Fighter - Perclarisse escrita por Aurora Blackburn


Capítulo 5
Chapter IV


Notas iniciais do capítulo

N/A: Só pra poder deixar claro as idades dos personagens: No último livro da primeira saga, Percy tem 16 anos. No final de Sangue do Olimpo, Percy e Annabeth planejam se mudar para o acampamento romano para frequentar a faculdade depois de terminarem o ensino médio, ou seja, teriam entre 17 e 18 anos. Como essa história se passa algum tempo depois da batalha final, a idade dos personagens varia entre 19 e 20 anos.



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POV Percy 

         Clarisse me empurrou com força, batendo a porta praticamente na minha cara quando eu tentei entrar de novo. 

Eu percebi que, por mais que ela fizesse isso comigo a minha vida toda, eu não tinha o direito de jogar na cara dela que ela não tinha ninguém. Na hora que vi suas lágrimas, tudo que ela já me disse sumiu da minha mente e apenas a culpa de ter manipulado a situação de tal maneira surgiu. 

Bati na porta novamente, gritando pelo nome dela. Sabia que ela não iria abrir, mas fiquei realmente preocupado. Alguns minutos depois uma alta música de rock começou a tocar, provavelmente uma tentativa dela de tentar não me ouvir. Bufei. Clarisse é impossível, mas eu nunca a tinha visto chorar. Nem mesmo na batalha do Empire State, quando Silena morreu, ela deixou suas lágrimas surgirem.  

Depois da luta no Empire State, Clarisse e Annabeth ficaram próximas, eu não diria “amigas”, mas elas já não se odiavam tanto, chegando até mesmo a se ajudarem quando preciso. Eu tentei ficar neutro com ela também, mas meu pé atrás com Rodriguez e a implicância dela comigo por causa de Ares não deixaram que as coisas ficassem normais. 

Voltei para o campo de treinamento, mesmo sabendo que não estava com cabeça para treinar. Clarisse provavelmente queria ficar sozinha, mas se eu ficasse sozinho não ia conseguir pensar em outra coisa se não ela, ou Annabeth, que era sempre o ponto final dos meus pensamentos. 

Porque será que ela terminou com Chris? 

Droga, porque eu estava me importando tanto? 

— Eu disse que não ia dar certo… - riu Mark, que observava os outros campistas treinarem. - Não sei porque perdeu seu tempo indo atrás dela, Jackson. Aposto que ela nem falou com você. 

— Você é um péssimo irmão. - eu disse, pegando um dos escudos que estava atrás dele. Tirei minha caneta do bolso, abrindo a tampa e esperando alguns segundos enquanto ela se transformava em uma espada. Apontei para o meio do campo, onde havia um espaço livre. 

— Eu só sou realista! - ele disse, rindo, enquanto sacava sua espada e começava a treinar comigo. 

Enquanto nós treinávamos eu só conseguia pensar nas coisas que eu disse para Clarisse. Eu sei que ela já disse coisas muito piores e que praticamente todas as palavras que saem da boca dela são programadas para me ofender, mas esse não era eu. Eu não me irritava tão fácil, não perdia a razão assim. 

— Se você for lutar assim no Caça Bandeira, talvez seja melhor nem entrar no jogo, Jackson. - ele disse, batendo sua espada com força na minha mão direita, fazendo com que eu derrubasse Anaklusmos no chão e me acordando dos pensamentos sobre sua irmã. Quando vi que Mark virava sua espada em minha direção, ergui meu escudo, me ajoelhando e pegando minha espada do chão rapidamente. Mark foi mais rápido e no segundo que virei meu rosto para contra atacar, chutou o escudo das minhas mãos, apontando sua espada para o meu peito. 

Levantei com raiva, empurrando a mão que ele me esticou depois do golpe. Desde quando os filhos de Ares são justos nas lutas? Desde quando as filhas de Ares choram quando são ofendidas? 

— Percy! - gritou Leo, me seguindo enquanto eu levantava com raiva. - É sério cara, o que acontecendo? Onde você tá indo? 

— Embora Leo, embora! 

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Já haviam se passado cinco dias desde o dia que briguei com Clarisse no Chalé de Ares. O Caça a Bandeira é depois de amanhã, e com exceção de Léo, todos os meus amigos estão no grupo adversário, então eu não tinha muito o que fazer enquanto eles treinavam. 

Annabeth estava super animada com a competição, e, apesar de ela não ter me falado nada, tenho certeza já que desenvolveu um plano infalível para conquistar a bandeira inimiga. 

Clarisse, por outro lado, não parecia nem um pouco interessada em tomar parte sobre o assunto. Desde o dia da nossa briga eu só a via no horário do almoço e do jantar, sempre cercada pelos irmãos, e algumas vezes a via andando pelo acampamento enquanto todos treinavam. Até nas reuniões do conselho ela deixou de ir, mandando sempre Mark ou Paul em seu lugar. 

Naquele dia, marcamos mais uma reunião entre os conselheiros dos chalés para definir nossa estratégia final, como diziam as regras do jogo. Will, Piper, Leo e eu já estávamos dentro no meu chalé quando Clarisse e Mark chegaram. 

Pelas regras do Caça Bandeira do acampamento, toda a estratégia deveria ser aceita por mais de metade dos grupos, por isso era bom o número de Chalés ser ímpar, para não haver empate. 

Passamos quase três horas montando nosso plano de ataque. Os filhos de Apolo seriam responsáveis por invadir o terreno inimigo e tentar recuperar a bandeira caso ela esteja no punho de Zeus. Os filhos de Hefesto vão ficar de guarda para recuperar caso ela esteja próxima das colinas, que eram os dois únicos lugares possíveis. Os de Afrodite ficariam no meio do campo, para atrair a maior quantidade de campistas para eles e despistarem sobre o local da nossa bandeira, enquanto os filhos de Ares seriam a linha de defesa entre eles e eu, o guardião da bandeira, que ficaria nas pedras elevadas atrás do rio, lugar onde eu seria mais forte. 

— Não vai dar certo. - Clarisse falou pela primeira vez. Ela havia se mantido ali, sentada, como uma figura decorativa enquanto nós decidíamos como seria a formação. - Chase te conhece muito bem, Jackson. Guardar a bandeira perto do lago é clichê demais e ela com certeza já está preparada pra isso. 

— Não era você que nem queria participar, Clarisse? Agora você parece ter muitas opiniões sobre o que devemos ou não fazer, para alguém que não tinha interesse em participar. 

— É porque o seu plano é tão estúpido que nem eu consigo ignorar, Jackson. Que surpreendente, o filho de Poseidon guardando a bandeira perto do lago. O que vai vir depois? O filho de Hefesto lançando bolas de fogo por cima do adversário? 

— Eu não tenho estômago pra isso, maninha. - Disse Mark, apoiando as mãos nos ombros de Clarisse, para acalmá-la. - E por falar em estômago, já passou da hora de jantar! - ele lembrou, quase pulando de alegria. 

Esses filhos de Ares são muito estranhos. 

— É, Percy, já está ficando tarde mesmo. - Piper McLean levantou, passando entre o fogo cruzado que eu e Clarisse trocávamos pelo olhar. - Eu vou indo, mas se vocês decidirem algo, eu topo totalmente. 

Vi pelo canto dos olhos enquanto Piper, Will e Mark saíam do meu chalé, deixando apenas eu, o monstro que chamo de Clarisse e Leo. 

— Se é tão óbvio assim, qual é a sua ideia então, gênio? - eu perguntei. 

— Colocar a bandeira em qualquer outro lugar, tipo a antiga entrada do labirinto atrás do chalé de Hades, por exemplo? - ela responde, confiante. 

— Só que atrás do chalé de Hades não tem nada que me ajude a ficar mais forte e…

— CHEGA! - gritou, do nada, Leo Valdez. - OLHA EU NÃO SEI QUANTOS CAÇA BANDEIRA VOCÊS DOIS JÁ GANHARAM, MAS SABEM QUANTOS EU GANHEI? NENHUM! 

Eu e Clarisse paramos de brigar, olhando assustados para o pequeno garoto hispânico que havia subido em uma das cadeiras do chalé. De onde veio tudo isso? 

— VOCÊ - ele disse, apontando para mim - É UM DOS MELHORES LUTADORES DO ACAMPAMENTO E NÃO ESTÁ AJUDANDO EM NADA NOS TREINOS E NEM BRIGANDO COM ELA! E VOCÊ - apontou para Clarisse, que o olhou dos pés a cabeça, fazendo com que Leo voltasse um passo para trás, quase caindo no chão - Olha, eu espero que você não me mate porque nós nem nos conhecemos direito, mas… VOCÊ FEZ O FRANK IR PARA O CHALÉ DE HERMES E SE JÁ É DIFÍCIL CHAMAR A ATENÇÃO DA HAZEL NORMALMENTE, IMAGINA SE ELE GANHAR! E AGORA, QUASE NA VÉSPERA DO JOGO VOCÊS QUEREM DISCUTIR ESTRATÉGIA? CHEGA, CHEGA, CHEGA! 

É, oficialmente, Leo havia pirado. 

— Eu já sei o que vou fazer. - ele pulou do banco que havia subido, com um sorriso maldoso no rosto. - Percy, não esquece que a gente é muito amigo e eu só fazendo isso pelo bem geral,

Eu não tive tempo nem de pensar no que ele disse antes de sair. Leo simplesmente saiu de lá, deixando a porta aberta enquanto fechava as janelas do chalé pelo lado de fora. 

— Valdez, o que você está fazendo? - Clarisse disse, tão confusa quanto eu. 

Em menos de um minuto ele voltou, segurando a maçaneta da porta da frente do chalé, enquanto dizia: 

— Eu juro que volto antes do Café da Manhã. Quem sabe assim, sem ninguém por perto, vocês se resolvem direito e nós temos uma chance de ganhar o Caça a Bandeira.

— NÃO! Valdez, não ouse…— pude ouvir Clarisse gritar, correndo em direção a porta. Leo bateu a porta rapidamente e eu pude ouvir um barulho por fora, como uma tranca e algo sendo arrastado para frente da porta em seguida. 

— Ele não fez isso. - eu disse, batendo com força contra a porta do meu próprio chalé. - LEO, VOCÊ NÃO PODE ME DEIXAR TRANCADO COM ESSA MALUCA! 

— PELO MENOS NÃO É VOCÊ QUE ESTÁ TRANCADO COM UMA LESMA QUE NEM PERCEBEU QUE O AMIGO ESTAVA NOS TRANCANDO AQUI DENTRO! - Clarisse gritou em resposta, também batendo contra a porta da frente. 

— Vocês vão sobreviver! - foi a última coisa que ouvimos antes dos passos de Leo se afastarem cada vez mais. 

Eu estava trancado no meu próprio chalé com Clarisse La Rue. 


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