso. – digo, meio sem graça, mas não demonstro isso, por fora parecia arrogante e prepotente como sempre.  

Eu decidi realmente prestar atenção porque precisava aprender, mas então enquanto prestava atenção ao que Colin dizia, porque sim ele explicava muito bem, claro que eu nunca admitiria isso a ele, mas eu estava realmente entendendo o que ele dizia, e foi prestando bem atenção nele que pude reparar um pouco em alguns de seus detalhes, quando ele estava concentrado explicando ele franzia a testa, e quando estava concentrado lendo algo ele fazia um biquinho com a boca, e isso o deixava meio sex... Que? Não! Deixava nada. Era ridículo e patético! Pelo amor de Deus o que, que estava acontecendo comigo?   

Foco Pietro!

Com o passar do tempo eu não conseguia deixar de reparar na boca dele, ela era bem bonita, bem desenhada, os olhos também. Reparei que no canto do olho direito dele havia uma cicatriz tão pequena que era quase invisível, mas eu estava tão próximo dele que conseguia ver ela e então eu me lembrei de onde ela veio.

***

Era meu aniversario, todos os meninos jogavam bola, incluindo Colin e eu não queria que ele estivesse lá, era meu aniversario e minha mãe tinha o habito de chamar a família dele para as festas em casa, por Sofia tudo ótimo, mas por Colin, Deus me livre, esse moleque era nojento.

Colin estava de zagueiro, e eu de atacante do time adversário, fui em direção ao gol e de proposito prendi meu pé ao dele e puxei, fazendo- o cair de cara no chão.

Logo em seguida todo mundo estava ao redor dele, e o levaram para o hospital com um corte no canto do olho direito, ninguém me culpou por aquilo, afinal era um jogo de futebol, coisas assim aconteciam, o idiota ainda estragou meu aniversario porque ficou todo mundo preocupado com ele.

***

Quando voltei a mim eu estava olhando diretamente para ele com a cara mais pacata do universo, graças a Deus ele não reparou nisso, ele estava tão concentrado na leitura do texto que não me viu.

Meu Deus eu to reparando muito nesse idiota.

A questão é que conforme o tempo foi passando eu não só achava bonito os seus detalhes eu começava a sentir certas vontades em relação a ele.

Aquilo foi me deixando nervoso, e por decorrência com calor.

Eu comecei a ficar inquieto na cadeira ao seu lado e isso estava me incomodando, logo ele repararia que eu não estava mais tão concentrado, pois vi que estava tirando um pouco da concentração dele.

— Você esta bem cara? – perguntou ele virando o rosto totalmente para mim, o semblante irritado de antes sendo substituído pelo semblante preocupado.

— To... To bem sim. – respondi meio que gaguejando por nervosismo. – Continua ai mané!

Terminei respondendo tentando voltar a minha postura de superioridade.

Ele olhou para minha cara e franziu ainda mais a testa e fez um biquinho bem mais proeminente, ele estava me analisando, igual ele fazia com as matérias e questões que estávamos estudando.

— Você não me parece bem, está suando como se tivesse jogado uma partida de futebol e nem esta tão calor assim. – disse ele. – precisa de alguma coisa? Água? Algum remédio? Tá passando mal?

Ele se aproximou e as vontades só cresceram, eu estava me controlando, mas o problema é que eu sou muito impulsivo, quando vejo já estou fazendo as coisas e só depois paro para pensar.

Me levantei da cadeira e fui para a janela.

— Tá... tá... tá calor aqui só isso. – gaguejei mais um pouco ao dizer.

Porra eu sou hétero, ele é hétero que caralhos eu estava ficando com vontades estranhas em relação a este urubu logo agora.

— To achando não. – disse ele se virando na cadeira para olhar na minha direção. – para mim esta normal.

— Mas eu to com calor. – digo a ele, sem nem me virar, talvez se eu não o olhar eu consiga evitar ter essa vontade, muito embora todo este interrogatório estivesse me irritando já.

— Eu vou chamar a tua mãe, tu não me parece nada bem. – disse ele levantando da cadeira também, mas em vez de ir para fora do quarto veio em minha direção, eu pude ver pelo vidro da janela.

Filho da puta, desgraçado, sai daqui, se não eu vou fazer uma loucura, foi então que eu explodi, se eu não fizesse isso com certeza que faria merda.

— Sai fora cara! – disse evasivamente e seriamente. – Eu só estou cansado e de saco cheio de olhar para a sua cara. Some daqui!

Ainda dou um empurrão nele.

— Cara calma, eu só to querendo te ajudar, você esta todo agitado, suando. – disse Colin se aproximando novamente de mim. – Me diz o que esta acontecendo?

O que esta acontecendo? Eu também queria saber, o que esta havendo para eu estar querendo experimentar esta sua boca seu Urubu Necrosado de merda.

— Colin, só vai embora! – digo virando meu rosto para a janela novamente.

— Você deve estar realmente se sentindo muito mal, até me chamou pelo meu nome. – disse ele debochando, esse filho da puta ainda tá zombando com a minha cara.

— Vai embora logo seu idiota! – mandei, ainda sem olhar para ela.

Depois disso ele se virou apanhou suas coisas e saiu do meu quarto.

Corri e fechei a porta eu realmente queria ficar sozinho.

Não demorou muito para minha irmã vir bater na minha porta, eu estava jogado na cama e lá fiquei não queria ver ninguém, principalmente a minha irmã, afinal era o namorado dela que eu estava querendo beijar a poucos minutos, pude deduzir que meus pais não estavam em casa, porque se não eram eles quem estariam batendo na porta.

Minha irmã continuou batendo na porta e eu continuei sem responder.

Até que ela cansou, mas ela jamais iria embora sem deixar para trás um pouco de sua raiva.

— Você é um idiota Pietro! – disse ela irritada.


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