A Aranha na Teia escrita por Elvish Song


Capítulo 9
Avengers Tower


Notas iniciais do capítulo

Oláááááá!! Cá estou eu de volta, para tentar animar um pouco os dias de quem também está na quarentena!
Espero realmente que gostem desse capítulo, que fiz com muito carinho: temos Lucy sendo um docinho de coco e derretendo geral, Vingadores sendo eles mesmos, Steve e Natasha matando saudade, e o início de uma treta para encerrar a postagem. Tudo a que um capítulo tem direito!
Agradecimento enormes à Infinity Gamora e à Romanoff Rogers pela.recomendação, e à Natasha Rogers pela capa, e a todas que comentaram e participaram dessa história de alguma forma, incentivando e apoiando! Vocês são demais!!!
Sem mais delongas, vamos ao que interessa!



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Lucy não desceu do carro de imediato, quando Natasha lhe abriu a porta; seus olhinhos preocupados estavam baixos e, quando se ergueram para fitar a mãe, havia mesmo algum medo neles:

— E se não gostarem de mim, mama?

— Todos eles irão amar você, mishka. – A espiã segurou a mãozinha da menina para encorajá-la, e se abaixou para ficar na mesma altura. – Como todos os outros que já te conheceram de verdade. Não precisa ter medo: Steve e eu estamos com você, e nunca vamos deixar nada de mal te acontecer, ouviu?

— Não, mesmo. – O Capitão também se abaixou, passando um braço pelos ombros de Lucy, e outro pela cintura de Natasha. – Não importa o que aconteça, Lucy, vamos cuidar de você: está começando uma nova vida. – Ele beijou a testa da criança e deu um sorriso. – Pronta?

Lucy mordeu levemente o lábio inferior e ajeitou o modo como segurava seu dragãozinho de pelúcia, finalmente assentindo:

— Pronta. Se vocês estiverem comigo.

— Sempre. – Natasha se levantou e segurou a mão livre da filha. – Vamos primeiro te apresentar para os outros, depois buscamos suas coisas. – Ela ajeitou a gola do vestido de Lucy e o trio se dirigiu para o elevador. Era intimidador, para alguém criada nos complexos fechados da HYDRA, olhar para o exterior do elevador panorâmico e ver toda a cidade se estendendo diante de si, à medida que subiam para o andar comunal. – Eu sei: é novo e intimidador, mas você vai se acostumar, como Steve e eu nos acostumamos.

— Você veio de um lugar como aquele, não veio? – Perguntou a menina, timidamente. Ao ver o olhar indagador de Natasha, tratou de se explicar, um tanto constrangida e culpada. – Você também dorme com o braço para cima, e na noite em que teve aquele pesadelo, eu... Sem querer eu vi algumas coisas. Foi sem querer, eu ainda estava cochilando.

Natasha endureceu levemente sua expressão, mas manteve sua voz calma ao responder à filha, a princípio sem encará-la:

— Está no passado, Lucy, para nós duas. E sim: eu vim de um lugar como aquele. – A russa baixou o rosto para que seus olhos encontrassem os da filha. - É por isso que sei que vai conseguir, muito mais rápido e melhor do que eu.

A pequena deu um leve sorriso e apertou a mão da mãe, enquanto sentia a mão de Steve em seu ombro, reconfortante. Ambos estavam calmos, e isso por si só a ajudava a se acalmar, contagiada por suas emoções enquanto a pelúcia em seu abraço lhe trazia ainda mais conforto, embora não soubesse explicar a razão, sendo um objeto inofensivo. Talvez fosse a noção de ter algo realmente seu, algo que fora dado por Lila por nenhum motivo além de carinho, ou a maciez e calor que parecia um abraço. Independente do que fosse, apertou Fafnir um pouco mais quando enfim o elevador parou – e não pôde deixar de admirar a vista daquele ponto tão alto!

As portas de metal se abriram para revelar uma ampla sala envidraçada, espaço suficiente para trinta pessoas ou mais, com piso envernizado, móveis modernos, clara e com dois outros níveis ligados por escadas. E reunidas à mesa longa, com notebooks, projetores e pilhas de papel, além de pratos de sanduíches e alguns copos com bebidas diferentes, havia oito pessoas: Tony Stark, Pepper Potts, Thor, Bruce Banner, Jane Foster, Darcy, Ian e o renomado Erik Selvigg. Todos se voltaram para o trio recém-chegado, e Tony abriu um sorriso:

— Hey, vejam só, se não é o pequeno dano colateral de Romanoff! – Ato contínuo, Pepper deu uma cotovelada no namorado e foi ao encontro dos demais com um sorriso. Cumprimentou primeiro Natasha, com um beijo no rosto da ruiva, e então Steve, antes de se abaixar para fitar a garotinha ora parcialmente escondida atrás da mãe:

— Oi, Lucy. Já ouvimos falar coisas maravilhosas de você, estava ansiosa para te conhecer. – Estendeu sua mão de modo amigável, oferecendo-se à avaliação da desconfiada menininha que era, em suma, uma cópia da mãe em expressões e linguagem corporal. – Eu sou a tia Pepper. Ou Pep.

A ruivinha olhou primeiro para a mãe, que lhe deu um aceno de cabeça encorajador e pousou a mão nas costas da pequena, a qual enfim deu um passo adiante e segurou a mão da nova mulher, sorrindo com as impressões que captou. E embora sentisse que a maioria a observava com cuidado, percebeu não se tratar de medo dela, mas medo de magoá-la ou machucá-la, pois sabiam de seu passado. Não, não havia ninguém ali rejeitando-a ou com medo dela... Em verdade, alguns pareciam ter medo de si próprios! Stark, o cientista que tinha dentro de si uma enorme força selvagem e o homem loiro de cabelos compridos e barba eram os mais preocupados, como se não soubessem lidar com ela pelo simples fato de ser uma criança. Mas o mais velho dos homens, as duas outras moças e o rapaz com os computadores não emanavam senão simpatia e... Bem, ela nunca esperara que alguém a fosse achar fofa, mas era a definição de suas mentes. Enfim, encerrou seus devaneios mentais e respondeu para Pepper:

— Obrigada por me aceitarem aqui. Mesmo com os meus... Problemas.

— Querida, não são problemas. Você é diferente: especial. Todos aqui são, de algum jeito. Bem-vinda ao time. – Potts abriu os braços num convite para um abraço que, contra as expectativas, Lucy aceitou com um grande sorriso. Tinha medo de estar sonhando, mas nem seus melhores sonhos haviam lhe dado uma aceitação como aquela... Pessoas que não a temiam, que queriam mantê-la a salvo, não a achavam estranha ou inoportuna, e tampouco desejavam usá-la! Eles a viam como... Uma pessoa. Uma criança. Com habilidades incomuns, mas ainda uma criança, e essas noções a enchiam de uma sensação que não conseguia descrever em uma palavra só: segura, feliz, confiante, acometida por um intenso desejo de rir em pura alegria! – E quem é esse? – Perguntou a presidente das Stark Industries, indicando o dragãozinho de pelúcia azul.

— É o Fafnir. Ganhei de presente, e agora ele vai comigo para a maioria dos lugares. – Ela não precisara esperar pelas explicações de Natasha para saber que a família de Clint era um segredo a ser guardado até dos outros Vingadores.

— Bom, então por que vocês dois não vêm conhecer os outros? – A executiva ficou em pé, mão ainda segurando a da garotinha, que fitou Natasha e Steve.

— Posso?

— Vá se divertir. Esses loucos são sua família, agora. Encare como os tios cujo exemplo não seguir, excetuando a Pepper e a doutora Foster. – Natasha disse aquilo com um leve sorriso para o resto do grupo e, tão logo Lucy foi saltitando junto da presidente das Stark Industries para perto da mesa, acompanhou Steve para perto dos demais, assumindo lugar nas cadeiras vazias enquanto cumprimentava os amigos e o grupo de cientistas.

                - Doutora Foster, Doutor Selvig. – Romanoff assentiu brevemente com a cabeça e estendeu a mão para ambos. – Obrigada por se disporem a nos ajudar.

                - Com tudo o que aconteceu, desde que Thor veio para a Terra pela primeira vez, não podíamos negar ajuda. Coisas vindas do espaço nas mãos de quem quer o poder a qualquer preço? – Como alguém que tivera o próprio Loki em sua mente, Erik entendia a que extremos a sede de poder podia ir, e os efeitos devastadores que causava.

                - Ainda havia riscos envolvidos, e o senhor e a senhorita Foster se dispuseram a ajudar, mesmo assim. - Respondeu Steve, antes de sorrir ao ver Ian e Darcy paparicando a garotinha ruiva, alheios ao assunto. - Interrompemos algo?

— Ah, nada que não possamos terminar depois. - Jane indicou Lucy com o olhar, e Natasha compreendeu de imediato. Porém, a criança também o fez:

— Não precisam parar de falar da HYDRA porque eu estou aqui. Eu cresci lá, ouvia os pensamentos deles... Posso ajudar! - De repente o rostinho sorridente se havia tornado sério, enquanto ficava de joelhos em uma das cadeiras para alcançar melhor a mesa. - E se estiverem fazendo em outros lugares o que faziam com a gente, então eu realmente quero ajudar!

                Todos os presentes se entreolharam com misto de preocupação e admiração pela menina, subitamente uma tensão palpável no ar enquanto Tony desligava todos os arquivos e hologramas.

— Você é corajosa de um jeito bem suicida, coisinha. Não nega seu DNA. Mas não, obrigado: tiramos você de lá tem poucos dias, ninguém aqui quer te colocar se volta nesse assunto.

A garota não pôde deixar de se sentir agradecida pela intenção generalizada de protegê-la até mesmo das memórias ruins, mas isso não significava que concordasse. Ela era forte: sobrevivera sozinha por quase três anos e, agora que ganhara aquela chance... Faria de tudo para que ninguém mais tivesse de passar pelas coisas que passara. Mas a mãe parecia ser outra telepata, pois segurou seu ombro e falou num tom baixo, porém firme:

— Não agora, Lucy. Você pode nos ajudar, e vai, dando as informações de que puder se lembrar, malen'kaya... Mas depois.

Romanoff sentia orgulho da filha, de sua natureza altruísta e da coragem em enfrentar suas memórias e dores para proteger desconhecidos... Mas isso também a preocupava. Ao contrário dos adultos, contudo, não tinha ainda estrutura emocional para lidar com tudo aquilo. Inferno, fazia poucos dias que parara de congelar sempre que alguém erguia a mão perto de si! Sabia que precisaria recorrer aos conhecimentos da filha, mas não faria isso agora. Não logo que a menina chegara a seu novo lar, e conhecia pela primeira vez sua nova família!

                Lucy sabia que as palavras da mãe eram definitivas, mas ainda não gostava da idéia de não ser útil ali e agora. Todos estavam trabalhando naquilo, era mais do que claro! Ela também podia!

Todos se surpreenderam quando Thor se levantou e voltou a sentar, agora ao lado da pequena, olhando com seriedade os olhinhos índigo.

— Você é uma pequena guerreira forte e corajosa, senhorita Romanoff. Quer lutar para proteger pessoas a que nem conhece, e isso é muito mais do que a maioria das pessoas teria coragem ou força. Mas até os guerreiros mais poderosos precisam de algum tempo para se recuperar dos combates, ficar em casa, lembrar dos motivos que os fazem lutar. Bom... Esse é o seu momento de descansar. - Ele sorriu brevemente e estendeu a mão voltada para cima, na frente de Lucy, a qual segurou seus dedos com a mãozinha pequena, sua expressão inicialmente concentrada e compenetrada se tornando um leve sorriso em conjunto com a de Thor, que finalmente beijou a mão da criança como se falasse com a mais elevada das damas. - Tem tanta força que poderia assustar até mesmo Lady Sif, minha jovem Lady Romanoff. Certeza de que não é uma Valquíria?

Ela sorriu e passou atrevidamente para o colo de Thor a fim de abraçá-lo:

— Obrigada, tio Thor.

O asgardiano sorriu e abraçou a pequena de modo um pouco desajeitado, com medo de machucar aquele ser-humaninho com sua força, embora ela mesma não estivesse minimamente preocupada. Jane os observava com um sorriso terno e levemente divertido com o ar levemente perdido de Thor, e finalmente decidiu socorrer o namorado:

— Hey, ruivinha, por que não vem conhecer o resto do pessoal?

Tanto Natasha quanto Thor lançaram olhares agradecidos para Jane, ainda que por motivos diferentes. O deus se sentiu aliviado ao ter a coisinha minúscula descendo de seu colo, pois o medo de não controlar a própria força e machucá-la com um simples abraço o estava paralisando; Romanoff, por sua vez, estava grata pelo gesto da cientista de procurar o contato com sua filha e incentivá-la a lidar com os demais, de modo que, quando Lucy a fitou num pedido mudo de permissão, respondeu:

— Não precisa pedir permissão, моя маленькая. Divirta-se. - Apertou de leve o ombro da pequena, num gesto confortador. - Steve e eu vamos pegar as coisas no carro, enquanto você termina de conhecer todo mundo. Não vamos demorar.

Lucy ficou momentaneamente tensa com a ideia de se separar da mãe, mas cuidou de controlar essa emoção: Natasha já havia sido muito clara sobre a questão de não estarem juntas o tempo todo, e bem... Não estava em companhias de modo algum desagradáveis. Podia lidar com isso, e foi com esse pensamento que segurou a mão estendida da doutora Foster e desceu do colo de Thor. O homem mais velho lhe estendeu a mão – todos pareciam ter entendido bem depressa como o gesto de tocá-los permitia que os compreendesse mais depressa e se sentisse à vontade – e sorriu gentilmente quando a pequena fechou seus dedinhos em torno dos dele.

— Passei no teste Lucy de aprovação? – Perguntou, a voz levemente embargada enquanto sentia as emoções e pensamentos da criança, do mesmo modo que ela sentia os seus. Nunca conhecera ninguém assim, uma mistura tão grande de medo e curiosidade, mágoa e alegria, alguém tão doce e gentil, mesmo após passar por tantos traumas... Emoções tão infantis, e ao mesmo tempo uma mente extremamente madura... E quando ela sorriu e lhe deu um beijo no rosto, Selvig não resistiu a abraçar a ruivinha, desejando poder protegê-la de todo mal. Parecia ser o efeito geral dela em todos.

— Passou. – Ela riu. – Todos passaram, desde que cheguei!

— Está hackeando nossos cérebros desde que chegou? – O tom de Tony era divertido, mas havia uma nota de tensão.

— Um computador está hackeando a rede de wi-fi aberta? – Ninguém esperava que a pequena devolvesse com aquele sorriso atrevido e divertido, mas ali estava. – Sou só o receptor... Não... – Seu rosto se contraiu enquanto tentava lembrar o termo certo - O codificador... Conversor. – Outro sorriso ao se lembrar. - Pensamentos e emoções ficam pelo ar, em redor das pessoas... Como ondas de rádio. Um rádio não está hackeando nada. – Ela se lembrava bem da explicação de Clint sobre como o rádio funcionava, e de como lhe explicara que sentia como se ela fosse um rádio, e as emoções e pensamentos alheios, as ondas. Mas ela sintonizava todos os canais, o tempo inteiro...  

Stark não esperava por isso. Uma resposta atrevida, correta, direta e que falava sua linguagem, ainda que em um modo simplificado. Definitivamente não fora o que esperara da coisinha que chegara parcialmente escondida atrás de Natasha, tímida e assustada, mas ainda assim... De certa forma, combinava com uma Natasha 2.0, mesmo que em miniatura.

— Gostei de você, Romanoff Júnior. Vem aqui, coisinha. – Tony se abaixou para ficar da altura dela. – Quando foi que aprendeu sobre ondas de rádio e internet?

— Anteontem. Tio Clint me ensinou, e mama me falou que o senhor é um especialista em tecnologia. Achei que a comparação ia ser melhor para explicar. Não quero todo mundo com medo de mim, de novo. – Agora os adultos todos se entreolhavam, sem saber exatamente como reagir, mas Tony gargalhou:

— Eu vou demitir metade dos estagiários e substituir por você, ruivinha! – O Homem de Ferro bagunçou seus cabelos. – Mas “senhor” não vai servir. Tio Tony tem que dar. Não aceito tratamento diferente!

— Feito. – Finalmente, ela percebeu alguém que não se atrevera a chegar perto. O homem com aquela força raivosa sob a superfície. Ele estava com medo, e quanto mais medo sentia, mais se retraía, e mais essa raiva ameaçava sair de controle. Ela podia quase sentir o cheiro daquele “algo”, e isso captou todos os seus sentidos. Sabia o que era sentir medo de si mesmo, ser incapaz de se controlar quando seus sentimentos eram o que te traía... Então se afastou de Stark e caminhou até o médico, que tinha os olhos fechados e tentava desesperadamente esvaziar a mente, não percebendo sua aproximação.

Pepper segurou o braço da menina, mas o modo como essa a olhou, com tanta confiança e calma, assegurando-a com o olhar de saber o que fazia, convenceu a mulher a não impedi-la, mas apenas acompanhar de perto. Sem fazer barulho, Lucy puxou uma cadeira e a colocou em frente ao médico – doutor Banner, por exclusão – então ficou de joelhos no assento e colocou calmamente as mãozinhas em ambos os lados do rosto masculino.

— Doutor Banner, pode abrir os olhos. Está tudo bem. – Sua mente se estendeu e envolveu em redor da dele, acalmando-o, travando contato com aquela raiva instintiva e selvagem, como se outro ser ali habitasse. Os olhos do homem se abriram, tingidos de um verde intenso. – É o seu medo que está fazendo isso. Você não vai me machucar.

— Lucy, afaste-se. Por favor. – Em vez de ceder ao gesto de afastamento do médico, ela o abraçou. O que quer que vivesse dentro dele pareceu se surpreender tanto quanto acalmar e, lentamente, o último Vingador a abraçou também. – Você é insana, baixinha.

— Sou uma Romanoff. – Ela respondeu como se isso explicasse tudo, e deu de ombros com um sorriso largo ao se afastar. – Melhor?

— Muito. – Bruce a pegou no colo, enternecido com a coisinha como todos os demais. – Vai me contar como fez isso, um dia, certo?

— Quando eu descobrir, prometo. – Ao ser colocada sentada na mesa, virou-se e cruzou as pernas sobre o tampo. – Vocês sempre fazem isso? Sentar assim, juntos, e discutir sobre coisas importantes?

— Nem sempre importantes, e nem sempre todos nós. – Disse Jane, tirando a criança de cima da mesa e sentando com ela no colo. – Mas é o que significa ter amigos, família. Trabalhamos juntos, sentamos para comer, falamos coisas que precisam ser ditas, ou só bobagens. E às vezes nos juntamos aos amigos dos nossos amigos, e aumentamos o número de pessoas com quem nos importamos.

— Sempre me disseram que gostar de outras pessoas era criar buracos na sua armadura. Mas não é o que vocês parecem.

— Não sei quem te falou isso, pirralha, mas era alguém muito ferrado da cabeça. – Protestou Darcy, enchendo um copo de refrigerante e estendendo para menina. – Amigos e família te deixam forte, não fraco.

— Ela tem razão. – Thor se manifestou novamente. – Um lobo sozinho é fácil de matar, mas vai ter problemas se encarar uma alcateia.

— É isso o que vocês são? Uma alcateia? -  Lucy bebeu um gole e se engasgou com o gás, mas o sabor não era ruim!

— Algo assim. – Banner sorriu para a pequena, imaginando se ela percebia minimamente o efeito devastador que seu jeito causava em todo mundo. E agia com tanta naturalidade! Aquilo era ela, por si, não uma encenação. – Mas agora não somos só nós. Está nessa também, mini-Romanoff.

— Já estou gostando da ideia.

Não demorou muito para que Natasha e Steve voltassem da pequena viagem à garagem e ao apartamento de Romanoff, para deixar as malas, mas foi tempo suficiente para, ao se abrirem as portas do elevador, encontrarem a garotinha perfeitamente à vontade com o grupo, sentada no colo de Pepper enquanto Darcy e Ian dividiam chocolates e refrigerante com ela. A espiã não conteve um leve sorriso de canto, e comentou baixinho com Steve, sem se virar para o companheiro:

— Bastardinha manipuladora: já enredou todos na própria teia.

— Quem sai aos seus não degenera. – Respondeu Steve, rindo baixinho com a leve cotovelada nas costelas que a namorada lhe deu enquanto saíam do elevador.

— E eu achando que tinha uma filha tímida e introvertida. – Brincou a Viúva Negra, juntando-se ao restante do time. – Ian, Darcy, parem de envenenar minha filha com essas porcarias. – Os mais jovens deram de ombros, rindo, e Ian respondeu:

— Ela merecia provar, pelo menos, Agente Romanoff.

— Vou usar essa frase se uma cobra te picar, garoto. Ou uma aranha... – Havia um tom ambíguo a voz de Natasha que fez o estagiário não ter certeza quanto a se a russa falava sério ou não, mas foi Lucy quem respondeu com um sorriso divertido:

— Não seja tão malvada com ele, mama. Isso é muito gostoso!

— E você está lambuzada de chocolate. – Natasha usou a manga para limpar as bochechas da filha. – Para quem estava com tanto medo, no elevador, você está bem saidinha.

— É que encontrei minha alcateia. – A sinceridade naquele sorriso era capaz de contagiar até Romanoff, que sorriu de volta para a criança e então voltou a falar com os amigos:

— Já se renderam, assim tão fácil? Ela enrolou vocês todos.

— Ela é uma versão 3.0 de você, mais fofa e menos homicida. Se não soubesse que ia me arrepender disso em quinze minutos, eu a roubaria para mim! – Pontuou Stark, o que lhe rendeu um levantar de sobrancelhas da parte de Natasha que dispensava palavras. – E é exatamente por esse olhar que eu me contento em ser o padrinho dela.

— O Clint é padrinho dela. – Bem, estava difícil não rir. Tony achara alguém para brincar, e isso era quase tão cômico quanto preocupante.

— Então ela pode ter dois padrinhos. Não tem nenhuma lei proibindo. – Natasha revirou os olhos, mas acabou dando um ligeiro sorriso antes de se dirigir a Pepper:

— Se forem padrinhos da Lucy, você controla o seu homem, ou ele vai voar pela janela SEM o traje.

— Dependendo da situação eu ajudo a esconder o cadáver. – Potts riu baixinho da cara de indignação de Tony. – Só estou sendo uma boa madrinha. E Natasha... Sei que é um pouco cedo para levar a Lucy para muitas voltas, então amanhã queria sentar com ela e ajudar a escolher decorações para o quarto da baixinha.

— Você e o Tony vão fazer isso com ou sem a minha permissão, então... – Romanoff deu de ombros e suspirou, mas era apenas fachada. Não podia estar mais aliviada do que agora, ao ver todos aceitarem a criança e perceber que, apesar de tudo, dessa vez não estava sozinha. Nem Lucy estaria. Talvez, e apenas talvez, as coisas fossem ser bem mais simples do que imaginara. – Mini-terrorista, não quer conhecer nosso apartamento? Vamos tomar banho para jantar, daqui a pouco.

— Tínhamos concordado em pedir pizza para o jantar, antes de vocês chegarem. Mais prático, considerando a pilha de trabalho. – Informou Pepper. – De acordo?

— Bozhe moi, eu trago uma criança e vocês já começam a americanizá-la. – Nat fingiu protestar, mas Pepper a conhecia o suficiente para entender a brincadeira, e encolheu os ombros com expressão travessa. – Se já está combinado, não mudem os planos por nossa causa. Californiana, por favor.

— Quem é que está se americanizando? – Provocou Tony, o que lhe rendeu um discreto dedo do meio. – Olhe o exemplo, agente Romanoff!

— Tony, ela vai te arremessar pela janela, e eu nem vou tentar impedir. – Steve se divertia com a situação. – Como está a evolução do trabalho?

— Os computadores estão terminando de processar alguns dados. – Jane não mencionou quais, embora soubesse que Lucy provavelmente entendera muito bem o assunto. – Temos pistas sobre o rastro do Cetro.

— Mandem para o meu arquivo, sim? – Pediu Natasha, chamando Lucy para junto de si com um gesto. – Voltamos logo.

Mãe e filha saíram para o hall do elevador, e Tony comentou baixo com os demais:

— Agora tem duas dela... Se o mundo não acabar com isso, não acaba mais. – E por mais estranho que fosse ver a Agente Romanoff com uma criança à tiracolo chamando-a de mãe, a verdade é que não apenas a pequena era absolutamente adorável, como haviam conseguido vislumbrar brevemente um lado da espiã que muito raramente se mostrava: o lado que se importava. Ela costumava demonstrar isso em ação, cuidando o tempo todo da equipe e dos eventuais civis, mas isso vinha sempre disfarçado sob uma camada de profissionalismo frio. Para quem a conhecia melhor, como Pepper, Tony e Bruce, fora uma surpresa muito agradável.

*

A pequena mutante vibrara ante a ideia de um quarto apenas seu e, mesmo sendo um aposento de hóspedes, impessoal, trouxe um brilho de felicidade e gratidão a seus olhinhos; a Black Widow a ajudou a organizar suas coisas no armário, nas gavetas da cômoda e sobre esta, o que de imediato conferiu certa personalidade ao aposento, especialmente com as miniaturas do universo de Tinker Bell cintilando sobre o móvel e o cobertor verde e felpudo com silhuetas de fadas estendido sobre a cama, com o dragão azul de pelúcia junto aos travesseiros. Embora houvessem arrumado tudo de modo metódico e prático – Lucy possuía a mesma praticidade e ações mecânicas da mãe, obtidas pelo condicionamento – não deixou de haver certa emoção desconhecida no ar... Ambas estavam felizes por Lucy estar ali, e o ato de arrumar o quarto aos poucos se tornou algo cúmplice, que finalizaram com uma troca de sorrisos antes de a espiã mandar a criança para o chuveiro.

Enquanto Lucy tomava banho, Natasha checou os arquivos que Jane lhe enviara, apenas uma passagem rápida de olhos para se inteirar do andamento da busca pelo Cetro. Obviamente, o rastro desaparecia em outra antiga base da HYDRA, e precisariam ir ao local investigar, o que provavelmente significaria mais problemas. Nenhuma novidade. Quando todas as análises estivessem completas, voltaria a estudar os arquivos para ver o que poderia descobrir. Por ora, eram dados incompletos, e podia se dar mais uma noite de folga antes de mergulhar novamente no trabalho.

Assim que a menina saiu do banho, foi a vez de Romanoff, e não demorou para estarem ambas vestidas com roupas mais simples e confortáveis, e subirem novamente para se encontrar com os demais.

O jantar foi estranhamente descontraído: as conversas eventualmente passaram pelo trabalho conjunto na busca pelos remanescentes da HYDRA, mas não tocou nos aspectos mais obscuros e nauseantes de tudo aquilo, e no geral os assuntos se afastaram desse rumo. Uma coisa boa, pois Jane, Selvig, Ian e Darcy haviam tido pouco contato com os Vingadores, e havia muito a ser dito; Lucy era a mais falante, com certeza, fazendo mil e uma perguntas e brincadeiras, – compensando o silêncio atento da mãe – e, em certos momentos, servindo como ponte para manter a conversa fluindo entre todos. Por alguns momentos, Natasha considerou consigo mesma que a garota seria uma diplomata brilhante, e tratou de sufocar o lado que tentou imaginar o quão excepcional Lucy seria no ramo da espionagem, com sua facilidade em mudar de atitude e se adaptar. Não. Aquilo não era uma hipótese; Lucy não enveredaria pelos caminhos que ela havia seguido, não importava o que precisasse fazer.

Finalmente, quando a maioria começava a se preparar para se recolher, Natasha levou Lucy para seu apartamento e colocou a filha na cama. Acendeu o abajur em forma de flor no criado-mudo, e se certificou de que a pequena estivesse confortável, aconchegada e segura.

— Você está bem, Lucy?

— Estou, mama. – A pequena reprimiu um bocejo, caindo de sono. – Mais feliz do que já fui. – A espiã sorriu e beijou sua cabeça, colocando um celular programado para chamar seu número ao ser apertado “discar”.

— Se precisar me chamar, durante a noite, é só apertar esse botão, está bem? Depois que você dormir, eu vou subir e conversar mais um pouco, mas se me ligar, volto para cá na hora. Tudo bem? – A pequena assentiu, sonolenta demais, e provavelmente dormiria direto até o dia seguinte, mas Romanoff preferia não arriscar. – Boa noite, Malen’kaya.

— Boa noite, mama. – A última palavra saiu como um sussurro enquanto a garotinha exausta caía no sono, deixando um formigamento e calor estranhos e desconhecidos se espalharem pelo peito da agente, que sorriu levemente.

Ficou ali por quase meia hora, até ter certeza de que a filha estava em sono profundo, e então pegou as escadas: não ia subir muitos andares. Assim que bateu à porta de Steve, o soldado atendeu com uma expressão apaixonada, envolvendo a Black Widow nos braços quando seus lábios se encontraram em um beijo feroz.

*

Fechando a porta com um chute, Steve empurrou Natasha de costas contra a parede com certa força, mas nenhum dos dois se importou enquanto seus lábios se trancavam num beijo faminto e intenso, os braços de Romanoff em redor do pescoço do soldado, os dele em redor de sua cintura e, segundos depois, sob suas coxas, puxando-a para cima a fim de igualar as alturas, ao que ela reagiu travando as pernas em redor da cintura de Rogers. Uma das mãos do loiro se manteve segurando os quadris da ruiva, enquanto a outra correu para os cabelos e se enredou a eles, gesto imitado pela espiã.

Mais de um mês de afastamento e tensão finalmente explodiam na forma de desejo desenfreado, puro, animal e frenético: a russa não teve a paciência de tirar a camiseta do namorado por sua cabeça, apenas segurando a frente e rasgando-a com um puxão forte, dando-lhe acesso ao peitoral esculpido e à barriga do soldado, por onde correu os dedos sem poupar trabalho às unhas. Ato contínuo, o Capitão chiou de prazer e juntou as mãos da agente em uma das suas, imobilizando-as contra a parede, acima de ambos, voltando a beijá-la como se suas vidas dependessem disso. Levou a outra mão ao decote da amante e o rasgou sem cerimônias, e o mesmo destino teria tido o sutiã, se não tivesse fecho frontal.  Aquela ferocidade não era comum em Steve, mas não seria Natasha a interrompê-lo: estava adorando esse lado do parceiro! Mordeu os lábios para sufocar um grito de prazer e ofegou quando ele capturou um de seus seios na boca e acariciou o outro com a mão livre, ainda mantendo seus pulsos presos contra a parede e seu peso sustentado pela pressão do corpo dele contra o seu. Apertando as coxas ao seu redor, a espiã moveu os quadris tanto quanto a posição lhe permitia, emitindo um gemido rouco ao sentir a ereção do soldado através das calças de ambos. Ele, por sua vez, arfou e se empurrou contra ela, deixando um chupão na curva de seu pescoço.

— Você é minha perdição, Black Widow. – Continuou a distribuir chupões por seu pescoço, descendo pela linha da clavícula, subindo com alguns beijos e lambidas até seu pescoço novamente, indo até o lóbulo de sua orelha e deixando a mordida no lóbulo. - E eu amo isso. - Sussurrou antes de descer a boca, tomando um de seus mamilos róseos, começando a ficar levemente irritado com as roupas que ainda havia no corpo de ambos.

— Sentiu minha falta, Capitão? – Natasha deu um sorriso lascivo e provocante, antes de se inclinar para conectar os lábios aos do amante, outra vez. A mão que prendia as suas contra a parede foi para as costas nuas da espiã, enquanto ela ficava novamente em pé e movia os dedos com urgência para o cinto de Steve, enquanto ele desabotoava suas jeans e a colocava sobre a bancada da cozinha, puxando o tecido com impaciência, rasgando-o também no processo.

— É claro que sim. Sou masoquista, lembra? – Ele brincou, relembrando a frase da própria Natasha enquanto ela empurrava as calças e roupa de baixo do soldado, deixando-o tão nu quanto ela e trancando as pernas em redor dos quadris masculinos. Haveria tempo para gentileza e carinho, mais tarde: agora havia apenas aquele desejo dolorosamente intenso que precisava ser saciado, a necessidade por gestos ríspidos e intensos! Ah, quanta falta sentira daqueles toques, do calor, cheiro, dos sons que Steve fazia...! Passando os braços por sob os dele, passou as unhas por toda a extensão das costas do amante enquanto mordia a junção entre o queixo e o pescoço, arfando de desejo junto ao ouvido do homem.

— Não se atreva a ser gentil, Rogers. – Sussurrou ao sentir as mãos fortes a levantarem da superfície, para no momento seguinte gemer em puro prazer ao recebe-lo de uma só vez dentro de si, os quadris de ambos se chocando com força enquanto Steve a possuía ferozmente, a parede arranhando as costas da Viúva Negra a cada impulso vigoroso de seu homem (quando fora que haviam voltado para junto da parede?!), ao passo que a russa meneava o próprio corpo ao encontro de cada investida, tanto quanto podia ante o modo como o geralmente calmo e gentil Steven tomara o domínio da situação. E se fosse qualquer outro, Natasha odiaria a perda do controle, certamente o fator mais importante em suas ações, mas com o soldado... Com ele se perdia demais nas sensações e emoções para conseguir se importar com o controle, especialmente agora; verdade fosse dita, o loiro se tornara um amante extremamente habilidoso, e essa explosão passional inusitada e inesperada nublava completamente os sentidos da espiã, o prazer obliterando todo o resto enquanto se aproximava de seu clímax!

Com a mão direita presa à parede pelo aperto firme do Capitão América, Natasha agarrou com a esquerda o ombro do parceiro enquanto suas costas arqueavam ante o prazer avassalador percorrendo seu corpo, chamando quase involuntariamente o nome dele enquanto seus músculos se contraíam sob as ondas seguidas de êxtase. A visão da mulher a quem amava alcançando o orgasmo e a sensação do corpo dela se contraindo e pulsando ao seu redor tirou o pouco controle que restava a Steve e, com mais alguns impulsos duros e profundos, ele acompanhou a parceira no ápice arrebatador do prazer, seus braços apertando-a contra si como se suas vidas dependessem disso.

Ainda sem desconectar seus corpos suados e satisfeitos, Rogers carregou Nat para sua cama e se deitou com ela, deixando-a sobre si enquanto trocavam beijos agora calmos e profundos, acariciando-se tão ternamente que sequer parecia terem acabado de fazer sexo tão selvagem, quase violento. Ambos tinham sorrisos felizes e se aninhavam um ao outro; Steve acariciava as costas da amante enquanto mantinha o outro braço ao seu redor, ao passo que a russa deitara a cabeça no peito do namorado e deslizava os dedos levemente por seu rosto, vez por outra inclinando-se para beijar seus lábios.

— Eu estava, sim, com saudades. – Steve declarou enfim, deitando a cabeça contra a de Natasha.

— Eu também. – Nunca confessara isso para ninguém, mas Steve fora o seu primeiro em muitas coisas, essa podia muito bem ser mais uma delas. – Achava que não tinha pensado em você, porque isso não era parte do papel, mas... Alguma coisa em mim continuou sentindo essa falta, mesmo que não fosse consciente. – Ela o beijou, apoiando-se em um braço ao seu lado no colchão e percorrendo as marcas que deixara em seus ombros e pescoço com a mão livre.

— Você adora mentir para si mesma, Romanoff. – Ele passou o braço por sua cintura e ergueu o tronco para beijá-la, mantendo suas frontes unidas quando se separaram. – Mas tem um coração mais complexo do que gosta de fingir. E muito maior do que gosta de acreditar.

— E lá vem você com isso, de novo. – Natasha revirou os olhos e sorriu levemente, inclinando o corpo sobre o de Rogers de forma que seus seios atritassem levemente contra o peito do companheiro e pousou os lábios em seu pescoço numa carícia. – Não mude, Capitão.

— Por que mudaria o que fez você se apaixonar por mim? – Ele sorriu e puxou Natasha para seu colo, fazendo-a rir baixinho:

— Está andando demais com o Tony, convencido. – Todo o seu corpo se arrepiou com a sensação do corpo dele junto ao seu, as mãos grandes percorrendo seus flancos, e ela se moveu levemente de modo que suas intimidades se atritassem, fazendo ambos gemerem baixinho. – Me toque, Steve. Quero sentir você. – Sussurrou rente aos lábios do namorado.

— Você é um vício, Natasha. – Steve começou a beijar o colo da russa, segurando seus quadris para fazê-la erguer mais o corpo e lhe dar acesso mais fácil a seus seios, os quais beijou e chupou, estimulando os mamilos com a língua até senti-los endurecer, então mordiscando suavemente. O gosto da pele dela em sua boca, a sensação do corpo firme e sinuoso em suas mãos e contra suas formas... Seu corpo já se inflamava de desejo por ela novamente, e sentia como se jamais pudesse ter o suficiente daquela mulher. Aquela seria uma longa noite, para a felicidade de ambos.

*

Os dias que se seguiram foram assombrosamente normais, pelo menos para os padrões dos Vingadores: sem tiroteios, ataques ou missões de campo, puderam se recobrar, estudar as novas pistas e se dedicar a treinar, sair, ver conhecidos... E Lucy usou muito bem esse tempo para se adaptar ao novo lar e sua rotina! Tony e Pepper haviam feito todos os mimos da garota, transformando seu quarto numa réplica de floresta encantada de contos de fadas, com direito a papel de parede, móveis novos – como a cama grande com dossel verde adornado por flores de tecido e a escrivaninha de madeira rústica – e um recanto só seu no andar comunal dos Vingadores, com uma casa de brinquedos em forma de tronco de árvore que poderia acomodar até uma pessoa adulta ali dentro. A copa da “árvore” era decorada com guirlandas, sinos e pequenas lanternas fluorescentes coloridas, além de pequenas fadas e duendes ocultos também pelo tronco. Natasha cogitara seriamente estrangular Stark, mas o encanto de Lucy com tudo aquilo a fez repensar a ideia. A menina não se tornaria uma criança mimada devido a pertences; nunca os tivera, e era justo que finalmente pudesse usufruir um pouco da própria infância, que seria tão mais curta do que o normal.

Aos poucos ganhando mais confiança, ao cabo de uma semana a criança fizera da Torre o seu próprio reino, e não havia quem não a adorasse: desde Tony e Pepper, dono e presidente das Stark Industries, até os operadores de máquinas e faxineiros, as pessoas se acostumaram depressa com os olhos curiosos, sorriso inocente e mente assustadoramente veloz da pequena, a qual também entendeu o motivo de não a temerem: ela não era exatamente uma novidade, senão pelo fato de ser criança. Todos da equipe de sua mãe distavam muito do que poderia ser considerado vagamente normal, portanto, o incomum se tornara a regra.

Aos poucos, até mesmo limites como a oficina de Tony e o laboratório de Bruce lhe foram abertos, com a condição de estar acompanhada dos “tios”. E que sede a pequena tinha de aprender! Em parte buscando por conta própria e perguntando, em parte absorvendo um pouco do conhecimento dos adultos pelo contato constante, dominava rapidamente assuntos que levariam muitas semanas de estudo ininterrupto! E por aprender tão depressa, logo os dois cientistas a haviam adotado como mascote, felizes em tê-la observando ou experimentando ao seu redor, quando trabalhavam. O mesmo valia para Pepper, que nos dias em que trabalhava de casa, contava no relógio as horas para o momento do fim da tarde em que a afilhada vinha ler ou desenhar em seu escritório para aguardar sua hora de saída, quando iam juntas assaltar os sabores de sorvete na geladeira.

Clint, quando estava na Torre, não desfrutava menos da companhia da afilhada, a qual começou a ensinar como manipular um arco, e sempre a divertia com muitas histórias e brincadeiras. Quando a garota quis aprender a usar uma espada, porém, achou por bem prometer que o faria quando ela atingisse os dez anos. Enquanto isso, o treinamento marcial da pequena ficava por conta das sessões de sparing que assistia entre sua mãe e tios, entrando geralmente no final para aprender novas técnicas, embora Natasha insistisse em ensinar-lhe antes as técnicas de katás e outras sequências de movimentos de diversos estilos de luta, evitando partir para combates verdadeiros. As memórias de tudo o que a filha passara ainda estava fresca em sua memória, e ensinar artes marciais para uma menina era bem diferente de influenciá-la a seguir o caminho dos outros ali presentes.

Em termos de se exercitar, Steve era ótimo em transformar atividades físicas em jogos divertidos, geralmente com a ajuda do Gavião, fosse uma corrida, fortalecimento na academia ou qualquer outra atividade que pudessem conceber. Atividades mais acrobáticas, contudo, eram definitivamente a diversão conjunta de Natasha e Lucy: parede de escaladas – que a Viúva Negra subia sem cordas, segurando ela mesma os cabos de proteção da filha – barras paralelas e assimétricas, cavalo. E havia também a natação: todas as manhãs, mãe e filha iam para a piscina fria, e a espiã ensinava metodicamente os estilos de natação para sua criança, na intenção de que se mover pela água se tornasse para ela tão automático quanto pela terra ou pelo ar. Não havia nenhum motivo específico para isso, além da conveniência e segurança que saber nadar representava; mais além, a água era excelente para o organismo como um todo. E era uma boa desculpa para começarem o dia com uma atividade juntas. Pois mesmo que tudo houvesse ocorrido rápido demais, e a russa não pudesse explicar ao certo o que sentia pela garota, a verdade era que se sentia inexplicavelmente feliz com cada momento junto àquela garotinha, e faria qualquer coisa para mantê-la a salvo, a despeito das pilhas de questionamentos que a atingiam quanto a estar ou não agindo corretamente, em cada decisão.

Independente do que ocorresse ao longo do dia, este sempre acabava do mesmo jeito: houvesse o time jantado junto ou não – por milagre, isso vinha acontecendo pelo menos duas ou três vezes na semana – Thor, se estivesse na Torre, contaria uma de suas histórias para Lucy, sentado com ela em pufes embaixo da árvore de brinquedos, e depois Natasha e Steve levariam a garota para a cama. Em alguns dias, Natasha lia algum dos contos russos na língua materna de ambas, em outros cantarolava baixinho em francês, de forma que Steve também compreendia o que dizia. E mais raramente, era ele quem cantarolava para a pequena dormir. Natasha fingia que não, mas nessas horas sentia que poderia passar a vida observando a cena, sem se cansar dela e, quando o trabalho a fazia dormir fora – ela e Steve procuravam se revezar de modo que um deles estivesse em casa e, se não fosse possível, a pequena ficava com os Barton ou Tony e Pepper, dependendo de quem vencesse a disputa. – eventualmente se pegava sorrindo ao pensar por alguns momentos em tais memórias.

Mas nem tudo foram flores, durante os dois meses que se passaram desde a vinda de Lucy. Natasha continuava profundamente comprometida com seu trabalho, e isso a estava levando a rumos perigosos... Em uma noite da sexta semana, ela não retornou para casa na data prevista. Nem na seguinte, e nem na outra, tampouco deu notícias, o que levou Steve e Clint a irem em sua procura. Todo o time estava preocupado, pois deveria ser apenas um reconhecimento, algo rotineiro na vida da espiã! Mas ninguém manifestou aquele desespero como Lucy, que a partir do segundo dia se sentou junto à janela e emudeceu, abraçada ao seu dragãozinho de pelúcia, eventualmente se escondendo dentro da árvore-esconderijo para chorar sem que ninguém visse. Mas era óbvio para qualquer um o que acontecia... Tony e Pepper levaram a pequena para seu apartamento, naquela segunda noite e nas seguintes, e revezaram os dias para manter a garotinha consigo, procurando distraí-la e assegurar que sua mãe estaria bem. Na manhã do sexto dia a Viúva Negra voltou, acompanhada dos dois colegas que a haviam ido procurar, explicando que membros da HYDRA nada satisfeitos com a exposição causada pela espiã a haviam perseguido, obrigando-a a desaparecer para que seu rastro não os levasse a descobrir coisas que pudessem atingir os demais Vingadores. Lucy a agarrou e chorou em seu colo por quase meia hora até se acalmar.

Entre altos e baixos, dividindo a vida entre o trabalho e os momentos “domésticos”, a vida seguiu para todos, e quando se completaram dois meses desde que a garotinha ruiva se juntara à família, começou seu tempo de frequentar o Instituto Xavier para acompanhar as aulas.

*

Natasha passou a tarde rastreando os IPs de origem das mensagens que haviam chegado ao celular que roubara de um membro desertor da HYDRA. Ameaças e cobranças para a finalização de trabalhos, em sua maioria relacionados à queima de arquivo, no sentido mais amplo da palavra. Imergiu naquilo tão profundamente, que sequer viu as horas passarem, e o alarme a tirou de seu foco tão subitamente, que o celular voou para o outro lado da sala. Droga! Ou começava a pegar mais leve, ou acabaria como Tony! Não... Pior do que isso... Acabaria como ela mesma, quando desertara da KGB: paranoica, incapaz de dormir e de desligar do trabalho. A verdade é que descobrir ter estado a serviço da HYDRA por todos aqueles anos tornava toda a questão muito pessoal, e era difícil não mergulhar até o fundo na ânsia por consertar as coisas. Por tentar limpar sua ficha, novamente.

Ela respirou fundo e desceu para a garagem, pegando o carro para buscar Lucy na escola. Happy faria isso alegremente, mas essas pausas ajudavam Natasha a não se perder fundo demais num trabalho no qual... Bem, dizer que havia sido comprometida era pouco.

Após uma semana frequentando as aulas, a criança demonstrara definitivamente não conseguir se dar bem com os outros alunos mais jovens – ser uma telepata era um fator pequeno, comparado à maturidade cognitiva que os fazia olhar com mito de medo, inveja e irritação para a colega -, porém fora mais do que capaz de compensar isso em suas relações com os professores e alunos mais velhos, prestes a se formar. Após diversas aulas-teste e provas de nivelamento, acabara sendo posta em uma turma composta apenas por ela e mais um casal adolescente, devido ao aprendizado anormalmente veloz comum ao trio, frequentando as classes apenas quando se tratava de palestras, oficinas, ou seminários de filosofia, ética, estudos sociais e ciências humanas, uma vez que a diversidade de mentalidades e raciocínios era um dos recursos estimulantes para o bom progresso das aulas. E Natasha não poderia se sentir mais orgulhosa da filha.

Romanoff levou cerca de quarenta minutos no percurso até o Instituto. Poderia ter levado menos tempo, porém percebeu várias vezes o mesmo carro atrás de si – escuro, com vidros foscos – e o instinto a fez enveredar por ruas mais estreitas, desvios e caminhos alternativos, até ter certeza de haver se livrado do aparente perseguidor. Podia ser apenas a paranoia da profissão, mas correr riscos desnecessários não estava em sua lista de tarefas.

Finalmente, estacionou diante dos portões de lanças de ferro e desceu; estava a meio caminho da rua de pedras que conduzia para o jardim em frente à mansão, quando viu Lucy descer das costas de um homem enorme – alto e largo o suficiente para fazer Thor parecer um adolescente franzino – com pele metálica, e correr em sua direção. Não pôde evitar um sorriso, e abaixou-se para abraçar sua pequena.

— Privet, malen’kaya. – A russa beijou o rosto da filha (acabara desenvolvendo esse hábito até então estranho a si) e se endireitou para falar com Piotr, que se aproximou e lhe apertou a mão:

— Dobryy den’, agent Romanova. (Boa tarde, agente Romanoff)

— Dobryy den’, Piotr. Kak segodnya? (Boa tarde, Piotr. Como foi hoje?)

— Otlichno! Ona milyy i umnyy rebenok. Nekotoryye problemy so kollegami, no nichego ser'yeznogo. (Perfeito! Ela é uma criança adorável e inteligente. Alguns problemas com os colegas, mas nada sério.) – O gigante sorriu para a aluna e acariciou seus cabelos, enfeitados com várias trancinhas. – Vy sozdayete ona khorosho. (Você a cria bem.)

— Spasibo, Kolossus, no zasluga tol’ko yeye. (Obrigada, Colossus, mas o mérito é apenas dela.) – a espiã abriu a porta de trás, e Lucy entrou acenando um tchauzinho para Piotr.

— Do skorogo, Kolossus! (Até logo, Colossus!). – Natasha fechou a porta e apertou mais uma vez a mão do enorme homem, antes de voltar para o carro e sentar no banco do motorista, dando a partida.

— Kak tvoi den’, dorogaya? (Como foi seu dia, querida?)

— Zamechtel’nyy, mama! (Maravilhoso, mamãe!) – Lucy estava claramente satisfeita, e começou a contar como havia feito amizade com Ellie e Yukio, duas garotas quase formandas que a haviam “adotado”, e inclusive eram as responsáveis pelas trancinhas em seu cabelo. Ellie era a aprendiz e sidekick de Colossus, o qual também demonstrava muito afeto pela criança. Contou sobre as aulas e como progredia depressa, usando muito do que aprendia com Banner e Stark em certas matérias, mas esquivou-se quando o assunto girou em torno de quase haviam sido os problemas com os colegas. Respondeu serem apenas os mesmos de sempre, e deu de ombros. Natasha não pôde deixar de se sentir levemente mal pela filha, sempre excluída dos círculos de sua idade não apenas por seus poderes, mas pelo crescimento físico acelerado e capacidade mental muito além do comum, enquanto suas emoções eram as mesmas de qualquer criança de seis anos. Ao mesmo tempo, outro lado de Romanoff dava de ombros: ela fazia amizades entre pessoas mais velhas. Não se pode ter tudo. Ainda assim, procurou melhorar o ânimo da pequena em relação a isso, mas, enquanto conversavam, seus olhos iam repetidamente ao retrovisor. Tinha certeza de ter vislumbrado o mesmo carro que despistara, mais cedo, e agora havia mais dois, um de cada lado. Era hora do rush, portanto, não havia para onde fugir... Ela tratou de pegar vias secundárias para bairros residenciais e acelerou.

— Lucy, deite. – Ordenou, enquanto checava todos os retrovisores. Se houvesse troca de tiros, a pequena contaria com a proteção do carro blindado, deitada no banco de trás.

“Mama, quem está atrás de nós?!” – Havia certo medo irradiando da criança, mas também confiança profunda na mãe, uma certeza absoluta de que nada lhe aconteceria enquanto estivessem juntas.

— Não sei. Apenas fique abaixada! – Agora via dois dos carros em sua esteira, que já não se preocupavam em esconder a perseguição, e isso a fez acelerar mais, com uma das mãos no volante e a outra voando para baixo do assento a fim de buscar as duas pistolas. Uma terceira foi tirada do porta-luvas, e logo todas estavam nos cós da calça de Natasha; der’mo!!!

Talvez pudesse se livrar se pegasse uma via de fluxo rápido... A espiã virou num cruzamento que a levaria para duas quadras de distância de um viaduto, mas isso a colocou diretamente na rota de um terceiro carro, que vinha em alta velocidade contra si. Por reflexo, Natasha virou o volante de forma que o lado do motorista recebesse a maior parte do inevitável impacto, ficando o lado de Lucy resguardado. A batida levantou as rodas esquerdas do chão, prendendo o veículo ali, e quatro homens desceram já disparando com submetralhadoras, fuzis e pistolas. A Viúva Negra se voltou apenas para ver se a filha estava bem, aliviada em vê-la se soltar do cinto e agachar no espaço entre o banco do carona e o de trás.

— Fique aqui. – Com essas palavras, a mulher chutou a porta e saiu como um raio, disparando sua pistola com precisão nos atacantes! Civis correram dali, gritando e se abaixando, enquanto alguns imprudentes espiavam pelas janelas de andares mais altos, tentando filmar, mas a espiã não tinha tempo para lidar com público: quanto antes liquidasse os atiradores, menos chances de danos colaterais haveria!

Mais três carros as haviam cercado, forçando-a a se ocultar atrás do veículo que batera contra o delas; com o pé, alcançou uma das sub e a puxou para si, abandonando a cobertura do veículo para disparar contra os agressores. Não se mantinha parada, indo direto para trás da quina de uma parede, e da lá para baixo do automóvel semi-tombado. Quem quer que houvesse sido enviado, era bom, mas não o suficiente. Dos doze atiradores iniciais, seis estavam no chão. Estava tão fácil, que não conseguia acreditar terem sido enviados para ela... E foi só então que lhe ocorreu: não haviam. A ideia apenas provocou uma raiva fria, do tipo que tornava tudo mais nítido e claro, e com um giro ela abandonou novamente seu refúgio, mirando os tanques de gasolina do carro à frente. A explosão foi ensurdecedora, e eliminou mais dois alvos antes que voltasse para a posição inicial.

Precisavam sair dali, e depressa! Não sabia quantos mais teriam sido mandados para capturar novamente a criança, e tampouco pretendia ficar no lugar para descobrir! Havia quatro alvos, vindos de dez e uma hora de si... Era loucura, mas, se subisse no capô do carro-aríete, teria a proteção parcial do próprio veículo tombado, e visão para atingir todos eles. Só precisava ser rápida...

Ouvindo as balas ricochetearem no chão perto de si, Natasha saltou para fora da proteção e, num salto, rolou sobre o capô do motor do automóvel que as abordara, caindo sobre os joelhos e elevada o suficiente para acertar mais dois dos inimigos, os quais também buscavam proteção nas esquinas. Mas Romanoff passara por tiroteios demais para que aquele fosse um desafio... Saltou por sobre o carro inclinado, já acertando o primeiro homem oculto quando aterrissou sobre os pés. O próximo estava pouco adiante, de sorte que a russa avançou rapidamente, as balas por um triz de acertá-la – sem querer deixar a segurança da caçamba atrás da qual se ocultara, o atirador não tinha como obter mira precisa – até o ângulo mínimo se apresentar. Um tiro, e o último oponente caiu.

A adrenalina ainda corria por seu corpo, e a Viúva Negra foi até os carros inteiros para se certificar de não haver vivalma restante; não percebeu, contudo, que um dos alvejados não estava morto, e tinha suas costas na mira. Sua atenção só foi chamada quando ouviu o berro de dor, fazendo-a se virar para encontrar uma cena inesperada: um dos supostamente mortos jazia de joelhos, mãos agarrando a própria cabeça enquanto urrava de agonia, e Lucy em pé no asfalto – havia saído pela janela quebrada – mãos estendidas na direção dele enquanto os olhos índigo brilhavam quase vermelhos de raiva.

— Fica longe da minha mãe! – Havia uma enorme carga de raiva na voz infantil, e quando ela afastou as mãos bruscamente, sangue escorreu pelos ouvidos do homem, que parou de gritar e desabou inerte, morto. Ofegante, a criança encarou a mulher adulta, que estava dividida entre o espanto pela cena brutal e por ter acabado de ser salva de um ferimento potencialmente letal pela menina de seis anos... A qual assassinara um homem adulto sem hesitar. Sem saber exatamente o que dizer, assentiu para a menina:

— Obrigada, baixinha. – Bom, agora precisavam sair logo dali, antes que... Ah, não. O som de viaturas chegou até seus ouvidos, e já não havia muito a fazer. Aproximando-se do carro, largou a submetralhadora e trouxe Lucy para trás de si enquanto o local era cercado por carros de polícia. Mas nada podia prepara-la para a pessoa que saiu do carro escuro que acompanhava as viaturas...

— Agente Romanoff. Não me surpreende ver que continua atraindo problemas e resolvendo-os de modo clássico.

A russa olhou de alto a baixo o velho amigo e inclinou a cabeça, mascarando a voz com algum sarcasmo:

— Phil Coulson... Parece que não consigo mesmo me livrar de você.


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Notas finais do capítulo

E então? Amaram? Odiaram?
Espero que tenha conseguido deixar todo mundo feliz, e desejo a todos que estejam bem, assim como suas famílias. Se alguém estiver se sentindo muito down com o isolamento, não hesite em me mandar mensagem: aceito conversar e dar apoio com o maior prazer!
Força, gente, e vamos todos sair dessa juntos, nos apoiando, ok?
Beijos enormes!