Finding hope escrita por nje


Capítulo 9
8: Entre o amor e a dor


Notas iniciais do capítulo

Oie gente!
Quero contar que estou passando por algumas mudanças na vida (positivas) e por isso existe a possibilidade de um capítulo ou outro demorar mais pra sair. Mas saibam que eu sigo muito focada em continuar escrevendo, viu? Inclusive cheia de ideias, muito pra acontecer ainda! Hahahaha

Agradeço mais uma vez por todos os comentários e pelo incentivo! Fico muito feliz, grata e animada, de verdade.

É isso. Boa leitura! Espero que gostem! ♥️



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 8: Entre o amor e a dor

Nunca antes as horas se arrastaram tanto para os quatro como naquela fria madrugada de sábado para domingo. Não houve um segundo sequer em que respiraram aliviados. Pelo contrário, o desespero era tamanho que até mesmo dava a sensação de que não havia mais ar em seus pulmões. Cada um deles olhava no relógio de minuto em minuto. Conferia as notificações no celular. Tentava uma nova ligação, que sempre acabava por cair na Caixa Postal.

Sakura se esforçou por um longo tempo para se manter firme e conseguir dar algum suporte à Iruka, que já havia dado vazão ao medo e à preocupação. Ele chorava sentidamente e essas lágrimas se intensificavam conforme as horas avançavam e o seu filho continuava ausente. 

Chegou um momento em que a rosada não suportou mais e também acabou por render-se ao choro.

Kakashi e Konohamaru estavam visitando cada um dos hospitais e delegacias da cidade com o intuito de verificar se havia alguma informação sobre Naruto, qualquer uma que fosse. Contudo, eles não tiveram sucesso nessa missão. E para que a polícia pudesse intervir no caso era necessário que completasse pelo menos vinte e quatro horas do desaparecimento. 

Os amigos constantemente mandavam mensagens e ligavam para Sakura ou Konohamaru tentando saber se ele já tinha dado algum sinal de vida. E era bastante doloroso para a rosada e para o jovem de cabelos castanhos arrepiados ter que responder à cada uma das pessoas informando que Naruto ainda não estava em casa. 

Das duas horas da madrugada até por volta das cinco, o mesmo cenário se manteve: Iruka e Sakura se debrulhando em lágrimas. Konohamaru frequentemente dando fortes socos na mesa, na parede, no sofá ou onde quer que fosse para expressar sua tristeza e frustração por ter o irmão desaparecido e não poder fazer mais nada além de esperar. E por fim, Kakashi, apreensivo. Ele não dizia nada, não chorava, não gritava. Vez ou outra aproximava-se de Iruka, Sakura e Konohamaru tentando acalmá-los. Mas passou boa parte da madrugada em silêncio, sem esboçar grandes emoções. Havia um lado dele que temia o pior, mas havia um outro que buscava manter a calma e o pensamento de que enquanto não chegasse uma notícia ruim, ainda existiria alguma chance do filho estar vivo e bem.

É fato que não deveria ser tão chocante um jovem ficar sem mandar notícias por apenas algumas horas. Mas é que Naruto não era do tipo de pessoa que simplesmente saía sem avisar para ninguém. Não era do tipo de rapaz que dava trabalho para os pais. Ele estava sempre encontrando um jeito de se comunicar ao menos para avisar que estava bem, pois sabia o quanto Iruka era preocupado. Sendo assim, tantas horas sem nem mesmo uma ligação à cobrar através de um telefone público era motivo para que se desesperassem.

Foi pouco depois das cinco que o telefone fixo do casal tocou. De prontidão Kakashi atendeu, pois era ele o que tinha maior equilíbrio naquele momento para lidar tanto com as boas novas quanto com as ruins.

— Residência Hatake-Umino. 

Bom dia, senhor! Foi mal ligar uma hora dessas. É que tô aqui no bairro Ame, diante de um cara desmaiado e sangrando. Assim que vi essa cena já peguei o celular no bolso dele pra avisar pra alguém. Agora preciso ir trampar, mas tô mandando a localização pra vocês, demoro? Foi mal também por não poder ficar esperando cês chegarem, é que sou novo no trampo e num posso me atrasar, tá ligado?! Mas ele tá vivo. Tá com pulso ainda.. — Por sua voz e forma de se expressar, era possível notar que era um rapaz jovem que falava. E havia em seu tom bastante apreensão. 

— Ok. Agradeço muito por ligar. Estou à caminho. — Kakashi encerrou a ligação e imediatamente pôs-se a pegar a chave do carro. Se direcionou aos outros: — Naruto está desmaiado e ensanguentado naquele bairro perigoso, o Ame. 

Lágrimas escorreram pelos rostos dos três. Inclusive de Konohamaru, que tentou se segurar e manter a pose de durão até realmente não conseguir mais se conter. Suas suspeitas de que algo muito grave acontecera foram confirmadas.

— Ele ainda está com pulso. — Kakashi informou para proporcioná-los um pouco de conforto e esperança.

— O que a gente tá esperando?! Vamos logo até ele! — Sakura ordenou impulsivamente. Após notar o tom que havia falado com Kakashi, acabou por corar e se desculpar. — Foi mal, senhor Kakashi. É que a gente tá perdendo tempo aqui falando enquanto podia já estar quase lá!

O reservado dono dos cabelos grisalhos assentiu e pôs-se a sair de casa acompanhado dos outros três. Passou por todos os sinais vermelhos e foi muito além da velocidade permitida em cada uma das vias. Não se passaram nem vinte minutos e eles já estavam lá, diante do local indicado e da cena mais triste que já tiveram de presenciar em suas vidas: Naruto desacordado, quase sem cor e coberto de sangue; tão diferente do rapaz cheio de vida, risonho e amoroso que era. Tão querido, por onde passava levava fagulhas de luz e de ânimo para aqueles que cruzavam o seu caminho. Mas naquele momento, era ele quem precisava ser iluminado. O brilho dele estava quase totalmente apagado.

— Naruto! — Iruka e Sakura disseram em uníssono e saíram do carro correndo na direção do rapaz. Ambos se debruçaram sobre o corpo dele. Não paravam de chorar nem mesmo por um segundo que fosse.

Sakura afagava os cabelos loiros dele, aqueles cabelos que o rapaz cuidava com tanto esmero. Passou os dedos pelo piercing, pelo risquinho na sobrancelha, as bochechas que tinham duas linhas em cada como marca de nascença, o bigode ensanguentado, a boca estourada... Amava cada pedacinho daquele rosto e pensar que alguém teve coragem de machucá-lo daquela maneira fez-lhe sentir uma mistura de tristeza e de ódio. 

Por fim, os dedos dela chegaram ao pescoço e pôs-se a verificar a pulsação dele. Estava fraca, mas ainda existia. Isso de alguma forma aliviou o seu coração. Não por completo, mas o bastante para induzi-la a limpar suas lágrimas.

— Senhor Iruka, vamo tentar nos acalmar e manter a esperança, tá? Ele ainda tá respirando, ainda tem pulso.. — Sakura forçou-se a sorrir para o homem, que ao perceber que uma garota mais jovem precisava acalmá-lo e confortá-lo se deu conta de que estava realmente muito fora de si. Era ele quem deveria estar tentando tranquilizar a jovem Sakura.

Nesse momento, respirou fundo e começou a tentar envolvê-lo em seus braços para levá-lo até o carro. Entretanto, nesse momento Kakashi aproximou-se e cuidadosamente pegou Naruto no colo. Embora procurasse conter a emoção agora que finalmente o seu marido e a amada de seu filho pararam de chorar, estava difícil para ele também de encarar aquele momento. As lágrimas não escorriam por seu rosto, mas por dentro tinha a sensação de que incontáveis lâminas cortavam-lhe o coração. Naruto sangrava por fora, mas Kakashi sentia-se sangrando em seu interior.

Konohamaru se recusou a descer do carro e a direcionar seus olhos azuis escuros ao irmão. Não poderia aceitar que aquilo de fato estava acontecendo. Já havia perdido os pais, o avô e o tio. A vida não poderia ser tão cruél assim com ele e levar também Naruto. Ou poderia?

Sakura entrou no banco de trás ao lado de Konohamaru. Kakashi deu um jeito de encaixar Naruto confortavelmente em cima do colo deles e quando todos encontravam-se acomodados, iniciou o trajeto novamente em alta velocidade e sem se ater aos sinais de trânsito.

 A rosada segurava firmemente as mãos do rapaz desacordado com a cabeça apoiada em suas coxas. Sakura não do tipo que fazia orações. Nem se recordava a última vez que tentou contato com alguma Entidade Superior. Mas dadas as circunstâncias, até apelar para os deuses lhe parecia plausível.

Em quinze minutos já encontravam-se dentro do Hospital Particular de Konoha. Por sorte, Shizune era a médica de plantão daquela madrugada. Ela trabalhava tanto no público quanto no particular. E Naruto passou a vida sendo atendido pela morena, bem como Konohamaru. Era a médica de confiança da família. E ficou totalmente horrorizada ao deparar-se com Kakashi carregando Naruto em um estado tão crítico. De imediato Shizune ordenou que os enfermeiros o recolhessem e encaminhassem ao centro de cirurgia. 

— O que aconteceu?! — A pequena mulher indagou com os olhos castanhos arregalados.

— A gente também não sabe. — Contou Iruka, segurando o choro com todo o esforço que lhe era possível.

Shizune abraçou-o rapidamente e disse com firmeza:

— Seja como for, eu prometo que vou fazer tudo e mais um pouco pra salvar o Naruto! 

Ele agradeceu com sinceridade e ela não demorou-se, logo seguiu na direção do centro de cirurgia para dar início à série de procedimentos que seriam necessários para cumprir com a promessa feita.

E então, ainda pior do que o aguarde pelo aparecimento do rapaz foi ficar na sala de espera do hospital. Os quatro ficavam encarando as paredes de tom verde claro. As pessoas com expressão de desânimo e pouco saudáveis. A sala do centro de cirurgia se abrindo e fechando. O trânsito de diferentes enfermeiros com variados materiais.

Após aquela desastrosa noite, nenhum deles tinha força sequer para falar. Encontravam-se todos acomodados nas cadeiras acolchoadas, compartilhando de uma intensa necessidade de descansar, mas ansiosos e apreensivos como estavam isso não era nem de longe uma possibilidade.

Quatro eternas horas se passaram quando Shizune apareceu. Pelas rugas de preocupação em sua testa era possível deduzir que não havia boas notícias por vir.

— Após uma análise profunda de cada uma das feridas de Naruto, deduzimos que ele se envolveu em algum tipo de briga e acabou por levar uma facada nas costas. Isso deve ter sido na noite de ontem. Ele perdeu muito sangue...

— Brigas não são muito do perfil de Naruto. Mas enfim, vá direto ao ponto. Por favor, Shizune. — Kakashi encarou-a. Não desejava ser indelicado, mas tinha certeza que aquelas palavras estavam torturando lentamente cada um ali.

— Naruto está vivo.. — Ao dizer isso, a expressão de todos se iluminou. Contudo, as palavras que vieram a seguir foram como um balde de água fria: — Mas está em coma. Eu prometo que não vamos sossegar enquanto não o trouxermos de volta!

Sakura caiu de joelhos e ficou no chão, atônita. A sua respiração ficou tão irregular que precisou ser levada para atendimento também. Como reagir após saber que o seu melhor amigo — e provável amor de sua vida — estava flertando com a morte? Ela não era capaz de imaginar o seu futuro e não vê-lo ali; seria como imaginar o mundo tentando funcionar sem algum elemento essencial, como o Sol. Era assim que o mundo sem Naruto seria para Sakura: sem sol.

Iruka apoiou os cotovelos nos joelhos e as mãos no rosto e deixou as lágrimas correrem livremente. Passou a fazer todo tipo de oração e promessa possíveis para que o filho viesse a ficar bem. 

Kakashi sentou-se ao lado do marido e uniu as mãos às dele. Discretamente, o choro escorria pela face do grisalho também. Aquela era uma cena rara de se ver. 

Konohamaru levantou-se e começou a caminhar na direção do corredor que o levaria à saída. 

— Onde você vai? — Iruka indagou direcionando o olhar ao filho mais novo.

— Ficar aqui tá me sufocando, mano. Vou passar mal igual a Sakura se continuar aqui. Preciso esfriar a cabeça, tá ligado?! Tentar, pelo menos.. — Konohamaru estava com a cabeça baixa e os punhos cerrados.

— Por favor, apenas não faça nenhuma besteira. Não sei se aguento nem mesmo um filho nessa situação, imagine só os dois.. — Disse Iruka em tom de súplica.

Konohamaru assentiu e se retirou.

O casal continuou ali. Chorando, orando.

Era por volta de onze da manhã quando a garota despertou em sua confortável cama com os raios solares invadindo o quarto. Mal abriu os olhos e já ouviu o som do celular vibrando intensamente. Tratava-se de uma ligação de Sakura. A loira atendeu ainda um tanto desnorteada e sonolenta:

— Alô?

— Irmã, por favor, vem pro Hospital Particular de Konoha! O Naruto... ele... ele tá em coma, Ino! Nunca fiquei tão mal quanto tô nesse momento. Preciso de você aqui! — A voz da rosada estava totalmente embargada. 

— Meu Deus! O que aconteceu? Vou, com certeza! Só preciso jogar uma água no rosto e já tô indo aí! 

— Valeu! Cê é foda!

Ela encerrou a ligação e logo foi ao banheiro para fazer o seu ritual diário de higiene matinal. O coração estava apertado. Não conseguia parar de pensar em Naruto e em Sakura. Sentia vontade de correr para o hospital o mais rápido possível e só sair de lá quando o amigo estivesse bem. 

Mandou mensagem para Shikamaru de imediato. Sabia que Naruto era um dos melhores amigos dele também. Em questão de minutos o rapaz estaria na porta da casa dela pronto para ir ao hospital. Inclusive ela também avisou Neji, que faria o mesmo.

No meio desse processo, Ino viu uma notificação de Sasuke em seu celular e acabou por se recordar que teria de cancelar o compromisso marcado para aquela tarde. Ela o havia chamado para comer no Akimichi's com o pretexto de que tivera ideias para as aulas de skate que ele daria na ONG, mas a verdade é só que estava cansada de conversar com ele somente pela tela do celular. A loira gostava de contato, de olho no olho.

De todas as respostas prováveis e improváveis ao cancelamento do encontro entre eles, Sasuke conseguiu surpreendê-la. O rapaz se propôs a ir ao hospital com eles. E embora um tanto surpresa e confusa, Ino concordou. 

Ela vestiu um suéter roxo qualquer, uma calça jeans e um tênis. Prendeu o cabelo em um rabo-de-cavalo com a franja caindo por cima de um dos olhos, como o de costume. Tomou o café da manhã junto à mãe contando-lhe o que havia acontecido. Hirochi ficou chocada e também decidiu ir com os jovens. Em partes por ter um afeto por Naruto, em partes por ser muito próxima de Iruka e imaginar o tanto que ele estava sofrendo.

Em quinze minutos, Shikamaru estava dentro da casa de Ino, acompanhando-as no café enquanto aguardava Neji. A campainha tocou e o rapaz arqueou as sobrancelhas quando a amiga abriu a porta. 

— O que esse cara tá fazendo aqui? — Shikamaru percorreu a figura de Sasuke com os olhos, cheio de desconfiança.

— Não é da sua conta. — Sasuke respondeu. Ele sustentou o olhar que Shikamaru lhe dirigiu.

— Ei, Sasuke! — Ino cruzou os braços contra o peito e repreendeu Sasuke, que suspirou profundamente e deu de ombros. 

— Complicado, Ino. Complicado. — Shikamaru balançou a cabeça em um gesto de desaprovação. 

Hirochi levantou-se, fixou as rechonchudas mãos pálidas na cintura e encarou-os com seriedade:

— Meninos, o momento agora pede união. Será que vocês podem deixar as diferenças de lado e pensar no Naruto e na família dele?!

Tanto Sasuke quanto Shikamaru assentiram. Era a casa dela, e acima disso, sabiam que Hirochi tinha total razão.

Por volta de dez minutos depois, Neji estava batendo à porta. O rapaz tinha fundas olheiras naquela manhã. Usava um moletom branco, calça preta da Adidas com as três listras laterais brancas e um tênis velho nos pés. O macio cabelo castanho preso em um coque.

Ele olhou para Sasuke sem entender. Mas com tantas coisas para se preocupar, resolveu nem questionar. 

Em pouco tempo todos já encontravam-se acomodados no carro. Passariam em uma cafeteria para comprar pães, bolo, chocolate-quente e café para Sakura e a família de Naruto. Conhecendo-os bem como conheciam, sabiam que a preocupação devia tê-los consumido tanto que nem se permitiram comer ou dormir.

Nagato passou a noite vagando sem rumo pelas ruas de Konoha. Não tinha nem mesmo um centavo que fosse para hospedagem, alimentação ou drogas.

Cansou-se de andar e se acomodou no banco de uma praça. Revirou a mochila em busca de alguma moeda nem que fosse para comprar ao menos um pão. Não havia nada dentro além de algumas peças velhas de roupa e uma foto dele com Konan e Yahiko. Os dois passaram a madrugada toda ligando e mandando mensagens para Nagato, que só pensava que provavelmente eles passariam a noite em camas quentinhas e teriam ao acordar uma mesa cheia para o café da manhã. Enquanto que ele se viu solitário, passando frio, fome e saudade deles.

Uma parte do rapaz desejou viver o mesmo. Outra parte se recusava a aceitar que o amigo e a namorada se tornassem tão dependentes de gente que mal conheciam. Após ver tanta maldade no mundo, não acreditava que alguém pudesse ser tão bom gratuitamente, sem esperar nada em troca. E não queria ver as pessoas que mais ama no mundo se decepcionando. Por isso preferia ser ele o provedor das necessidades deles, ainda que por caminhos tortuosos. Porque sabia que nunca os deixaria na mão, nunca fazia nada esperando que retribuíssem. Fazia porquê os amava e porquê desde cedo um cuidava do outro.

Uma conhecida voz arrancou-o de seus pensamentos:

— Nagato, cê tá aí! — Yahiko aproximou-se, abraçando-o. Era o mais afetuoso dos três. —  A gente tá desde cedo te procurando igual doido pelas ruas do bairro.

Nagato não respondeu. Apenas deixou-se ser abraçado.

Konan tomou uma das mãos dele entre as dela e apertou-a. A mão de Nagato estava exageradamente gelada e ao constatar isso, sem dizer uma palavra que fosse, a garota retirou o seu grosso casaco preto com detalhes em vermelho e o entregou para o ruivo. E ele seguiu em silêncio, mas o frio intenso que sentia motivou-o a aceitar de prontidão, sem questionar.

— Vamo pra casa com a gente, mano. — Yahiko juntou as mãos como numa súplica. Os olhos castanhos do rapaz estavam fixos nos exóticos olhos de Nagato, que possuíam um tom lilás.

— Que casa?! — Nagato rebateu em tom irônico. Ele não conseguia encarar Yahiko. Abaixou a cabeça.

Yahiko cruzou os braços contra o peito e respondeu sem hesitar:

— Na minha cabeça, a nossa casa era onde o outro tivesse, tá ligado?! Casa pra mim é onde tiver você e a Konan, irmão. Pensei que era assim pra você também.

Aquelas palavras atingiram Nagato mais forte do que um golpe físico. 

Ele se manteve em silêncio por alguns momentos. Mas após refletir sobre o que Yahiko disse e pensar na madrugada sofrida e solitária que teve, Nagato suspirou profundamente e declarou:

— Pra mim também. Não fico à vontade com essas ideias de ficar na dependência desses coroas, mas se vocês tão curtindo.. Vou por onde forem.

Konan sorriu. Yahiko pulou de alegria e já pôs-se a puxar Nagato para que caminhasse com eles até a sede da ONG. Havia já até mesmo um quarto preparado para ele. 

Os três exóticos jovens andavam pelas ruas do lado pobre de Konoha de mãos dadas, chamando a atenção por onde passavam.

— Cê tem certeza que tá pronta pra isso, meu bem? — O belo homem parado em frente ao Hospital Particular de Konoha questionou. Ele observava com atenção cada traço da face da esposa, tentando decifrar sua reação. E era possível constatar só de olhar o quanto a mulher estava obstinada.

— A gente já demorou até demais pra fazer isso, homem! — A mulher abaixou a cabeça e apertou a barra do suéter que vestia. Esse era um gesto que se manifestava sempre que ela estava muito nervosa.

Os dois encaravam fixamente a porta de entrada do hospital. O trânsito de pessoas indo e vindo. Algumas recuperadas, outras mais abatidas; outras até mesmo em meio às lágrimas. 

O homem entrelaçou os dedos aos de sua amada e apertou a mão dela.

— Se não for agora, pode num ser nunca.. — Ela comentou. A insegurança e a tristeza eram notáveis em seu tom de voz. 

— Ele vai sair dessa, beleza?! E a gente vai ter a chance de se explicar! — O marido apertava a mão dela com firmeza, tentando lhe passar alguma confiança.

A mulher respirou fundo e respondeu:

— O problema é que eu acho que ele num vai nem querer explicação. E que mesmo que a gente se explique, num vai querer aceitar de jeito nenhum.

— Acho que se a gente nunca falar, aí que ele nunca vai ter nem a chance de escolher se perdoa a gente ou não, sabe? A gente precisa dar pelo menos essa chance pra ele, de escolher o que quer fazer... Quer dizer, isso se ele sair dessa, né?! — A última frase saiu abafada. O sofrimento era evidente em sua expressão. Cabeça baixa, parecia que havia algo nele que estava doendo. E havia, de fato: o coração ao pensar na possibilidade de que Naruto poderia partir sem nunca saber a verdade.

 

 


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