Colegas de apartamento escrita por calivillas


Capítulo 9
O beijo roubado




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Aquela história me deixou incomodada, eu não era tão chata assim, pelo menos achava que não era. Só não gostava de confusão, de bagunça, de ser pega desprevenida, de perder o controle. Será que tinha algum problema nisso?

— Ju, você me acha uma chata? — perguntei, baixinho, a minha melhor amiga, assim que tive oportunidade, em um barzinho onde nós nos encontramos mais tarde, enquanto os nossos namorados estavam entretidos assistindo uma partida de futebol no telão.

— Não! — ela respondeu com veemência, sacudindo a cabeça em negação.

— Você está mentido! — acuso, com certeza, a espreitando com os olhos em fenda.

Houve um incomodo breve instante de silêncio.

— Bem, às vezes, você é um tanto ... difícil — disse com muito cuidado.

— Como assim, difícil? – queria saber, chocada.

— Veja o Felipe.

— O que que tem Felipe?

Eu olhei rapidamente de soslaio para ele, em seguida, fixei meus olhos nos dela, Juliana tomou um gole de cerveja para criar coragem.

— Está na cara que ele gosta de você, mas você sempre o mantem a certa distância.

— Claro que não! — Minha voz saiu um tanto alto, os rapazes olharam para nós, espantados, lhe damos sorrisinhos falsos.

 — Algum problema? — Leo questionou um tanto desconfiado.

— Não só fofocas da faculdade — Ju se apressou a responder, eles voltaram para o jogo.

— Como assim, eu não deixo ele se aproximar?

— Você é uma controladora, tem medo de perder o poder, de se expor.

Não sou! Eu sou?

 — Você tem medo do depois.

— Ainda não sei se será com ele — Dei de ombros.

— Por que não? Parece que você gosta dele.

— Sim, eu gosto, mas... Só que quero que aconteça com alguém que seja especial

— Não pense demais, nem espere muito, nem crie grandes expectativas. O sexo não mudará a sua vida, tudo ficará igual no dia seguinte. É apenas a troca de prazer consentida entre duas pessoas, mas é muito melhor quando vocês se amam.

— Mas para mim, é algo que acho importante, desejo muito que a minha primeira vez seja algo especial.

— Cuidado para não se decepcionar.

A nossa conversa parou quando o bar explodiu em um grito de gol.

Desde então, não parei de pensar naquela conversa, será que eu não estava sendo muito romântica, o que estava esperando? Um momento mágico? Alguém muito especial?

Ao chegar na porta do meu apartamento, eu e Felipe não paramos de nos beijar, beijos vadios e inconsequentes, mas que não saciavam mais, poderia convidá-lo para o meu quarto, para a minha cama e acabar com toda essa expectativa. Mas, não. Não era desta maneira que eu imaginava. Assim, nós nos despedimos, ele um tanto frustrado.

Se não era deste modo que eu queria, decidi que faria exatamente como desejava, um momento especial, escolheria o dia e o cenário perfeitos, estava tão entusiasmada com a ideia que entrei sorrindo em casa e, para minha total surpresa, lá estava Ed estirado no sofá, com ar indolente, mexendo no telefone, provavelmente planejando algo para mais tarde.

— Você não vai sair hoje? — perguntei, fingindo desinteresse.

— Não estou a fim, quero ficar em casa, hoje.

— Que pena! As mulheres ficarão desoladas — rebati, com ironia.

— Elas conseguirão superar. E aí, deixou o namorado na mão outra vez? — brincou de um modo irritante, senti minha orelhas pegarem fogo.

— Não é da sua conta! — retruquei, furiosa.

— Nem precisa respondeu — ele me dá um sorrisinho cínico, tenho vontade de voar no pescoço dele, mas respiro fundo, reviro os olhos.

— Vou dormir. Boa noite.

Saiu, sem olhar para trás, zangada, por que afinal das contas o que ele tem a ver se eu vou dar ou não para Felipe? Enfim, essa é uma decisão só minha e ninguém tem nada com isso.

Mas, começo a pensar nesse plano de fazer um momento especial, algo romântico para eu me recordar. Tenho certeza que Felipe irá gostar dessa ideia, mas preciso decidir, quando.

Deitada na minha cama, não parei de pensar, espantando o sono, por isso resolvi ir até a cozinha, tomar um copo de leite morno e mel, como minha mãe fazia. Ao passar pela sala, me surpreendi ao encontrar Ed dormindo no sofá. Fico indecisa se devia ou não o acordar, mas considerei que ele acordará todo dolorido, se dormir ali, como se eu me importasse.

— Ed! – eu o chamei baixinho, mas ele nem sequer se mexeu. — Ed! — Tento outra vez e nada.

Então, me aproximei e toquei no seu ombro.

— Ed!

Ainda de olhos fechados, ele segurou a minha mão e me puxou para baixo, para um beijo. Nossos lábios se tocam, eu não sei o que fazer, sei que deveria me afastar, mas em vez disso, fechei os olhos e continuou ali, beijando, até que percebi o erro e me afastei. Ed ainda estava de olhos fechados, dormindo, devia estar sonhando, no entanto, não esperei mais, com medo que ele acordasse, corri para o meu quarto e tranquei a porta, com a respiração ofegante, me deitei na cama. Que loucura! Meu corpo queimava com um desejo intenso, algo que não experimentei antes.  Fechei os olhos e tentei dormir, ainda sentia o gosto da sua boca na minha, passei a ponta dos dedos nos meus lábios, querendo relembrar aquele momento. Lentamente, mergulhei no sono e sonhei com aquele beijo.

Acordei cedo, no primeiro momento, achei que aquele beijo não passou de um sonho, depois, eu me lembrei do gosto da sua boca, sei que foi real. Bem real! Será que ele se lembra de alguma coisa? Não, ele estava dormindo. Resolvi que vou agir como se nada houvesse acontecido, até eu mesma acreditar nisso.

Abri a porta do meu quarto, sai para o apartamento silencioso, Ed não estava mais na sala, devia ter ido para o quarto, devia estar dormindo, agora.

— Bom dia! — Dou um pulo ao ouvir nas minhas costas, eu me virei e encontrei com Ed sorridente. Será que ele se lembra?

— Ah! Bom dia. Dormiu bem?

— Sim, muito bem. É bom dormir cedo, de vez em quando. Dá mais disposição, — Ele parecia extremamente animado.

— Pois é.

— Eu não vou estar aqui no fim de semana que vem. É aniversário da minha mãe, então ficarei alguns dias em casa. Há algum tempo, não vou até lá — ele comunicou.

— Tudo bem — respondi, com fingida indiferença, vendo aí a oportunidade perfeita para realizar meus planos. Minha noite romântica perfeita com Felipe.


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