Colegas de apartamento escrita por calivillas


Capítulo 7
Só uma conversa




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Mais tarde, recebo uma mensagem de Felipe, avisando que está bem cansado, depois do plantão, que, talvez, me encontrasse mais tarde, assim, resolvi dar uma volta na praia, pegar um pouco de sol, podia ligar para Juliana, mas depois pensei melhor, havia dormido muito mal no chão do quarto de Ed, tinha dores em lugares que nem sabia que existiam, por isso, decidi que seria melhor ficar em casa, assistindo filmes e séries no meu computador. Lá pelas tantas, depois de almoçar um sanduíche, cochilava preguiçosamente, quando ouvi a porta do quarto de Ed ser aberta, queria deixar para lá, mas não consegui, aí, eu me levantei e encontrei com ele na sala, parecia um tanto abatido, há círculos escuros sob os olhos.

— Como você está?

 — Um pouco melhor, vou ficar hoje de bobeira em casa hoje, descansar e me hidratar, sabe como é?

— Sim, sei, acho melhor mesmo, você estava muito mal, ontem à noite.

— Obrigado, Paula, por cuidar de mim

— Não há de que, afinal, somos colegas de apartamento. Também, vou ficar em casa hoje, de bobeira, assistindo filmes.

— Você não sai muito. E o seu namorado?

— Ele está cansado, por causa do plantão de ontem.

— Você nunca o trouxe aqui.

— Quem sabe no futuro — Dei de ombros, com dissimulada indiferença.

— Ele sabe que você mora comigo?

— Sim, eu contei para ele.

— E ele não quis me conhecer?

— Não. Por que deveria?

— Eu gostaria de conhecer o cara, que mora com minha namorada — Ele se atirou, pesadamente, no sofá.

— Foi assim com Carol?

— Carol era diferente, menos desencanada. Trazia os namorados aqui, de primeira.

— Como assim, eu não pareço desencanada?

— Você? — Ele dá uma risadinha irônica, aquilo fez o meu sangue ferver, mas tentei manter a calma. — Sabe, como é?

— Não, não sei.

— Você parece toda certinha, gosta de tudo no seu lugar. Por acaso, você é virgem, Paula? — ele perguntou, de repente, de um modo casual.

 Meu queixo literalmente caiu com tamanha audácia.

— O quê?! — minha voz saiu esganiçada, engasgada.

— É apenas uma pergunta, o quê que tem demais? Você sabe da minha vida sexual — ele respondeu, natural.

— Sim, eu sei muito bem, aliás, tudo mundo sabe. Você não faz nenhuma questão em esconder — rebati, um tanto irritado.

— E daí? O que que tem? Não precisa ficar zangada.

— Eu não estou zangada, só que não quero debater a respeito de minhas opções de vida com você.

— Tudo bem, esqueça, eu já sei a resposta — ele falou, erguendo os braços e apoiando a cabeça, com ar confiante.

Cruzei os braços diante do peito e o encarei de modo duro.

— Pois, para mim, um relacionamento mais íntimo é algo muito sério, deve haver uma conexão forte, algo a mais entre as duas pessoas.

Ele me deu um sorriso torto, cheio de sarcasmo.

— Fique tranquila, não estou questionando suas escolhas de vida, como não quero que questione a minha.

— Então, por que estamos tendo essa conversa?

— Sei lá! — Ele deu de ombros. — É só uma conversa. Acho que vou comer alguma coisa. — Ele se levantou e foi para a cozinha, eu me sentei no sofá. — Você acha que esse Felipe será o cara certo, para ter essa tal conexão? — Escutei ele perguntar, entre o barulho da geladeira se abrindo, de talheres e pratos.

Eu não sei o que pensar, por várias vezes, eu me perguntei isso, mas não tive coragem para responder a ele nem a mim mesma.

Ele voltou com um sanduíche enorme no prato e um copo de suco na mão, sentou-se ao meu lado, começou a comer, sem insistir na pergunta.

— Vejo que não perdeu o apetite — provoquei, enquanto ele devorava o sanduíche, com vontade.

— Eu nunca perco o apetite.

— Por que você não fica com uma garota mais de uma vez? — perguntei, pois, afinal, ele foi bem indiscreto comigo.

— Sei lá! — Ele deu de ombros. — Porque não tenho vontade. Não é só pelo lance da transa, aquela coisa de pele, sabe?

— Não, eu não sei.

— É mesmo, você não sabe — E deu um sorrisinho maroto, eu o espreitei com os olhos semicerrados. — Não é só porque eu já transei com elas, ou algum papo machista desse tipo. Mas, sei lá...

— Talvez, se desse uma segunda chance a alguma delas, tivesse essa tal conexão.

— Pode ser. Adriana até que foi bem legal, posso ligar para ela qualquer dia desses.

— Ou, talvez, sejam elas quem não queiram sair com vocês, outra vez, sabe como é? — provoquei.

— Como assim?

— Talvez, elas não o achem confiável, alguém para se ter um relacionamento sério.

— Não acredito nisso, elas sabem do meu potencial — Ele deu um sorriso malicioso, eu revirei os olhos.

— Você se acha mesmo!

Ele deu uma risadinha e acabou com o sanduíche em poucas mordidas.

— Então, seu namorado perfeito seria confiável?

— Felipe? Eu acho que sim.

— Mas, se ele é tão confiável, por que você dois não...?

— Isso não é da sua conta! – falei aborrecida, colocando as mãos nos quadris.

— Desculpa, eu só queria entender.

— Não há nada para entender.

— Não? Eu só não sei se é por medo ou por puro romantismo, que você e ele não transaram ainda.

— É muito cedo. Escuta! Isso é muito estranho, ficar discutido minhas opções de vida com você! — disse, irritada

— Desculpa! Só queria entender — ele rebateu colocando as mãos na frente, em sinal de rendição.

— Entender o quê? — Enruguei a testa, desconfiada.

— Essa sua opção de vida.

Nesse momento, recebi uma mensagem de Felipe, para combinarmos algo mais tarde, é um sentimento dúbio, pois queria ficar com ele, ao mesmo tempo, não queria sair.

— Por que não o chama para vir aqui? Podemos pedir uma pizza e conversar — Ed parece que adivinhou meus pensamentos. Isso é muito estranho! Quem sabe, ele estava certo, já é hora de convidar Felipe para o meu apartamento e conhecer Ed.

Respirei fundo e digito uma mensagem para ele. Pronto, está feito! Agora, era só me preparar e ver o que ia acontecer.

No começo da noite, ouvi o interfone tocar, respirei fundo, querendo parecer (Como foi mesmo que Ed falou? Ah, Lembrei!) Desencanada. Pedi para Felipe subir, abri a porta e o recebi com um longo beijo. Como isso é bom!

— Bem-vindo à minha casa! — falei animada, o deixando entrar.

Ele olhou em volta.

— Legal aqui!

— Esse lugar foi um achado. Eu falei para você que estava desesperada, por ter sido despejada quando me falaram desse lugar — comentei, com excesso de entusiasmo, preparando o terreno. — Quer sentar? Vou pedir uma pizza para a gente.

Notei a sua decepção, quando se acomodou no velho sofá, talvez, estivesse esperando que eu lhe mostrasse o meu quarto. Eu me faço de desentendida, pedi uma pizza grande de muçarela e me sentei do lado dele. Como estávamos esperando e não fazendo nada mesmo, começamos a nos beijar, um daqueles amassos bem gostosos, foi quando eu pressenti que éramos observados, abri os olhos e dei de cara com Ed, nos olhando com um sorriso torto e malicioso. Imediatamente, desgrudei a minha boca da do Felipe, que me encarou, abismado e acompanhou o meu olhar e encontrou com Ed.

— Oi — Ed falou, todo simpático.

— Felipe, esse é meu colega de apartamento, Eduardo.

— Só Ed, por favor.

— Muito prazer.

Os dois apertaram as mãos, civilizadamente. Bom!

— Eu pedi pizza — avisei.

— Legal. Eu vou esperar no meu quarto — Ed saiu, nos deixando sozinho, outra vez.

Felipe me encarou de modo estranho.

— O que foi? — perguntei, com ar de inocente, mas eu sei, exatamente, o que ele deveria estar pensando a respeito do meu bonito e hetero colega de apartamento.


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