Os Guerreiros de Andrômeda - Arco 1 escrita por MoonBunny


Capítulo 2
Cap 2 - Bem vindo a uma cerimonia memorável




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Três dias haviam se passado depois do incidente dos talismãs e a estranha transformação de Rabbit. Para o boato de joias mágicas de um templo esquisito tinha sumido do mesmo jeito que havia surgido. Já para Rabbit, não tinha se transformado desde aquele dia.

Estava sentado no seu lugar na sala encarando o chaveiro. Tinha muitas perguntas sobre ele, mas ninguém poderia respondê-la, sabia que aqueles são os poderes que nunca haviam sido despertados dentro dele. Mas como aquilo poderia ter acontecido do nada? Ainda por cima de seu chaveiro de pelúcia?

— Esta tudo bem?

O garoto esbugalhou os olhos com o susto e tirou os olhos do chaveiro erguendo a cabeça para encarar os olhos castanhos avermelhados que o observavam.

— Sim – Falou por reflexo

— Rabbit – Ela serrou os olhos o encarando com um olhar penetrante

— Por que eu estaria tendo problemas?

— Bem – Cruzou as pernas – Talvez porquê a três dias você anda encarando esse chaveiro feito louco e anda menos elétrico que o normal – Pontuou elegantemente voltando a olha-lo seriamente.

— Bem... Eu...

— Rabbit – Fala irritada o encarando com maior intensidade

— Ok... Eu confesso... Eu perdi o meu chaveiro e tive de comprar outro

A menina muda sua expressão irritada para uma preocupada e um pouco triste.

— Sinto muito – Segurou a mão dele com carinho – Sei que você amava aquele chaveiro, você o carrega desde que te conheci e até antes disso.

— Sim... – Falou fazendo uma cara triste, mas em seus pensamentos soltava um tremendo “ufa" por ter conseguido enganar a amiga.

— Mas pelo menos você conseguiu um igual – A menina sorriu

— Sou sortudo né? – Sorriu amarelo tentando manter a mentira

Logo trocaram de assunto quando ele perguntou sobre as atividades de inglês para ela, e logo conversavam sobre diversos assuntos até o professor entrar na sala e começarem as atividades da manhã.

 Rabbit aproveitou o tempo dado no meio da atividade de química para pensar sobre sua luta com a criatura há poucos dias atrás, aquela força, aquela velocidade, aquela luz. Era como se ele fosse outra pessoa, mas ao mesmo tempo ele mesmo.

— Esse poder dentro de mim... Por que despertou somente agora?- Não pôde evitar pensar no que ele podia ser feito se tivesse esses poderes a muito tempo, mas eram lembranças que ele evitava pensar.

— Senhor White. Já terminou sua atividade? – Perguntou a professora ao lado dele

— Eu... Err... Desculpa – Abaixou a cabeça triste

A professora o perdoou, pois sempre fora um ótimo aluno, mas que ele devia separar problemas de suas atividades, ou suas notas iriam despencar e o ano letivo mal tinha se iniciado. O menino respondeu que iria melhorar e voltou a fazer sua atividade.

***

— Rabbit quer passar comigo na lojinha? – Iris perguntou guardando seus livros – Quero comprar algumas balas, meu estoque esta acabando

— Quero, porque sempre que peço bala para você, você só tem halls – Falou fazendo careta

— Não tenho culpa que você é tão sensível – Mexeu no cabelo fazendo pouco caso

—Hey – Olhou pra ela irritado inflando as bochechas e levantando

Ela riu da cara irritada dele e saíram da sala conversando e brincando.

Como sempre os corredores estavam cheios de alunos, se estendendo ao barulho de constantes grupos de conversa e pessoas discutindo atividades.

Iris e Rabbit andavam lado a lado falando sobre as aulas seguintes e o treino do irmão de Iris mais tarde, mas sua atenção foi puxada por um grupo de alunos distribuindo panfletos.

— Aqueles não são membros do conselho? – Perguntou Iris

— Sim... Mas o que eles estão fazendo?

— Eles estão chamando alunos do nono ano para ajudar nas preparações da cerimônia de boas vindas!

Uma voz alta falou atrás dos dois fazendo Rabbit e Iris pularem e olharem para a figura assustados.

Era Mia, uma garota que sempre sabia as novidades que aconteciam na escola antes de todos. Ela possuía seus cabelos curtos, muito bem aparados e sua franja reta, seus olhos eram verdes escuros que viviam animados e ela sempre tinha um enorme sorriso como se tivesse tomado vários litros de café.

— Você esta querendo nos matar?! – Gritou Iris tentando recuperar o folego

— Por favor... Avisa antes de fazer isso – Fala Rabbit com a mão no seu peito tentando acalmar seu coração.

— Desculpa – Falou ainda com o sorriso soltando uma risadinha

— Você não esta arrependida! – Falaram os dois irritados

— Mas o que eu estava falando? – Colocou a mão no queixo pensativa – Lembrei! – Falou voltando a ficar animada – Como vocês sabem. Esse ano o conselho dos estudantes tiveram problemas com a diretoria e seus afazeres das férias e não puderam organizar no começo das aulas a cerimonia para os alunos do nono ano que vão se formar e os alunos que estão começando o nono ano.

Rabbit pensou um pouco e achou realmente estranho não ter nada do tipo já que eles entrariam no final do fundamental e os alunos do antigo nono ano daqui a duas semanas começariam o ensino médio.

— Então eles estão chamando alguns alunos do próprio nono ano para ajudarem na coordenação, para assim deixar algo animado para todos tendo uma visão de que todos serão beneficiados.

— Como você sabe disso tudo? – A morena perguntou cruzando os braços

— Segredo – Colocou o dedo polegar na frente da boca com um sorriso

Rabbit pegou um dos panfletos e olhou para as informações nele pensativo enquanto Mia se afastava.

***

— Não, não e não! Nem pensar! – Esbravejou Iris enquanto passava os olhos entre um produto e outro.

— Por que não? – Perguntou choroso

— Por que temos de fazer algo do tipo?

— Porque poderíamos fazer nossa parte os ajudando? Ainda esta longe da época dos clubes escolares então você não tem desculpa

— Tenho sim, tenho minhas meditações da tarde, não posso perdê-las só porque você quer ser prestativo – Deu ênfase no você.

Rabbit ficou um tempo em silêncio enquanto a encarava seriamente

— Desastre dos patos – Falou simploriamente enquanto tentava escolher entre umas balas da loja.

A menina parou o que o estava fazendo e o encarou

— Prometemos nunca mais falar sobre isso

— “Prometo que estou te devendo uma” você disse isso – Ele falou ainda como se as balas fossem a coisa mais importante do mundo

— Não acredito que vai jogar isso na minha cara! – Ela esbravejou

— Vai voltar atrás?

— Seu manipulador!

— Ótimo! A reunião é às duas da tarde

E o garoto foi saltitante ao caixa para pagar o que iria levar deixando uma Iris estressada tentando escolher ainda as balas que compraria.

***

Eles estavam sentados em um enfileirado de cadeiras, eram no total oito alunos do nono ano, eles tinham sido os primeiros a chegar e em poucos minutos o resto chegou o conselho dos estudantes e como mais cedo pareciam atarefados e apressados, mas mesmo assim animados.

— Boa tarde a todos – Começou a falar a garota de cabelos vermelhos – Agradecemos por terem se oferecido. Peço desculpas por termos falhado nas organizações e pedirmos para vocês nos ajudarem nesta tarefa, mas tenho certeza que com sua ajuda poderemos fazer este um evento memorável para receber os alunos para sua ultima fase do ensino fundamental e suas boas vindas ao ensino médio.

Rabbit não pôde conter o sorriso que ficou estampado em seu rosto com a frase dela, Iris revirou os olhos e deu uma pequena cotovelada nele o chamando atenção para mostrar que ele estava engraçado, mas sabia que o loiro não conseguia evitar se animar em momentos sentimentais assim.

Todos os alunos começaram a dar ideias que iriam animar os alunos e não ser uma simples cerimônia chata onde todos sentem vontade de ir embora logo.

Todos tinham concordado com as ideias de que o discurso poderia ser um pouco menor e menos formal, sendo os alunos do ensino médio falando as dificuldades de um jeito mais engraçado e as coisas boas como se fossem uma tabua da salvação.

Logo chegaram à parte da decoração e todos davam diversas ideias Iris tentava acalmar o falatório de Rabbit sobre encher o auditório de coelhos, o que os membros do conselho acabaram tentando achar uma brecha para colocar algo em relação a coelhos para o menino poder se acalmar o fazendo ficar tão feliz que seus olhos reluziam.

Logo um menino que ficou quieto o tempo todo levantou a mão se oferecendo para cuidar das flores e a música, todos concordaram em deixar ele, Rabbit e outra menina com a música.

Iris ficou em outro grupo para cuidar das flores que o garoto se ofereceu para trazer e deixar de um jeito um pouco mais chamativo.

Todos se juntaram em seus grupos e Rabbit e a outra menina começaram a falar de varias músicas, o garoto de cabelos pretos falava pouco, mas comentava em uma ou outra.

— Mas temos que ver se o aparelho de som do auditório aceita conectar com pendrive, ou será que ele pega no telefone? – A menina perguntou

— Já vi isso, ele funciona com CDs – O menino falou sorrindo

— Você tem algum CD que gostaria de por lá? – Rabbit perguntou curioso com o comentário

— Sim, irei distribuir entre todos aqui para ver se todos gostam – Ele sorriu simpático para Rabbit

— Legal! Sou Rabbit inclusive, prazer.

— Heitor, prazer em conhece-lo.

***

O garoto soltou um suspiro de alivio ao deitar em sua cama macia, agora refrescado do banho soltou um sorriso pensando no dialogo com seu grupo, daria seu melhor para fazer um mix de músicas para representar todos os bons momentos da cerimonia.

Lembrou que precisava ouvir o CD em sua bolsa, mas estava tão cansado que não pôde evitar cair no sono alguns minutos depois.

***

Rabbit estava em uma sala escura, uma música tocava no fundo, mas ele não conseguia ouvir direito a música. Era como se a escuridão abafasse todos os seus sentidos, sentia seu corpo pesado e sua língua estava dormente. Andou com os braços erguidos tentando ver se tinha alguma noção de objeto ou pessoa perto.

A música ia ficando mais alta, mas tudo que ouvia era um chiado forte que começava a doer seus ouvidos. Ele tapou os ouvidos, mas sentiu algo se arrastando pelos seus pés o puxando.

Caiu no chão sentindo uma forte dor pelo impacto e ser puxado em alta velocidade, tentava se segurar em algo, suas mãos inutilmente tentavam se apoiar no chão para tentar se puxar, mas não conseguiam, suas unhas tinham quebrado tentando se segurar no chão as usando e sangravam.

O loiro pôde ver uma figura se erguendo no espaço e uma enorme mandíbula se abrir enquanto tentáculos percorriam por dentro de suas roupas e o cobrindo por completo, pôde ver uma coisa pontuda ser erguida em direção de seu pescoço e avançar rapidamente. Ele seria morte e tudo que pôde fazer era gritar.

***

Ele acordou com um pulo, se sentou na cama ofegante e assustado, sua testa estava completamente suada.

Ele se levantou tremulo e tentava vencer seu medo de ir até o interruptor no quarto e ligar a luz.

Juntando sua coragem ele ligou a luz e pôde ver seu quarto exatamente como estava. Tudo estava bem e ele repetia consigo mesmo que não havia nenhum tipo de monstro mutante ali.

— Talvez eu ainda esteja um pouco assustado depois daquela luta

Deu um paço e sentiu uma pinicada em seu pé se afastando assustado e olhando para baixo. Fragmentos de vidro estavam no chão do lado de sua escrivaninha com um liquido transparente escorrendo pelo chão e algumas pétalas espalhadas entre os cacos.

— Essa não – Ele falou triste se abaixando – O amuleto que Iris me deu no sétimo ano

Pegou uma pétala a segurando triste. Lembra quando Iris fez aquilo para ele “para evitar que o mal chegasse perto dele” ela falou. Aquilo ter acontecido certamente deixaria a amiga irritada.

— Como isso caiu?

Olhou para sua escrivaninha. Sempre o guardou entre seus livros atrás de alguns estojos, era impossível ter quebrado. Olhou em cima da mesa e havia mais cacos de vidro e do liquido.

Com aquela duvida, ele dormiu de luzes acesas.

***

O loiro andava um pouco sonolento, não conseguiu dormir direito depois daquele pesadelo e o jeito misterioso que o amuleto de sua amiga tinha quebrado não o ajudou, ficou com aquilo na cabeça a noite inteira.

As aulas haviam se passado de um jeito lento e chato, Iris tinha faltado, o que era muito incomum para a menina.

Tocou a música para o intervalo e ele decidiu dar uma volta e ver se encontrava Seiya para perguntar da falta da amiga, mas é abordado por um menino de cabelos escuros e olhar sonolento.

— Rabbit?

— Sim! Heitor, nós nos vimos ontem – Sorri se lembrando do menino

— Sim, gostou do CD?

— Ah, eu ainda não ouvi. Perdoe-me, eu estava com muito sono ontem à noite.

Rabbit o viu fazer uma carranca, mas logo voltar ao sorriso.

— Claro, coisas assim acontecem, estávamos muito cansados ontem.

— Sim, mas... Minha amiga não veio hoje, espero que o grupo de decoração consiga trabalhar com as flores.

— Eu me ofereci para ajudar

— Você? – Perguntou surpreso – Mas é tanto trabalho, tudo bem fazer tudo isso?

— Claro que sim – Falou procurando algo na bolsa – Isso é pra você. Como ontem você saiu tão apressado, não pude te entregar.

Aproximou-se do loiro colocando uma flor no seu bolso do blazer. Era aberta como um lírio, mas de uma coloração preta e suas bordas amarelas.

— Uau! Nunca vi essa espécie de flor antes – A admirou fascinado

— Sim, estamos todos usando como um símbolo da cerimônia terá várias lá

— Estou louco pra ver – Deu um pulinho animado

— Eu também – Disse se afastando em um aceno

***

Em seu quarto Rabbit terminava seu exercício de literatura, a influencia das artes em diversas áreas sempre o fascinava, então era sempre um dos poucos a fazer o exercício com tamanho prazer.

Um barulho na porta o chama atenção, mas logo se aclama ao ouvir a voz de sua mão.

— O jantar esta pronto – Ela chamou docemente

— Irei terminar o dever e já desço, prometo não demorar.

— Por favor, não demore, irei chamar seus irmãos e quero a família toda na mesa

O menino deu uma pequena risada, amava esse jeito de sua mãe. Escreveu mais um pouco e suspirou fechando o grosso livro da matéria e se levanta se esticando elevando seus braços pro alto.

— Nyah! Como é bom essa sensação de dever cumprido, energias recarregadas – Falou sorrindo, mas logo um barulho alto sai do seu estomago – Quer dizer... Talvez nem tão recarregadas assim – Riu consigo mesmo.

Guardou seus materiais e na sua bolsa viu o CD que o garoto havia o dado.

— Melhor eu ouvir logo antes que eu durma de novo

Pegou seu computador o ligando e colocou o CD abrindo os arquivos de áudio para ouvi-lo, antes mesmo de conectar os fones um som estridente saiu do notebook fazendo Rabbit ficar arrepiado, o som pareciam agulhas perfurando seus tímpanos o deixando fraco, ele segurou fortemente o mouse do notebook apertando para tirar o volume do aparelho, mas o som continuava tão alto quanto antes.

O garoto sentia sua cabeça girar e doer e colocou os fones de ouvido para ver se a música parava, mas ela continuava rejeitando as tentativas do garoto de parar e continuava repercutindo o som pelo quarto.

O menino se levantou e tropeçou na cadeira caindo, ouviu outro barulho oposto ao do som e parou os olhos em seu blazer pendurado na porta de seu armário. A flor que estava em seu bolso começou a crescer e aumentar de tamanho e seu caule aumentava se dividindo como raízes e a parte aberta da flor aumentava.

O garoto se arrastou tentando sair dali, mas sentiu sua mão ser agarrada, as raízes da flor o prendiam e o puxavam. O menino se segurou em sua escrivaninha e a flor usando as outras raízes caminhou até ele em uma caminhada esquisita e assustadora.

O garoto abriu as gavetas de sua escrivaninha procurando algo, mas não conseguia achar. Quando seus dedos sentiram a forma metálica da tesoura a pegou e virou encarando surpreso a criatura que avançou em seu rosto.

Ele sentiu as raízes enrolarem seu braço esquerdo e a planta abriu as pétalas em seu rosto começando a sugar uma energia esbranquiçada que saia do loiro.

— Ele... Esta sugando minha energia

Tentava se debater, mas os tentáculos eram firmes. Tateou o chão desesperado e encontrou a tesoura e rapidamente cortou uma das raízes fazendo a criatura soltar um chiado que se perdeu com o som que saia do notebook.

O menino avançou na criatura com a tesoura perfurando dentro de suas pétalas a fazendo soltar um alto chiado e suas raízes se retorciam como as patas de um inseto.

A criatura estava imóvel e se dissolveu em uma nuvem preta com um cheiro que causava náuseas no menino, ele sentia como se aquele perfume o fosse asfixiar.

Correu para a janela e a abriu respirando fundo e fazendo a nuvem preta com cheiro estranho sair janela afora. Correu para seu computador abrindo a entrada de CD e o jogando no chão e pisando-o.

O CD em pedaços evaporou em uma energia arroxeada, como se ele nunca tivesse existido. Caiu de joelhos no chão tentando se acalmar do choque.

Ouviu outra batida em sua porta e abriu fingindo que nada tinha acontecido e engolindo o nervosismo, foi jantar.

***

Não possuía duvidas de que aquilo fora outra obra como a dos talismãs, mas será que Heitor tinha algo haver com aquilo?

Quando voltou para o quarto ficou mexendo em suas coisas até encontrar seu celular, discou o número da casa de Íris que em poucos segundos atendeu seguida de uma tosse.

— Rabbit? – Ela perguntou com uma voz fanha

— Íris, porque você não foi para a aula hoje?

— Estou muito doente, não sei por que, mas sinto que a culpa foi daquelas flores.

— Você trabalhou com ela uma tarde inteira afinal

— Sim, mas aquele cheiro... Era insuportável...

— Você... Chegou a ouvir a música do CD que Heitor pediu?

— Não, não peguei o CD, sai as pressas porque meu pai não parava de me ligar.

— OK... Bons sonhos amiga, melhora logo tá bom?

Um sonoro beijo foi ouvido do outro lado e se despediram.

Rabbit desligou o telefone e juntou as ideias, Íris sentiu o mesmo que ele ao sentir o cheiro daquela planta, mas nenhum outro aluno sentiu aquilo.

Considerando que Íris e os outros responsáveis pelo grupo de decoração mexeram com as flores o dia todo, poderia ter certeza que elas só ficavam agressivas por causa da música.

Encarou o calendário, era noite de sexta, a cerimonia aconteceria na segunda, tudo estava pronto.

O auditório estaria coberto de flores como aquela e ao tocar o CD, todos os alunos e professores seriam atacados e teriam a energia vital sugada por inteira.

— Para garantir que seus planos dariam certo, ele se ofereceu junto da presidente do conselho em revisar tudo hoje a noite na escola... Heitor... Não posso deixar fazer isso.

Trancou sua porta para garantir que ninguém entraria e encarou sua janela.

— É o jeito vai ser sair por aqui mesmo...

Segurou sua pelúcia e a olhou com expectativa e nervosismo.

— Por favor... Me ajude mais uma vez a salva-los...

A ergueu para o alto.

— Pelo poder de Lys!

Uma sensação não muito antiga, mas nostálgica percorreu seu corpo, aquele calor, aquela luz, aquela paz.  Quando percebera, já estava com as mesmas roupas de antes. Virou para o espelho observando as orelhas de coelho e seus cabelos brancos.

— Isso é real mesmo

Sorriu sentindo as orelhas e se olhando no espelho, mas logo se lembrou do que tinha de fazer e se voltou para a janela.

— Não posso deixar que machuquem pessoas novamente

Avançou até a janela e saltou pela abertura, fechou os olhos com medo do que poderia acontecer, mas quando mal notou, estava de pé no chão. Intacto, como se pular da janela do segundo andar não fosse nada demais.

Ele pulou novamente, dessa vez de olhos abertos, pôde ver o teto de sua casa e de outras. Pulava tão alto que de um teto de uma casa ou prédio já estava no do outro. O ar da noite, a adrenalina dos saltos, ele não pode evitar sorrir com aquilo.

***

Estava na frente do auditório, encarando as portas abertas. Entrou de vagar para não ser notado.

Observou a decoração, todos os bancos estavam alinhados e cores para vários lados, haviam realmente feito algo divertido. As flores estavam presentes em todos os lugares, contornavam todo o salão como um jardim.

Rabbit tapou o nariz com o cheiro daquelas flores e andou furtivamente entre os bancos tentando não abaixar sua guarda.

Ouviu um gemido dolorido e correu até o palco onde encontrou a presidente desmaiada. Olhou aos arredores e a deixou deitada em cima de dois bancos e correu até a sala de produção de mídia. Virou a maçaneta, mas a porta não se moveu, tentou empurrar novamente, mas ela não abria. Afastou-se um pouco e encarou a porta, deu mais dois passos para trás e avançou nela com um chute quebrando a porta.

Entrou na sala e se surpreendeu com a cena. Heitor realmente estava lá, mas inconsciente. O jovem estava dormindo sendo suspendido por raízes que cobriam mais da metade seu corpo, a planta em seu peito parecia ter enraizado nele e o movia para todos os lados e varias plantas ao redor floresciam.

— Pare agora mesmo! – Gritou fazendo as raízes viveram o jovem em sua direção – Você, como pôde controlar uma pessoa contra sua vontade e obriga-la a fazer coisas tão cruéis? Nunca te perdoarei.

As raízes se debateram e Heitor soltou grunhidos de dor, raízes se juntavam em suas costas formando dela uma mulher. Ela possuía olhos verdes e cabelo roxo, sua pele era meio esverdeada e seu corpo era coberto de raízes.

Ela riu um pouco e fitou o jovem com cinismo.

— Então foi você que estragou nossos planos na ultima vez, não sei como uma mandrágora morreu para um ser tão insignificante como você.

— EI!!! – O garoto gritou irritado – Insignificante?! Tá dizendo que sou baixo é?!

Raizes avançaram contra ele o fazendo desviar dando uma cambalhota para o lado, ele avançou contra ela tentando acertar-lhe um soco, mas um escudo de raízes o impediu seu punho.

Ele pulou para trás, desviando de uma nova leva de raízes, A mulher lançou raízes de seu próprio corpo agarrando os punhos de Rabbit, mas ele os rasgou fazendo a inimiga e o Heitor gritarem de dor.

— Heitor! – Gritou preocupado com o menino

— Agora você entende? A semanas eu cresci e me fundi com esse garoto, eu já faço quase completamente parte do corpo dele e se me matar, ele morrera também – Disse em uma risada maligna.

Rabbit se viu contra a parede, se fizesse algo iria machucar o garoto e se ficasse parado iria ser morto pela inimiga.

Desvia de mais investidas das raízes e sente seu pulso ser agarrado e é arremessado contra a parede com força. Sente o impacto a parede com suas costas e arfa de dor.

— Tenho que sair daqui

Tenta se soltar, mas é jogado contra o equipamento de som fazendo barulhos de interferências nos microfones.

Sente as raízes em seu pulso ficarem mais fracas e observa ao redor outras raízes tremerem um pouco.

— Som... O som a afeta...

Aproveita a chance e sai da sala correndo sendo seguido pelo inimigo.

— As plantas são afetadas pelo som, por isso que ela usa aquele chiado para faze-las agressivas.

Olha a saída de incêndio e da de frente com a porta a abrindo e corre pela escadaria até o auditório.

Ouve a porta ser aberta e varias raízes percorrem a escadaria em sua direção.

— Não vai fugir de mim!

O garoto se joga da escada saltando por cima do corrimão pousando com dificuldade no chão na queda.

Olha para cima e pode ver uma sombra indo em sua direção, por reflexo pula pra frente e a figura cai causando rachaduras no chão, olha pra trás vendo a inimiga jogando raízes contra ele, mas ele rapidamente passa pela porta a fechando ouvindo barulhos contra o metal da porta.

Correu até o auditório e se escondeu entre os bancos.

— Preciso achar o controle...

Engatinha pelos bancos para evitar ser visto, pela criatura, continuava procurando o controle dos auto falantes, mas ouve um barulho de algo se arrastando pelo chão e senta prendendo a respiração, ela já tinha chegado.

O albino levanta a cabeça para ter certeza de onde ela estava e é surpreendido ao ver diversas raízes avançando contra ele.

Pula para lado para se esquivar enquanto observa vários bancos voarem com o impacto do golpe.

Ele corre entre os bancos desviando dos ataques da inimiga e de outros bancos que eram lançados contra si.

Viu uma figura se mexer  e lembrou da representante do conselho que estava desmaiada.

Correu para onde ela estava desviando das raízes, pulo onde ela estava a abraçando e recebendo um forte golpe nas costas com as raízes sendo arremessado para o outro lado do auditório.

Se levantou tentando se recuperar da dor dos golpes e olhou a garota para ver se ela estava bem, ainda inconsciente ela deixou cair de sua mão o controle do som.

Rabbit pego o controle ao mesmos tempo que varias raízes avançavam em sua direção, apertou o botão e a primeira música da playlist que tinha feito com os seus colegas do conselho começou a tocar fazendo as raízes pararem.

Elas começaram a estremecer e ficarem mais fracas a inimiga começou a se debater gritando de dor e tapando seus ouvidos desesperadas. Heitor se debatia de dor também e algumas raízes que prendiam a flor ao seu peito estremeciam.

Rabbit deitou a presidente no chão e avançou em direção aos dois desviando das raízes que já não possuíam força e velocidade para acompanha-lo.

Chegou no palco e com suas mãos se apoiou para subir dando uma rasteira no chão elevado do palco fazendo Heitor cair.

Ficando por cima dele agarrou a flor em seu peito tentando arranca-la, o monstro encima dele tentava atacar Rabbit, mas estava fraca demais para alcança-lo e Heitor se debatia de dor, aos poucos a flor ia saindo, pois suas vinhas não possuíam mais forças para se manter presas ao menino.

Rabbit num ultimo puxão arrancou a flor separando o monstro do garoto, jogando-a para cima a criatura. Pôde ter uma visão por inteira da criatura, que era formada do tronco para cima como uma mulher pelas vinhas da flor.

— Hora de ser punida sua criatura parasita

O menino concentrou energia branca em seu punho esquerdo que estava fechado formando uma intensa luz que tomou a forma de um desenho de coelho.

Ele pulou em direção a criatura acertando a flor com seu punho perfurando-a com luz a fazendo gritar.

— Impacto do coelho! – Gritou durante o ataque fazendo a intensa luz evaporar a flor.

Caiu no agachado tentando recuperar suas forças, ainda tentava se acalmar da intensidade daquela luta e seu ataque como na ultima vez exigia muito de sua força para ser usado.

Ficou em pé tentando acalmar seu coração que batia rápido em seu peito, mas se assusta ao ouvir um bater de palmas no salão repentinamente.

— Bravo, quem diria que você conseguiria destruir outra das minhas mandrágoras. Acho que você me deu um pouco mais de prejuízo do que eu esperava – Uma voz madura e feminina falou um pouco impressionada sem nenhum tom de ironia.

— Quem é você? O que querem? Por que estão atacando as pessoas?

A figura soltou uma pequena risada elegante revelando sua silhueta, era uma mulher alta de longos cabelos, mas Rabbit não conseguia identifica-la direito com a fraca luz.

— Com o tempo você entenderá as coisas, mas caso se meta novamente, não irei deixa-lo viver mais nenhum dia guerreiro coelho – Falando isso sua silhueta some num passo de mágica.

***

Na segunda Rabbit estava se dirigindo com seus amigos para a cerimonia de entrada, ainda transformado conseguiu colocar todos os bancos no lugar e como as flores haviam morrido junto da mandrágora, e os CDs haviam sumido, ele e o resto do concelho precisavam organizar tudo do zero com a desculpa de que a escola tinha sido assaltada no meio da noite.

Sorte que Heitor fazia parte do clube de botânica da escola e ofereceu as flores do clube para eles usarem, como a líder do clube é uma das estudantes que iriam para o primeiro ano ela autorizou sem pensar duas vezes.

Rabbit se esticou um pouco, depois de tudo eles ainda tinham passado até tarde da noite organizando tudo, tudo que ele queria era ir pra casa.

Íris zoava com ele por depois de tanto tê-la obrigado a estar ali, ele estar mais cansado que ela e menos animado.

No final a cerimônia havia sido um sucesso, muitos riram e ficaram felizes com o jeito descontraído dos estudantes e até mesmo os novos alunos do ensino médio fizeram piadas para os novos estudantes do nono ano.

No final o que Rabbit mais ficou feliz foi na chuva de balões com formatos de coelhos que teve no final feito inteiramente para ele.

Aquela havia sido uma cerimônia bem maluca, com diversos problemas, mas com um bom final. Mesmo ele tendo novas duvidas sobre quem são os seus inimigos, quem era aquela mulher e porque mandava mandrágoras roubarem energia dos seres humanos. Rabbit deixava todas essas duvidas no ar enquanto comemorava com sua melhor amiga o começo atrasado do ano letivo em seu ultimo ano do fundamental.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado



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