Survivor escrita por Juh Castellan


Capítulo 3
O frio em meio às brasas


Notas iniciais do capítulo

Heeey peoples ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
Sorry pela demora, ja tava pronto tem um tempo, mas ainda tinha q concertar umas coisa...mas enfim, ta aq kkkkkk
Aproveitem e nos vemos no final ;)



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— Olivia, eu me chamo Olivia. - afirmei. - e a propósito, obrigada por voltar... me salvar e...

— Bem... Ée... Não se preocupe, era o mínimo que eu podia fazer- ele me interrompeu. – eu não podia te deixar lá, né?– disse coçando atrás da cabeça, com um sorriso nervoso. - bom não estamos na melhor das situações agora... Mas o que importa é sobreviver, não é? E vamos ficar bem, não se preocupe. - ele disse sorrindo, me pareceu que ele também tentava se convencer disso.

A chuva parecia ter dado uma trégua, mas a água ainda parecia ainda nos atingir em todos os ângulos. As ondas chocavam em todas as direções, respingavam para todos os lados. O céu estava escuro e denso, tornando-se um só com mar que permanecia extremamente hiperativo, o frio nos abraçava e dava suas boas vindas gélidas, era como se tivéssemos sido engolidos pelas trevas. Mesmo com a trégua da chuva, ainda parecia chover, os cobertores eram praticamente placebos, nos convencíamos de que fazia alguma diferença. 

O capitão estava encolhido, nem cogitava a possibilidade de se embebedar, provavelmente para não estragar sua bebida com a agua salgada que esguichava, assim como todos ali, tentava se manter dentro do bote e ao menos no mesmo lugar. Maiara e Tomas estavam juntos, mas de costas um para o outro; ambos encolhidos, assim como o resto de nos, cada um decidiu lidar com aquilo da forma mais difícil, ao que parece, se isolando ainda mais. Mesmo naquela penumbra, era bem visível que todos tremiam de tanto frio, o bote transformou-se numa piscina rasa. Não havia nada que podíamos fazer.

Todos pareciam sozinhos, imersos em sua própria dor e sofrimento, apesar de haver cinco pessoas ali, todas na mesma situação.

Pensei em todas ás vezes em que tinha muita gente no meu pé, ou ao meu redor, que estavam constantemente tentando conversar e se relacionar comigo, e a única coisa que eu desejava era ficar sozinha, que fossem embora, parassem de tentar o que quer que estivessem tentando e me deixassem só. Agora, acho que faria qualquer coisa por uma companhia, alguém que simplesmente me deixasse chorar em seu ombro e descarregar toda minha dor, medo e desespero.

Mas naquele momento era como estar solitário em meio á multidão, cada um dentro do seu próprio universo, aquele bote poderia ser enorme e abrigar mais dez pessoas, não faria a menor diferença, nem o quão próximas estejam, o frio cresceria e as consumiria ate os ossos; morrer de solidão em meio a diversas pessoas é como morrer de frio em meio as brasas, caso não se interliguem, é o mesmo que uma pessoa sozinha no bote lutando por sua própria sobrevivência.

Se não houver vínculos, acredito que só tornará tudo ainda mais difícil... Se não conseguirmos nos ligar numa situação como está, acho que nada poderia. Ao invés de nos unirmos, mesmo com desconhecidos, pelo simples fato de nos encontrarmos em igual estado, parece que decidimos nos afastar ainda mais, porque é mais fácil e mais conveniente, criar muros, separar, afastar... Do que criar pontes, tentar estabelecer uma relação com alguém e se esforçar para mantê-la. Vai muito além de uma simples conversa, um assunto ou condição em comum. Não é isso que mantem as pessoas conectadas, não é isso que nutri as pessoas unidas umas as outras. Mas o que sustenta nossas conexões? E o que faria com que criássemos uma relação agora? Isso seria capaz de nos salvar neste momento? Aliviaria nosso desespero? Nossa dor? Seria capaz de nos aquecer o suficiente para não morrermos congelados ou de hipotermia?

O frio adentrava na espinha e se espalhava pelo corpo congelando tudo o que encontrava, era como se conseguisse chegar em nossas mentes, corações, espíritos... Coisas que não eram físicas e sim fruto de nossa consciência.

Lembrei-me de todas as vezes que estávamos no verão, um calor absurdo e tudo que eu queria era frio, eu dizia que quanto mais frio melhor, porque pelo menos do frio da para se esconder. É claro, eu dizia tudo isso considerando o confortável cenário em que me encontrava em terra firme, que poderia ficar em casa sempre que possível, que poderia me agasalhar bem quando tivesse que sair e caso não o fizesse, minha mãe brigaria comigo até que eu estivesse suficientemente quente aos olhos dela, ou não sairia de casa.

Não sei o quanto mais aguentaria aquilo. Só queria que isso tudo fosse um terrível sonho...Ou melhor, pesadelo. De qualquer forma meu maior desejo era acordar logo, mas se com todo aquele frio, não tinha acordado ainda, eu não estava dormindo. Não sentia mais meus dedos, ás vezes olhava para ver se ainda se encontravam ali, minhas mãos sumiam lentamente, tentava movimenta-las apenas para retardar o congelamento, qualquer tentativa de parar ou retardar o frio que intensificava a cada segundo, se mostrava inútil.

O bote girava e remexia, devido ao vento cortante que soprava em todas as vertentes, tentando se manter ileso contra ás impetuosas ações da natureza.

Com o chocalhar, William e eu éramos jogados um para cima do outro ou puxados para direções opostas, como dividíamos uma das cobertas, tentávamos nos permanecer juntos, havia cordas presas do lado externo do bote, tentávamos segurar nelas, para continuarmos no mesmo lugar. Não era eficaz nem de longe. Ora ele era jogado em cima de mim, ora eu era jogada em cima dele, fazíamos o possível para não chocar nossos rostos, mas as colisões pareciam inevitáveis. O fato de vestirmos apenas os cobertores também não cooperava muito, nossos movimentos eram limitados caso não quiséssemos algum tipo de exposição indesejada. Maiara pôs nossas roupas no compartimento do qual havia tirado as mantas, pelo menos poderíamos reavê-las em algum momento.

A água espirrava em nossos rostos, as ondas se sentiam na liberdade de se despejar dentro de nosso pequeno e humilde refúgio. O nível da piscina rasa em que estávamos só subia, Fui arrastada para trás, William fez algum movimento que não fui capaz de visualizar bem, mas isso acabou jogando-o na direção oposta à qual fui puxada. Tinha alguém atrás de mim. O capitão? Talvez, Tomas? Não sei, o bote tinha virado uma piscina bem funda, estava começando a achar que tínhamos realmente sido engolidos pelo mar, mal conseguia manter meu nariz acima da água.

O movimento então mudou, a água estava abaixando, finalmente. Não. Isso, nesse caso, não era bom. Estávamos sumindo, o bote se inclinava cada vez mais na vertical.

—VAMOS CAIR! – uma voz masculina gritou.


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Notas finais do capítulo

Pretendo demorar menos pra trazer os proximos, inclusive o cap 4 ta quase pronto, acho que semana q vem ele da as caras kkkkkk
Bom, é isso, espero q tenham gostado, se quiser elogiar ou "criticar construtivamente" ficarei honrada em ler o q acharam ♥ :)



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