A primeira coisa que fiz ao acordar foi correr. As outras tinham acordado e já estavam prontas. Peguei minhas coisas e corri. Corri muito. O peso não importava. A adrenalina resolvia qualquer problema que tivéssemos.

  Porque, vamo combina, tudo bem que eu era boa em luta e tudo o mais, mas, sei lá, eram mais ou menos quarenta homens armados com facas e canivetes. Aí era demais.

  Assim chegamos a uma cidadezinha tranqüila e pequena. Tal cidade os homens não ousaram chegar perto. E então nos escondemos em um beco.  Ninguém falara nada até o momento. Renata já começava a ver se estávamos machucadas. Daí eu resolvi me pronunciar.

  - O que vamos fazer agora?

  - Não sei. – Luiza respondeu.

  - Mas, por que estavam perseguindo a gente? Por que nós? – Renata estava meio inquieta.

  - Sei tanto quanto vocês. – Respondi. – Por ora, vamos esperar. Né, Papai? – Perguntei a Renata que estava agora um pouquinho menos desesperada.

  - Desculpem. – Ela disse enquanto respirava profundamente tentando se acalmar um pouco. Eu acho que ela teve algum trauma enquanto estava em alguma missão do exército.

  A essa altura, eu ainda não sabia que poderia ter um trauma também.

  - Vamos dar uma volta por aí. – Me levantei para instigar as duas a me seguirem. Pegamos nossas coisas e fomo-nos. Mas foi na calada da noite que tudo aconteceu. Não sabíamos. Estávamos cansadas de correr e acabamos baixando a guarda. E eles sabiam disso. Sabiam muito bem. Sabiam muito bem que enquanto ressonávamos não estaríamos esperando algum tipo de mal contra a nossa pequena caravana.

  Ao final de tudo, somos garotas. E eu só ouvi os gritos incessantes e o barulho das nossas lágrimas caindo sincronizadamente enquanto eu desmaiava por culpa do pano mergulhado em Éter.

  “Que bom. Pelo menos elas estão bem”. Foi a última coisa em que pensei ao descobrir que meus olhos estavam se fechando. Mas uma lágrima continuou caindo. Até finalmente eu não ter mais controle sobre os meus sentidos.