Colegas de apartamento escrita por calivillas


Capítulo 14
Tudo pode mudar em um piscar de olhos.




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Os dias passaram rápidos e a festa de Ed ficou para trás, com seus pequenos segredos, era melhor assim.

Então, sem nenhuma expectativa, finalmente, aconteceu entre mim e Felipe, como Ed havia dito, só deixei rolar e rolou, em uma preguiçosa tarde de domingo. Estávamos sozinhos no apartamento, assistindo um filme cheio de cenas de amor e momentos quentes, então nós nos inspiramos, começamos a nos beijar e nos beijar, a nos tocar mais e mais e, de repente, foi. Apesar do meu nervosismo, o receio da minha inexperiência, todas as minhas fantasias românticas e os receios de Felipe, transamos. Pela nossa intimidade conquistada ao logo desses meses juntos, tudo foi mais fácil do que eu esperava e não tão mirabolante, digamos, que foi um tanto estranho, um pouco doloroso, mas, Felipe foi muito carinhoso e cuidadoso, depois, eu continuava a ser mesma pessoa.

— Você está bem? — No fim, Felipe perguntou, quando eu estava aconchegada nos seus braços, ficamos assim por um longo tempo.

— Sim — disse, me sentindo um tanto estranha e bastante próxima dele, naquele momento. Sabia como ele se tornaria uma lembrança importante na minha vida, mesmo que nossos caminhos nos levassem para longe.

Lá pelas tantas, Felipe teve que ir, pois teria aula bem cedo, nós nos despedimos com um longo e carinhoso beijo e eu fui tomar um banho, me sentindo a mesma e, também, muito diferente.

Quando saí do banheiro, me deparei com Ed, no corredor, ele havia acabado de chegar em casa, e me olhou de um jeito diferente, ou sou eu que achei isso, talvez, ele desconfiasse do que aconteceu, talvez fosse só minha impressão. Mas, Ed apenas me deu um sorriso meio sorriso e disse boa-noite. Ele sabia! Tinha certeza disso! Já estava pronta para escutar uma piadinha irônica, mas nada, nenhuma palavra. Ele foi para o quarto direto dele e pronto.

Fiz o mesmo, fui para o meu quarto, troquei as roupas de cama e pus para lavar. Era tão estranho, nem parece que aconteceu, que foi só um sonho.

Liguei para Juliana:

  — Aconteceu. Eu transei com Felipe — disse, sem me dar chance de respirar.

Ela ficou em silêncio por breves segundos.

— E foi bom? — ela me testou.

— Sim, eu acho que sim, não tenho como comparar. Mas, como você disse, eu continuo a mesma.

— Vocês se precaveram?

— Claro que sim!

 — Que bom para você. Pelo menos, se livrou dessa dúvida.

— Acho que sim.

A partir dali, de uma certa forma, minha relação com Felipe mudou, ficamos mais próximos, passávamos mais tempo no meu quarto e, vez ou outra, ele dormia aqui em casa.

O mais estranho que a minha relação com Ed também mudou, quase não nos víamos mais, principalmente, porque ele começou a estagiar pela manhã e estudava à tarde. E quando nós nos esbarrávamos no corredor, ele só me cumprimentava, sem brincadeiras ou insinuações sarcásticas, que por estranho que pareça, sentia muita falta. Tinha saudades das nossas briguinhas sem sentido, daquele jeito malicioso dele, que me deixava louca.

Em uma manhã de sábado, quando saía do quarto, onde dormir sozinha, pois Felipe estava de plantão. Dou de cara com uma garota linda, com cabelos escuros e olhos repuxados, usando uma camiseta de Ed, saindo do quarto dele, e mesmo já tendo visto aquela cena antes, fiquei chocada e senti um aperto da minha garganta. Ela sorriu para mim, de modo simpático.

— Oi, você deve ser Paula.

— Sim, sou eu — Eu me esforcei para sorrir de volta e parecer natural.

— Sou Tatiana, Tati. Ed me falou sobre você, pediu para não fazer muito barulho para não acordar você

— Muita gentileza dele, quer dizer, dos dois. Vou fazer um café, você quer?

— Não, obrigada. Vou usar o banheiro e voltar para cama com Ed. Ele está me esperando.

— Ah, tá bom. Então, vou lá, fazer o meu café.

Nós nos separamos, eu vou para a cozinha e ela para o banheiro.

Será que vai recomeçar aquele desfile de mulheres de novo? Pensei, irritada. Mas, o que que eu tinha com isso. Ele que fizesse como quisesse, que durma cada noite com uma garota diferente. Um homem como ele é emocionalmente imaturo, não consegue se prender a ninguém, não consegue criar vínculos, não sabe amar só uma mulher. Fiquei cogitando, enquanto tomava meu café.

 E as semanas passam e para a minha surpresa, comecei a encontrar com Tati, várias vezes, no nosso apartamento. Pelo pouco contato que tivemos, percebo que é uma garota legal e simpática, não dá para não gostar dela. Descobri que ela era caloura do curso de Ed, que os dois já haviam saído algumas vezes.

— Quer dizer que você e Tati estão namorando? — perguntei com fingida casualidade, em uma rara oportunidade que estávamos sozinhos no apartamento. Tinha feito o almoço e eu chamei para comermos juntos.

— Eu não sei. Talvez... — Ele deu de ombros com total casualidade.

— Ela é bonita.

— Muito. E bem inteligente.

Sinto meu estômago revirar, parei de comer.

— Ah! Então, finalmente, uma garota fisgou você — Não consegui disfarçar uma pontinha de ironia.

Ele me deu aquele sorriso torto, que sentia tanta falta, meu peito apertou.

— Mas do que ninguém, você sabe que tudo pode mudar de repente. Quem sabe, eu precisasse de algo mais sério.

Eu o encarei, perplexa.

— Você tem razão. Tudo pode mudar em um piscar de olhos.

 Foi assim que nosso apartamento começou a ficar um pouco mais movimento, Tati e Felipe eram presenças bem comum por ali. Tentávamos e conseguíamos manter uma convivência educada e pacífica. Dividíamos a pizza, cerveja e refrigerantes, Tati não bebia, assistíamos filmes, conversamos, antes de cada casal ir para o seu quarto e fechar a porta.

Com o passar do tempo, fiquei mais à vontade em relação ao sexo, para falar a verdade, estava até gostando, apesar de continuar achando que era um tanto supervalorizado.

Enquanto isso, o curso de Felipe começou a ficar mais exigente, então, nós nos víamos cada vez menos, só nos fins de semanas, quando não tinha plantão. Não queria bancar a chata e exigente, entendia a situação, era compreensiva, mesmo sentindo a falta dele, mesmo que não fosse tanto como achava que deveria ser. Eu me distraía assistindo filmes, lendo ou estudando, muitas vezes, me pegava imaginando se Ed estaria chegando, se viria para casa sozinho. E muitas vezes, ele chegava sozinho, me encontrando na sala.

— Oi

— Oi.

— Como foi seu dia?

— Bom. E o seu?

— Normal.

— Então, boa noite,

— Boa noite.

Ele desaparecia pelo corredor, enquanto eu o observava.


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