Maya suspirou apenas de lembrar do feriado, não que pudesse de fato esquecer o que quatorze de fevereiro significava em Nova Iorque afinal o próprio metrô está lotado de casais sorrindo abobalhados uns para os outros. O fato é que ela, meses atrás, quando na chácara conversou com Josh sobre fazer o jogo longo esperava que neste momento pudesse ser junto com o irmão mais novo de Cory um casal sorrindo abobalhado, porém obviamente não aconteceu. E ter passado o dia com o casal raio-de-sol e o casal de pseudo-robôs não ajudou muito no seu humor. Ela, na verdade, contava com Zay para se distrair um pouco, eles desenvolveram uma espécie de amizade quase colorida, no entanto depois que ele começou um namoro à distância com Vanessa ficou meio complicado, sem contar que ele viajou para o Texas para fazer uma surpresa para sua amada. Seus amigos tentaram não a deixar de lado, mas as coisas estavam ficando estranhas, e o seu humor não permitia que ela levasse a situação para um lugar diferente da decepção amorosa com Josh, então para ninguém mais sair frustado, ela decidiu que era hora de ir embora. 

Maya levou um ou dois segundos para se estabilizar depois que o metrô freou bruscamente a fazendo despertar de seus pensamentos. Bufou irritada ouvindo o condutor avisando que ficariam presos por alguns minutos por algum motivo que ela não conseguiu e nem mesmo se deu ao trabalho de entender, estava cansada. O dia tinha sido longo demais e tudo o que queria era chegar em casa, tomar um longo banho e dormir até a manhã seguinte, quando não será mais o dia dos namorados. 

Checou as horas no celular e viu que ainda não se passava das 19h. Ainda com o aparelho, enviou uma mensagem para a mãe, avisando que o metrô parou para que ela não se preocupasse e recebeu quase imediatamente um OK de Kate, que também a avisou que estava saindo com Shawn para comemorar o feriado, o que fez Maya sorrir sarcástica de si mesma. 

— Patético. - Sussurrou enquanto bloqueava a tela do aparelho, poderia passar o tempo nas redes sociais mas para ver fotos de casais preferia encarar os do metrô. 

— Desculpa, disse algo? - O garoto ao seu lado perguntou fazendo com que Maya, antes perdida nos próprios pensamentos, o percebesse. Ele sorriu para ela. Alto, com pele clara, sardas no rosto, covinhas quando sorri, cabelos pretos e olhos castanhos, fez com que a Hunter piscasse algumas vezes antes de falar. 

— Seria estranho eu admitir que estava falando sozinha? - Perguntou, rindo fraco. 

— Um pouco. - O garoto piscou de forma fofa. - Mas todo mundo é meio estranho em Nova Iorque. - Acrescentou, fazendo Maya sorrir. - É um dos charmes da cidade, não acha?

— Na verdade... - Ela trocou o peso do corpo de um pé para o outro. - Acho um pouco preocupante. 

— Você é cautelosa. - Ele deu uma breve risada. - Respeito isso. - Disse antes de se mover para estender uma de suas mãos. - Aliás, sou Luke. 

— Maya. 

— Prazer te conhecer Maya. - Luke falou após se cumprimentarem e trocarem um sorriso. - Agora, me diz, o que está fazendo sozinha no dia dos namorados? 

Maya arqueou uma das sobrancelhas, mas que garoto abusado, pensou.

— Acho que posso te fazer a mesma pergunta, Luke. - Ela deu ênfase ao nome dele. - E poderia acrescentar que você não me parece o tipo de pessoa que anda de metrô. 

— Bom... Você me pegou. - Ele riu. - Digamos que estou sendo castigado. - Luke escolheu as palavras enquanto movia a cabeça de um lado para o outro. 

— Que tipo de castigo é ter que andar de metrô? - Maya sorriu de canto, interessada. - A não ser que você seja um... 

— Gênio, bilionário, playboy, filantropo. - O garoto imitou a voz do Homem de Ferro, o que fez a loira rir. 

— Acho que um gênio não usaria um relógio tão caro no metrô de Nova Iorque nesse horário. - A melhor amiga de Riley disse num sussurro. - Sério cara, esse negócio deve valer mais que o meu apartamento. 

— Como eu disse, castigado. - Luke sorriu, sem graça. - Minha babá uma vez quis ensinar aos meus irmãos e a mim as graças do transporte público mas acabou perdendo os dois mais novos no outro lado da cidade. - Contou, fazendo a outra rir. - Depois disso, não nos arriscamos muito em sair da limousine. 

— OK, bilionário com certeza. - Maya fez graça. - Então essa é sua, hm, segunda vez no metrô?

— É... - Respondeu ele. - O que posso dizer? Criação da Upper East Side? 

— Nossa, eu nem consigo imaginar como seria minha vida sem o metrô. - Disse a loira. - Passei grandes momentos aqui mesmo nesse vagão. 

— Sério? - Luke riu. - Tipo qual? 

— Tipo... - Ela olhou em volta. - Empurrei minha melhor amiga para cima do garoto que eu era afim dessa barra para aquele banco. - Riu da cara de surpresa que Luke fez. - E tive a primeira conversa séria com meu futuro namorado naquele banco ali. 

— Uou. - Ele disse, a fazendo rir mais. - Sua vida amorosa é intensa, hã? 

Maya abaixou a cabeça, sorrindo triste. 

— Ei, eu disse alguma coisa errada? 

— Não, não, imagina. - Ela se recompôs. - Eu só queria que meu futuro namorado não fosse mais tão futuro assim. - Disse antes de receber uma notificação de que Josh postou uma nova foto na qual estava abraçado com uma garota de cabelos castanhos, e um coraçãozinho vermelho na legenda. - Ou que pelo menos fosse meu. - Suspirou, bloqueando o celular. 

— Bom, Maya. - Luke chamou sua atenção. - Eu te conheço há alguns minutos e te acho super interessante. _ Elogiou fazendo com que a loira corasse. - Tenho certeza de que quem está perdendo é ele. 

— Obrigada, Luke. - A filha adotiva de Shawn agradeceu, ainda ruborizada. - Sua namorada deve ser uma garota de sorte, sardas de ferro. 

— Se ela existisse certamente concordaria, loirinha.

— Mentira, que o não-gênio, bilionário, playboy, filantropo sardas de ferro da Upper East Side não tem uma namorada? 

— Queria. - Disse, rindo. - Não existe garota que se equipare a mim, mera mortal. 

— Você está falando com a filha de Thor, meça suas palavras, meu caro. - A garota entrou na brincadeira. - Mas, falando sério, eu poderia ser Ártemis de tão solteira que eu estou. - Luke gargalhou alto, a contagiando. 

— Bom, eu não tenho namorada, você não tem namorado... - Ele começou e Maya prendeu a respiração discretamente com o que poderia vir a seguir. - Será que você pode me dar seu telefone? E sei lá, sair comigo qualquer dia. 

A loira ponderou por um instante, mas abriu um sorriso largo e desbloqueou seu smartphone. Se Josh podia, ela também, certo?

Certo? 

— Bom, sardas de ferro... - Maya trocou o peso do corpo de um pé para o outro. - Eu adoraria. - Luke sorriu de lado e eles continuaram conversando. Talvez esse dia dos namorados não tenha sido uma causa perdida.