Colegas de apartamento escrita por calivillas


Capítulo 8
Não me sentia pronta para ir mais além




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Levou aproximadamente três semanas para Felipe cruzar o corredor e entrar no meu quarto, foi uma conquista e tanto, um sinal de confiança adquirida. Percebi seu ar de felicidade quando, em um sábado à tarde, eu o convidei para assistirmos juntos um filme, na minha cama, em uma tarde chuvosa e fria, fiz chocolate quente e pipoca, deitamos, confortavelmente, recostados nos travesseiros, debaixo do cobertor, algo bem íntimo, mesmo que a minha intenção fosse só assistir ao filme, um desses filmes europeus recomentados por uma colega. Lá pelas tantas, os corpos aquecidos bem próximos e aconchegados sob as cobertas, o som reconfortante da chuva lá fora, o filme meio lento, a mão dele repousando sobre a minha coxa, o seu cheiro morno e conhecido, foi o estopim, começamos a nos beijar e beijar. Beijos mais intensos e insaciáveis, carícias um pouco mais audaciosas tocando a pele, mãos mais provocadoras, contudo, parou por aí. Mesmo cheia de desejo, não me sentia pronta para ir mais além, não dessa maneira.

— Podemos fazer no tempo que quiser, só me diga o momento certo — Felipe sussurrou para mim, acariciando os meus cabelos, quando notou a minha hesitação.

— Com certeza, você será o primeiro a saber — respondi e ele me abraçou, ficamos assim, agarradinhos, por um bom tempo.

Quando, já no meio da noite, Felipe saiu do meu quarto para ir embora, cruzamos com Ed no corredor, chegando em casa, como sempre os dois homens se cumprimentam, educadamente, antes de tomar direção opostas. Eu me despedi do meu namorado na porta do elevador por um longo tempo, com aqueles deliciosos beijos, que só ele sabia me dar.

Voltei toda alegrinha para o apartamento, dei de cara com Ed na sala, devorando um sanduíche sentado no sofá, enquanto conversar com alguém por uma rede social no seu telefone.

— E aí? — Ele parou o que está fazendo e olhou para mim, franzindo a testa.

— E aí o quê? — Eu tinha uma certa ideia sobre o que ele estava perguntando, a respeito da minha tarde com Felipe no meu quarto, mas me fiz de inocência, afinal, ele era muito enxerido e não tinha nada a ver com isso.

— Nada — Ele deu um sorriso cínico e desviou o olhar para o telefone.

— Como assim nada? — questionei, exaltada, como podia ser tão petulante e pensar que sabia que não havia acontecido nada demais, entre mim e meu namorado, apesar de ele estar certo.

— Simplesmente, nada — Ed deu de ombros, soltei o ar com força e revirei os olhos, impaciente. — Eu vou sair mais tarde — avisou para a minhas costas, algo novo para mim, ele me dar satisfação sobre a sua vida.

Tomei um banho e me preparei para dormir, na cama ainda desarrumada, sinto o cheiro tão familiar de Felipe e me perguntei se estou adiando demais.

Acordei cedo pela manhã, não vi a hora que Ed saiu e a que chegou, se é que ele chegou ou se estava sozinho ou não. Usei o banheiro, vou para a cozinha prepara o meu café. Ao passar pela sala, notei que há alguém dormindo no sofá, só de calça, levo um susto e me pergunto porque Ed teria dormido ali. No entanto, em uma segunda olhada, percebo que o homem é mais moreno e seus cabelos mais crespos. Não era Ed. Aquilo me irritou, pois, trazer pessoas estranhas para dormir na nossa casa, não estava no nosso trato. Passei direto, vou para a cozinha e preparei o meu café, estou distraída, por isso, levei um susto ao deparar com o desconhecido entrando com maior intimidade lá.

— Oi, você deve ser Paula – o rapaz disse de um modo simpático.

— Sou, e você quem é?

— Sou Pedro, amigo de Ed.

— Quer café, Pedro?

— Valeu.

Ele sabia onde ficava as xícaras, vai até a geladeira e pega o leite, com maior familiaridade, se serviu e sentou na minha frente, observei a cena impassível.

— Eu moro longe, por isso, Ed me chamou para dormir aqui, depois da festa — ele explicou, com naturalidade.

— Legal da parte dele — Sou sincera.

— Ed é legal, sempre me chamou para dormir aqui, assim como outros da galera.

— Mas, desde que vim morar aqui, ninguém dormiu aqui.

— Foi por sua causa, ele falou que você é meio...

— Chata?

— Rígida, cheia de regras.

— Rígida!

— Sim, até as festas acabaram.

— Festas? — Estou cada vez mais abismada.

— É tinha umas festas legais por aqui, no tempo da Carol, mas ele parou por sua causa. Disse que você não iria gostar da bagunça.

Estou chocada, então é isso que Ed pensa de mim, que sou uma chata e não gosto de me divertir e que os outros se divirtam, essa ideia me deixa triste.

Nossa conversa foi interrompida quando Ed entrou na cozinha.

— E aí, cara? — Pedro cumprimentou o amigo. — Estava esperando você acordar para ir, vou almoçar com a minha mãe.

O visitante vai se aprontar para partir e ficamos eu e Ed, na cozinha. Ele se serviu de leite e pegou umas fatias de pão e queijo e faz um sanduíche.

— Você não ficou aborrecida por causa do Pedro, não é? — finalmente, perguntou, se sentando na minha frente, à mesa.

— Não, ele falou vocês são amigos e que mora longe. Não sou uma megera, Ed.

— Eu não disse isso — Meus olhos se prenderam nos dele para um breve segundo

Aquele estranho clima se quebrou quando Pedro retornou para se despedir

— Valeu, cara! — Os dois se cumprimentaram com um estrondoso e sacudido aperto de mão.

— De nada, cara!

Pedro se vai, ouvimos a porta bater, Ed voltou para o seu sanduíche e eu me levantei, acho melhor sair dali. Quando estou quase na porta, eu me virei.

— Ed! — Ele se voltou para mim, erguendo asa sobrancelhas. — Pedro me contou que você costumava dar festas aqui, por que parou? Por minha causa?

— Achei que você não ia curtir muito — Ele deu de ombros.

— Você acha que sou uma chata? — Criei coragem para perguntar

 Ele demorou a responder, sei que pesou as palavras para não me magoar, no entanto, aquele breve momento de silêncio me chateia.

— Não, só um pouquinho inflexível – respondeu, com certa naturalidade.

Agora, sou eu que dou de ombros, fingindo que estava tudo bem, eu me virei, mas parei e me voltei para ele.

— Ed, se você quiser dar uma festa aqui, para mim, não tem problema, só me avise com antecedência, certo?

— Certo.


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