Fighter - Perclarisse escrita por Aurora Blackburn


Capítulo 6
Chapter V


Notas iniciais do capítulo

Notas: Hello pessoas que ainda leem fanfic em 2019! AOS MEUS LEITORES FANTASMAS: gente, faz quase uma década que eu li os livros, então eu NÃO LEMBRO SE ERAM HARPIAS QUE GUARDAM OS CHALÉS, e não achei online. Peço perdão pelo vacilo.



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POV Clarisse 

 

Depois de dez minutos batendo na porta do Chalé de número três, sem sucesso, eu desisti. Jackson continuou batendo por mais um tempo, até finalmente perceber que não ia adiantar. 

— Já está escuro, as harpias já estão soltas pelo acampamento, não adianta bater, Jackson. Ninguém vai ouvir. - eu disse, ainda enfurecida com aquele garoto que nos trancou ali. 

Valdez que se prepare, pois amanhã ele será um homem morto. Eu vou pegar minha lança elétrica e furar ele tantas vezes que ele mesmo vai conduzir energia quando eu acabar e… 

— Que droga! - exclamou Jackson, cortando meus pensamentos sobre a possível morte que eu daria para o filho de Hefesto. 

— Acho que não tem muito o que a gente possa fazer agora além de esperar aquele pestinha voltar. - disse - e depois, bater nele até ele desejar nunca ter feito isso com a gente. 

— Seus irmãos vão perceber que você não voltou, certo? - ele disse, formulando seu plano infalível. - São nove e meia ainda, o toque de recolher final é às dez, eles vão ver que você não lá. 

As vezes eu penso se ele se faz de burro ou se ele só é tão lento assim. Qual parte da relação entre filhos de Ares não ser tão boa ele não entendeu? 

É claro que eu amo meus irmãos, mas nós não somos tão próximos quanto os filhos de Afrodite ou Apolo. Como eu não contei para ninguém que eu e Chris terminamos, eles provavelmente iam achar que eu estava passando a noite com ele ou algo assim. 

— Eles vão achar que eu estou com o Chris. - eu disse, não havia motivos para mentir mais. Não tinha ninguém ali e Percy era a única pessoa que sabia que eu e Rodriguez não estamos mais namorando. 

— Eles não sabem que vocês terminaram? - perguntou o óbvio. Pelo visto seria uma longa noite já que ele demorava tanto pra entender tudo que eu falava. 

— Olha Jackson, você não tem irmãos, então não sabe como família é complicado. 

— Eu tenho irmãos sim! - ele bufou - e eu sei como foi difícil conviver com Tyson no começo. 

— Não é a mesma coisa, Jackson... 

— Então me explica como é! Pelo visto a gente tem tempo e nada para fazer até de manhã. - ele se sentou na cadeira que Valdez havia puxado para ficar em pé.

O Chalé de Poseidon era menor que o de Ares, mas muito mais acolhedor. Não haviam armas espalhadas nem cores fortes nas paredes. As paredes eram azuis, haviam muitos objetos decorativos pendurados, como um restaurante temático, uma cama na lateral oposta da que estávamos e uma mesa com cinco cadeiras bem no meio do ambiente. 

Tinha também o cheiro característico de maresia, que antigamente me deixava enjoada só de passar perto do chalé, mas agora eu já estava acostumada. 

Droga, eu realmente não ia ter nada para fazer ali até amanhecer e ele era a primeira pessoa que realmente perguntou sobre como eu me sentia. O que eu tenho a perder? 

— Você sabe que eu sou a única mulher filha de Ares em décadas, não sabe? - ele confirmou com a cabeça, apoiando os braços na mesa e me acompanhando com os olhos enquanto eu sentava na outra extremidade. - É diferente pra mim. Eu tive que provar durante anos que eu merecia estar aqui, que eu não era só uma garotinha indefesa que caiu aqui por acaso. 

— E por isso você não gosta que eles saibam da sua vida? 

— Não é que eu não gosto… É só que a gente não tem esse costume de falar tudo que acontece. Eu não sei o porquê, só sei que é assim. 

Ele me analisou daquele jeito estranho que tinha feito no refeitório semana passada, acho que pensando no que poderia dizer sem causar brigas.

— Mas você precisa de alguém pra conversar, Clarisse. Ninguém aguenta tudo sozinho. 

Ele tinha um olhar sério enquanto pulava de cadeira, sentando mais perto de mim com a maior calma do mundo. Quem esse idiota pensa que é para me dar conselhos? 

— Eu consigo muito bem me virar sozinha, Jackson, obrigada. 

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POV Percy 

Quando ela começou a falar sobre os irmãos eu percebi uma coisa que sempre tinha desconfiado: Clarisse não é assim porque quer e sim porque se acostumou a mostrar para todo mundo que ela é forte e não precisa de ninguém. 

— Eu consigo muito bem me virar sozinha, Jackson, obrigada. - eu revirei os olhos. Porque é tão difícil para ela confiar nas pessoas e simplesmente falar a verdade sobre como se sente? 

— Você acha que eu ia conseguir derrotar Gaia sozinho? - dessa vez foi ela quem revirou os olhos, soltando uma risadinha irônica me interrompendo antes de eu terminar de falar. 

— Não sei, Jackson, não é isso que todos acham? Que você e seus amiguinhos fizeram tudo sozinhos enquanto a gente aqui no acampamento ficou sentado esperando o fim do mundo?

De novo essa história?  

— Eu nunca disse que fiz tudo sozinho, não sei porque você se incomoda tanto com o que os outros falam. 

— Você também nunca disse que não fez tudo sozinho, né? É mais fácil assim. - ela se levantou, se afastando de mim com raiva. É sério que esse é o maior dos problemas dela agora? 

Levantei também, me aproximando novamente. Já que estamos presos aqui, que seja para resolver tudo de uma vez!  

— Pelos deuses Clarisse, é isso que você precisa para ficar bem? Que eu fale para todo mundo que você também ajudou? Se for só isso, eu juro pelo Rio Estige - um trovão ressoou do lado de fora na hora que eu disse isso, confirmando o juramento - que falo para quem você quiser. 

— Agora não adianta nada! - ela gritou, começando a se estressar mas finalmente falando o que vinha na sua cabeça. - Todo mundo vai achar que você tá sendo bonzinho com o discurso de “eu quero agradecer vocês por tudo”. Ah, o herói do olimpo com o discurso benevolente, que lindo. - ela disse a última frase com uma voz irônica, sem me olhar nos olhos, se afastando de novo. 

— Então o que você quer que eu faça? - gritei, perdendo completamente o controle e batendo a mão na mesa. Clarisse é maluca, sempre faz com que eu faça as coisas por impulso e depois me arrependa. Ela deu um pulo, acho que não esperava o barulho que eu fiz sem querer.  

— Nada, Jackson, nada! É só isso que você pode fazer, não é? 

Ela se afastou, indo para o canto oposto de onde eu estava. Como eu morava sozinho no Chalé, não tinha quase nada lá: Minha cama. uma mesa de cabeceira de madeira naval e alguns livros. 

Vi ela meio sem graça, procurando um lugar para sentar e observando o chão, pensando se sentaria ali. Nós dois estamos ali a menos de uma hora e já conseguimos brigar, deve ser algum recorde.

O chão estava muito frio, então acho que foi por isso que ela resolveu sentar na beirada da cama, encostando as costas na parede da lateral e começando a mexer nas unhas e na lança que ela carregava, evitando qualquer tipo de contato visual comigo. Depois de um tempo ela colocou as pernas para cima da cama também, ainda na beirada, já não se importando com a minha reação. 

Seria bem mais fácil se ela tivesse ficado emburrada deste lado do chalé, porque aí eu poderia ler meus livros e deitar na minha cama. 

Voltei a observar os planos do Caça Bandeira que estavam em cima da mesa, considerando o que ela disse sobre ser muito óbvio. Comecei a pensar em outras possibilidades e resolvi colocar a bandeira perto do labirinto, como ela disse, mas em um lugar onde uma pequena parte do rio passava, em caso de emergência. 

 Enquanto eu mexia as peças no mapa do acampamento, vi ela esticar o olhar e tentar ver o que eu estava fazendo, com curiosidade, mas não falou nada. 

Ficamos assim, em silêncio, por quase duas horas. Quando olhei no relógio de parede ainda eram 0h30, ou seja, faltavam pelo menos sete horas e meia para o Leo vir nos tirar daqui. Sentei de novo nas cadeiras, juntando duas para esticar as minhas pernas e apoiei os braços na mesa, deitando a cabeça entre eles. Não demorou muito para eu começar a cochilar, mas não sei quanto tempo dormi, já que assim que pisquei ouvi passos atrás de mim, me acordando. 

— O Chalé é seu. Pode deitar na sua cama, eu fico aqui. - ela disse, séria, parada atrás de mim. 

Demorei alguns segundos assimilando o que ela falou. 

— O que? Não...não. Pode ficar lá. - eu disse, apontando para a cama. 

— Jackson, você tá dormindo na mesa. Eu não estou nem com sono, pode ir pra lá. - ela repetiu, me olhando como se eu fosse idiota. 

Pensei em dizer para ela ficar lá de novo, mas do jeito que Clarisse é orgulhosa a gente ia passar a noite toda brigando de novo. Levantei, meio sonolento, e fui em direção a minha cama. Ela não estava nem bagunçada do lugar que a garota tinha sentado, ou seja, ela deve ter arrumado. Deitei, puxando a coberta e ouvi o barulho das cadeiras enquanto ela se sentava. 

Quando acordei pela segunda vez já eram 4h00 da manhã. Olhei para a mesa e vi Clarisse sentada exatamente na mesma posição de quatro horas antes, com os olhos abertos e batucando os dedos na mesa sem fazer barulho, olhando para o teto como se pensasse em algo muito importante. Tentei dormir de novo, mas me revirei tanto na cama que quase cai, fazendo um barulho enquanto me segurava. É, eu realmente sou idiota as vezes. 

Fiquei deitado olhando para o teto também por algo que pareciam ser horas, mas quando olhei no relógio só tinham se passado quinze minutos. Comecei a pensar no que podia fazer para que ela não tivesse ódio de mim, porque eu realmente não vi maldade nas coisas quando elas aconteceram. 

Eu nunca falei que fiz tudo, eu não queria os créditos, só queria viver minha vida em paz. Mas o que ela disse me pegou desprevenido, eu também nunca tinha agradecido ou reconhecido a ajuda de mais ninguém além dos meus amigos. 

— Eu sinto muito. 

Ela quase deu um pulo da cadeira, provavelmente achava que eu ainda estava dormindo. Depois de horas parada na mesma posição ela finalmente virou o rosto, olhando para mim. Acho que ela também estava cansada da briga e espero que isso dê certo. 

— Tudo bem. - foi tudo o que ela disse, fazendo com que mais um longo momento de silêncio se instalasse no ambiente. 

Não estava tudo bem. Parei para pensar em como aquilo que não tinha peso nenhum pra mim tinha feito Clarisse mudar tanto. 

— Eu realmente sinto. Não estou só falando para a gente parar de brigar. - falei, mais uma vez. Me sentei na cama, olhando a figura dela que estava de lado, quase de costas para mim. Ela voltou a olhar para a frente, evitando completamente o contato visual comigo. 

— Sabe, Chris disse que eu ia me arrepender. - ela falou, mais consigo mesma do que comigo. - Ele disse que não ia valer a pena voltar para ajudar na guerra. Que ia ser igual a primeira vez no Empire State.- ela soltou uma risada seca, arrependida. - E eu mesmo assim decidi largar tudo e vir para cá. Valeu a pena? 

Seu tom era melancólico, como se estivesse pensando em onde estaria se não tivesse ignorado o namorado. Será que foi por isso que eles brigaram?

Me levantei da cama, andando devagar e entrando em seu campo de visão. Ela parou de olhar para o ponto fixo que encarava e olhou para mim, desviando em seguida. Andei até a cadeira mais próxima dela, puxando até ficar bem próximo a garota. Fiquei mais alguns minutos parado, pensando muito bem antes de falar. 

— É claro que valeu a pena, Clarisse. Todo mundo que está aqui hoje fez a diferença. 

Ela ainda evitava olhar para mim mas eu sabia que ouvia tudo o que eu disse. Suas dedos batiam com mais força na madeira da mesa conforme eu falava, mostrando que ela estava apreensiva. 

Coloquei minha mão sobre a dela, fazendo com que ela parasse de balançar os dedos. Ela instintivamente puxou a mão para trás, mas puxei novamente. 

— Se uma pessoa não tivesse vindo, todos nós provavelmente estaríamos mortos agora. - falei. Ela já estava começando a me irritar com essa mania de encarar todos os lados exceto o que eu estava. - Olhe para mim. 

Ela, como sempre, ignorou o que eu falei. Já esperando o tapa que ela me daria, coloquei minha mão no seu queixo, empurrando levemente seu rosto para o lado, forçando o contato visual. Seus olhos estavam vermelhos, como se ela tivesse chorando enquanto eu dormia e surpreendentemente ela não tentou me bater e não desviou o olhar. 

Aquilo me pegou de surpresa porque eu não estava acostumado com aquela Clarisse que tem sentimentos que eu conheci nestes últimos dias. Nunca na minha vida eu pensei que um dia ia ficar preso em uma sala com Clarisse La Rue e que eu teria tanta vontade de fazer ela se sentir bem quanto eu estava tendo agora. 

Eu não sei se eu estava ficando louco dentro daquele chalé ou se foi só o calor do momento mas ali, parado, segurando o rosto dela, eu só conseguia pensar em uma coisa. 

Aproximei meu rosto do dela, deixando espaço o suficiente para ela sair de perto se quisesse, o que ela não fez. Consigo sentir sua respiração pesada e descompassada cada vez mais perto de mim, enquanto a garota finalmente olha diretamente nos meus olhos. 

Com  uma coragem e uma vontade que eu não sei de onde veio, finalmente encerro o espaço entre nós, beijando seus lábios. 


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