No dia seguinte Kate e Castle fechavam as malas quando ele, muito espirituoso, fez um comentário divertido para a esposa — Amorzinho, isso que eu chamo do milagre da multiplicação... – ele apontou para a bagagem dela.

— Ãããnnhh?? – imaginando do que ele falava, Kate prendeu a risada e, só para provoca-lo, fingiu não compreender o que o marido falava — Não entendi...

Mesmo sabendo que a esposa estava pilheriando, pois gostavam deste tipo de brincadeira, ele, com muito bom humor, explicou — Tivemos que comprar uma nova mala somente para colocar as coisas que você comprou para a Alexis.

— Ah, Rick... – Kate tentou se justificar, mas logo foi interrompida pelo marido que achava engraçado o jeito que ela ficou tentando se explicar.

— Hey, amor, sério que você vai se justificar? – ele sorriu— Claro que não estou reclamando e você sabe disso. Apesar de ser divertido, eu só estou achando lindo sua vontade de levar tudo para a Alexis! – ele a abraçou e a beijou — Eu sei que você a ama e quer fazer tudo para agradá-la... Mas você sabe que ela também te ama, não sabe? E mesmo se você não levasse nada ou quase nada para ela, ela iria te amar do mesmo jeito, não sabe?

— Sim, eu sei... Mas é que eu tinha certeza que as coisas que eu comprei aqui para a Alexis, eu não iria encontrar lá aonde moramos...

— E você fica ainda mais linda quando fala da Alexis. – ele falou e a encheu de beijos no rosto, nos lábios, no pescoço.

— Eu amo a Alexis como se ela fosse minha filha. – Abraçada pelo marido, Kate confessou, emocionada.

— Eu nem fico surpreso ao ouvir esse seu comentário, Kate, pois desde sempre você demonstrou amar a Alexis.

— Pois é, meu amor... Apesar de eu ter somente quinze anos a mais que a Alexis, eu bem que queria que ela fosse mesmo minha filha.

— Hummm! E eu sei que ela também te ama com a mesma intensidade, Kate e se bem conheço a minha filha, sou capaz de apostar que ela também queria que você fosse mãe dela. Quando ela fala de você os olhos dela brilham e... – Castle sorriu ao admitir, mas foi interrompido pelo toque do telefone interno avisando que o carro já os aguardava para leva-los ao aeroporto.

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Após a lua de mel, Kate e Rick retornaram a rotina de trabalho.

Kate tinha terminado sua jornada naquela quarta-feira e estava exausta, pois a Emergência Pediátrica estivera movimentada o dia inteiro.

Ela não tinha ido de carro naquele dia, já que combinara com o marido de irem ao supermercado. Iriam fazer compras.

Kate o aguardava em pé do lado de fora do hospital, quando um homem, envolvido com a leitura de mensagens do seu celular, alheio ao mundo, se esbarra nela.

Kate respirou fundo e buscou paciência para não lhe dizer um desaforo, pois achava um absurdo as pessoas ficarem tão entretidas com seus celulares, até mesmo enquanto andavam.

Chateada, Kate deu dois passos para o lado, mas não falou nada.

Ao perceber que se esbarrara em outra pessoa, o homem levantou as vistas e se desculpou de modo quase automático, mas era nítido que ele pouco se importava se havia ou se não havia incomodado alguém — Oh, desculpa...

Ele era um homem alto, magro, feições marcantes e bastante atraentes, cujos cachos loiros estavam em desalinho. Trajava uma calça jeans escuro e uma camisa branca por baixo de uma jaqueta de couro preta sofisticada, indicando que tinha um excelente poder aquisitivo. Sim, ele até podia ter dinheiro, mas bons modos, não tinha.

O moço trazia na face uma expressão que demonstrava ser egocêntrico, e, de um modo quase animalesco, mirou Kate dos pés à cabeça. Só que ao analisar a linda figura dela, ele transformou drasticamente seu olhar para sedutor, demonstrando que gostava muito do que via.

— Sou um homem de sorte... Eu me esbarrei em uma linda princesa!

“Que cantada mais tosca!”— Kate revirou os olhos. — “Deve ser um completo imbecil!” . Ela não deu atenção a ele e deu mais dois passos para o lado, deixando claro que não queria conversa.

No entanto, o moço parecia insistente e foi atrás dela e a olhava de modo rude, demonstrando prestar muita atenção no corpo e no rosto dela até que ele fez um comentário que deixou Kate abismada — Hey, eu sou um excelente fisionomista e posso apostar que você é aquela menina briguenta que quis provocar minha suspensão no Saint Anthony of Padua Educational Institute... Só não fui expulso porque meu pai era o melhor advogado do estado. Aliás, ele ainda é o melhor advogado do país...

Mesmo abismada com aquela péssima coincidência e a excelente memória daquele homem, Kate não conseguiu evitar um pensamento... “Com certeza ele não cresceu e ainda se via como o filhinho do papai!” – Kate pensou e quase riu com aquele comentário ridículo dele, pois, ficou evidente que ele continuava o mesmo babaca que ainda devia andar na aba do pai.

Apesar de não se recordar da fisionomia do brigão do colégio, tudo levava a crer que aquele homem ridículo e grosseirão era ele mesmo, o Fredy.

Ele parecia estar buscando o nome dela na memória até que apertou a boca num sinal de vitória e estalou os dedos, demonstrando que tivera êxito — Kate! Isto mesmo, você é a Kate...

Pelo visto, a única coisa que prestava naquele homem era a excelente memória. Mais uma vez Kate revirou os olhos e rangeu os dentes, chateada por ter que passar por aquela situação. 

Como não queria falar com ele, até porque não tinham assunto para conversar, Kate voltou a se afastar e desta vez andou um pouco mais para a frente e olhava atentamente para ver se encontrava o carro do marido, mas só que Fredy, insistente, foi atrás dela.

Kate não dava atenção para ele, muito menos confirmou ser a menina que ele mencionara, contudo, ele estava convicto de que ela era mesmo a Kate — Você já era uma belezinha quando era criança, mas agora, você está o máximo! – pervertido, Fredy falou com olhar de desejo — Que tal se a gente fosse ali tomar uma cervejinha e se conhecer melhor, eihm, coisa linda... Eu sou Frederico Smith... Está lembrada de mim?

— Pelo visto você continua o mesmo... Desagradável e grosseirão! – Kate afirmou e o olhou com raiva — Se me der licença, eu não quero conversar com você, então, que tal continuar seu caminho? Você estava entrando no hospital... Deve ter um compromisso.

— Ah, sim... Eu vim visitar uma amiga, a Alice... Ela pensa que é minha namorada. – tal e qual um delinquente, ele falou com desdém e deu um sorriso sarcástico — Ela passou por uma cirurgia de apêndice, mas eu tenho certeza que a sua presença, Kate, é muito mais agradável e deliciosa do que olhar para a cara de dor da Alice. – Fredy riu de um jeito bastante desagradável.

Irritada com a situação, Kate olhou em volta à procura de um policial ou mesmo um Segurança do hospital, mas não o encontrou, então, o jeito era se afastar mais uma vez e assim o fez.

Kate retornou ao seu local inicial, ficando mais próxima a porta do hospital, onde pessoas passavam de um lado para o outro.

Só que Fredy a seguiu novamente.

A insistência dele a incomodou e se controlou para não dar um murro nele — Será que eu vou precisar soletrar que eu não quero ficar do seu lado, muito menos conversar com você? Você é uma pessoa desagradável!

— E você é linda e muito gostosa! – Ágil, ele tocou nos cabelos de Kate e ela o empurrou com força, derrubando-o no chão.

— Pelo visto você continua a mesma briguenta de antes, não é? Gosto disso... Uma mulher selvagem... Vou adorar te domar na cama!

Aquele comentário rude de Fredy tirou Kate do sério e, sem pensar duas vezes, o esbofeteou com muita violência, só que ele, mesmo impactado com o tabefe, ao invés de cair novamente ao chão, segurou Kate pelos ombros, deixando-a assustada — Sinto que vamos nos dar muito bem, moça. Você é quente!

Naquele momento Kate se viu liberta pelo marido e num piscar de olhos Fredy estava mais uma vez no chão, com o rosto vermelho. Gotículas de sangue escorriam do nariz e dos lábios do loiro.

Incansável, ele se levantou, passou as mãos nos lábios e no nariz, tentando limpar o sangue, e se aproximou novamente de Kate, mas desta vez olhou para o homem que estava ao lado dela e que o tinha atingido — Hey, grandalhão, não está vendo que esta moça está comigo? Estamos tendo uma briguinha de namorados... Eu e ela sempre fomos assim... Desde criança, não é docinho?

Aliviada por ter sido salva, Kate ficou morrendo de raiva ao ouvir aquele comentário estúpido da boca de um imbecil.

Castle olhava Fredy com um olhar mortal ao esbravejar— Você é um babaca! Será que você é tão burro a ponto de não entender que esta moça não quer nada com você? Vê se se enxerga! Não quero estragar sua fantasia, mas esta moça não teve, não tem e nunca terá nada com você.

— Chispa daqui! – Fredy estava nervoso— E quem é você para falar isso com tanta propriedade, eihm, sabichão?

— Eu sou o marido dela. – Se o olhar feroz que Castle matasse, Frederico estaria morrido.

Kate aceitou a mão que Castle oferecia para ela — Vamos embora, amor.

Fredy olhou o casal e mostrou-se entediado, mas continuava o mesmo observador de sempre — Você me lembra o grandalhão que a salvou quando ela era uma pestinha de tranças... Muito linda, é verdade, mas era uma pestinha.

Ao ouvir aquele comentário Castle franziu a testa e logo percebeu que aquele idiota era o tal do Fedy que maltratou Kate quando ela era apenas uma criança e isso o enfureceu.

Percebendo que o marido estava furioso e queria avançar para bater no outro homem, Kate segurou forte na mão dele e o puxou para irem embora — Amor, não dê atenção para o que ele fala. Não vale à pena. Ele é um idiota. Vamos!

Fredy olhava Castle com raiva e o ameaçou— Vou falar com o meu pai para processar vocês por agressão. Ele é o melhor advogado deste país.

Castle acolheu o conselho da esposa e seguiu com ela até o carro, mas antes de se afastar ele olhou fixamente para Fredy e deu uma risada ao ouvir o último comentário ridículo do loiro — Vê se cresce, babaca!

Fredy ficou ainda mais furioso quando Castle deu um novo conselho antes de se retirar— Acho melhor você ir para uma clínica veterinária, Fredy, porque seu nariz e sua boca estão sangrando.

Já dentro do carro a caminho do mercado, Kate demonstrou sua gratidão pelo marido chegar e livrá-la do Fredy — Ah, amor, pelo visto o Fredy nasceu para ser um imbecil e você nasceu para ser meu herói! – ela sorriu ao olhar o perfil másculo do marido que tinha sua atenção no trânsito.

No segundo seguinte o veículo parou por conta do semáforo vermelho e aí eles se olharam e sorriram.

— E você continua a mesma menininha valente de sempre, meu amor. Adorei ver você em ação! – ele sorriu — Quando eu cheguei ao estacionamento eu te vi parada me esperando e vi também um homem ao seu lado e até pensei que fosse um médico ou um amigo, sei lá, só que eu vi que você estava com uma expressão chateada e só então percebi que você se afastava e ele ia atrás e logo depois presenciei você empurrá-lo ao chão e depois a bofetada que você deu nele. Eu até tentei parar e correr para te ajudar, mas eu não encontrei vaga. Como eu estava aflito, parei fora da vaga mesmo e corri para te socorrer.

— Ainda bem que você chegou, Rick.

— Uma falha do hospital não manter, pelo menos, um Segurança na porta, não é, Kate?

— Vou relatar isso para o hospital. Com certeza deve ter câmera de segurança e vou mostrar o perigo que corri... Isso poderia ter acontecido com qualquer um... Até uma criança.

— Verdade!

— Obrigada por ter me protegido mais uma vez, amor. – ela se aproximou e deu um beijinho nele, mas logo o sinal verde apareceu e ele colocou o carro em movimento.

— Rick, será que aquele imbecil vai pedir ao pai para nos processar?

— Querida, se o pai dele nos acionar, tenho excelentes advogados. Mas eu te juro que não estou preocupado com isso e acho que você devia fazer o mesmo.

Óbvio que os dois ficaram chateados unicamente com a imbecilidade e a falta de compostura do Fredy, no entanto, com o passar dos minutos a situação se dissipou e nunca mais tocaram naquele assunto.

Não houve queixa ou qualquer tipo de ação contra Kate e Castle.

Aquele episódio não alterou de forma negativa o relacionamento do casal, muito pelo contrário, mostrou que eles estavam mais unidos do que nunca.

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Continua...